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Estado da arte da atividade física 

relacionada à qualidade de vida de idosos

Estado del arte de la actividad física relacionada con la calidad de vida de personas mayores

 

*Enfermeira
Doutora em Enfermagem
Professora adjunta. UFScar
**Professora de Educação Física
Especialista em Saúde da Família e Comunidade, UFScar

Sueli Fátima Sampaio*

Neila Venerando dos Reis**

neilacroft@yahoo.com.br
(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Estudo com metodologia na abordagem quantitativa da Cienciometria, que designa no seu amplo significado, a aplicação de métodos estatísticos para dados quantitativos, característicos do estado da ciência, por meio do método bibliométrico, com o objetivo de analisar o estado da arte acerca da atividade física relacionada à qualidade de vida de idosos. A produção científica foi estudada e analisada, por meio de pesquisas bibliográficas nacionais e latino-americanas, com coleta dos dados de forma on-line, com um percurso que incluiu a identificação de publicações em revistas indexadas nas bases de dados EFDEPORTES – Educação Física e Esportes e SciELO - Scientific Electronic Library Online, no período de 2000 a 2010. Foram encontrados 1276 artigos com os descritores “atividade física”, “idoso” e “qualidade de vida”, que após análise e seleção de títulos, 1235 correspondiam ao período pesquisado, sendo que destes, 28 artigos estavam relacionados ao tema. A análise dos dados aponta que há um crescente no número de publicações sobre a atividade física vinculada à qualidade de vida de idosos, vinculando sua importância ao aumento da expectativa de vida da população no país.

          Unitermos: Qualidade de vida. Atividade física. Idoso.

 

Abstract

          Study methodology with of quantitative approach Scientometrics, designating in its broad meaning, the application of statistical methods for quantitative data, characteristic of the state of science, through bibliometric methods, in order to analyze the state of the art about the physical activity related to the quality of life of seniors. The scientific literature was studied and analyzed through literature searches national, Latin American countries, with data collection so online, with a route that included the identification of publications in journals indexed in the databases EFDEPORTES - Physical Education and Sports and SciELO - Scientific Electronic Library Online from 2000 to 2010. We found 1276 articles with keywords "physical activity" and "elderly" and “quality of life”, which after analysis and selection of titles, 1235 corresponded to the period surveyed, and 28 of this articles were related to the topic. Data analysis showed that there are a growing number of publications in physical activity linked to the quality of life of seniors by linking their importance to the increase in life expectancy in the country.

          Keywords: Quality of life. Motor activity. Elderly.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Envelhecer é um processo natural, mas muitas vezes angustiante acompanhado pelo medo de ficar sozinho, pelas limitações fisiológicas e biológicas, pelas doenças advindas da própria idade. É possível envelhecer com saúde, melhorar a qualidade de vida, socializar as boas experiências assim como explorar as habilidades existentes.

    Qualidade de vida (QV) é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos, que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar.

    O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural. A QV pode ser qualificada com um conceito equivoco como o de inteligência, ambos dotados de um senso comum variável de um individuo a outro ou definida em termos da distância entre expectativas individuais e a realidade, sendo que quanto menor a distância é melhor1.

    Esta vem sendo constantemente discutida por vários autores, mas apenas na década de 90 é reconhecida perspectivas das pessoas ou pacientes e não apenas as visões de estudiosos e profissionais da área da Saúde.

    Qualidade de vida é uma noção eminentemente humana que se aproxima do grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental. Pressupõe uma síntese cultural de todos os elementos, que determinada sociedade considera como seu padrão de conforto e bem-estar1.

    Isso pode ser identificado pelo uso polissêmico em que o modo e as condições de vida se inter-relacionam com os ideais de desenvolvimento sustentável, ecologia humana e democracia. Este conceito remete, pois, a uma relatividade cultural, já que trata de uma construção social e historicamente determinada, concebida segundo o grau de desenvolvimento de uma sociedade específica1.

    Parâmetros subjetivos (bem-estar, felicidade, amor, prazer, inserção social, liberdade, solidariedade, espiritualidade, realização pessoal) e objetivos (satisfação das necessidades básicas e das necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e social de determinada sociedade: alimentação, acesso à água potável, habitação, trabalho, educação, saúde e lazer) se interagem dentro da cultura para constituir a noção contemporânea de qualidade de vida1.

    Há a tendência quanto à conceituação do termo QV na área de saúde de uma forma mais genérica, apresentando uma acepção mais ampla, aparentemente influenciada por estudos sociológicos, sem fazer referência a disfunções ou agravos. Ilustra com excelência essa conceituação, que foi adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o estudo multicêntrico que elaborou um instrumento que avalia a QV em uma perspectiva internacional e transcultural2.

    O conceito é o da “percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações"2.

