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Perfil socioeconômico das gestantes atendidas no serviço de pré-natal

da Estratégia Saúde da Família no município de Montes Claros, MG

Características socioeconómicas de las mujeres embarazadas atendidas en el servicio 

prenatal de la Estrategia de Salud de Familia en el municipio de Montes Claros, MG

 

*Graduando em Enfermagem e Bolsista do PET-Saúde

da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

**Graduando em Enfermagem pela Unimontes

***.Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros

Professora do departamento de Enfermagem da Unimontes

**** Enfermeiro graduado pela Unimontes - Graduando em Medicina

pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas

***** Graduando em Enfermagem e membro do

Grupo de Pesquisa de Enfermagem da Unimontes

****** Graduanda em Enfermagem; Membro do Grupo de Pesquisa

de Enfermagem da Unimontes e membro do PET-Saúde Unimontes

José Rodrigo da Silva*

Luís Paulo Souza e Souza**

Maria Fernanda Santos Figueiredo***

Romerson Brito Messias****

Atvaldo Fernandes Ribeiro Junior *****

Tatiana Carvalho Reis******

rodrigomaiss@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Objetivou-se com a pesquisa traçar o perfil socioeconômico das gestantes atendidas em uma equipe de saúde família no município de Montes Claros, no período de maio de 2010 a abril de 2011. Estudo documental, retrospectivo, transversal e de abordagem quantitativa. Foram coletados dados dos prontuários de 56 gestantes que fizeram acompanhamento de pré-natal na unidade de saúde supracitada. Os dados mostraram que em relação ao estado civil, 32,1% tinham união consensual, 30,3% eram casadas, 19,6% solteiras e 1,7% divorciadas. Quanto à moradia, 50% possuíam casa própria, 16,1% alugada e 17,9% em casas cedidas. Observou-se que 53,5% das gestantes possuíam o ensino médio, 26,7% o fundamental, 1,7% o ensino superior e 3,5% eram analfabetas. Em relação à ocupação dessas gestantes, 62,5% realizavam atividades domésticos, 21,4% trabalhavam no setor de serviços, 12,5% eram estudantes e 3,5 % autônomas. Quanto aos hábitos de vida, 57,1% negaram tabagismo, 8,9% eram tabagistas e 33,9% não relataram informação sobre esse aspecto. Pesquisou-se, ainda, o consumo de álcool e os resultados mostraram que 60,7% das pesquisadas relataram não ingerirem bebida alcoólica, 7,1% admitiram o uso e 32,1% não informaram. O conhecimento do perfil sócio-econômico das gestantes cadastradas é importante para subsidiar o planejamento das atividades a serem realizadas pela equipe de saúde durante o pré-natal, como também no parto e puerpério.

          Unitermos: Cuidado Pré-Natal. Gestantes. Perfil de saúde. Programa Saúde da Família.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Entre os papéis da Estratégia Saúde da Família - ESF encontram-se aqueles voltados à saúde materna e infantil, principalmente no período gestacional. Tais serviços têm como objetivo proporcionar um resultado protetor para o conforto do binômio mãe-filho por meio dos acompanhamentos realizados nas diferentes fases do período gestacional (BRASIL, 2006; CARVALHO et al., 2010).

    Dentre os procedimentos de acompanhamento existentes destacam-se a realização do pré-natal, que tem o papel de acolher a mulher desde o começo de sua gravidez, servindo com uma forma eficaz de prevenir complicações que possam repercutir nocivamente sobre o feto (SCHNEIDER; RAMIRES, 2007).

    Coutinho et al. (2003) demonstram que existe uma relação entre fatores sócio-demográficos e a qualidade no atendimento pré-natal, a respeito de questões sócio econômicas das gestantes. Ressaltam ainda que a adesão às consultas de pré-natal, em alguns estudos, também é influenciada por fatores sociais e econômicos.

