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Nível de atividade física e qualidade de vida em mulheres idosas

 portadoras da síndrome metabólica de uma instituição 

de tratamento clínico privado de Aracaju, SE

Nivel de actividad física y calidad de vida en mujeres mayores portadoras de síndrome 

metabólico de una institución de tratamiento clínico privado de Aracaju, SE

Physical activity level and quality of life in elderly woman with metabolic syndrome

 

*Departamento de Educação Física

Universidade Federal de Sergipe

**Licenciatura em Educação Física

Universidade Tiradentes

(Brasil)

Roberto Jerônimo dos Santos Silva*

Euler Antonio Melo de Lima**

Jamille Cardoso de Amorim**

Jullie Caroline Souza de Almeida**

Anderson Carlos Marçal*

Marco Antonio Prado Nunes*

rjeronimoss@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho teve por objetivo identificar o nível de atividade física e qualidade de vida em mulheres idosas portadoras da síndrome metabólica de uma Instituição de Tratamento Clínico Privado de Aracaju-SE. Como procedimento metodológico utilizou-se a pesquisa descritiva do tipo Survey. Para a coleta de dados foi utilizado o questionário do IPAQ - versão curta, o WHOQOL-bref e questionamentos relativos ao comportamento preventivo. A amostra foi constituída por 29 mulheres idosas portadoras da Síndrome Metabólica. Analisando os dados do IPAQ, observou-se que a maioria dos indivíduos pesquisados foram classificados como muito ativo e ativo. Considerando o Whoqol-bref, nas questões referentes à percepção de qualidade de vida e saúde, notou-se que 69% dos sujeitos classificaram como boa sua qualidade de vida e 51,7% classificaram como boa sua saúde. E nas questões que se referem aos valores descritivos para qualidade de vida, percebeu-se que os domínios que obtiveram as maiores médias foram o físico e o social, ficando com a menor média o domínio meio ambiente. Nos questionamentos sobre comportamento preventivo, nenhum dos sujeitos foram classificados na categoria “nunca fumou”, mais de 75% como “nunca ingeriu bebidas alcoólicas” e a maioria possui hábitos nutricionais adequados. Conclui-se que os sujeitos dessa pesquisa possuem um bom nível de atividade física e uma boa qualidade de vida, apesar de terem a Síndrome Metabólica.

          Unitermos: Atividade física. Qualidade de vida. Síndrome metabólica.

 

Abstract

          The purpose of the study was to identify the level of physical activity and quality of life among elderly women with metabolic syndrome in Clinical Treatment Institute in Aracaju City, Sergipe State, Brazil. It was used the descriptive survey study. For the data collect it was used the IPAQ questionnaire-short version, the WHOQOL-BREF and questions related to taking behavior. The sample consisted of 29 elderly woman with metabolic syndrome. Analyzing data from the IPAQ, it was observed that the majority of individuals surveyed were classified as “very active” and “active”. Whereas the WHOQOL-bref, on issues related to perceived quality of life and health, it was noted that 69% of subjects classified as good quality of life and 51.7% rated their health as good. And on issues that relate to the descriptive values for quality of life, it was noticed that areas that had the highest averages were the physical and social, being with the lowest average in the environment domain. In questions about preventive health behavior, none of the subjects were classified as "never smoked" more than 75% as "never drank alcohol" and most has nutritional habits. It was conclude that the subjects of research have a good level of physical activity and good quality of life, despite having the metabolic syndrome

          Keywords: Physical activity. Quality of life. Metabolic syndrome.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A par das evidências por meio de pesquisa de que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas, sustenta Assumpção et al (2002) a hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu cotidiano.

    Nessa perspectiva, o interesse em conceitos como atividade física, estilo de vida, saúde e qualidade de vida vem adquirindo relevância. Contudo, entendemos que não se devem fechar conceitos, concepções, mas podemos eleger e pautar-se em conceitos e concepções, que nos identifiquemos, e o mais importante que tenham relevância social, ou seja, “o poder para transformar os desejos sociais em realidades”. Assim passaremos a discutir e propor alguns conceitos importantes para realização do nosso estudo.

