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Inclusão e exclusão social: o corpo como fator excludente na sociedade

Inclusión y exclusión social: el cuerpo como factor excluyente en la sociedad

Social inclusion and exclusion: the body as excluding factor in society

 

*Discentes da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador. Pós graduado em Elaboração e

Gestão de Projetos Sócio-Esportivos pela UCB

Graduado em Educação Física pela UCB, RJ

Diretor técnico do Instituto Muda Mundo.

Pesquisador do LAPEM, da UCB, RJ e do CUCA da UCB

***Orientador. Mestre em Ciência da Motricidade Humana

pela UCB/RJ Licenciado em Educação Física

pela UCB/RJ. Docente da UCB/RJ

Diego Domingues*

Augusto Cesar* | Matheus Luís*

Victor Emanuel* | Ramon Carvalho*

Prof. Esp. Mauricio Fidelis**

mauriciofidelis@hotmail.com

Prof. Ms. Sergio Tavares***

sergiof.tavares@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem por objetivo abordar o tema inclusão e exclusão social, focando as diversas fases históricas discriminatórias e também a exclusão social no contexto escolar se transformando em violência psicológica e física, o chamado bullying. A busca ocorreu no sentido de identificar os fatos históricos que afetaram não só o nosso país, mas o mundo inteiro. Embasado em conhecimentos e aplicação de questionários, procura-se identificar as causas que levam a exclusão, medir os seus níveis e identificar os problemas causados pela violência excludente, propondo uma forma de amenizá-la.

          Unitermos: Inclusão. Exclusão. Corpo.

 

Abstract

          This article aims to explain the social inclusion and exclusion, focusing several historical discriminatory phases and also the discriminatory exclusion at the school, in the context turning into psychological and physical violence, the also called bullying. The search included historical facts that have affected not only our country, but the entire world. Grounded in knowledge and application of questionnaires, the article seeks to identify the causes that lead to exclusion, measuring their levels and identify the problems caused by exclusionary violence and propose a way to decrease it.

          Keywords: Inclusion. Exclusion. Body.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Embasados em uma viagem por qualquer livro de História de um estudante que cursa o ensino fundamental, podemos constatar que, em nossa História mundial sempre houveram diversos casos de exclusão social, determinados simplesmente pela vontade da grande maioria elitizada. Discriminações causadas por fatores biológicos, sócio-culturais e socioeconômicos. Razões que levavam a maioria incluída a acreditar que era superior. Exclusão que na melhor das hipóteses gerava o afastamento dos exclusos para lugares menos favorecidos geograficamente. E nos grupos elitizados mais arrogantes, as minorias desfavorecias eram escravizavam e violentadas.

    O corpo é excluído e massacrado, porém é ele também o principal agente revolucionário e transformador. E esta batalha pode ser auxiliada pela Educação Física, pois é esta a responsável pela educação do corpo. A Educação Física bem aplicada é um grande agente de mudanças na transformação do “corpo objeto” em “corpo sujeito”, ela é capaz de formar indivíduos mais críticos e conscientes de seu papel, na sociedade em que está inserido, contra todo tipo de discriminação e preconceito.

    Nosso objetivo geral é medir o nível de intolerância destinado aos grupos que não atendem as exigências da cultura de massa no contexto social em que estão inseridos. Uma vez quantificados os níveis de exclusão social e em posse dos resultados, nosso objetivo especifico é intervir no público alvo de modo a causar reflexão e posteriormente verificar se ocorreram mudanças no modo de pensar dos mesmos. O problema: a não adequação do corpo marginal descrito por Medina, aos padrões capitalistas em que está inserido o corpo burguês gera exclusão?

 Metodologia

    Este presente estudo foi realizado com a pesquisa ex-post-facto e teve por objetivo quantificar certo grupo em níveis de inclusão e exclusão social. A pesquisa foi feita com 30 alunos das graduações de Biologia e Biomedicina da Universidade Castelo Branco.