    Assim, estudos epidemiológicos, identificando os aspectos socioeconômicos, são necessários e poderão trazer análises precisas, traduzindo a realidade da consulta de Enfermagem na ESF, enquanto atendimento e acompanhamento em diferentes etapas do período gestacional. Traçando as características socioeconômicas pode-se desenvolver um atendimento voltado à realidade das gestantes e assim atender suas reais necessidades. Ressalta-se que os elementos socioeconômicos não devem ser esquecidos no momento do atendimento à gestante, e que esta deve ser informada quanto aos cuidados necessários para o sucesso desse estágio (CARVALHO et al., 2010).

    Baseado no exposto, esse trabalho se propõe a traçar o perfil socioeconômico das gestantes atendidas em uma equipe de saúde família no município de Montes Claros, no período de março de 2010 a fevereiro de 2011.

Material e métodos

    Este estudo trata-se de uma pesquisa documental que se caracteriza pela fonte da coleta de dados contidos nos prontuários das gestantes cadastradas na Estratégia Saúde da Família (ESF) do Eldorado I no município de Montes Claros – Minas Gerais, Brasil.

    A amostra consta de 56 prontuários das gestantes que freqüentaram o referido local no período de maio de 2010 a abril de 2011 para serem assistidas no pré-natal, tal período foi escolhido por ter sido implantando nesse tempo a metodologia de pré-natal preconizada pelo programa saúde da família, sendo as consultas intercaladas entre o médico e o enfermeiro.

    Por um período de 4 semanas os pesquisadores freqüentaram o local para realizar coleta de dados nas terças e quintas pela manhã. Para tanto, foi utilizado como instrumento de coleta de dados uma ficha, composta dos seguintes itens: idade, estado civil, escolaridade, residência, ocupação, hábitos de vida (tabagismo e etilismo).

    A trajetória da análise dos dados se deu da seguinte forma: foram descritos, sistematizados, categorizados, avaliados e apresentados em forma tabelas, os quais receberam uma análise descritiva.

    Para análise dos dados foi utilizado o Epi Info versão 3.3.2 (2005), que é um programa de banco de dados e software de estatística de domínio público para profissionais de saúde pública.

    O estudo foi aprovado por meio do consentimento institucional da coordenação da ESF. Segundo orientação do Comitê de Ética, estudos com coleta de dados secundários não envolvem diretamente os seres humanos. Portanto não ouve a necessidade de submissão.

Resultados e discussão

    As características socioeconômicas das gestantes participantes do estudo encontram-se na tabela 1. A maioria delas tinha entre 15 e 25 anos, sendo a idade materna média de 18 anos e 6 meses, encontrando-se a idade mínima de 12 anos e a máxima de 33 anos. Além disso, 15 (26,7%) possuíam Ensino Fundamental completo ou incompleto, sendo considerada uma baixa escolaridade, e 30 (62,4%) tinham companheiro fixo considerando a união consensual e o casamento.

Tabela 1. Distribuição das gestantes acompanhadas no pré-natal, segundo idade, escolaridade e estado civil em uma ESF, Montes Claros, 2011

    De acordo com estudo de Ceolin, Cesarin e Heck (2008) existe uma grande relação entre as condições de saúde da população e sua faixa etária, daí a importância de se ter conhecimento sobre a idade das gestantes pesquisadas para identificar quais as reais necessidades das mesmas, bem como uma assistência mais direcionada, durante a assistência pré-natal.

    No presente estudo, a faixa etária das gestantes que predominou foi 18 – 33 anos e é considerada satisfatória pra a gestação, já que nessa idade os órgãos genitais estão em pleno vigor fisiológico e anatômico. Contudo, ressalta-se que gestantes com idade inferior a 15 anos ainda não foram encontradas, o que é motivo de alerta para a intensificação de estratégias direcionadas a essa população, uma vez que adolescentes grávidas são mais susceptíveis as complicações do parto. Em seu estudo Amorin et al. (2009) ressalta ainda que a gravidez na adolescência interfere de maneira negativa no estilo de vida das adolescentes e de seus familiares, resultando muitas vezes em abandono escolar e diversas outras conseqüências vinculadas ao ciclo da pobreza.

