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Comparação da composição corporal entre os 

métodos de dobras cutâneas e bioimpedância em jovens

Comparación de la composición corporal entre el método de los pliegues cutáneos y el de bioimpedancia en los jóvenes

Comparison of body composition between methods skinfold and bioimpedance in young

 

*Faculdade de Educação Física

da Associação Cristã de Moços de Sorocaba, FEFISO

**Universidade de São Paulo, USP

***Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP

Universidade Estadual de Londrina, UEL

(Brasil)

Tatiana Bertoncello*

Patricia Berbel Leme de Almeida*

patricia@fefiso.edu.br

Janaína Maria Ralo**

Valter Silva***

v.silva@ymail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi analisar a diferença da composição corporal entre os métodos de dobras cutâneas e bioimpedância em indivíduos jovens. Foram avaliados nove indivíduos voluntários, sendo três do sexo masculino e seis do sexo feminino cuja faixa etária ficava compreendida entre 20 e 30 anos. Para análise dos resultados foram utilizados estatística descritiva, com média e desvio padrão, teste “t” de Student para amostras dependentes e correlação linear de Pearson, adotando o nível de significância de 5%. Houve diferença significante entre os resultados obtidos através dos métodos de dobras cutâneas e bioimpedância nos indivíduos do sexo feminino, sendo os maiores valores encontrados através do método de dobras cutâneas. Não houve diferença estatística entre os métodos nos indivíduos do sexo masculino. Porém, observou-se uma correlação alta entre os métodos utilizados, tanto nos indivíduos do sexo feminino como nos indivíduos do sexo masculino. Concluiu-se que, embora esses métodos sejam de ampla utilização para a estimativa da gordura corporal em jovens, nenhuma técnica deve ser aceita como método único de referência nessa população. Cada método apresenta limitações e a comparação pode ser útil para a interpretação dos resultados obtidos.

          Unitermos: Composição corporal. Bioimpedância. Dobras cutâneas.

 

Resumen

          El objetivo de este estudio fue comparar el porcentaje de grasa corporal en los jóvenes mediante la medición de pliegues cutáneos y la bioimpedancia. Se evaluaron nueve voluntarios (tres hombres y seis mujeres) con edades entre 20 a 30 años. Los sujetos fueron evaluados por el método de los pliegues cutáneos y la bioimpedancia para el análisis del porcentaje de grasa corporal. Para el análisis de los resultados se empleó la estadística descriptiva con media y desviación estándar, prueba t de Student para muestras dependientes y correlación de Pearson, con un nivel de significación del 5%. Se encontraron diferencias significativas entre los resultados obtenidos mediante los pliegues cutáneos y la bioimpedancia en las mujeres, donde los más altos valores encontrados fueron por el método de los pliegues cutáneos. No hubo diferencia estadística entre los métodos en sujetos masculinos. Sin embargo, hubo una alta correlación entre los métodos utilizados en ambos sexos. Se concluyó que si bien estos métodos son ampliamente utilizados para estimación de la grasa corporal en los jóvenes, no deben ser aceptados como métodos estándar en esta población. Cada método tiene sus limitaciones y la comparación puede ser útil para la interpretación de los resultados.

          Palabras clave: Composición corporal. Bioimpedancia. Pliegues cutáneos.

 

Abstract

          The purpose of this study was to compare the percentage of fatness in young people through skinfold measurement and bioelectrical impedance. We evaluated nine volunteers (three males and six females), with age between 20 to 30 years. The subjects were evaluated by the method of skinfolds and bioimpedance for analysis of the body fatness percentage. For analysis of results was used descriptive statistic by mean and standard deviation and t-test of Student for dependent sample and Pearson correlation. The level of significance was 5%. There was significant difference between the results obtained using skinfolds and bioimpedance in female subjects, where the skinfolds method showed the highest value found. There was not statistical difference between the methods in male subjects. However, there was a high correlation between the methods used in both genders. We conclude that, although these methods widely used for estimating of body fatness in young people, neither must be accepted as a standard method in this population. Each method has limitation and the comparison may be useful for the interpretation results.