    Estudos sobre comportamento humano vêm demonstrando a importância de um estilo de vida saudável para pessoas de ambos os sexos, de todas as idades e condições socioeconômicas. De acordo com o Colégio Americano de Medicina Esportiva (1996), uma pessoa só é considerada saudável quando apresenta um estilo de vida que reduza os riscos das principais doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT).

    Nos aportes teóricos Ciolac e Guimarães (2004), encontramos que as modificações no estilo de vida, observadas a partir da segunda metade do século XX, que incluíram alterações nos hábitos alimentares e no estilo de vida sedentário, contribuíram para epidemia crescente de doenças crônicas, tais como: obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial, hiperinsulemia e dislipidemia. Os autores afirmam que o agrupamento desses fatores de risco cardiovascular é denominado Síndrome Metabólica, também conhecida como síndrome da resistência à insulina ou Síndrome X.

    A Síndrome Metabólica é o nome proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo National Cholesterol Education Program (NCEP) para designar um conjunto de alterações metabólicas (dislipidemia, hipertensão arterial, intolerância à glicose, obesidade central e resistência à insulina) que comumente se manifestam juntas e são fatores de risco para a doença coronariana. Cada componente da síndrome metabólica, por si só, aumenta o risco de doença cardiovascular, porém, quando combinado, ele se torna muito mais intenso. (BORGES et al, 2007).

    Apesar da OMS e do NCEP possuírem definições acerca da síndrome metabólica, cada uma discorre de maneiras diferentes pra designar tal conceito, pois de acordo com Godoy-Matos (2005) a OMS baseia-se na resistência a insulina, enquanto a NCEP não dá ênfase a nenhum tipo de anormalidade metabólica específica.

    De acordo com Neto e Tambascia (2005 apud GODOY-MATOS, 2005), a síndrome metabólica pode ser também conhecida como síndrome da resistência a insulina, já que os diversos fatores de risco cardiovascular presentes na síndrome metabólica não se associam por acaso, e, sim, têm em comum a mesma base fisiopatológica, a resistência a insulina. Neto e Tambascia (2005 apud GODOY-MATOS, 2005, p. 51) ainda afirmam que “a perda de peso, o abandono do sedentarismo e do hábito de fumar, a prática de atividade física têm um impacto marcante na prevenção da síndrome metabólica [...]”.

    A prevalência da síndrome metabólica é estimada entre 20 a 25% da população geral, com comportamento crescente nas últimas décadas. Esta prevalência é ainda maior entre homens e mulheres mais velhos, chegando a 42% entre indivíduos com idade superior a 60 anos. Indivíduos com síndrome metabólica apresentam risco duas a três vezes maiores de morbidade cardiovascular que indivíduos sem a síndrome. Os dados de prevalência mundial da síndrome metabólica são muito preocupantes, já que esta síndrome é preditora de diabetes e doenças cardiovasculares. (RIBEIRO FILHO et al, 2006).

    Dessa maneira, Eriksson; Lindgarde (1991 apud MELLO e MOTA, 2006) apontam que mudanças no estilo de vida, com a adoção de hábitos alimentares saudáveis e prática regular de atividade física, diminuem os casos de síndrome metabólica. Então, os pacientes que possuem a síndrome metabólica devem ser orientados nutricionalmente no sentido de abranger todas as morbidades como a diabetes, hipertensão arterial, obesidade e dislipidemia.

    Nahas (2001) afirma que a combinação de diferentes fatores e situações pode levar as pessoas a adquirirem um estilo de vida mais ou menos saudável. Um melhor conhecimento sobre os benefícios, princípios e práticas da atividade física influencia as pessoas a adotarem atitudes positivas em relação à atividade física regular e vice-versa. Para isso, é necessário que as pessoas se conscientizem da importância da atividade física regular para a saúde e qualidade de vida, desenvolvam o desejo de aplicar tais conhecimentos e se motivem para realizar tais intenções de forma continuada.

