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Promoção de hábitos salutares de sono mediante aulas 

de Educação Física: uma proposta para o ensino formal

Promoción de hábitos de sueño saludables mediante las clases de Educación Física: una propuesta para la enseñanza formal

Promoting healthy habits sleep through physical education classes: a proposal for formal education

 

*Bacharel e licenciado em Educação Física, UNIMONTES

Especialista em Neurociências e Psicopedagogia, ISEIB

Professor da rede privada de ensino de Montes Claros, MG

**Licenciada em Educação Física, FUNORTE

Professora efetiva da rede municipal de ensino de Montes Claros, MG

Leonardo Rodrigues Souza*

Ziane Dias Alves**

leorodrigues_efi@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo, cuja temática versa sobre a saúde e a educação, procurou discutir o ensino da Educação Física por meio da abordagem metodológica da Aptidão Física e Promoção da Saúde (AFPS) como uma alternativa de promover hábitos saudáveis de sono em escolares da rede formal de ensino. Fundamentado em artigos, textos de livros e de periódicos da literatura especializada no assunto em questão, este estudo, de caráter bibliográfico, buscou embasado em recursos analíticos, reunir, debater e correlacionar os termos Educação Física, educação formal, saúde e educação, promoção da saúde na escola e a promoção de hábitos salutares de sono em escolares. Após a leitura e análise dos textos selecionados percebeu-se que há uma considerável relação entre a prática de atividades físicas e hábitos saudáveis de sono, contrastando, porém, com a carência de referencias bibliográficas, projetos e planejamentos pedagógicos que discutam, promovam e consolidem essa relação no âmbito educacional, sobretudo no que tange a Educação Física. Por fim, creditamos que, subsidiado em um planejamento multidisciplinar, o ensino da Educação Física pode, por meio da abordagem da AFPS, contribuir positivamente no controle do padrão de sono de escolares da rede formal de ensino.

          Unitermos: Sono. Hábitos salutares. Educação Física. Educação formal. Promoção da saúde.

 

Abstract

          This article, whose theme focuses on health and education, tried to discuss the teaching of Physical Education through the methodological approach of Physical Fitness and Health Promotion (AFPS) as an alternative to promote healthy sleep habits in school students in the formal teaching. Based on articles, text books and journals in the specialized literature on the subject in question, this study, bibliographical, sought grounded in analytical capabilities, meet, discuss and correlate the terms physical education, formal education, health and education, promotion of health education and promotion of healthy sleep habits in school students. After reading and analysis of selected texts realized that there is a significant relationship between physical activity and healthy habits of sleep, in contrast, however, with the lack of bibliographical references, educational projects and plans to discuss, promote and consolidate this relationship in education, especially regarding physical education. Finally, we credit that subsidized in a multidisciplinary planning, the teaching of Physical Education may, by addressing the AFPS, contribute positively in controlling the sleep patterns of the formal school education

          Keywords: Sleep. Healthy habits. Physical Education. Formal education. Healthy promotion.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Desde a Grécia antiga a educação é considerada um fator primordial para o funcionamento e controle das sociedades. Historicamente desenvolvida em função das necessidades políticas e sócio-econômicas hodiernas (LIBÂNEO, 1994) a mesma apresenta diferentes manifestações e modalidades de práticas educativas, argumenta Ventura (2001), dentre elas a educação formal: Modalidade de ensino caracterizada por uma ação intencional institucionalizada, estruturada e sintética, com objetivos explícitos e bem definidos.

    A esta modalidade de ensino inclui-se a Educação Física, disciplina integrada a proposta pedagógica da escola como componente curricular obrigatório (BRASIL, 2002). No entanto, embora diversos eventos sócio-políticos tenham sido determinantes para a construção da sua imagem e reflexo atual (DAÓLIO, 1997), a mesma ainda é contestada, sobretudo em relação aos seus objetivos e métodos.

    Dessa forma, buscando justificar a presença da Educação Física na escola, um conjunto de concepções pedagógicas foi sendo engendrado, concebendo, em meio a outras abordagens, a da Aptidão Física e Promoção da Saúde.

    Neste trâmite percebe-se que as questões inerentes à educação e a saúde tem se tornado cada vez mais em voga e articulada, sendo cada vez maior o número de publicações de pesquisas nesse sentido. No entanto, é evidente a escassez de estudos que correlacionem hábitos de sono com o processo de ensino aprendizagem, e esses com as aulas de Educação Física.

