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Relações de gênero nas aulas de Educação Física:
discriminação nos esportes

Relaciones de género en las clases de Educación Física: la discriminación en los deportes

 

*Graduanda em Licenciatura em Educação Física (FAGOC)

**Professora da Faculdade Governador Ozanam Coelho (FAGOC)

(Brasil)

Kátia Marques Moreira*

katia_mmarques@hotmail.com

Leililene Antunes Soares**

leililene@fagoc.br

 

 

 

 

Resumo

          Diante da importância de se discutir a questão de gênero como um fator de discriminação à participação das meninas nos esportes no contexto escolar o presente estudo verifica como as diferenças de gênero se manifestam durante as aulas de Educação Física do 6º ao 9º ano do ensino fundamental em relação à participação feminina na prática dos esportes. Optou-se pela abordagem qualitativa, com amostra composta por 100 estudantes de ambos os sexos, de uma instituição do Ensino Fundamental, localizada em uma cidade no interior de Minas Gerais. Foi utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado contendo onze questões, no qual os alunos puderam marcar mais de uma opção. Constatou-se que discriminações de gênero se manifestam durante as aulas de Educação Física e, estas ficam evidentes em relação à participação feminina nos esportes embora o professor tente coibir tais ações e incentivar a prática esportiva pelas alunas. Contudo, diante a diferenças e conflitos nas aulas de educação física é necessária uma diminuição das desigualdades entre os sexos, sendo importante uma reflexão sobre a educação física influenciando positivamente para a diminuição da discriminação e, da mesma forma, participando da formação de seres humanos com respeito mutuo e sem atitudes preconceituosas.

          Unitermos: Preconceito. Relações de gênero. Mulher. Esporte.

 

Abstract

          Given the importance of discussing the issue of gender as a discriminatory factor for the participation of girls in sports in the school context the present study verifies how gender differences become apparent during physical education classes from 6th to 9th grade of elementary school in relation to female participation in sports activities. We opted for a qualitative approach with a sample of 100 students of both sexes, an institution of elementary school, located in a city in Minas Gerais. Was used as an instrument of data collection, A semi containing eleven questions in which students could select more than one option. It was found that gender discrimination manifest themselves during physical education classes, and these are evident in relation to female participation in sports even though the teacher tries to curb such actions and encourage the practice of sports by students. However, given the differences and conflicts in physical education classes is necessary to decrease inequality between the sexes, it is important to reflect on the positive influence on physical education to reduce discrimination and, likewise, participating in the training of human beings with mutual respect and without biased attitudes.

          Keywords: Prejudice. Gender relations. Women. Sport.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Meninos e meninas recebem educação diferenciada e na década de 70, as mulheres começaram a refletir sobre a discriminação que sofreram, passando a compreender que as diferenças de gênero não são produtos das diferenças biológicas, mas conseqüência das estruturas sociais e culturais que enaltecem o masculino e desvalorizam o feminino. Hoje as mulheres ainda são descriminadas, mas os homens continuam negando que descriminam as mulheres e estas vem provando que são capazes de conquistarem seus espaços assim como os homens (COSTA e SILVA, 2002).

    Neste contexto surgiram os primeiros estudos sociológicos da mulher no esporte, desde então, temos observado um crescimento no âmbito da prática esportiva, porém ainda se tem uma resistência de abordagens que apontam para uma história de exclusão feminina sobre a fragilidade e inferioridade da mulher para atividades físicas de esforço (OLIVEIRA, 2008).

    As relações e manifestações de estereótipos de gênero se estabelecem no cotidiano esportivos de alunas e atletas que praticam esportes culturalmente considerados masculinos como por exemplo o futebol, futsal, lutas, dentre outros.

    Embora as mulheres lutem para vencer discriminações, conquistando seu espaço na sociedade, no esporte elas ainda vem enfrentando muitos preconceitos já que o sexismo1, enraizado na cultura direciona discursos promulgados pelos diferentes segmentos familiares, educacionais e institucionais reforçando a discriminação feminina no âmbito escolar.