    Ainda na mesma obra o autor supracitado apresenta que a atividade física exerce papel relevante na prevenção e tratamento das DCNT. Vários trabalhos evidenciam uma associação inversa entre os níveis de atividade física e a incidência de DCNT. Além disso, indivíduos ativos fisicamente têm uma expectativa ampliada de anos de vida produtiva e independente, reduzindo, ainda, os gastos relativos ao controle e tratamento dessas doenças (op. cit., 2001).

    Apesar de todas as evidências no que se referem às atitudes que promovam um estilo de vida saudável e os efeitos dele decorrentes, as pessoas de um modo geral possuem hábitos de vida bastante diferentes daqueles desejados, que são considerados como ideais. De acordo com Molina e Venturim (2005) esses hábitos adquiridos pelas pessoas são determinados por distintas condições impostas por uma vida urbana moderna, tais como a diminuição do tempo disponível, alimentação imprópria, desinformação sobre hábitos saudáveis, jornada de trabalho exaustiva, entre outras, além das dificuldades encontradas no sistema de saúde para propor e colocar em prática, alternativas para lidar com as doenças que ocorrem com maior freqüência na atualidade.

    Os autores supra citados, ainda explicitam que mesmo conhecendo os efeitos positivos que a adesão de um estilo de vida mais saudável possibilita à saúde, algumas pessoas ainda sentem-se pouco estimuladas a incluírem em seu cotidiano alguns hábitos de vida essenciais como: a prática de exercícios físicos e uma alimentação mais balanceada. É de fato um desafio para o sistema de saúde identificar estratégias mais eficazes para melhorar as condições de saúde da população e propor alternativas à sociedade como todo para viver mais e melhor.

    Constatou-se assim que são vários os fatores que podem ocasionar a síndrome metabólica e que hábitos de vida saudáveis são essenciais para a manutenção da saúde e da qualidade de vida da população.

    Face ao exposto, elegemos o seguinte problema: Qual o nível de atividade física e a percepção de qualidade de vida em mulheres idosas portadoras da Síndrome Metabólica de uma Instituição de Tratamento Clínico Privado de Aracaju-SE?

    O presente estudo tem por objetivo identificar o nível de atividade física e a percepção de qualidade de vida em mulheres idosas portadoras da Síndrome Metabólica de uma Instituição de Tratamento Clínico Privado de Aracaju-SE.

    A razão do tema escolhido foi o interesse em conhecer o nível de atividade física e a qualidade de vida de mulheres idosas portadoras da síndrome metabólica, pois essa doença cresce a cada dia, sendo vista atualmente como uma epidemia mundial, com números alarmantes, associada à alta morbi-mortalidade cardiovascular e elevado custo sócio-econômico. (GODOY-MATOS, 2005)

2.     Metodologia

2.1.     Caracterização do estudo

    Esta investigação caracterizou-se como uma pesquisa descritiva do tipo Survey, pois, a pesquisa descritiva é amplamente utilizada na educação, nas ciências comportamentais e o delineamento Survey é o método mais comum dessa pesquisa, o qual procura determinar práticas ou opiniões presentes em uma população específica; podendo tomar a forma de questionário, entrevista ou survey normativo (THOMAS et al, 2007).

2.2.     População e amostra

    Considerou-se por população, as mulheres idosas portadoras da Síndrome Metabólica freqüentadoras de uma instituição privada de tratamento na cidade de Aracaju (SE).

    A amostra foi selecionada pelo critério de intencionalidade (não probabilística), “em que os indivíduos são selecionados a partir de certas características tidas como relevantes pelos pesquisadores e participantes [...]” (GIL, 1991, p.128), ficando composta por 29 mulheres idosas portadoras da Síndrome metabólica.

2.3.     Instrumentos de coleta de dados

    Para a coleta de dados foi utilizada a aplicação de questionários, no qual as informações são obtidas pedindo aos participantes que respondam as questões, em vez de observar o seu comportamento. (THOMAS et al, 2007).