    Dessa forma, objetivou-se com este trabalho inventariar dados referentes à educação e a saúde, sobretudo, investigando as contribuições que as aulas de Educação Física podem oferecer sobre os hábitos de sono de escolares.

A Educação Física no atual contexto educacional

    Considerada uma das mais remotas criações da humanidade, a sala de aula, vista como um ambiente onde ocorre a transmissão do conhecimento (TRINDADE, 2008), permanece cada vez mais estável na sociedade contemporânea. No entanto, para se chegar à atual conjuntura educacional a sociedade mudou, e por diversas influências a escola também se modificou, salienta o autor.

    Neste sentido, conforme o exposto na Constituição da República Federativa do Brasil cabe ao contexto educacional atual promover o desenvolvimento integral do educando, visando o seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho; garantir o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas; e atender o educando – especificamente no ensino fundamental público – através de programas suplementares de assistência à saúde (BRASIL, 2011).

    Analisando minuciosamente alguns dos deveres da educação atual, assegurado pela referida Constituição, podemos inferir que a interdisciplinaridade caracteriza-se como princípio básico e essencial no atual contexto educacional, objetivando a promoção do desenvolvimento cognitivo, social e biológico do educando.

    Neste propósito, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, é nítida a importância do ensino da educação física enquanto disciplina e prática pedagógica, uma vez que, resguarda, ao educando, as competências necessárias para conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida (BRASIL, 1997). Para tanto, segundo Darido et al (2001) devem ser trabalhados conteúdos condizentes ao estilo de vida adotados na sociedade, como a inclusão e demais temas transversais, incluindo a ética, pluralidade cultural, meio ambiente, trabalho, orientação sexual e saúde.

    Por outro lado, segundo Santos e Moreira (2006) as posturas adquiridas hoje nas aulas de educação física tem mostrado contradição em relação a tais objetivos, evidenciando uma ausência de estímulos e vivências quando optam em adotar somente as atividades motoras como principais conteúdos a serem trabalhados. Ainda neste sentido Darido et al (2001) destacam negativamente a conduta tradicionalista de alguns professores que, em geral, tem direcionado as suas aulas somente para o desenvolvimento procedimental, ficando a mercê os objetivos atitudinal e conceitual.

    Sobre essa questão Freire e Oliveira (2004) garantem que a contemplação dessas três dimensões (procedimental, conceitual e atitudinal) no ensino da Educação Física na escola possibilita a aprendizagem de diferentes conhecimentos sobre o movimento, permitindo ao aluno movimentar-se conscientemente, sabendo como, quando e porque realizar determinadas atividades ou habilidades.

    Para tanto, atualmente, algumas abordagens metodológicas coexistem no ensino da Educação Física; sendo umas não propositivas e outras propositivas e sistematizadas como a da Aptidão Física e Promoção da Saúde.

Promoção da saúde na escola: O ensino da Educação Física como estratégia

    Discutir projetos voltados para a promoção da saúde na escola há muito já deixou de ser uma promissão, visto que a escola constitui como o único setor que consegue reunir grande parte da população. Assim, segundo Marcondes (1972), cabe a escola transmitir conhecimentos atualizados e úteis ao educando, além de estimular atitudes positivas e dinâmicas em relação à saúde.

    Embora Segre e Ferraz (1997) considerem a atual definição de saúde como irreal, ultrapassada e unilateral, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda a define não apenas como ausência de doença, mas como situação de perfeito bem estar físico, mental e social. No entanto, em se tratando da utilização deste conceito no contexto escolar Guedes (1999) comenta que o mesmo tem sido caracterizado dentro de uma concepção vaga e difusa, proporcionando pluralidade de opiniões e intervenções relacionadas à promoção da saúde neste âmbito.

    Ainda em nível conceitual, de acordo com Candeias (1997) outra questão que tem provocado bastante confusão e desentendimentos na comunidade cientifica diz respeito aos termos promoção em saúde e educação em saúde. Neste sentido, Green e Kreuter (1991) apud Candeias (1997) define educação em saúde como quaisquer combinações de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações voluntárias conducentes à saúde, desencadeando mudanças de comportamento individual; e a promoção em saúde como uma combinação de apoios educacionais e ambientais que visam a atingir ações e condições de vida conducentes à saúde, provocando mudanças de comportamento organizacional capazes de beneficiar camadas mais amplas da população.

