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Características antropométricas e de desempenho motor de 

jogadores de futebol da categoria sub-15 do Madureira Esporte Clube

Características antropométricas y de rendimiento motor de jugadores de fútbol de la categoría sub-15 del Madureira Esporte Clube

Anthropometric and motor performance characteristics of soccer players in sub-15 categorie of Madureira Esporte Clube

 

*Graduando em Educação Física

**Pós-graduada em Educação Física

***Doutorando em Educação

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, RJ

(Brasil)

Lucas Bueno*

lukee88@gmail.com

Maurício Prudêncio dos Santos*

mauricioprsantos@hotmail.com

Rakely Soares Pontes**

rakelysp@gmail.com

MSc. Mario Roberto Guagliardi Júnior***

marioguagliardi@ig.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O propósito deste estudo foi analisar as características antropométricas, da composição corporal e das qualidades físicas (através dos testes de velocidade em 10 metros, Rast Test e Yoyo Endurance Test) nas diferentes posições de jogo nos jogadores de futebol da categoria infantil (sub-15) do Madureira Esporte Clube do Rio de Janeiro – RJ. O estudo foi desenvolvido com 30 atletas, subdivididos por posição em que atuam no jogo: 4 goleiros (GO), 5 zagueiros (ZA), 7 laterais (LA), 8 médios (ME) e 6 atacantes (AT). Na análise estatística foi adotada ANOVA two way, com post hoc de Tukey. Os resultados apresentaram diferenças estatisticamente significativas na massa corporal magra dos zagueiros; no VO2 máx dos goleiros e atacantes; e no teste de 10 metros dos goleiros. Nas variáveis antropométricas peso e estatura as médias dos zagueiros e goleiros foram superiores. A média do percentual de gordura de toda a amostra foi superior ao encontrado em atletas, tanto na mesma categoria quanto em outras. Nas variáveis de desempenho, VO2 máx e potência média os zagueiros apresentaram valores médios superiores as posições de médio e lateral, comportamento observado somente no presente estudo. Nas demais variáveis não foi observado diferença estatística ou comportamento diferente de outros estudos.

          Unitermos: Antropometria. Composição corporal. Testes em futebol.

 

Abstract

          The purpose of the present study was to analyze the antropometric characteristics, the body composition and physical qualities(threw 10 meters speed test, Rast test and Yoyo Endurance test) divided by position, in players under 15 years old from Madureira Esporte Clube from Rio de Janeiro – RJ. The study analyzed 30 players, divided by position: 4 goalkeepers(GO), 5 defensive backs(ZA), 7 sidebacks(LA), 8 midfielders(ME) and 6 forwards(AT). The data was tested with ANOVA 2 way, with Tukey post hoc. The results presented significant difference in the muscular mass of the defensive backs; in the max VO2 of goalkeepers and forwards; and in the 10 meters velocity test for the goalkeepers. In the body measures, weight and height, the average of the defensive backs and goalkeepers were superior. The average body fat percentual for all players was higher than other studies with athletes, with same age or older. Max VO2 and medium power for the defensive backs had higher values then midfielders and side backs, behavior only found in the present study. Others variables didn’t present significant difference or unusual behavior.

          Keywords: Anthropometry. Body composition. Testes in soccer.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futebol pode ser visto como um dos esportes mais praticados por todas as faixas etárias ao redor do mundo (TOMAS et. al, 2005). Atualmente a Federation International of Football Association (FIFA) possui mais de 190 países filiados a seu quadro gestivo, contando com mais de 60 milhões de jogadores registrados (FIFA). A prática do futebol no Brasil ocorre em escolas e clubes, seja de forma lúdica ou competitiva. Contando com 30 milhões de praticantes (23 milhões ocasionais e 7 milhões regulares), 13 mil equipes amadoras e 11 mil atletas registrados (onde 2 mil atuando no exterior) (DA COSTA, 2006).

    O futebol de campo apresenta-se como uma modalidade de alto nível de complexidade, onde seu praticante tem o desenvolvimento de capacidades físicas e psíquicas exigidas (BALIKIAN et al, 2002). Portanto observa-se a importância de se buscar aprimoramento entre as características físicas, habilidades motoras, técnicas, e táticas, capacidade psicológica e motivacional para que um jovem atleta tenha condições de obter sucesso. A falta de algum dos fatores supracitados na carreira de um jogador pode ser determinante para a não obtenção de êxito esportivo. (REILLY, BANGSBO e FRANKS, 2000; ARNASON et al, 2004; MANNING e LEVY, 2006).