    O instrumento utilizado para o levantamento de informações foi composto a partir da junção de três questionários, a saber: o IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) versão curta, o WHOQOL e questionamentos referentes ao estilo de vida dos sujeitos.

    O IPAQ foi desenvolvido e validado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a estimativa do nível de atividade física de pessoas e comunidades, sendo interessante ressaltar que o mesmo obteve um coeficiente de validação para confiabilidade de 0,80, indicando muito boa confiabilidade (Craig et al, 2003).

    O IPAQ versão curta apresenta três questões com dois subitens cada, totalizando seis questões que avaliam e estimam o nível de atividade física do indivíduo. As perguntas estão relacionadas ao tempo que o indivíduo gasta fazendo atividade física na última semana. Estas incluem as atividades que a pessoa faz no trabalho, para ir de um lugar ao outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim, por pelo menos dez minutos contínuos.

    A classificação do nível de atividade física obtida pelo IPAQ é a seguinte: sedentário, insuficientemente ativo A, insuficientemente ativo B, ativo e muito ativo. Essa classificação leva em consideração a duração, a freqüência e o tipo de atividade física praticada (caminhada, moderada ou vigorosa) por cada um de acordo com suas respostas e conforme os critérios pré-estabelecidos pelo questionário.

    O segundo questionário utilizado foi o WHOQOL-bref, este instrumento foi validado no Brasil por Fleck (1998). Esse está relacionado à qualidade de vida, a saúde e a outras áreas da vida, tomando como base as duas últimas semanas do indivíduo. Esse questionário contém vinte e seis questões, cada uma com cinco alternativas de respostas conforme a escala Lickert, sendo analisados quatro domínios, a saber: físico, psicológico, relações sociais e meio-ambiente. A pessoa deve circular o valor que corresponde a sua resposta e, ao concluir, deve ser feito um somatório para a estimativa da percepção da qualidade de vida dos sujeitos.

    Quanto maior for o valor encontrado, melhor será a qualidade de vida dos entrevistados. No entanto, no final do questionário de WHOQOL, a partir da questão vinte e sete acrescentamos perguntas relacionadas a hábitos alimentares, a ingestão de álcool e ao fumo que se referem com que freqüência à pessoa sentiu ou experimentou certas substâncias nas duas últimas semanas.

    Deve-se ressaltar que as questões “1” e “2” referem-se à percepção individual de qualidade de vida e saúde, estando as mesmas também escalonadas conforme a escala Lickert. As questões “3”, “4” e “26” são analisadas de forma contrária às outras questões, pois, a resposta delas serão identificadas de uma maneira em que a alternativa “1” corresponderá ao peso “5” e a alternativa “2” ao peso “4” e assim sucessivamente.

    A utilização do WHOQOL-bref neste estudo é justificada pela literatura, que mostra boa resposta do instrumento à qualidade de vida dos idosos, e pela ausência de um instrumento validado para idosos e traduzido para o português com características tão abrangentes e de simples aplicabilidade.

2.4.     Procedimentos de coleta de dados

    Para uma melhor organização, os procedimentos de coleta de dados foram divididos em etapas conforme abaixo:

  • 1º Momento – Contato com uma instituição hospitalar da cidade de Aracaju (SE), que trabalhe diretamente com o tratamento da síndrome metabólica;

  • 2º Momento – Após o primeiro contato com a instituição, definiu-se a autorização para a utilização do referido espaço para a realização da pesquisa, sendo posteriormente definida a composição da amostra;

  • 3º Momento – Aplicação do instrumento de coleta de dados às pessoas portadoras da Síndrome Metabólica.

2.5.     Procedimentos de análise de dados

    De forma a obter-se melhores resultados, os dados foram analisados a partir dos procedimentos da estatística descritiva, na forma de média e desvio padrão; associação qui-quadrado de maneira a ser verificada a associação entre percepção de qualidade de vida e nível de atividade física; sendo que em todas as análises foi utilizado nível de significância de 5% (p < 0,05).