    Esclarecido alguns termos relevantes para a discussão e entendimento deste tópico adentraremos um pouco mais nos aspectos relacionados à promoção em saúde na educação, tema que, conforme Florindo (1998), há décadas já vem sendo foco de discussão dos principais paradigmas da Saúde Pública; porém, ainda descontextualizado do que ensinam e da realidade em que vivem os escolares (ORSO, 2000). Agravado por falhas no processo de ensino-aprendizagem Peres (1979) aponta a utilização de abordagens já superadas como uma das causas.

    Nesse sentido, alicerçado na afirmação de Orfei e Tavares (2009) a qual reconhecem a escola como o local ideal para a transmissão dos conteúdos da Educação Física a fim de promover a saúde, propomos neste estudo a admissão da abordagem da Aptidão Física e Promoção da Saúde como alternativa para a referida questão.

    Sobre a Aptidão Física e Promoção da Saúde enquanto concepção pedagógica Farinatti (1994) e Guedes & Guedes (1993) entendem que a atividade física compreendida como promoção da saúde deve estar inserida na conjuntura escolar, promovendo entre crianças e jovens uma maior compreensão do papel da atividade física e seus benefícios para a saúde.

    Para Moreira (2001) a proposta de se criar hábitos de vida salutares mediante programas de Educação Física na escola é válido, porém, aponta problemas de ordem socioeconômicos e o reducionismo dos conteúdos das aulas como uma possível falha nessa proposta.

    Por outro lado, conforme Ferreira (2001), para que a base dessa proposta seja definitivamente consolidada a prática de desportos deve ser redimensionada na esfera da Educação Física escolar e entendida apenas como um meio, e não um fim, para que ocorra o processo.

    Dessa forma, em se tratando da promoção em saúde na escola, cabe ao professor de Educação Física desenvolver em suas aulas estratégias que promovam

    A realização da avaliação antropométrica, da coordenação motora e a aplicação do questionário IPAQ (Internacional Physical Activity Questionnaire), com o intuito de avaliar o nível de aptidão física relacionada à saúde e de atividade física, e a coordenação motora que as crianças se encontram, para, a partir desses resultados, planejar as aulas de Educação Física; a promoção de experiências motoras, que proporcionem repercussão satisfatória em direção a um melhor estado de saúde, afastando ao máximo a possibilidade de aparecimento dos fatores de risco que contribuem para o surgimento de eventuais distúrbios orgânicos; o aprimoramento dos componentes da aptidão física relacionados à saúde, através da intensidade e da duração adequadas, para capacitar os alunos a identificarem esses componentes e quais são os benefícios ao organismo humano, de modo a estimulá-los a terem uma vida fisicamente ativa mesmo depois dos anos escolares; palestras e debates sobre a promoção da saúde, atividade física, alimentação saudável, uso de álcool e fumo, sexualidade, entre outros, a fim de conscientizá-los sobre boas práticas; conscientizar os alunos a tomarem iniciativa em relação à prática de atividades físicas e hábitos saudáveis para que se tornem ativos fisicamente, não apenas na infância e na adolescência, mas também na idade adulta; projetos sobre atividade física, alimentação saudável, postura, entre outros, nos quais todos os alunos, funcionários e comunidade escolar participem (ORFEI & TAVARES, 2009, P. 85-86).

    Neste caso o professor deixa de assumir uma função exclusivamente praticista e passa a instigar o educando a aplicar o conhecimento adquirido da escola fora desse contexto; promovendo a ele não apenas o “saber fazer” (procedimental) como também o “saber sobre” (conceitual) e o “saber ser” (atitudinal).

Promoção de hábitos adequados de sono na escola: um desafio para a Educação Física

    Concordando com Moreira (2001) também não cremos que a escola irá resolver todos os problemas da sociedade. No entanto, entendemos que cabe à mesma a responsabilidade e a preocupação em se atualizar, pelo menos, com as questões mais em voga e relevantes para a sociedade. É o que diz Libânio (1998) quando afirma que a Educação nunca pode ser a mesma em todas as épocas e lugares devido ao seu caráter socialmente determinado. E salienta que, se assim não suceder, a mesma perde o seu valor.

    Dentre os problemas que mais aflige a sociedade atual destacam-se aqueles relacionados à saúde que, muitas vezes, estão ligados a outros de ordens exógenas e/ou endógenas, cuja discussão não cabe neste momento. Subsidiando-nos nessa questão Coelho et al (1974) sustentam a idéia de que na organização do currículo formal da educação as questões referentes à promoção da saúde do escolar também seja foco de intervenção e preocupação de um conjunto adequado de instituições, como a família, a escola e outros recursos da sociedade.

