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Estudo das necessidades psicológicas de 

pacientes submetidos a sessões de radioterapia

Estudio de las necesidades psicológicas de los pacientes sometidos a sesiones de radioterapia

Study of the psychological needs of patients undergoing radiotherapy sessions

 

*Enfermeiro do Trabalho; docente da Fundação Presidente Antônio Carlos, Campus II (FUPAC/Ubá)

Docente do curso de pós-graduação Faculdade Estácio de Sá - Juiz de Fora

Doutorando em Ciências Biomédicas pelo Instituto Universitário Italiano de Rosário (IUNIR), Argentina

**Médico; Mestre em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca (UNIFRAN/SP)

Doutorando em Ciências Biomédicas pelo Instituto Universitário Italiano de Rosário (IUNIR), Argentina

***Enfermeira especialista em Educação Profissional na Área de Saúde pela Fundação

Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar

da Casa de Saúde Padre Damião (FHEMIG), docente da Fundação Presidente

Antônio Carlos, Campus II (FUPAC/Ubá)

****Acadêmica do sexto período de graduação em Enfermagem

da Fundação Presidente Antônio Carlos – FUPAC/Ubá

José Dionísio de Paula Júnior*

José Cerqueira Barros Júnior**

Sandra Maria Jannotti Quintão***

Daniele Rodrigues dos Reis****

dionisiodepaula@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo aborda algumas necessidades de pacientes oncológicos submetidos à radioterapia, tendo em vista, a individualidade do perfil de cada paciente por seu envolvimento com a doença, aspectos emocionais variados, fatores psicossociais e fisiológicos, mostrando ser aconselhável que o paciente seja atendido por uma equipe especializada afim de que, ele e sua família adquiram maior segurança, confiança e êxito no tratamento.

          Unitermos: Saúde. Radioterapia. Tratamento.

 

Abstract

          This study approaches some needs of oncological patients submitted to radiotherapy considering personality, the overlay with the disease, different emotional, psychological and social aspects, showing that, the patient and his family, should be supported by a specialized team, to acquire more success on the treatment.

          Keywords: Health. Radiotherapy. Treatment.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O câncer é definido como uma enfermidade multicausal crônica, caracterizada como processo patológico que se inicia quando uma célula normal é alterada por mutação genética do DNA celular, ocorrendo transformação dessas em células anormais, formando então clones que se proliferam de maneira desordenada, afetando células normais que estão próximas (Smeltzer e Bare, 2005).

    Sua prevenção tem tomado uma dimensão importante no campo da ciência, uma vez que recentemente foi apontada como uma das causas de mortalidade no mundo. É considerado, também, um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo responsável por mais de seis milhões de óbitos a cada ano (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997); (Garófolo et al., 2004).

    O desenvolvimento de várias das formas mais comuns de câncer resulta de uma interação entre fatores endógenos e ambientais, sendo, o mais notável desses fatores, a dieta. Acredita-se que cerca de 35% dos diversos tipos de câncer ocorrem em razão de dietas inadequadas. É possível identificar, por meio de estudos epidemiológicos, associações relevantes entre alguns padrões alimentares observados em diferentes regiões do globo e a prevalência de câncer. Outros fatores ambientais, tais como o tabagismo, a obesidade, a atividade física e a exposição a tipos específicos de vírus, bactérias e parasitas, além do contato freqüente com algumas substâncias carcinogênicas como produtos de carvão e amianto, também merecem ser salientados (Neves et al., 2006).

    O Comitê de Peritos da World Cancer Research Fund registra várias medidas que promovem modificações para que se adote uma dieta mais saudável e capaz de reduzir cerca de 60% a 70% a incidência de câncer no mundo; dentre elas, o aumento da atividade física, a manutenção de peso corporal adequado e o não uso de tabaco (WORLD CANCER RESEARCH, 1997).

    Ishida e Turrini (2004) descrevem a radioterapia como um método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células normais circunvizinhas e desta forma atingir o objetivo de alcançar um índice terapêutico favorável.