3.     Resultados e discussão

Tabela 1. Nível de Atividade Física em Mulheres Idosas com Síndrome Metabólica

    A tabela 1 se refere aos resultados referentes a aplicação do questionário IPAQ, a partir da visualização dela observou-se que 51,65% dos sujeitos são “muito ativos”, 34,5% são “ativos”, 10,35% são “insuficientemente ativos A”, 3,5% são “insuficientemente ativo B” e nenhum dos pacientes foi classificado como “sedentário”.

    Pôde-se perceber que a maioria das mulheres portadoras da síndrome metabólica foi classificada como “muito ativas” e “ativas” em relação à atividade física e nenhuma delas foi considerada como “sedentária”. Isso mostra que a atividade física está sendo praticada e tem um papel muito importante.

    A atividade física age na melhoria da auto-estima, do autoconceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos (ASSUMPÇÃO et al, 2002).

    [...] a prática de atividade física beneficia a capacidade funcional, entendida como, o desempenho para a realização das atividades do cotidiano ou atividades da vida diária (AVD), promove também a melhora na aptidão física, a melhora na composição corporal, o aumento da capacidade aeróbia, a melhora de força e de flexibilidade (MATSUDO, 2001 apud FRANCHI E MONTENEGRO, p. 154-155).

    Nahas (2001) apresenta que a atividade física exerce papel relevante na prevenção e tratamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Vários trabalhos evidenciam uma associação inversa entre os níveis de atividade física e a incidência de DCNT. Além disso, indivíduos ativos fisicamente têm uma expectativa ampliada de anos de vida produtiva e independente, reduzindo, ainda, os gastos relativos ao controle e tratamento dessas doenças.

    A prática da atividade física tem se mostrado benéfica na redução de diversos fatores de risco, propiciando, por exemplo, melhora no metabolismo das gorduras e carboidratos, controle de peso corporal e, muitas vezes, controle de hipertensão. Essa prática contribui para diminuir os sintomas de depressão e ansiedade, estando, ainda, associada à prevenção de enfermidades, como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, osteoporose e alguns tipos de câncer. (BARETTA et al, 2007, p.1).

    O constante aumento da incidência de doenças, como cardiopatias, hipertensão, diabetes, osteoporose e obesidade, e a sua relação com a redução da prática de atividade física mostram a necessidade de estudos com o objetivo de se conhecer a quantidade de exercício recomendado para se reduzir nocivos riscos à saúde de crianças e adolescentes (MASCARENHAS et al., 2005, p. 2)

    O resultado obtido no nível de atividade física das pacientes portadoras da Síndrome Metabólica deve-se ao fato de que, a Instituição de Saúde freqüentada por elas, atende-as oferecendo atividades físicas três vezes por semana, possibilitando-lhes uma regularidade na prática de tais atividades.

    Ao analisar a tabela 2 pode-se perceber que as portadoras da síndrome metabólica possuem uma boa percepção da sua qualidade de vida, pois essa alternativa correspondeu a 69% do total das respostas, sendo importante frisar que nenhum dos sujeitos responderam ter uma percepção muito ruim ou ruim da sua qualidade de vida.

Tabela 2. Percepção individual de qualidade de vida e saúde

    Pesquisando-se sobre a qualidade de vida, nos aportes teóricos de Nahas et al. (2000), encontrou-se que ela é considerada como resultante da percepção individual e não como a caracterização das condições em que vive o ser humano. Entre os parâmetros individuais, os autores destacam a hereditariedade e o estilo de vida.

    Referindo-se ainda a tabela acima, 51,7% dos sujeitos possuem uma boa percepção de sua saúde e 34,6% consideram sua saúde nem ruim nem boa. Observando-se que a alternativa muito ruim e ruim teve apenas uma resposta cada, correspondendo cada uma a 3,4% dos sujeitos da pesquisa.

    Muitos fatores contribuem para a percepção positiva de saúde, dentre os quais a ausência de dor, a satisfação com o desempenho de atividades e com a capacidade de trabalho, dentre outros fatores.