    No futebol o sistema anaeróbio tem grande relevância na atuação do jogador, devido a sua grande competitividade, exigindo assim, ações de altas intensidades e curta duração, necessitando das capacidades de força e velocidade, para a realização de ações técnicas, táticas e físicas (CAMPEIZ E OLIVEIRA, 2006). Cerca de 80 a 90% da energia gerada durante um jogo de futebol é advinda do sistema oxidativo-aeróbio, (potência e capacidade aeróbia), porém nas ações físicas que determinam o resultado de uma partida de futebol como piques curtos, saltos, mudanças de direção ou a combinação desses, a produção de energia do sistema anaeróbio é predominante (CAMPEIZ et al., 2004).

    Além da aptidão física, outro aspecto importante para a aquisição da boa performance em alto rendimento é a composição corporal dos atletas (KEOGH, 1999), já que índices elevados da gordura corporal estão associados com o mal condicionamento físico e queda de rendimento na maioria das modalidades. Portanto o excesso de gordura para atletas que a todo o momento se deslocam e sustentam seu peso, está relacionado ao decréscimo de performance. Essa perda de rendimento ou capacidade de trabalho é pelo fato de exigir do organismo um maior consumo de energia para ser queimada, competindo com a energia que o músculo precisa para ser eficiente durante a realização do gesto específico (SILVA, 2002).

    Enfim, quando o assunto trata de jovens atletas, ter em mãos dados destas variáveis supracitadas, torna-se de grande ajuda na prescrição do treinamento, porque estes atletas encontram-se num período de transição da composição corporal, onde seus corpos sofrem influência da fase pubertária e pós-pubertária sendo por isso, extremamente difícil separar as alterações que são devidas ao treino daquelas que estão associadas ao crescimento e maturação (SEABRA, 2001).

    Por isso torna-se de grande importância determinar padrões específicos por cada categoria, identificando um parâmetro acerca das valências físicas e da composição corporal e antropométrica considerado aceitável para o esporte (futebol) e para idade e o sexo do atleta (WILMORE, 2001).

    Portanto objetivo geral do presente estudo foi de analisar as características antropométricas, da composição corporal e das qualidades físicas (velocidade, resistência de velocidade e consumo máximo de oxigênio) nas diferentes posições de jogo nos jogadores de futebol da categoria infantil (sub-15) do Madureira Esporte Clube.

Procedimentos metodológicos

    O estudo foi desenvolvido com 30 atletas, jogadores de futebol, subdivididos por posição em que atuam no jogo: 4 goleiros, 5 zagueiros, 7 laterais, 8 médios e 6 atacantes. Todos pertencentes ao Madureira Esporte Clube do Rio de Janeiro – RJ. Após os esclarecimentos dos procedimentos técnicos e éticos da pesquisa, os atletas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Como todos eram atletas do Clube e estavam sendo submetidos a uma bateria de testes periódicos e acompanhados pelo departamento médico houve o consentimento do conselho de ética do Clube para a realização do estudo.

    Para análise antropométrica, a massa corporal dos sujeitos foi obtida em uma balança digital, da marca Filizolla, com precisão de 0,1 kg, e a estatura foi determinada em um estadiômetro de madeira, com precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos por Gordon et al (1988). A partir daí a massa corporal foi expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m). Para a obtenção dos valores referentes às dobras cutâneas dos grupos, foi utilizado um compasso, da marca SANNY. O percentual de gordura foi calculado através da equação de Faulkner, 1968. Foi realizada uma bateria composta por 3 testes: Yo-Yo Endurance Test, Running-based Anaerobic Sprint Test (RAST) e velocidade em 10 m.

    A potência aeróbica foi avaliada através do teste yo-yo endurance seguindo protocolo de Bangsbo, 1996. Este teste consiste em correr o máximo de tempo possível em regime de ida e volta num corredor de 20 metros de comprimento. A velocidade é imposta por sinais sonoros provenientes de toca-fitas e/ou CD, nestes gravados o protocolo do teste. O teste termina com a desistência do sujeito ou sua incapacidade de acompanhar o ritmo imposto pelo teste. Foi encontrada a distância percorrida e o tempo que o sujeito realizou o teste estimando o VO2 máximo.

    Para a avaliação da potência anaeróbia, foi utilizado o Running-based Anaerobic Sprint Test – RAST (ZACHAROGIANNIS et al., 2004). Este teste consiste na realização de seis sprintes de 35 metros em velocidade máxima, com intervalo de 10 segundos de recuperação entre as corridas. A partir dos dados coletados foram calculadas as variáveis de Potência Máxima, Potência Média, Potência Mínima e Índice de Fadiga. Como protocolo seguiu-se a rotina de antes da aplicação do teste, a pesagem do atleta utilizando Balança Filizola®, aquecimento de 10 minutos e 5 minutos de recuperação antes de iniciar a participação no teste.A velocidade foi avaliada em linha reta na distância de 10m. Os sprints foram realizados a partir da posição de parado com o pé preferido 0.3m atrás da linha de partida. O registo do tempo gasto em cada percurso foi anotado até aos centésimos de segundo.