    Os profissionais de saúde, através da assistência humanizada devem estimular e apoiar o paciente que irá iniciar o tratamento radioterápico. As pessoas podem se tornar deprimidas em conseqüência da doença e podem procurar o cuidado de saúde para queixas somáticas, as quais constituem manifestações corporais da depressão (Smeltzer e Bare, 2005).

    O presente estudo consiste de um ensaio reflexivo de literatura e tem como objetivo apresentar a importância dos cuidados psicológicos e promoção de conforto aos pacientes submetidos a sessões de radioterapia.

O câncer

    O câncer é visto como uma doença ligada à morte, ao sofrimento individual e familiar. É um problema de saúde pública incluída entre uma das principais causas de morte nas diferentes regiões do nosso país, sendo considerada a segunda causa de morte por doença do Brasil (Cestari e Zago, 2005).

    As opções de tratamento oferecidas para os pacientes com câncer devem basear-se em metas realistas e alcançáveis para cada tipo de câncer específico. As possíveis metas de tratamento incluem: a cura através da erradicação completa da doença maligna; o controle com a sobrevida e contenção do crescimento da célula cancerosa; paliação, com alívio dos sintomas associados à doença (Ishida e Turrini, 2004).

    A equipe de saúde, o paciente e a família devem ter uma clara compreensão das opções de tratamento e metas, mas também, a própria família pode ser surpreendida e até ficar perturbada pela falta de reação frente ao medo de morrer do paciente. Várias mudanças começam a ocorrer em pacientes com câncer, sendo possível perceber o desconforto destes clientes frente à doença e as várias fases pelas quais essas pessoas passam (Torres, 2001). Estes pacientes passam por alguns estágios de reações, são eles: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão, aceitação. Tais estágios terão durações variáveis, um substituirá o outro ou se encontrarão, às vezes, lado a lado (Kübler-Ross, 2002).

    Neste caso, proporcionar cuidado e educação para estes pacientes e familiares representa um significante desafio para a equipe de saúde. O apoio psicológico é indispensável no apoio e orientação do paciente e da família na vivência do processo de doença, tratamento e reabilitação, afetando diretamente na qualidade de vida (GUEDES; NASCIMENTO, 2005, p. 8).

A radioterapia e o paciente

    A Radioterapia é um processo terapêutico à base de radiação ionizante com finalidade de interromper o crescimento tumoral. A terapia, com radiação, é empregada quando o tumor não pode ser removido por meios cirúrgicos ou de maneira profilática impedindo seu avanço para outras partes do corpo (Smeltzer e Bare, 2005).

    Brant et al. (2002) explicam que a radioterapia externa utiliza-se de energia sob a forma de raios ou partículas alfa, beta, gama e Raio X que agem nos sistemas químicos das células, portanto, podem destruí-las. O método é indolor ao paciente, os raios não são visíveis e o paciente não transmite radiação a outras pessoas.

    O tratamento radioterápico pode apresentar vários efeitos colaterais. Timponi et al. (1999) esclarecem que os efeitos da radioterapia não deixam de ter suas complicações. Dependendo da área a ser irradiada, pode ocorrer: queda do estado geral do paciente, náuseas, vômitos, queimaduras, eritema.

    Iniciar um tratamento radioterápico pode provocar tensão nos pacientes, devido ao medo da dor, do diferente, do enfrentamento, e do pior, que é o da morte. Nesta situação, muitos enfrentam e seguem em frente, mas outros tentam recuar e sentem-se impotentes. Paula et al. (2003) salientam que o medo e a preocupação são reações humanas normais, particularmente frente ao diagnóstico de doenças como o câncer e que esses sentimentos são reações biologicamente apropriadas à ameaça de perigo ou perda.

    O propósito de mencionar os efeitos psicossomáticos é salientar a relação direta da mente com o corpo e desses efeitos no tratamento de uma neoplasia. Segundo Atkinson et al. (2002) os distúrbios psicofisiológicos são distúrbios fisiológicos em que as emoções presumivelmente desempenham um papel fundamental, portanto, a intervenção no nível psicológico pode causar mudanças na bioquímica do paciente e em seus comportamentos sociais. As personalidades, processos de pensamento e comportamentos sociais estão profundamente interligados, sendo que uns afetam os outros tanto de forma positiva quanto negativa. Os autores ainda afirmam que sentimentos de isolamento e solidão estão no núcleo da maioria dos transtornos sociais, e que, somos seres sociais e precisamos do apoio, conforto e tranqüilização de outras pessoas. (Atkinson, et al., 2002).