    Em referência à saúde, o conceito da mesma se identifica com uma multiplicidade de aspectos do comportamento humano voltados ao bem-estar físico, mental, social e espiritual. Por essa concepção, não basta apenas não estar doente para se ter boas condições de saúde, é preciso apresentar evidências ou atitudes que procure afastar ao máximo os comportamentos de risco que possam precipitar o surgimento e o desenvolvimento de doenças. Comportamentos esses que se manifestam por conta de hábitos alimentares incorretos, sedentarismo, inadequado controle dos níveis de estresse repouso insuficiente, uso exagerado de bebidas alcoólicas e a presença de tabacos e drogas. (NAHAS, BARROS & OLIVEIRA, 2005).

Tabela 3. Valores descritivos para qualidade de vida em mulheres idosas portadoras de Síndrome Metabólica

    A tabela 3 está se referindo aos escores de qualidade de vida, eles são uma escala positiva (quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida), e não existem pontos de corte que determinem um escore abaixo ou acima do qual se possa avaliar a qualidade de vida como "ruim" ou "boa".

    Na tabela 3, estão presentes os domínios físico, psicológico, social e ambiental classificados pelo Whoqol-bref. A partir da visualização desta, pôde-se notar que o domínio físico (que aprecia dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; atividades da vida cotidiana; dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho); e o social (que contempla variáveis relativas às interações sociais e pessoais, suporte/apoio social e atividade sexual) obteve as maiores médias relacionadas à qualidade de vida, logo após aparece o domínio psicológico (que se refere a sentimentos positivos; pensar, aprender, memória e concentração; auto-estima; imagem corporal e aparência; sentimentos negativos; espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais), seguido do domínio meio ambiente (que abrange questões ligadas à segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais, oportunidades de adquirir novas informações e habilidades, recreação e lazer, ambiente físico e transporte), o qual obteve a menor média.

    Uma questão a ser considerada e discutida é o ambiente físico do idoso, uma vez que o domínio ambiental obteve o menor escore nessa pesquisa. Neste sentido Castellón & Pino (2003) apud Pereira et al (2006) ressaltam que os idosos com limitações em seu ambiente físico têm cinco vezes mais chances de sofrer depressão, e, de acordo Pereira et al, 2006 a moradia e o ambiente físico adequados têm influência positiva na qualidade de vida do idoso.

    Os idosos que vivem em ambientes inseguros são menos propensos a saírem sozinhos e, portanto, estão mais susceptíveis ao isolamento e à depressão, bem como a ter mais problemas de mobilidade e pior estado físico, o que vem a influenciar a qualidade de vida. (PEREIRA et al, 2006, p. 34).

    Apesar da obtenção de diferentes resultados em alguns domínios, nota-se que todos apresentaram valores altos na sua média. Isso se deve ao fato de que, conforme Conte e Lopes 2005, os idosos avaliam mais positivamente sua qualidade de vida que as pessoas mais jovens. E de acordo com Néri (2001) apud Conte e Lopes (2005), os idosos apresentam nível de aspiração mais baixo do que os mais jovens, porque estão preparados a não esperar muito da vida, eles ajustam suas metas aos seus recursos e competências e, assim, esperam menos realizações e prazer que os mais jovens.

    Os resultados obtidos sugerem uma avaliação positiva para a Qualidade de Vida Geral e para os domínios Físico e Social (maior escores médios entre os domínios), e Psicológico, e uma avaliação intermediária para o domínio Meio Ambiente (menor escore médio entre os domínios).

Tabela 4. Comportamento Preventivo (Fumo, Bebidas Alcoólicas e Cuidados Nutricionais)

    A tabela 4 corresponde aos resultados referentes ao comportamento preventivo (fumo, bebidas alcoólicas e cuidados nutricionais) das portadoras da síndrome metabólica. Sobre o Fumo, 100% das pacientes responderam que nunca fumaram, sendo a única alternativa respondida.

    Referindo-se ao álcool, 75,8% dos sujeitos pesquisados nunca ingeriram bebidas alcoólicas e 24,2% afirmaram algumas vezes ter consumido tais bebidas.