    Diante da importância de se discutir a questão de gênero como um fator de discriminação à participação das meninas nos esportes no contexto escolar é que surgiram inquietações: como se dá a relação entre meninas e meninos na prática de esporte nas aulas de educação física? As meninas se sentem discriminadas? A postura do professor interfere em atitudes discriminatórias?

    Buscando responder a estas questões, definiu-se como objetivo geral, deste estudo, verificar como as diferenças de gênero se manifestam durante as aulas de Educação Física do 6º ao 9º ano do ensino fundamental em relação à participação feminina na prática dos esportes. Especificamente pretende-se compreender como é o relacionamento entre os alunos nas aulas de Educação Física; identificar a existência de discriminação em relação à participação feminina nos esportes e como ela se manifesta e, verificar se a prática do professor de Educação Física influencia no comportamento dos alunos.

Metodologia

    Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, que segundo Van Maanen (1999) citado por Matta (2010), compreende técnicas interpretativas que nos permitir descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados entre contexto e ação.

    A amostra foi composta por 100 alunos, sendo 50 do sexo feminino e 50 do sexo masculino, com faixa etária entre 12 e 16 anos, (média de idade: 14,3 anos), representando os 350 alunos matriculados no Ensino Fundamental, numa escola pública, localizada em Dores do Turvo, interior da Zona da Mata em Minas Gerais. Nesta cidade possuem duas escolas públicas, mas a instituição escolhida é a única que oferece esta modalidade de ensino, acontecendo às aulas de Educação Física, com duração de 50 minutos, 2 vezes por semana.

    Foi elaborado e utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semi-estruturado contendo onze questões, no qual os alunos puderam marcar mais de uma opção com o objetivo de verificar como as diferenças de gênero se manifestam durante as aulas de Educação Física do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental em relação à participação feminina na prática dos esportes.

    O questionário semi-estruturado é uma técnica de investigação onde os indivíduos podem expressar-se através de questões abertas e fechadas, sendo possível conhecer suas as opiniões, valores, crenças, situações vivenciadas, sentimentos, expectativas, dentre outros. (GIL, 1999).

    Posteriormente, o questionário foi validado por três mestres em Educação Física após serem realizadas modificações por eles sugeridas. Passou-se assim, a aplicação do mesmo, pela própria pesquisadora em outubro de 2010.

    Então, os dados foram analisados e discutidos com base em referenciais teóricos sobre discriminação de gênero, enfocando aqueles que abordam o esporte no contexto escolar. Para esta análise foram estabelecidos três blocos de categorias, sendo:

  • 1ª Categoria: Discriminação durante a prática de esporte nas aulas de Educação Física (corresponde as questões de nº 1 e 2).

  • 2ª Categoria: A discriminação e participação feminina nos esportes durante as aulas de Educação Física (corresponde às questões 3 a 7).

  • 3º Categoria: As aulas de Educação Física e a conduta do professor: atitudes discriminatórias (corresponde às questões de 8 a 11).

Resultados e discussão

    Os resultados aqui apresentados foram divididos categorias analíticas definidas a partir dos direcionamentos propostos pelo roteiro do questionário:

Categoria 1. Discriminação durante a prática de esporte nas aulas de Educação Física

    Nesta categoria procurou-se investigar a ocorrência de discriminação durante a prática de esporte nas aulas de educação física. Pode-se constatar que 76% dos alunos entrevistados afirmaram que nunca discriminaram colegas durante prática esportiva e 24% disseram que sim. (Figura 1).

Figura 1. Discriminação de colega durante prática esportiva

    As justificativas dadas para suas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no quadro 1.

Quadro 1. Justificativas apresentadas pelos alunos

Fonte: dados da pesquisa

    Como pode ser visualizada na Figura 2, (56%) dos alunos comentam que já sofreram descriminação dos colegas durante a prática esportiva e 44% não. Esses dados divergem dos apresentados na Figura 1. Essa discrepância pode ser explicada pelo fato de não se sentirem agindo de forma preconceituosa. Essa ação é endossada por Sampaio (2002), ao comentar que muitas pessoas não se percebem preconceituosas. Entretanto, quando passa a situação de ‘vítima” se sentem discriminados.