    As características socioeconômicas das gestantes estudadas revelaram-se semelhantes às observadas por outros estudos como o de Leite, Nóbrega e Nóbrega (2009), que também mostraram preponderância de pacientes jovens e de baixa escolaridade com domínio do ensino fundamental, além disso, a baixa escolaridade é tida pelo ministério da saúde como fator de risco para a gestação.

    Em relação ao estado civil das participantes, verificou-se um domínio de 35 (62,4%) mulheres com união estável com seus companheiros, estando de acordo com outras pesquisas como a de Lessa at al (2006). Nota-se que a presença do companheiro é significante na vida da gestante, uma vez que pode atuar como apoio econômico e psicológico a gestante. Algumas pesquisas mostram que a falta do cônjuge no domicílio se relaciona com a baixa adesão ao pré-natal para gestantes, tanto adolescente como adultas, e com o baixo peso ao nascer do recém-nascido (CARNIEL et al, 2006).

    Verifica-se na Tabela 2 que, 28 gestantes (50%) possuíam casa própria, 35 (62,5%) gestantes tinham as atividades “do lar” como ocupação e não ser tabagista, 32 participantes (57,1%), não ser etilista, 34 mulheres (60,7%) determinou os hábitos de vida das pesquisadas.

Tabela 2. Distribuição das gestantes acompanhadas no pré-natal, segundo as características relacionadas à moradia, ocupação e aos hábitos de vida em uma ESF, Montes Claros, 2011

    A análise do tipo de moradia, que é um indicador de pobreza, permite localizar e dimensionar os recursos propriamente ligados à saúde, além de efetivar o incentivo a promoção e prevenção da gravidez, que envolve recursos sociais, econômicos e culturais. Alguns autores sugerem uma associação entre os níveis de pobreza e a fecundidade, demonstrando que é entre as gestantes mais pobres que o número de partos é maior (DUARTE, NASCIMENTO, ARKEMAM, 2006).

    O índice de mulheres com idade superior a 20 anos que trabalham fora do lar é alto. No entanto, em seu estudo com gestantes, observou-se que a maioria não trabalhava fora do lar na época do parto, situação semelhante como o nosso estudo. Verifica-se que sem profissão, as chances de inserção no mercado de trabalho ficam menores e o sustento da família pode ser comprometido, sendo que o risco das gestantes que trabalhavam deixar afetar ou desligar-se dessa atividade depois que engravidaram é muito elevado (CARNIEL et al, 2006; FARIA, ZANETTA, 2008).

    Segundo a presente pesquisa, as gestantes não eram etilistas nem tabagistas. Corroborando com o estudo, Lessa et al (2006) afirma que a gestação é um fator de proteção para o não uso ou menor uso de cigarro e bebidas alcoólicas pelas gestantes, mas destaca que essa realidade é variável já que em outros trabalhos observou-se que essa prática tende a não reduzir na gestação.

    Nesse contexto, quanto mais precoce o início da assistência pré-natal, melhores são os resultados, além de propiciar o conhecimento da dimensão das características sócio-demográficas das gestantes a fim de adotar estratégias que minimizem repercussões desfavoráveis da gravidez e, sobretudo, que direcionem as ações preventivas relacionadas ao grupo mais vulnerável para engravidar (FARIA, ZANETTA, 2008).

Conclusão

    No Brasil, apesar do aumento da cobertura das ESF, principalmente em regiões menos favorecidas, observa-se a ausência de políticas públicas voltadas para a população, com lacunas tanto nos programas educativos como nos preventivos. Os serviços de saúde e a equipe multiprofissional devem estar atentos ao acompanhamento pré-natal de uma maneira mais eficaz de prevenir os riscos da gestação para mãe e bebê, proporcionando uma gravidez mais segura.

    Nesse sentido, o conhecimento do perfil sócio-econômico das gestantes cadastradas é importante para subsidiar o planejamento das atividades a serem realizadas pela equipe de saúde durante o pré-natal, como também no parto e puerpério.

Referências

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