          Keywords: Body composition. Bioimpedance. Skinfold.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Composição corporal é a proporção de diferentes componentes corporais, como as porcentagens de gordura e de massa magra, para a massa corporal total.3 Portanto, a composição corporal é a divisão da massa corporal em massa magra e massa gorda (gordura), utilizada para estudar as diferentes características de crescimento entre os sexos e a maturação.1

    Esses dados são relevantes para os profissionais da área, pois permitem analisar aspectos relacionados à saúde e ao desempenho esportivo. Além disso, fornece dados quantitativos acerca da composição corporal, que permite a detecção do grau de desenvolvimento e crescimento de crianças e jovens, e do estado dos componentes nos adultos e idosos, possibilitando a prescrição nutricional, medicamentosa e de exercícios adequado à necessidade de cada indivíduo.3

    Atualmente, existem diversos métodos para estimar o percentual de gordura, como os métodos indiretos - pesagem hidrostática e absortometria de raios x de dupla energia (DEXA) - e os métodos duplamente indiretos - bioimpedância e dobras cutâneas.3

    Segundo Heyward e Stolarczyk7 a importância da utilização do método da composição corporal em indivíduos obesos se dá pelo fato desse constituir um grave problema de saúde que reduz a expectativa de vida devido ao aumento da ocorrência de comorbidades. O aumento de risco de saúde associado à obesidade está relacionado não só com a quantidade total de gordura corporal, mas também com a maneira pela qual a gordura está distribuída. No entanto, pequena quantidade de gordura corporal, por outro lado, também representa um risco à saúde.

    Segundo Guedes e Guedes,4 a literatura evidencia que as espessuras de dobras cutâneas são as medidas antropométricas mais empregadas na análise dos parâmetros da composição corporal. Quanto às estratégias de interpretação, as medidas de espessuras de dobras cutâneas podem ser analisadas de duas formas: através das equações de regressão, que predizem valores de densidade corporal e posteriormente de gordura em relação ao peso corporal; e através dos valores absolutos de espessuras de dobras cutâneas de diferentes regiões anatômicas. A vantagem da utilização da medida da espessura de dobras cutâneas é o fato de que, além de se obter informações com relação as estimativas da quantidade de gordura corporal, torna-se possível conhecer o padrão de distribuição de tecido adiposo subcutâneo pelas diferentes regiões anatômicas.

    Já a bioimpedância é uma técnica relativamente nova para avaliar a composição corporal, tem sido documentada como um procedimento seguro, conveniente e potencialmente precisa. É baseada na compreensão de que os tecidos magros, por conta de seu conteúdo maior de água, são condutores de eletricidade melhor do que o tecido gorduroso.7 Segundo Pitanga,8 a análise da impedância elétrica é um método rápido, não-invasivo, e relativamente pouco dispendioso para avaliação da composição corporal em estudos clínicos e de campo. O modelo do analisador é uma substancial fonte de erro, e uma limitação do método de bioimpedância é que as equações utilizadas diferem não apenas entre os diversos fabricantes, mas também entre os instrumentos, dependendo da versão do software utilizado no analisador. Deve-se sempre seguir as recomendações necessárias para que haja um resultado sem alterações. Desta forma, o objetivo do estudo foi analisar a diferença da composição corporal entre os métodos de dobras cutâneas e bioimpedância em indivíduos jovens.

Materiais e métodos

    A avaliação foi realizada em três indivíduos do sexo masculino e seis indivíduos do sexo feminino, na faixa etária compreendida entre os 20 e 30 anos, sendo todos praticantes de atividades físicas. Foi realizada uma avaliação da composição corporal através dos métodos de espessura das dobras cutâneas e bioimpedância.

    As dobras cutâneas foram medidas com um compasso CESCORF, com precisão de 0,1 mm, no lado direito do corpo, em três locais, segundo a equação de Guedes e Guedes.5 A dobra cutânea tricipital é medida na região posterior do braço, no sentido longitudinal, entre o acrômio e o olécrano; a dobra cutânea subescapular é executada obliquamente em relação ao eixo longitudinal, seguindo a orientação dos arcos costais, sendo localizada a dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula; a dobra cutânea supra – ilíaca é obtida obliquamente em relação ao eixo longitudinal, na metade da distância entre o último arco costal e a crista ilíaca, sobre a linha axilar média. Já a dobra cutânea abdominal é medida aproximadamente a dois centímetros à direita da cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo longitudinal; a dobra cutânea da coxa é medida paralelamente ao eixo longitudinal, sobre o músculo reto femoral, a um terço da distância do ligamento inguinal e da borda superior da patela.