    O instrumento utilizado para a diagnose foi um questionário adaptado do protocolo “Projeto Desenvolvendo a Dança no Magistério”. Este continha duas perguntas abertas e três níveis posturais a serem classificados os entrevistados de acordo com suas respostas. Divididos da seguinte maneira:

    O questionário pós-intervenção foi adaptado do mesmo protocolo do questionário aplicado pré-intervenção, porém desta vez, ao invés de perguntas, foi deixado um espaço destinado ao desenho da idéia de inclusão social dos entrevistados. Os três níveis utilizados foram os mesmos.

O corpo na sociedade

    O corpo já possuiu diversas concepções. O campo da filosofia atribuiu diversos estudos ao corpo chegando a diversificadas conclusões, este já foi visto como uma estrutura meramente física ou simplesmente espiritual. Na antiguidade Platão difundia uma visão de corpo e alma de forma dual. Para ele a alma é imortal e ela é o homem, o corpo é apenas expressão da alma.

    Os filósofos da época, como Platão, professavam uma concepção clássica do corpo, “um lugar de transição da existência do mundo de uma alma imortal”. Platão apresenta a dicotomia entre psico-motricidade pela cisão entre o corpo e a alma, como foi considerada na Antigüidade, afirmando um dualismo radical dentro do ser humano, existindo assim duas realidades. O homem é alma e corpo, mas é a alma que domina, que é a parte mestra, o princípio e a finalidade. Para os gregos o corpo expressa a beleza da alma, a saúde do corpo é uma virtude (SOUSA, 2004, p. 1).

    Atualmente a teoria mais aceita é a da psicomotricidade, ciência que teve sua gênese em 1907 com o psiquiatra francês Dupré e ganhou força através dos estudos de Henri Walon filósofo, médico, psicólogo e político francês, em 1925, Le Boulch em 1966, o biólogo Jean Piaget em 1979, entre outros. Esta teoria enxerga o corpo e a mente de forma unificada, e é muito utilizada nas áreas da educação e saúde.

    No início do século XX, a psicomotricidade é caracterizada pelo paralelismo psicomotor, vestígios de um imperialismo neurológico. A paternidade fica para Dupré, psiquiatra francês que, em 1907, formulou a noção de psicomotricidade, através de uma linha filosófica psiquiátrica, evidenciando o paralelismo psicomotor, ou seja, a associação estreita entre o desenvolvimento da motricidade, inteligência e afetividade. A patologia cortical, a neurofisiologia e a neuropsiquiatria são conhecidas como as três vias de acesso do conceito de psicomotricidade (SOUSA, 2004, p. 1).

    Ao falar sobre o tema cultura corporal, falamos justamente das ligações que o corpo possui com a cultura e vice-versa. O nosso corpo não só possui ligação com a cultura de um país, mas também, com a relação entre a sociedade e a economia vigente.

    O nosso corpo acompanha as matrizes fornecidas pelo sistema dominante. Na relação corpo-sociedade há um peso decisivo da estrutura sócio-economica que define, de certa forma, os limites da nossa estrutura corpórea. Desde nossa gestação somos modelados pelos valores vigentes, pela cultura, pela situação de classe social a qual pertencemos (MEDINA, 1990, p. 23).

    Falar sobre corpo em um país de política capitalista requer muito cuidado. As vivências corporais pertencentes a um sistema que prioriza o lucro devem ser repensadas. Uma vez que as empresas e indústrias “moldam” os corpos e as personalidades, tornam-se mais incidentes o aparecimento dos distúrbios alimentares, a marginalização daqueles que não se inserem nos grupos “dominantes” (seja pela etnia, religião ou poder aquisitivo, padrão estético, etc.), a intolerância e transtornos psicológicos. Segundo Medina (1990, p. 24 e 25), é economicamente marginal os que vivem à margem dos benefícios da indústria cultural.

    As pessoas que não se adéquam aos bens materiais que são produzidos pela indústria capitalista ficam à margem de vários processos que ocorrem em nossa sociedade, ficando impossibilitadas de exercer a cidadania plena, direito assegurado pela Carta Magna brasileira. São essas pessoas que vivem sem as mínimas condições de uma inclusão efetiva nas ações sociais.