    Nesse sentido, analisamos alguns estudos e percebemos que é cada vez maior o número de jovens em idade escolar expostos a fatores de risco inerentes à saúde. Segundo cientistas que se preocupam com este tema tais fatores são intensificados, principalmente, pelo sedentarismo cujas consequências estão diretamente relacionadas a problemas cardíacos, de sobrepeso, de obesidade e posturais (ARAÚJO et al, 2010; ALVES, 2007; ZAMAI et al, 2005; ZAMAI et al, 2004).

    Apesar dos problemas supracitados serem considerados os mais comuns a acometer a saúde de jovens, seja em idade escolar ou posterior a ela, outro fator que tem chamado a atenção de diversos estudiosos, sobretudo os da educação e da saúde, diz respeito aos hábitos inadequados de sono que, de acordo com Cronfli ﴾2002﴿, tem os seus primeiros sintomas de irregularidade percebidos no período escolar.

    Considerado imprescindível para a manutenção de uma vida saudável, o conhecimento adquirido sobre os aspectos do sono ao longo dos anos têm evidenciado a necessidade de divulgá-lo, especialmente no âmbito escolar, abordando não apenas a sua importância como também a necessidade de mudança de hábitos e valores atribuídos a ele (MATHIAS et al, 2006). Visto pelos autores como um desafio para os educadores, os hábitos inadequados de sono podem interferir negativamente no processo de aprendizagem dentro e fora da escola, uma vez que tendem a causar diminuição da motivação e concentração, déficit de memória, sonolência diurna, alterações de humor e queda da imunidade.

    Nessa mesma perspectiva, segundo conclusão de revisão de estudo realizado por Müller e Guimarães (2007), os maus hábitos de sono podem desencadear distúrbios que geram consequências adversas à saúde dos indivíduos, afetando, a curto, médio e longo prazo, a cognição e demais relacionamentos e funcionamentos do cotidiano.

    Em estudo transversal concretizado por Petri et al (2008) envolvendo uma amostra de escolares (n=998) com idade entre 6 e 14 anos indicou que 51,7% (n=516) da amostra sofre de algum distúrbio respiratório do sono. E concluíram que crianças com sonolência diurna excessiva parecem ter quase 10 vezes mais risco de desenvolverem problemas de aprendizado. Tal resultado corrobora com a opinião de Nunes e Bruni (2008) da qual afirmam que os distúrbios do sono são frequentemente relatados durante a infância e adolescência.

    Em outro estudo Uema et al, (2006) citando Chervin et al (1997), Owens et al (1998), Rosen (1999) e Bulden et al (2000) divulgam aumento de aproximadamente 3 vezes em anormalidades de comportamento e atenção em crianças com distúrbios obstrutivos do sono; esse considerado por Ziliotto et al (2006) como o mais comum na população pediátrica. Não menos importante que os problemas de aprendizagem que os maus hábitos de sono pode desencadear, Cronfli (2002) afirma que, a longo prazo, as alterações do padrão de sono normal tende a desenvolver problemas de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares; além do envelhecimento precoce e da diminuição do vigor físico e do tônus muscular.

    Por essas e outras questões os distúrbios relacionados ao sono já é considerado problema de saúde publica, afirmam Lima et al (2003). Em contrapartida, ainda se sabe pouco sobre a base molecular do sono normal bem como o da sua função (TAFTI, 2007; MACKIEWICZ et al, 2007; GOTTIEB et al, 2007; MIYAZAKI et al, 2007 apud NUNES & BRUNI, 2008). Mesmo assim, algumas intervenções, incluindo as não-farmacológicas, são indicadas com a finalidade de melhorar o padrão de sono.

    Em meio a essas intervenções a prática de atividade física, segundo Lopes e Maia (2004), tem sido considerada um fator de prevenção de uma série de doenças, e destacam a infância e a juventude como períodos fundamentais para a sua promoção. Em relação ao sono, autores afirmam que a prática regular de atividade física (SILVA & LIMA, 2001) e/ou de exercício físico podem contribuir, de modo geral, para a melhoria da sua qualidade e eficiência, incluindo, por estes, o melhoramento dos aspectos cognitivos (BIDLLE & FOX, 1989; BRANDÃO & MATSUDO, 1990; BOXTEL et al, 1997 apud BOSCOLO et al, 2007).

    Dessa forma, estando alguma das consequências dos maus hábitos de sono diretamente relacionadas com problemas que interferem não apenas no processo de aprendizagem, como também na qualidade de vida, não seria, então, papel da escola o de intervir nessa questão?