    Um aspecto importante que caracteriza estudos que partem de uma definição genérica desse termo é que as amostras estudadas incluem pessoas saudáveis da população, nunca se restringindo a amostras de pessoas portadoras de agravos específicos.

    A OMS, propondo uma natureza multifatorial da qualidade de vida, refere-se a esse conceito a partir de cinco dimensões: (1) saúde física, (2) saúde psicológica, (3) nível de independência (em aspectos de mobilidade, atividades diárias, dependência de medicamentos e cuidados médicos e capacidade laboral), (4) relações sociais e (5) meio ambiente. Trata-se de uma visão global, que considera as várias dimensões do ser humano na determinação dos níveis de QV de cada indivíduo, que provem ótimas condições de sobrevivência e não garante a elevação dos níveis de QV, visto que o que determina é a forma e a capacidade do indivíduo em perceber e se apropriar dessas condições3.

    Existem cada vez mais dados demonstrando que o exercício, a aptidão e a atividade física estão relacionados com a prevenção, com a reabilitação de doenças e com a QV.

    A atividade física possui uma relação muito próxima com a QV, mas essa parceria é válida quando influencia a vida do sujeito como um todo proporcionando além da melhora da saúde sua socialização e mudanças positivas em seu estilo de vida. Por sua vez, outros autores afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Defendem a inter-relação entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influência e é influenciada pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde3.

    As atividades físicas também podem contribuir no sentido de ajudar a diminuir a solidão, o asi­la­mento, o sedentarismo e a dependência; a melhor ocupação do tempo livre, reduzindo a sensação de inutilidade e a frustração das pessoas idosas. No entanto, é importante uma meto­dologia de ensino adequada a essas pessoas. Por um lado, em virtude dos idosos pos­suírem uma rea­lidade biopsicossocial distinta das outras etapas do desenvolvimento e, por outro, alguns idosos não tiveram uma história de vida fisicamente mais ativa, se referindo prin­cipalmente aos idosos que nunca ou rara­mente praticaram ati­vidades físicas regulares e sistematizadas.

    A qualidade de vida do idoso compreende a consideração de diversos critérios de natureza biológica, psicológica e socioestrutural, pois vários elementos são apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar na velhice: longevidade, saúde biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo, competência social, produtividade, eficácia cognitiva, status social, continuidade de papéis familiares e ocupacionais e continuidade de relações informais com amigos. Os idosos sentem-se desestimulados quando a doença o acomete e o papel do professor de Educação Física é proporcionar o bem estar através de atividades que todos consigam participar, socializar e consequentemente melhorar suas condições fisiológicas e musculares.

    Devido a esses achados, e como a população de idosos vem aumentando, essa discussão nos dias atuais torna-se muito relevante. Muitos estudos analisam e observam a importância da QV dessa população e percebe-se que muitas vezes esse público não é privilegiado em muitas práticas de atividades na vida diária, bem como nas práticas corporais. A experiência profissional motiva a escolha por essa população, pois é gratificante perceber o quanto os idosos melhoram os aspectos emocionais e sociais quando se sentem úteis e felizes.

    Com base nos pressupostos acima elencados, realizou-se um estudo, a fim de analisar o estado da arte acerca da qualidade de vida de idosos relacionada à atividade física.

Metodologia

    A Cienciometria designa no seu amplo significado, a aplicação de métodos estatísticos para dados quantitativos, característicos do estado da ciência. Aplica técnicas bibliometricas à ciência.

    Os temas que interessam à cienciometria incluem o crescimento quantitativo da ciência, o desenvolvimento das disciplinas, a relação entre ciência e tecnologia, a estrutura de comunicação entre os pesquisadores, as relações entre o desenvolvimento científico e o crescimento econômico. Utiliza técnicas matemáticas e análises estatísticas para investigar as características da investigação científica (POLANCO, 1998).

    Pritchard (1969) definiu bibliometria como a aplicação da matemática e dos métodos estatísticos aos livros, artigos e outros meios de comunicação.

    Segundo Saes (2003) a existência de bases de dados bibliográficos no domínio da informação científica e técnica nos permite avaliar o que se publica nas revistas em Cienciometria, destacando-se os cálculos das publicações, dos periódicos, artigos e patentes, de autores e citações.

    A bibliometria desde sua origem é marcada por uma dupla preocupação: a análise da produção científica e a busca de benefícios práticos imediatos para bibliotecas (desenvolvimento de coleções, gestão de serviços bibliotecários)6. Também a promoção do controle bibliográfico (conhecer o tamanho e as características dos acervos, elaborar previsões de crescimento, etc.) é apontado como objetivo “mais óbvio” da bibliometria7.

    A produção científica acerca da qualidade de vida de idosos relacionada à atividade física foi estudada e analisada, por meio de pesquisas bibliográficas nacionais, latino-americanas e do Caribe, com coleta dos dados de forma on-line, utilizando os descritores qualidade de vida, atividade física e idoso.