    Corpo marginal é o corpo de milhões e milhões de brasileiros, excluídos ou afastados dos bens e benefícios matérias e culturais gerados pelo nosso modo de produção capitalista, e que não consegue o mínimo necessário a uma sobrevivência humana honrada (MEDINA, 1990, p. 84).

    Em contrapartida, temos aqueles que pertencem o sistema, dando suas próprias características. São aqueles que tiram o proveito do labor dos que produzem e são massificados pelos trabalhos, sem nenhum proveito disso. Para Marx apud Baptista (2006) “... a relação do trabalhador com o produto do trabalho, como um objeto estranho que o domina...”.

O corpo na Educação Física

    A Educação Física em nosso país passou por diversas fases segundo Ghiraldelli em seu livro, Educação Física Progressista: A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e a Educação Física Brasileira (1991). E cada uma delas entendia o corpo de uma determinada forma. A higienista busca a saúde física e mental. A militarista preparava o corpo para defesa da pátria. A competitivista voltava seus esforços também à pátria, mas em competições. Suas atividades eram voltadas a brindar o país com medalhas. A pedagogicista encara a Educação Física como uma forma de educar através do corpo.

    A educação física pedagogicista é, pois, a concepção que vai reclamar da sociedade a necessidade de encarar a educação física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a educação física como uma prática eminentemente educativa (GHIRALDELLI, 1991, p.19).

    Independente de tendências, a Educação Física como componente curricular obrigatório deve acima de tudo priorizar o desenvolvimento global das potencialidades humanas. Atualmente, sabendo que o indivíduo aprende também vivenciando, a Educação Física deve proporcionar experiências que estimulem o respeito ao próprio corpo e ao do próximo. Seguindo os princípios da Inclusão e Diversidade (PCN’s, 1997), ofertando a vivência de qualidade, formando a pessoa como um todo.

Alguns exemplos de corpos marginais

    O corpo sempre foi motivo de exclusão. Na idade média, por exemplo, valorizavam-se as mulheres mais gordinhas e os homens mais fortes, pois viam nesses estereótipos a oportunidade de filhos maiores e mais fortes para as guerras constantes. De acordo com Buckroyd (2000, p.74) as antigas pinturas mostram que as mulheres cheias eram consideradas bonitas e mais aptas a terem filhos saudáveis.

    Diversas culturas guerreiras antigas e até indígenas atuais descartavam as crianças com deficiências e até as enterravam vivas. A exclusão é caracterizada por violência física e psíquica. “Os deficientes sempre foram percebidos como seres distintos e à margem dos grupos sociais” (SILVA, 2008).

    A escravidão é um claro exemplo disso. No sistema escravista os burgueses escravizavam os africanos baseando-se em suas diferenças étnicas, excluindo assim da sociedade os possuidores do corpo marginal. Os índios igualmente foram excluídos na colonização brasileira, sua cultura era tida como inferior e seus serviços trocados por escambos. Segundo Herédia (2001), “uma política foi assumida pela elite intelectual brasileira e pelos legisladores do império, garantindo que os colonos europeus que viessem colonizar o Brasil fossem brancos.”

    Tantos os índios quantos os negros foram vítimas e protagonistas desta exclusão. Tiveram participação ativa no processo se parte deles não tivesse ajudado dificilmente isso teria acontecido. Em ambos os casos exclusão causada em grande parte pela cor de suas peles. Mais tarde na África ocorreu outro processo exclusor gerado por etnia.

    A escravidão, isto é, a transformação da vida humana em mercadoria, não foi uma invenção do capitalismo moderno. Existiu desde a antiguidade aplicada a estrangeiros retirados de seu meio ambiente. Com a descoberta do ouro e da prata e também da valorização de mercadorias como o algodão e o açúcar a escravidão ganhou importância. O impacto deste comércio internacional sobre as sociedades locais não foi uniforme. Na Europa , propiciou a acumulação de que levaria eventualmente a criação de mercados nacionais integrados ao desenvolvimento do capitalismo moderno. Nas Américas, sociedades e civilizações tradicionais foram destruídas ou conduzidas a uma nova relação de dependência e subordinação face aos colonizadores europeus (SCHWARTZMAN, 2004, p.50).