    Em relação aos cuidados nutricionais, 58,6% dos sujeitos responderam sempre se alimentarem três ou quatro vezes por dia, incluindo frutas e verduras em suas refeições. As alternativas “muito freqüentemente” obtiveram 17,2%, “freqüentemente” 13,8% e “algumas vezes” 10,4% tiveram resultados próximos, sem muitas diferenças significativas, sendo que nenhum dos sujeitos respondeu nunca apresentar tais cuidados nutricionais.

    Assim como a atividade física, o comportamento preventivo também é fator essencial para se obter uma boa qualidade de vida. Conforme Silva e Souza (2004), fumar e beber muito são fatores que repercutem no surgimento de doenças dos pulmões, coração e circulação, câncer, acidentes automobilísticos e acidentes domésticos. A droga é capaz de levar a dependência que pode gerar deterioração física e mental da pessoa.

    O estudo de Fisberg (2000) apud Silva & Souza (2004) afirma que a maior abundância de alimentos altamente calóricos aliados a uma exigência social cada vez maior pela magreza e pela busca do corpo perfeito pode gerar problemas psíquicos e emocionais que se refletem em graves distúrbios alimentares, os quais não apenas comprometem a qualidade de vida, mas, principalmente, a saúde das pessoas.

    Considerando ainda o autor citado acima, identificou-se que alimentação baseada em grandes quantidades de alimentos industrializados, maior acesso aos confortos propiciados pela tecnologia (elevadores, carros, controles remotos, entre outros), trabalho num ritmo alucinante, são fenômenos típicos dos processos de industrialização e urbanização e hábitos da modernidade que vêm gerando brasileiros mais gordos, inativos e estressados do que nunca (FISBERG, 2000 apud SILVA & SOUZA, 2004).

4.     Conclusão

    Diante dos resultados obtidos no estudo e considerando as suas limitações, as seguintes conclusões foram formuladas:

    Os resultados foram muito bons, mesmo tendo como sujeito da pesquisa as mulheres idosas portadoras da síndrome metabólica. Essas mulheres mesmo possuindo essa doença, elas praticam atividades físicas e tem uma boa percepção da qualidade de vida, até porque o local onde foi feita a pesquisa tem a função de oferecer atividade física e palestras de relacionadas a qualidade de vida e a própria doença.

    Referindo-se a percepção da qualidade de vida e da saúde observou-se que grandes partes das mulheres idosas portadoras da Síndrome Metabólica classificaram-nas como boa, ou seja, mostraram-se satisfeitas. Perceber uma boa qualidade de vida e saúde significa se preocupar em se sentir e estar bem com a sua vida.

    Sobre os valores descritivos da qualidade de vida que se refere aos domínios físico, psicológico, social e meio ambiente, observou-se que o domínio físico e o social obtiveram maiores valores e o domínio meio ambiente deteve o menor valor, no entanto todos os domínios tiveram altas médias, demonstrando assim que a qualidade de vida dos sujeitos pesquisados encontra-se em um bom nível.

    Dessa maneira para alcançar uma boa qualidade de vida faz-se necessário a união de todos os domínios, buscando hábitos saudáveis, como: cuidados com o corpo, com a sua auto-estima, cultivando bons relacionamentos e procurando viver em um ambiente favorável para uma vida digna.

    Em relação às questões do comportamento preventivo, notou-se que os indivíduos da pesquisa preocupam-se em não fumar, evitar ingerir bebidas alcoólicas, e cultivar bons hábitos alimentares para dessa forma obter um estilo de vida saudável, impedindo que a síndrome acometida por eles se agrave, e para que haja uma possível melhora no quadro clínico da doença.

    Enfim, para a aquisição de um estilo de vida saudável, serão necessários programas de saúde, que envolvam vários setores da sociedade civil e órgãos governamentais, atuando através de clínicas, hospitais, universidades, e até mesmo através da televisão, que objetive concretamente educar crianças, adolescentes, adultos e idosos a perceberem a importância de se ter um estilo de vida positivo em relação à saúde.

Referências

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