    O percurso previu a identificação de publicações em revistas indexadas nas bases de dados SciELO e Efdeportes no período de 2000 a 2010.

    SciELO – Scientific Electronic Library Online SciELO - Scientific Electronic Library Online é um projeto consolidado de publicação eletrônica de periódicos científicos seguindo o modelo de Open Access, que disponibiliza de modo gratuito, na Internet, os textos completos dos artigos de mais de 290 revistas científicas do Brasil, Chile, Cuba, Espanha, Venezuela e outros países da América Latina. Além da publicação eletrônica dos artigos, SciELO provê enlaces de saída e chegada por meio de nomes de autores e de referências bibliográficas. Também publica relatórios e indicadores de uso e impacto das revistas.

    EFDEPORTES base de dados inserida na Revista digital Argentina, indexada no SportsDiscus e Dialnet.

Resultados e discussão

    Ao todo foram encontradas e utilizadas vinte e oito publicações nacionais com os descritores nas bases de dados SciELO e EFDEPORTES, sendo que os critérios de descarte utilizados foram determinados a partir de artigos que não tiveram o ano de publicação entre 2000 e 2010 ou que não tinham foco principal que levassem ao objetivo pretendido.

    Todas as referências encontradas (100%) se referem a publicações nacionais.

    Do total de 1276 artigos encontrados com os descritores atividade física e idosos, 28 foram selecionados de acordo com o período preestabelecido para a pesquisa e ao tema proposto.

    Com relação ao tipo de publicação e base de dados 82% foram encontrados na Scielo, 7% na revista argentina Efdeportes e 11% em outras revistas com publicações nacionais.

Os resumos apresentaram focos principais relativos à conceituação quanto à atividade física e trajetória sobre a qualidade de vida dos idosos, sendo distribuídos por categoria, como estão descritos abaixo.

Considerações finais

    Considera-se que pela apresentação dos anos com publicação relativa ao tema, a preocupação em escrever artigos sobre a população idosa e sua qualidade de vida se iniciou a partir do ano de 2004, tendo seu maior quantitativo no ano de 2008, de acordo com o período preestabelecido para este estudo.

    Considera-se também que a presente revisão bibliométrica aponta que poucos artigos tratam especificamente sobre a atividade física na vida dos idosos, sendo que no século XXI, se identifica um maior número de publicações acerca do assunto, o que culmina com um interesse dos pesquisadores sobre a longevidade, tendo a atividade física importante papel na condução desta expectativa de vida, de uma forma mais saudável.

    Considera-se finalmente que o reduzido número de publicações sobre o tema pode estar relacionado ao fato de que entre os anos de 2000 e 2004 identifica-se uma discussão sobre qualidade de vida e idosos, porém sem estar relacionado com a atividade física.

    Desta forma, compreende-se que o acompanhamento do estado da arte sobre o tema possa servir como parâmetros de novos estudos, que qualifiquem a tomada de decisões na condução de qualificar o envelhecimento da população, por meio da atividade física.

Referências

  1. MINAYO MCS, HARTZ ZMA, BUSS PM. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Cien Saude Colet 2000; 5 (1): 7-18.

  2. FLECK, Marcelo Pio de Almeida, LEAL, Ondina Fachel, LOUZADA, Sergio et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL -100). Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 21, n. 1, 1999.

  3. GUEDES DP, GUEDES JERP. Exercício físico na promoção da saúde. Londrina: Midiograf, 1995.

  4. SOUZA RA, CARVALHO AM. Programa de Saúde da Família e qualidade de vida: um olhar da Psicologia. Estud. psicol. 2003; 8(3):515-52

  5. SOLER, A.; FEBRE, A. Disyuntiva entre adaptación y tratamiento pedagógico en las actividades corporales para los ancianos. In: Congresso Mundial [da] AIESEP. Memórias. Madrid: Ministerio de Educacion y Ciencia,1988.

  6. SANTOS SR, SANTOS IBC, Fernandes MGM, Henriques MERM. Qualidade de vida do idoso na comunidade: aplicação da escala de Flanagan. Rev Latino-Am Enfermagem. 2002;10(6):757-64.

  7. FIGUEIREDO N. Tópicos modernos em Bibliometria. Brasília: Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1977.

  8. NICHOLAS D, RITCHIE M. Literature and bibliometrics. London: Clive Bingley, 1978. POLANCO, X Aux Soucers de la scientométrie. http://ms161u06.u3mrs.fr/annexe/Scientometryl/page/564.html

  9. PRITCHARD, C. Trends in Economic Evaluation – HE – Briefing, nº 36, April, 1998.

  10. SAES, S.G.. Estudo bibliométrico das publicações em Economia da Saúde, no Brasil, 1989 – 1998. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Saúde Pública da USP/SP, 2000.

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