    Houve na África do Sul um movimento excludente muito forte conhecido como Apartheid. Este foi um regime de segregação racial adotado entre 1948 e 1994. A legislação da época dividia os habitantes em grupos raciais, separando as áreas residências, quando se fazia necessário as remoções eram até forçadas. Em seguida a exclusão foi tomando proporções maiores. Os serviços prestados aos negros eram inferiores e a educação, a saúde e diversos outros serviços foram segregados. As escolas eram separadas e hospitais e em lugares públicos até banheiros eram separadas por raça. Costuma-se fazer associação de coisas inferiores aos negros como foi feito no Apartheid, porém há casos que a exclusão ocorre com diversos grupos distintos, como é o caso do nazismo.

    Talvez o movimento político exclusor mais violento existente em nossa História mundial foi o nazismo. Esta política teve seu inicio na Alemanha e culminou com Adolf Hitler e seu grande poder de persuasão. Sua política era tolerância zero as diferenças. Eles pregavam a raça ideal denominada “raça ariana”. Discriminavam todas as raças que não se enquadrassem no estereotipo da raça ariana, principalmente negra, judia e homossexual. Sua política intolerante era totalmente violenta.

    Freqüentemente, nas grandes aglomerações, os homens deixam-se conduzir por indivíduos tarados, portadores de estados psicopáticos, de idéias mórbidas de reivindicação, de delírios pleitistas, de idéias delirantes de perseguição. “Tais tipos mórbidos são dotados de grande capacidade de proselitismo e são extremamente ativos na defesa de suas idéias mórbidas, razão por que exercem grande influencia sobre as massas” (PACHECO e SILVA, apud OLIVEIRA, 2007).

    Os grupos capturados pela política nazista eram apreendidos em campos de concentração onde trabalhavam para o desenvolvimento dos campos em que se encontravam presos. Impossibilitados de exercer a sua cidadania, ainda eram obrigados a trabalhar em prol de um sistema que os escravizava, ou seja, eles eram os responsáveis pelo funcionamento dos campos. E a violência ia muito além de uma questão ideológica, psicológica era física também. Torturas, massacres em câmaras de gás entre outras. Esses prisioneiros eram cobaias de experimentos de diversos tipos, experiências voltadas à genética. Experiência que buscavam o avanço e a depuração da raça humana. Na Inglaterra em meados do século XVIII houve também uma busca pelo avanço, mas este movimento por sua vez estava mais interessado no avanço tecnológico do processo produtivo.

    Um espírito de disciplina militar traduzido em um automatismo de obediência assinalado pelo característico bater dos calcanhares impedia, entre militares e civis, a reação às ordens mais absurdas recebidas de qualquer superior hierárquico, o que permitiu à repressão atingir um grau de brutalidade metódica e eficiente nunca vistos. Foi decretada a eliminação não apenas dos judeus, mas de todos que não se conformavam aos padrões de cidadania estabelecidos na doutrina, quer por inconformismo político, quer por defeito eugênico ou falhas morais (COBRA, 2001).

    A Revolução Industrial foi um dos grandes eventos mundiais que pela sua busca por grandes lucros e mão de obra barata foi um grande agente exclusor. A burguesia detentora do capital e dos meios de produção obrigava seus trabalhadores a jornadas de trabalhos excessivas e baixos salários. O proletariado, que possuía as características pertencentes ao corpo marginal sofreu exclusão. Essa classe foi discriminada, ao contrario da burguesia não possuíam nada, apenas a sua força de trabalho. Os donos de indústrias alugavam seu labor, seu corpo. Sofriam discriminação em suas relações de trabalho, por sua baixa remuneração eram excluídos para bairros com moradias inferiores e também em sua alimentação que era precária.

    Deixando de lado então o valor de uso dos corpos das mercadorias, resta  a elas apenas uma propriedade, que é a de serem produtos do trabalho. Entretanto, o produto do trabalho também já se transformou em nossas mãos. Se abstrairmos o seu valor de uso, abstraímos também os componentes e formas corpóreas que fazem dele valor de uso (MARX, 1996, p.167).