    Foram realizadas três medidas de cada dobra cutânea e o valor central foi considerado para as análises. A partir disso, a densidade corporal foi obtida por uma equação de predição de acordo com Guedes e Guedes 5; para o sexo masculino: D = 1,1714 – 0,0671 log10 (tríceps+supra-ilíaca+abdominal) e para o sexo feminino: D = 1,1665 – 0,0706 log10 (coxa+supra-ilíaca+subescapular).

    Para avaliação da bioimpedância, a resistência e a reactância corporal foram medidas utilizando-se um analisador de composição corporal, modelo BIA 101Q. Desse modo o indivíduo avaliado estava na posição decúbito dorsal onde foram colocados eletrodos no dorso da mão e do pé direito. Para a medida da resistência e da reactância fora utilizado o programa VCorp obtendo o resultado da %G dos indivíduos avaliados.

    Para análise dos resultados foi utilizada a estatística descritiva, com média e desvio padrão, teste “t” de Student para amostras dependentes e correlação linear de Pearson. Para todas as análises o nível de significância adotado foi de 5%.

Resultados

    A Tabela 1 apresenta as variáveis antropométricas da amostra e a comparação da composição corporal avaliada por dobras cutâneas e por bioimpedância.

    Observou-se que os indivíduos do sexo feminino apresentam o peso adequado em relação à estatura, pois o IMC está dentro do esperado. Em relação ao percentual de gordura, houve diferença significante entre os métodos avaliados. Observa-se também que os maiores valores foram obtidos pelo método de dobras cutâneas. Além disso, a correlação apresentada entre os método foi alta e positiva, com uma variabilidade comum de aproximadamente 60% entre os métodos, indicando que os métodos tendem a detectar as alterações da composição no mesmo sentido.

    Em relação aos indivíduos do sexo masculino, observou-se que o peso corporal encontra-se elevado em relação à estatura, pois o IMC está acima do recomendado. Não houve diferença estatística entre os métodos utilizados para avaliação do percentual de gordura. Entretanto, para este grupo a correlação entre esses métodos foi muito alta e positiva, com uma variabilidade comum de aproximadamente 92% entre os métodos, indicando que os métodos tendem a detectar as alterações da composição no mesmo sentido, porém, com menor variabilidade incomum que no grupo feminino.

Tabela 1. Variáveis antropométricas e comparação da gordura relativa (%G) avaliada por dobras cutâneas e por bioimpedância.

Discussão dos resultados

    Segundo Barbosa et al.,2 as medidas de dobras cutâneas são bastante usadas para avaliação da gordura corporal, por serem relativamente fáceis, de baixo custo e aplicável em estudos de campo. Em idosos, essas medidas apresentam algumas limitações devido às alterações como: redistribuição e internalização da gordura subcutânea, atrofia dos adipócitos, espessura e elasticidade da pele. Essas modificações podem contribuir para maior compressão entre a gordura e a massa muscular, o que pode afetar de forma significativa a validade das estimativas da gordura corporal, através desse método. As dobras cutâneas, assim como a bioimpedância, têm as suas equações preditivas desenvolvidas e validadas para cada população. As diferenças no padrão de distribuição de gordura podem alterar a relação entre o somatório das dobras e a medida da composição corporal, assim como valores de densidade corporal. A bioimpedância é um método de fácil aplicação e de alta reprodutibilidade, embora fatores como posição do indivíduo, colocação dos eletrodos, temperatura ambiente, nível de hidratação e atividade física, possam afetar essa medida.9

    Segundo Costa,3 a bioimpedância é um método eficaz e de fácil aplicação, sua análise é através de correntes elétricas, os componentes corporais têm uma resistência diferenciada à passagem de corrente elétrica. Pode-se então observar que nos ossos e gordura, devido à pequena quantidade de água, obtém-se uma baixa condutividade, ou seja, alta resistência à passagem de corrente elétrica. Já massa muscular, e outros tecidos são ricos em água, permitindo facilmente a passagem da corrente elétrica, podendo-se, então, determinar o percentual de gordura. A opção pelo método de dobras cutâneas baseia-se pelo fato de que aproximadamente metade do conteúdo corporal total de gordura fica localizada nos depósitos adiposos existente diretamente debaixo da pele, essa gordura localizada está diretamente relacionada com a gordura total.