Resultados

Discussão

    O peso dos atletas analisados não apresentou diferença significativa (p=0,24). A média dos zagueiros foi superior às demais posições. Os laterais apresentaram o menor valor geral, assim como a menor média e o maior desvio padrão, porém é a posição com maior número de atletas. Entretanto a média de toda a categoria apresentou valores semelhantes a indivíduos atletas da mesma categoria e modalidade analisados em outros estudos (GENEROSI, 2010).

    A amostra não apresentou diferença significativa na estatura (p=0,14). Os goleiros e zagueiros tiveram valores muito superiores, em comparação com as demais posições, o que pode ser justificado pela relação altura/proficiência atlética nessas posições. Os zagueiros apresentaram valores maiores que as outras posições de linha, mas tais posições (laterais, médios e atacantes) mantêm a mesma média. Esse comportamento foi inclusive encontrado em atletas profissionais (BANGSBO, 1994;BELL e RHODES,1975;REILLY,1979).

    Todos os atletas aferidos têm estatura esperada para a idade, de acordo o índice estatura/idade (OMC, 2007), e se equiparam com a mesma categoria em outros estudos (MANTOVANI, 2008; CAMPEIZ, 2004).

    Não houve diferença significativa no percentual de gordura dos atletas (p=0,12), divididos por posição. Os laterais apresentaram valores muito inferiores às demais posições, inclusive com a menor média entre as posições. Além disso, como um todo a amostra apresenta média total (13,48) superior ao estipulado pela literatura, 6 a 12% (PRADO, 2006) e ao encontrado na mesma categoria em outros estudos, 10,1±0,9 (CAMPEIZ,2006).

    Não houve diferença significativa para o somatório das dobras cutâneas entre as posições (p=0,11). A média dos goleiros foi a maior, com o maior desvio padrão. A menor média foi dos laterais, assim como o menor desvio padrão. Não foram encontradas referências para esta medida na categoria analisada.

    Na massa corporal magra (MCM) houve diferença significativa (p=0,003), e os goleiros apresentaram valores significativamente maiores (p<0,05) aos laterais,apresentando disposição similar as demais posições.

    Os zagueiros tiveram a maior média entre todos os grupos, e diferença significativa para as posições de lateral (p<0,01), médio (p<0,05) e atacante (p<0,05).A média total da amostra apresentou dados superiores a Silva et al., 2000, e Campeiz, 2004, na categoria sub-15. Entretanto na posição de médio e lateral a média foi abaixo da MCM média da amostra de Campeiz, 2004. A média de MCM para os zagueiros (63,2) no presente estudo foi superior aos dados encontrados para amostra de sub 18(62.98) no estudo supracitado, e a amostra sub-18 no mesmo apresentou diferença significativa com relação às amostras de sub 15.

    A superioridade de goleiros e zagueiros nos quesitos peso total, estatura e massa magra foi observada em um grupo de atletas profissionais por Prado et al., 2006. Todos os dados coletados por Prado, 2006, apresentam valores superiores aos observados com os atletas sub-15, sugerindo assim a manutenção da proporção com a melhoria progressiva dos caracteres analisados no decorrer da vida atlética até a categoria profissional.No quesito massa corporal gorda (MCG) não houve diferença estatística entre as posições (p=0,07), e os zagueiros apresentaram média superior às demais posições, enquanto os laterais tiveram a menor média.Os resultados dos testes de 10 metros apresentaram diferença significativa (p=0,006), e na comparação do grupo dos goleiros com relação às posições de médio (p<0,05) e atacante (p<0,01).

    A análise dentro de cada grupo observou que a maior variação foi dentro do grupo dos laterais, no caso o grupo com maior número de atletas, entretanto a média apresentou disposição compatível com os outros grupos. Os resultados mais consistentes (menor variação/melhores resultados) dentro de uma posição corresponderam aos meio campistas e atacantes. Não foi encontrada literatura compatível com estes testes, independente da categoria.

    Os dados da amostra apresentaram diferença significativa (p=0,001) para o VO2 máximo. A média, entretanto foi similar para o VO2 máx de zagueiros, médios e laterais. Como esperado os goleiros apresentaram valores inferiores (BARROS, 1996), e tiveram diferença significativa para os zagueiros, laterais e médios (p<0,01). Os médios também apresentaram diferença estatística para os atacantes (p<0,05), os atacantes tiveram valores abaixo das outras posições de linha, porém superiores aos goleiros.