    O ser humano convencionou que certos grupos e certas culturas são inferiores e que não são dignos de conviver entre eles. Essas convenções tomaram tal grau de preconceito que certas coisas que deveriam ser vista com olhar critico pela sociedade, se tornaram naturais.

    Ao longo dos séculos milhões de cidadãos cordatos, prudentes e respeitáveis tiveram escravos, apoiaram o racismo ou defenderam genocídios. Foram miríades os alemães inteligentes, pacatos e atenciosos que votaram e apoiaram Adolf Hitler (NEVES, 2003).

    Grupos que possuem essa ou aquela característica que nada haver tem com seu caráter, pelo contrário, o conceito que a psicologia tem da palavra é: a legitimação das diferenças.

    A discriminação ocorre por diversos fatores. Fatores étnicos, religiosos, sócio-econômicos, sócio-culturais, estrutura física, vestimentas entre outros. A exclusão social está intimamente ligada à questão da indústria cultural difundida no meio televisivo com seus padrões deturpados de felicidade. Padrões que impõem roupas da moda, músicas populares, corpo perfeito, carro e outras diversas coisas. Padrões que estão associados ao consumismo.

    O cidadão que possui capital para encontrar-se inserido na sociedade e atender aos padrões da indústria e julga estar livre dos conflitos políticos e sociais que ocorrem em nossa sociedade. Mas, se o neoliberalismo utiliza a indústria como um meio de mediação entre o homem e as prateleiras pode afirmar que nenhum cidadão é livre de influências políticas e sociais.

    O capitalismo fez a obliteração da liberdade dos indivíduos tornando-os seres alienados perante suas próprias ideologias e concepções. Os grupos favorecidos economicamente possuem um status social elevado, gozando assim de inúmeros direitos em nossa sociedade. Em contrapartida, os que não possuem uma mínima quantia de capital seguem padecendo sem possuir muitas das vezes o mínimo e necessário para a sobrevivência humana.

    O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade é que não passam de um negócio, sendo utilizados como veículos ideológicos destinados a legitimar o lixo que propositadamente produzem. Eles definem a si mesmo como indústrias e as cifras publicadas dos rendimentos de seus direitos gerais suprimem toda dúvida quanto à necessidade (ADORNO Apud BERTONI, 2001).

    Outro ponto a ser visto é o quanto os veículos industriais fazem com que toda sociedade se torne consumista sem levar em conta a disposição financeira e social de um indivíduo. Não é incomum pessoas pertencentes à classe “C” aderirem aos mínimos padrões estabelecidos pela indústria capitalista. Estas pessoas não aceitam conviver com a dor de serem exclusas pelo simples fato de ter menor acessibilidade a produtos e promessas das indústrias capitalistas.

Exclusão social no contexto escolar

    Já abordamos a exclusão social dentro do contexto totalitário histórico que abrange o mundo, agora trataremos da exclusão social inserida dentro do contexto escolar.

    A reflexão a ser feita na atualidade diz respeito ao quanto nossas crianças e adolescentes nascem e crescem com o pensamento excludente impregnado. Desde nossa gestação somos moldados pelos paradigmas da sociedade a discriminar e não tolerar um grupo de ideologias opostas a nossa. Em nossas salas de aula pelo Brasil afora é um ato comum nos depararmos com separação de grupos em sala de aula, tribos dentro da escola e até mesmo casos de violência física e psicológica devido ao fato de um indivíduo ser diferente perante a outro. Gostos musicais, tipos físicos, vestimenta, questão de classes e etc. São alguns dos muitos motivos que levam a exclusão social dentro do contexto escolar.

Exclusão se transformando em violência escolar

    No cenário escolar, há sempre algum tipo de discriminação por parte dos alunos em relação a alguma característica diferenciada. Quando a exclusão chega a níveis mais violentos, como violência física e psicológica dá-se o nome de bullying.

    O bullying é a manifestação agressiva da intolerância dentro de uma instituição que deveria promover a inclusão, formando cidadãos. Ele pode trazer conseqüências drásticas à vida da criança. Se o aluno estiver na fase denominada pela psicologia educacional como “período critico” o bullying causa danos irreversíveis.