Figura 2. Já foi descriminado por algum colega

    Embora os dados tenham sido divergentes, o importante é destacar que a fim de evitar atitudes discriminatórias, os Parâmetros Curriculares Nacionais consideram que as aulas de educação física podem dar oportunidades de meninos e meninas conviverem, observarem-se, descobrirem-se e aprenderem a ser mais tolerantes, não discriminar e compreender as diferenças, de forma a não reproduzir os estereótipos das relações sociais autoritárias entre os sexos (BRASIL, 1998).

    Neste aspecto, de acordo com Poovey (1998), citado por Sousa e Altmann (1999), os educadores precisam estar atentos ao fato de que a discriminação entre os sexos se dá por uma construção social, não sendo reflexo de um fato biológico.

    Complementando, Sousa (2007) comenta que a questão da discriminação de gênero nas escolas representa uma grande dificuldade para os educadores, pois se trata de valores e normas culturais que se transformam muito lentamente e, principalmente nas aulas de educação física, esta diferença (meninos/meninas) se torna mais forte. E isto é percebido de maneira ainda mais acentuada nas aulas de educação física, quando há a participação das meninas nos esportes.

Categoria 2. A discriminação e participação feminina nos esportes durante as aulas de Educação Física

Indagados se os alunos já presenciaram algum colega descriminar as meninas durante a prática esportiva, 58% afirmou que em algumas vezes as meninas foram descriminadas, 23% negaram a descriminação com as meninas por parte de seus colegas e 19% dos alunos entrevistados afirmaram presenciar preconceito com as meninas durante as aulas de Educação Física. (Figura 3).

Figura 3. Presenciou discriminação de menina durante a prática esportiva

    Os dados aqui apresentados confirmam os 56% dos alunos que já foram discriminados, conforme figura 2.

    A discriminação feminina foi presenciada, pelo menos alguma vez, por 77% dos alunos. A esse respeito, Saraiva (1999) afirma que apesar de legalizada, a presença feminina nos esportes, estas ainda sofrem recriminações, pois “estes ainda são percebidos e executados sob orientação dos valores e das normas masculinas dominantes.”

    Neste contexto, na Figura 4, os alunos expuseram os motivos de discriminação para com as meninas durante as aulas: falta de habilidade motora das alunas (54%), meninas não gostam de jogar (13%), não sabem as regras do jogo (10%), outros motivos (23%) apontados no Quadro 2.

Figura 4. Motivos de discriminação com as meninas

    As justificativas dadas para suas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no quadro 2.

Quadro 2. Justificativas apresentadas pelos alunos

Fonte: dados da pesquisa

    Diante do exposto, tanto meninos quanto meninas apontam a “falta de habilidade” como motivo para discriminação. Ressalta-se que as meninas justificam que são discriminadas porque os meninos alegam que elas não tem habilidades. Isso pode ser comprovado com as respostas dos meninos.

    Este é um aspecto abordado por Altmann (1998) citada por Souza Júnior e Darido (2002), quando afirma que um dos motivos para a discriminação feminina nas aulas de educação física e nos esportes, acontece por estas serem consideradas mais fracas e menos habilidosas.

    Reforçando esta idéia, um estudo realizado por Oliveira (2004) com alunos do ensino fundamental, mostrou que nas aulas de educação física, situações discriminatórias são recorrentes, pois as meninas são consideradas pela sociedade como frágeis e os meninos os brutos, com isto as próprias, durante as aulas, vão se defender dizendo sempre que elas são as menos privilegiadas do que os meninos.

    Indagados sobre brincar ou jogar com o sexo oposto 78% afirmaram que costumam brincar ou jogar, 13% dos alunos assinalaram que raramente se relaciona com o outro sexo, 4% freqüentemente brinca ou joga com o sexo oposto e 5% destes alunos se negam a brincar ou jogar com sexo oposto. (Figura 5).

Figura 5. Costuma brincar com o sexo oposto

    As justificativas dadas para suas respostas foram agrupadas no quadro 3.