    No presente estudo, houve diferença significativa entre os métodos nos indivíduos do sexo feminino, sendo os maiores valores encontrados nos métodos de dobras cutâneas. Nos indivíduos do sexo masculino, apesar de não apresentar diferença estatística entre os métodos, observou-se valores maiores de percentual de gordura pelo método de dobras cutâneas quando comparado com o método de bioimpedância. Observou-se também correlação maior entre os métodos nos indivíduos do sexo masculino do que nos indivíduos do sexo feminino. Uma possível explicação para isso pode ser o fato de que nas mulheres o acúmulo de gordura está localizado em regiões que não são mensuradas pelo método de dobras cutâneas, como por exemplo, no quadril.

    Segundo Guedes e Guedes,4 a utilização da bioimpedância requer um conjunto de procedimentos prévios por parte do avaliado em que se não seguido conforme o protocolo poderia ocorrer prejuízo à qualidade das informações. Tais procedimentos incluem a seguintes orientações: não fazer uso de medicamentos diuréticos nos últimos 7 dias, manter-se em jejum por pelo menos 4 horas; não ingerir bebida alcoólica nas últimas 48 horas, abster-se da prática física intensa nas últimas 24 horas, urinar pelo menos 30 minutos antes da coleta, e permanecer pelo menos 5-10 minutos em repouso absoluto em posição de decúbito dorsal, antes de efetuar a medida. Além desses cuidados, o nível de desidratação e a temperatura ambiente podem apresentar alguma influência na qualidade das informações. Nas dobras cutâneas deve-se atentar ao procedimento pelo avaliador, pois necessita de técnica e experiência no procedimento. Na tentativa de minimizar erros sistemáticos sugere-se que seja realizado a medição por três vezes no mesmo local. Na eventualidade de ocorrerem discrepâncias superiores a 5% entre uma das medidas e as demais, recomenda-se realizar uma nova série de três medidas. Não é recomendado realizar as medidas de espessuras de dobras cutâneas imediatamente após a realização de exercícios físicos, pois a pele deve estar seca e sem qualquer produto que possa provocar deslizamento dos dedos do avaliador ou das dobras cutâneas.

    A distribuição de gordura subcutânea e interna é similar para todos os indivíduos do mesmo sexo, mas a validade deste pressuposto é questionável. Sujeitos idosos, de um mesmo sexo e densidade corporal, têm proporcionalmente menos gordura subcutânea que seus pares mais jovens, além disso, o nível de gordura corporal afeta a quantidade relativa de gordura localizada internamente e sob a pele. Indivíduos magros têm uma proporção mais alta de gordura interna que diminui à medida que a gordura corporal aumenta. No método de bioimpedância para obter o percentual de gordura, uma corrente elétrica de baixo nível é passada através do corpo do indivíduo e a impedância, ou oposição ao fluxo da corrente, é medida com um analisador, dando o resultado do percentual de gordura.7

    Assim, conclui-se que há diferença entre os métodos de dobras cutâneas e bioimpedância na análise do percentual de gordura e a correlação entre eles é alta, porém, o método de dobras cutâneas superestima o percentual de gordura em relação ao método de bioimpedância. Sugere-se que ao fazer uma avaliação física, o indivíduo seja avaliado e reavaliado pelo mesmo método, para que a variação do percentual de gordura seja determinada.

Referências

  1. Barbanti VJ. Dicionário de Educação Física e Esporte. São Paulo: Manole; 1994.

  2. Barbosa AR, Santarém JM, Jacob Filho W, Meirelles ES, Marucci MFN. Comparação da gordura corporal de mulheres idosas segundo antropometria, bioimpedância e DEXA. Arch. latinoam. Nutr 2001;51(1):49-56.

  3. Costa RF. Composição corporal: teoria e prática da avaliação. Barueri: Manole; 2001.

  4. Guedes DP, Guedes JERP. Controle de peso corporal, composição corporal, atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf; 1998.

  5. Guedes DP, Guedes JERP. Proposição de equações para predição da quantidade de gordura corporal em adultos. Semina 1991;12(2):61-70.

  6. Guedes DP, Guedes JERP. Controle de peso corporal, composição corporal, atividade física e nutrição. 2 ed. Rio de Janeiro: Shape; 2003.

  7. Heyward VH, Stolarczyk LM. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole; 2000.

  8. Pitanga FJG. Testes, Medidas e avaliações em educação física e esportes. São Paulo: Phorte; 2005.

  9. Tritschler K. Medida e Avaliação em educação física e esporte de Barrow & McGee. São Paulo: Manole; 2003.

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