    A enorme pressão a que o bullying sujeita o indivíduo, este torna-se frágil. Uma vez fragilizada, a vítima apresenta dificuldades de comunicação com os outros, o que influencia negativamente a sua capacidade de desenvolvimento em termos sociais, profissionais e emocionais/afetivos (VENTURA apud PINHEIRO, 2010).

Possíveis conseqüências da exclusão social

    Os danos que provém da exclusão vão prejudicar a capacidade da pessoa de comunicação e, com isso, afetar seu desenvolvimento social, afetivo e profissional. As principais conseqüências do bullying segundo a socióloga Luiza Pinheiro são: baixa auto-estima, medo, angústia, pesadelos, falta de vontade e rejeição à escola, ansiedade, dificuldades de relacionamento interpessoal, dificuldade de concentração e diminuição do rendimento escolar, dores de cabeça, dores de estômago, mudanças súbitas de humor, vômitos, urinar na cama, falta de apetite ou excesso do mesmo, choro, insônias, ataques de pânico sem motivo, sensação de aperto no coração, furto de objetos em casa, surgimento de material escolar e pessoal danificado ou a falta do mesmo, abuso de álcool e entorpecentes diversos, automutilação e estresse.

Exclusão no Brasil

    A violência física e psíquica e os problemas sociais são exemplos das conseqüências da exclusão. Para melhor explicar, faz-se uma incursão à Psicologia Social, verificando que ela define agressão “como qualquer comportamento que tem a intenção de causar danos físicos ou psicológicos em outro organismo ou objeto” (RODRIGUES, ASSMAR e JABLONSI, 2000, p. 206).

    A violência é um tema infelizmente comum e pertinente em nosso cenário atual. Podemos dizer que a violência é justamente a violação ao direito de conduta individual e de cidadania de cada ser humano. No Brasil fica explícita a falta de discernimento moral dos cidadãos. Em nosso país diferentes grupos e pessoas sofrem discriminação por conta de serem diferentes: portadores de necessidades especiais, negros, nordestinos, homossexuais e etc. São bons exemplos de grupos que sofrem de maneira exacerbada do problema exclusão social.

    Estes corpos impossibilitados de exercer cidadania possuem marcas distintas e heterogêneas em sua organização corpórea. O que precisa ficar claro é o quanto a mentalidade excludente que insiste em permanecer nas entranhas de nossa sociedade tem gerado malefícios incuráveis em nossa sociedade nos fazendo padecer em um âmbito adoecido e degenerado.

Apresentação dos resultados

    O resultado do questionário de diagnose mostrou que o nível de exclusão foi bem superior ao de inclusão, mesmo se tratando de pessoas cursando o nível superior em licenciatura e com maiores possibilidades de esclarecimento e preparo para lidar com as diferenças em salas de aula. Os índices do ex-fact foram de 16 (dezesseis) pessoas com uma postura excludente; 9 (nove) mantendo uma postura mais ou menos exclusiva e 5 (cinco) pessoas com a postura inclusiva.

    Os desenhos feitos pelos entrevistados após a intervenção chegaram aos seguintes resultados: 14 (catorze) pessoas com adotaram uma postura mais ou menos inclusiva; 10 (dez) pessoas permaneceram com a postura excludente e 6 (seis) pessoas com atitude inclusiva.

    Após a intervenção e reflexão houve mudança na postura dos questionados. Antes a grande maioria era excludente, no post-fact a maioria assumiu a postura mais ou menos inclusiva, ou seja, uma postura integradora.

Conclusão

    Através da realização dos questionários ex-post-fact pôde-se constatar que em um país capitalista como é o caso do Brasil, os níveis de exclusão social ligados a deficiências físicas e mentais, etnias e diferenças socioeconômicas e sócio-culturais superam a tolerância às diferenças. No entanto com uma intervenção feita de modo sério e consciente e uma política inclusiva,é possível melhorar e adaptar a sociedade para uma melhor aceitação às diversidades, e uma convivência mais harmoniosa e desprovida de preconceitos e discriminações. A exclusão é causada pelo preconceito, que contempla somente as superficialidades da sociedade, e não o valor individual.

Referências bibliográficas

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