    A maior média de VO2 máx entre todos os grupos foi dos zagueiros, o que contradiz a literatura já que os maiores valores médios são normalmente encontrados em laterais e médios, que correm um volume até 5% maior por partida que zagueiros e atacantes (RIENZI, 2000; ELKBLOM,1986; VAN GOOL,1988). Os valores médios da categoria são compatíveis com os dados coletados em estudos que analisam a mesma categoria (CAMPEIZ, 2004), mas esse estudo apresentou valores semelhantes para todos os grupos (juvenil, juniores e profissionais), o que também não foi observado em mais estudos.

    No quesito potência máxima não foi observado diferença significativa (p=0,06). Os laterais apresentaram a menor média, inclusive menor que os goleiros. Os atacantes apresentaram a melhor média, assim como foi observado por Cetolin, 2009, em atletas profissionais, e esperado pela sua movimentação durante o jogo com muitas ações em máxima intensidade (TULTMITY, 1993; KOKUBUN et al., 1996). A média da potência máxima de toda a amostra apresentou dados similares a Asano, 2009, para a categoria sub–15, porém muito inferiores a Campeiz, 2006, 741,6±108,2. Entretanto essa disparidade de valores pode ser associada à idade, no caso superior na amostra de Campeiz, 2006, e a análise com relação ao período de treinamento, diferença pré e pós treinamento.A potência média (PM) não apresentou diferença estatística (p=0,3) entre as posições.

    Os zagueiros apresentaram média superior às demais posições, exatamente o oposto ao observado por Cetolin, 2009, e Baroni, 2007, onde os zagueiros apresentaram os menores valores, mas no caso com diferença estatística. Entre as demais posições não houve diferença entre as médias. Os goleiros tiveram disposição semelhante às posições de linha.A potência média (PM) da amostra apresentou dados similares a Asano, 2009, para a categoria sub-15, com exceção dos médios e laterais, que apresentaram valores inferiores. Essa disposição de valores gerais da PM para médios e laterais é exatamente o oposto do encontrado por Cetolin, 2009, em atletas profissionais, e não condiz com a demanda diferenciada de tais posições com estímulos constantes de alta intensidade no decorrer de uma partida, em comparação com as demais posições.Não houve diferença significativa na potência mínima (p=0,13). A média dos zagueiros foi superior as demais posições. Os laterais apresentaram o menor valor de média. Os goleiros apresentaram disposição similar aos médios e atacantes.

    O índice de fadiga observado em toda a amostra foi compatível com dados encontrados por Pellegrinotti, 2008, num grupo de 25 atletas da categoria sub-15. E assim como observado em Cetolin, 2009, os menores dados do índice de fadiga foram observados nos zagueiros e os maios índices nos atacantes. Para os índices de fadiga não foi encontrada diferença dos goleiros para o resto das posições. Também não houve diferença significativa entre as posições (p=0,2). Os valores encontrados foram inferiores aos índices de fadiga encontrados em atletas juniores e profissionais (PELEGRINOTTI,2008).

Conclusão

    No decorrer do presente estudo foram observadas diferenças principalmente nos grupos dos goleiros e zagueiros nas medidas antropométricas, com valores superiores de estatura, peso e massa corporal magra em relação às demais posições. Os zagueiros apresentaram diferença estatística na MCM com relação às posições de linha. O percentual de gordura de toda a amostra foi superior ao encontrado em outros estudos na mesma categoria.

    Nos dados coletados nos testes de campo os goleiros apresentaram valores significativamente inferiores de VO2 máx, já esperado pela característica da sua atuação em campo. Entretanto os zagueiros apresentaram valores superiores de VO2 máximo e potência média, que normalmente correspondem às posições de lateral e médio pela maior distância percorrida por partida. No teste de 10 metros os goleiros apresentaram diferença significativa para os médios e atacantes, compatível com a diferença de movimentação durante uma partida. Os atacantes apresentaram os melhores resultados nos testes de 10 metros.

    Não foi possível observar se esses comportamentos ocorreram em estudos da categoria sub 15 anteriormente publicados pela apresentação somente da média total da categoria, sem diferenciação por posição ou comparando com a média de outras categorias. Portanto, tendo em vista as diferenças evidenciadas por posições no presente trabalho, sugere-se que os próximos estudos similares referentes à categoria sub-15 abordem os resultados específicos por posições, sendo interessante também relacioná-los com o nível de maturação, fator este fundamental para correlacionar com performance.

Referências

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