 

Quadro 3. Justificativas apresentadas pelos alunos

Fonte: dados da pesquisa

    Os resultados que apontam 78% dos alunos brincando juntos durante as aulas de educação física é representativo. Isso acontece porque para eles “não existe diferença entre os sexos”, se consideram iguais e as atividades são prazerosas. Percebe-se que os alunos não tem discriminação quando nas aulas o professor trabalha atividades recreativas a partir do momento que o esporte é inserido neste contexto acontece à discriminação como já foi discutido anteriormente.

    Atividades recreativas com o intuito de superar a questão de gênero, diminuindo a discriminação e o domínio masculino nos esportes, devem ser de acordo com Haertel e Gonçalves Júnior (2007) com oferecidas pelos professores de educação física.

    Em pesquisa com os alunos 58% responderam que tem preferência por aulas individualizadas e outros 42% por aulas mistas. (Figura 6).

Figura 6. Preferência das aulas de Educação Física

    As justificativas dadas para suas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no quadro 4 e 5.

Quadro 4. Justificativas apresentadas pelas meninas

Fonte: dados da pesquisa

 

Quadro 5. Justificativas apresentadas pelos meninos

Fonte: dados da pesquisa

    Pode-se perceber que os resultados e os motivos apresentados pelos alunos tem respaldo na literatura, pois os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) destacam que embora as aulas mistas se justifiquem como uma possibilidade para a compreensão e o respeito às diferenças, combatendo a reprodução de estereótipos sexuais, diversos docentes encontra resistência por parte dos alunos, no presente estudo pela maioria (58%), para participarem deste tipo de aula.

    Outro aspecto a ser considerado é que meninos e meninas recebem uma educação distinta desde o âmbito familiar, desenvolvendo atividades diferentes no tempo livre, contribuindo para que os meninos sejam, em sua maioria, educados para a vida social, enquanto as meninas são educadas para vida privada (ABREU, 1992)

    Neste sentido, a sociedade tende a rotular determinadas áreas como masculinas ou femininas, reprimindo determinadas vivências motoras do nosso corpo, que deve ser veículo de expressão através do movimento, sendo capaz de aventurar-se para vivenciarmos inúmeras possibilidades de vida (TRINDADE, 2002).

    Para Gomes Botelho et al. (2004) o esporte não é uma entidade abstrata. Ele foi inventado pelos homens, e continua a ser um mundo masculino mesmo que as mulheres façam sentir a sua presença, o poder continua nas mão masculinas.

    Contradizendo as afirmações de Trindade (2002) e Gomes Botelho et al. (2004), em pesquisa com os alunos desta instituição constatamos que para 87% dos entrevistados não existe esporte exclusivamente para homens ou para mulheres, porém, 13% defenderam a hipótese de existir o exporte com exclusividade de sexo. (Figura 7).

Figura 7. Existe esporte masculino ou esportes feminino

    As justificativas dadas para suas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no quadro 6.

Quadro 6. Justificativas apresentadas

Fonte: dados da pesquisa

Categoria 3. As aulas de Educação Física e a conduta do professor: atitudes discriminatórias

    Essa categoria buscou-se caracterizar as aulas de educação física e a se a conduta dos professores tende a ser, ou não, discriminatórias para com as meninas.

    Ao analisarmos como acontecem as aulas de Educação Física nesta instituição constamos que 33% dos alunos afirmaram que na maioria das vezes as aulas são mistas, outros 29% dos alunos assinalaram que na maioria das vezes são separados, 28% dos alunos afirmam que as aulas são sempre mistas e outros 10% que as aulas são individualizadas. (Figura 8).

    Observa-se uma distribuição na freqüência das respostas e acredita-se ser pelo fato de nesta instituição possuir três professores de Educação Física e cada um ter sua forma de lecionar seus conteúdos.

Figura 8. Como são as aulas de Educação Física na sua escola

    Neste sentindo, Dornelles (2001) comenta que a separação de meninos e meninas nas aulas de educação física é um recurso muito utilizado por professores e professoras, e que tal recurso vem aumentando cada vez mais. Isto acontece porque há uma multiplicidade de compreensões do conceito de gênero na área.