    O não ver o paciente de forma fragmentada e sim holisticamente é justificado pela complexidade fisiológica das correlações corporais, na qual muitas vezes um sistema interfere no funcionamento do outro. Maciel (2002) explica que não podemos esquecer que o corpo e a mente estão em perfeito equilíbrio e que quando o corpo sofre, a mente também padece, e o inverso também é verdadeiro. A mesma autora ainda explica que toda doença física é igualmente psíquica, por isso, a falência corporal vem junto com a falência afetiva. (Maciel, 2002).

Promoção de conforto a pacientes submetidos à radioterapia: abordagem psicológica

    Para o cuidado com os pacientes criticamente doentes, Swearingen e Keen (2005) afirmam que o apoio aos mesmos e suas famílias ou acompanhantes é um componente integral de qualquer plano ou mapa de cuidados e que as intervenções devem ocorrer simultaneamente, tanto dirigidas ao paciente quanto a família/acompanhantes, sendo parte dos princípios holísticos de cuidado.

    Silva (2003) relata que o câncer além de apresentar danos físicos, químicos e biológicos no paciente, pode apresentar também danos psicológicos, como queda na auto-estima, medo e insegurança. De acordo com Brant et al. (2002) os profissionais de saúde devem ser cautelosos na atuação da recuperação emocional do paciente oncológico, proporcionando esperança ao doente sem oferecer em excesso; portanto, o relacionamento com o paciente neoplásico e seus familiares deve ser franco e honesto, com apoio emocional por meio de laços de profunda confiança, além da importância de orientar o paciente quanto à natureza do tratamento, lembrando da sua continuidade (Lunadi et al., 2006).

    Girondi (2004) afirma que se devem atender as necessidades básicas do paciente, abrangendo todos os aspectos; oferecendo tranqüilidade, respeito, carinho, amizade, atenção, proporcionando alívio da dor, promovendo uma melhor qualidade de vida, para que o paciente não perca sua identidade.

    De acordo com Smeltzer e Bare (2005) a alopecia foi descrita, como uma das conseqüências mais relevantes de terapias com radiação, uma vez que os cabelos estariam relacionados às características identitárias e a sexualidade de cada paciente. A equipe de saúde pode fornecer suporte emocional sobre a relação auto-imagem e alopecia, orientando-os sobre a utilização de próteses capilares, lenços e chapéus.

    Os profissionais de saúde devem ter a sensibilidade para lidar com o paciente oncológico, entendo a individualidade de cada um naquele momento, visto que, Rezende (2000) explica que o impacto de uma doença como o câncer é uma daquelas oportunidades da vida em que a pessoa é colocada face a face com sua tão negada fragilidade e seu fim, o medo é intenso e a forma de lidar com tudo isso vai depender da cultura e até mesmo da religiosidade de cada um. Neste sentido, a equipe deve orientar o paciente a não buscar o isolamento social e sim manter as relações sociais, buscando qualidade de vida dentro de suas limitações, porque segundo a mesma autora, o caminho do paciente é reconhecer a fragilidade da vida e lutar para saborear o melhor do mundo, não permitindo que sentimentos destrutivos o dominem (Blecha e Guedes, 2006).

Conclusão

    Conclui-se com a investigação, que os pacientes submetidos à radioterapia tendem a desenvolver transtornos psicológicos relacionados à auto-estima e auto-imagem, enfatizando a importância de investigar as reações humanas daqueles que se encontram sobre o tratamento radioterápico.

    A equipe de saúde deve valorizar sentimentos e comportamentos, possuir uma visão holística não fragmentada e estar bem preparada para lidar com aqueles que são submetidos ao tratamento radioterápico.

    Para isto, é importante a capacitação de profissionais que atuam na área oncológica, buscando uma reorientação cultural e no exercício da função.

Referências

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