    Respondendo a essa indagação Temporini (1988) afirma que o atendimento a saúde não é o papel primordial da escola; porém, destaca a função de ensinar, no sentido de promover melhores condições para a aprendizagem de crianças, como obrigação do professor, o qual é beneficiado pela sua posição estratégica devido ao contato diário e prolongado com estudantes. No entanto, concluindo o seu raciocínio, atesta o mesmo autor que o professor nem sempre dispõe de conhecimentos, atitudes, habilidades e práticas no campo da saúde escolar.

    Atentando-nos para esse ponto de discussão Santos e Bógus (2007) em estudo que abordou a percepção de educadores em relação à escola promotora de saúde, não evidenciou a Educação Física como a mais habilitada para desenvolver a promoção da saúde no âmbito escolar. Por outro lado, conforme o Conselho Federal de Educação (MEC/SEF, 1998) a promoção da saúde na escola deve perpassar por meio de uma abordagem interdisciplinar, e destaca a Educação Física como uma das principais disciplinas para essa finalidade.

    Ainda nesse sentido o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2010) afirma que a atuação do profissional de Educação Física na área da saúde vem crescendo a cada ano, e destaca a sua importância mediante a Resolução n° 218/1997 instituída pelo Conselho Nacional de Saúde, a qual reconhece o profissional de Educação Física como um dos profissionais da saúde.

    Não obstante, do ponto de vista pedagógico, segundo Guedes (1999) para que os programas de Educação Física escolar direcionado a saúde se firmem como tal é preciso insistir em um equilíbrio de conteúdos teórico e prático inerentes a esse assunto, o que requer uma formação de maior competência e mudança de comportamento por parte dos professores.

Considerações finais

    No discurso deste estudo procuramos abordar a promoção da saúde no âmbito institucional de educação formal, refletindo, sobretudo, a respeito dos hábitos inadequados de sono, bem como as consequências que essa situação pode acarretar, não só na saúde como também no processo de aprendizagem de escolares. Paralelamente a essa questão apresentamos e discutimos algumas características da disciplina Educação Física e sugerimos a sua aplicação pedagógica como uma possibilidade de instigar hábitos saudáveis de sono, considerando o educandário um ambiente extremamente favorável para essa finalidade.

    Percebemos que o sono, tido como um estado fisiológico de grande relevância para o controle e funcionamento do corpo humano, tem sido progressivamente investigado por diferentes áreas cientificas, como a da saúde e da educação. Compreendemos que alterações no padrão de sono normal, muitas vezes acometido por hábitos irregulares de sono, tendem a comprometer a saúde física e mental, desencadeando, dentre outros, problemas de aprendizagem. Ainda neste sentido, considerando a literatura mencionada, observamos que muitas das patologias mais comuns manifestas em escolares, como a diabetes, sobrepeso e problemas cardíacos, por exemplo, podem estar diretamente relacionadas com hábitos irregulares de sono. Verificamos também que os distúrbios obstrutivos do sono tem sido julgados como o mais comum nessa população, embora o escopo deste estudo não tenha sido o de elencar e discuti-los.

    Tendo em vista que grande parte dos problemas relacionados à saúde tendem a irromper-se durante o período escolar, e considerando a relevância e influência que as instituições de ensino formal tem sobre a constituição e controle da sociedade, acreditamos que o ensino da Educação Física como componente curricular pedagógico pode contribuir para melhoria dos hábitos de sono de escolares, uma vez que a prática regular de atividade físico ou exercício físico tem sido afluentemente indicado para essa finalidade. Para tanto, sem desconsiderar a relevância e influência que outras abordagens metodológicas teriam sobre a promoção de hábitos salutares de sono, sugerimos neste estudo a abordagem da Aptidão Física e Promoção da Saúde como estratégia de ensino para que tal objetivo possa ser alcançado.

    Contudo, apesar de vários órgãos e instituições reconhecerem a Educação Física como uma das áreas do conhecimento capacitada a promover a saúde em diversos setores, entendemos que a mesma ainda carece de uma maior qualificação por parte dos professores em relação à promoção da saúde na escola. Dessa forma, julgamos que um planejamento multidisciplinar seria pertinente para essa questão. Assim, acreditamos que a intervenção do professor de Educação Física em relação aos hábitos de sono de escolares só poderá ser mais bem discutida quando os aspectos básicos referentes á saúde na escola forem, por eles, melhor entendidos.

Referências

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