    Porém, Teixeira (2005) defende que as aulas mistas quando bem conduzidas pode ser uma boa estratégia no intuito de amenizar a até diminuir a formação de preconceitos durante as aulas de Educação Física, ensinando os alunos a respeitar os limites e as diferenças de cada um.

    Os alunos questionados se o professor de Educação Física tem atitudes de discriminação entre meninos e meninas durante suas aulas, 76% dos alunos afirmaram que não, 9% considera que na maioria das vezes seu professor de tem atitudes discriminatórias, 8% julga que seu professor na minoria das vezes tem tais atitudes e 7% dos alunos defendem que o professor tem atitude de discriminação entre meninos e meninas. (Figura 9).

Figura 9. O professor faz diferenciações entre meninos e meninas

    A postura do professor, não diferenciando meninos e meninas é segundo Altmann (1998), uma referência que define como estes alunos irão agir e se relacionar, podendo incentivar ou coibir atitudes discriminatórias.

    Ainda,. procurou-se saber dos alunos se o professor apresenta atitudes discriminatórias com relação às meninas, 98% negaram tal conduta, os outros 2% responderam positivamente. (Figura 10).

Figura 10. O professor tem atitudes de descriminações com as meninas

    Tais resultados confirmam os já apresentados na Figura 9, mostrando que o professor não tem atitudes discriminatórias, ministrando a aula da mesma forma para ambos os sexos.

    Essa atitude de proporcionar a todos os alunos as mesmas oportunidades de aprendizado, sem discriminação., de acordo com Souza Júnior e Darido (2002), contribui para a formação global do cidadão, incluindo-se, assim, aspectos biológicos, culturais, sociais e afetivos..

    Por fim, ao questionarmos os alunos se o professor de Educação Física incentiva a participação das mulheres no esporte, 89% dos alunos responderam que existe incentivo por parte do professor durante as aulas, porém 11% negaram tal incentivo. (Figura 11).

Figura 11. O professor incentiva a participação das meninas no esporte

    Tais resultados demonstram que o professor não discrimina e incentiva a participação feminina nos esportes. Essa atitude do professor, na opinião de Beltrão e Macário (2000) interfere não apenas no entendimento do conteúdo, mas também na motivação, no interesse, na participação e em um melhor desempenho das alunas no esporte.

    Ainda, o apoio do professor é segundo Goellner (2005) essencial para maior atuação das alunas na prática esportiva, favorecendo a inclusão das mulheres no âmbito do esporte podendo projetar talentos esportivos femininos.

Considerações finais

    Considerando o presente estudo concluímos que a mulher ainda é cercada de muitos preconceitos e que a sociedade é a grande influencia para que isso aconteça. Por outro lado, a escola tem um papel fundamental para acabar com esses estigmas.

    Dentro da escola destaca-se o professor de Educação Física que ao abordar as questões de gênero durante suas aulas, pode contribuir par coibir e diminuir preconceitos e diferenças entre os alunos. Entretanto, esta não é uma tarefa fácil, pois trata-se de valores e questões culturais que mudam lentamente.

    No presente estudo, constatou-se contradições nas respostas dos alunos. Em muitas questões verificou-se que os alunos tentam esconder seus preconceitos. Entretanto ficou evidente que discriminações de gênero se manifestam durante as aulas de Educação Física e, estas ficam evidentes em relação à participação feminina nos esportes embora o professor tente coibir tais ações e incentivar a prática esportiva pelas alunas.

    Contudo, diante a diferenças e conflitos nas aulas de educação física é necessária uma diminuição das desigualdades entre os sexos, sendo importante uma reflexão sobre a educação física influenciando positivamente para a diminuição da discriminação e, da mesma forma, participando da formação de seres humanos com respeito mutuo e sem atitudes preconceituosas.

Nota

  1. Ações e idéias que privilegiam entes de determinado gênero (ou, por extensão, que privilegiam determinada orientação sexual) em detrimento dos entes de outro gênero (ou orientação sexual); um gênero (ou uma identidade sexual) é superior a outro. (WIKIPÉDIA, 2010).

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  • WIKIPÉDIA, Sexismo. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sexismo2010. Acesso: 07 nov. 2010.

 Apêndice. Questionário destinado aos alunos do ensino fundamental

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