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Hipertensão arterial: uma realidade a ser enfrentada

Hipertensión arterial: una realidad a enfrentar

Hypertension: a reality to be faced

 

*Enfermeira. Graduada e pós-graduanda

da Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES

**Enfermeira. Professora Mestre do Curso de Enfermagem da UNIMONTES

*** Odontólogo. Professor Mestre do Curso de Odontologia

das Faculdades Unidas do Norte de Minas Gerais – FUNORTE

Liliane Marta Mendes de Oliveira*

Aurelina Gomes e Martins**

Daniel Antunes Freitas***

danielmestradounincor@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A hipertensão arterial é uma doença que preocupa o mundo todo. Os profissionais de saúde precisam estar unidos no combate a esta enfermidade. Este trabalho apresenta uma revisão de literatura sobre o tema.

          Unitermos: Hipertensão. Educação em saúde. Enfermagem em saúde Pública. Adesão à medicação.

 

Abstract

          Hypertension is a disease that worries the world. Health professionals need to be united in fighting this disease. This paper presents a literature review on the subject.

          Keywords: Hypertension. Health education. Public health nursing. Adherence to medication.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006, p.14) define a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) como “pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva”.

    Esta doença é do tipo crônica, não transmissível, de natureza multifatorial, na maioria dos casos assintomática e compromete fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores, por estarem associados a alterações hormonais e, no metabolismo, a fenômenos tróficos. Isso leva a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de provocar danos aos órgãos por eles irrigados, como coração, rins, retina, cérebro, que podem levar o indivíduo à dependência física ou até a morte (BRASIL, 2001; CADE, 2001; SANTOS; LIMA, 2008; CHAVES et al, 2006).

    Pode ser divida em dois tipos: essencial e secundária. O primeiro tipo constitui a maioria dos casos de hipertensão arterial, visto que não apresenta uma causa aparente facilmente identificável. Já uma pequena proporção dos casos de hipertensão arterial é devida a causas muito bem estabelecidas, que precisam ser devidamente diagnosticadas, uma vez que, com a remoção do agente etiológico, é possível controlar ou curar a hipertensão arterial. É a chamada hipertensão secundária (BRASIL, 2006).

    Corroborando Trentini, Tomasi e Polak (1996) afirmam que na maioria dos casos, a hipertensão arterial não se manifesta por sintomas claros e, por isso, pode ocorrer hipertensão sem ser percebida e, neste caso, quando diagnosticada, pode haver comprometimento de órgãos vitais do organismo. Dentro deste contexto, como trazem Chaves et al. (2006), a hipertensão arterial representa uma das situações clínicas que atingem o aparelho circulatório, e também, é um dos principais fatores de risco para outras doenças como as cerebrovasculares, as vasculares, as isquêmicas do coração e a diabetes mellitus, contribuindo para elevar os índices de morbidade e mortalidade.

    Na atualidade, a hipertensão arterial constitui-se numa das afecções mais comuns e que atinge um grande número de pessoas, podendo resultar em graves complicações, se não for tratada e controlada, por isso se evidencia que a mesma é um grande problema de saúde pública, e que merece especial relevância em todos os níveis de atenção à saúde (XIMENES-NETO; MELO, 2005).

    A hipertensão arterial está associada à presença de diversos fatores de risco, como hereditariedade, sedentarismo, tabagismo, etilismo, ingestão elevada de sal e obesidade (CHAVES et al., 2006). Além desses fatores, há existência de correlação entre os níveis de PA com a idade, a freqüência cardíaca, a glicose, a dieta com excesso de ácidos graxos, o sexo, a cor do indivíduo, a história familiar (MONTEIRO; FARIAS; ALVES, 2009; ROUQUAYROL; FILHO, 2003).

    Trentini, Tomasi e Polak (1996) e Prata (1994) afirmam que a saúde, a doença e a morte, além de fatores biológicos estão relacionados a fatores socioeconômicos, culturais, ambientais e subjetivos. Segundo os mesmos a economia política atual da saúde evidencia existência de desigualdade no exercício da cidadania e principalmente no direito à saúde; portanto os indivíduos e grupos sociais estão desigualmente expostos a fatores de risco e prevenção. Eliminar fatores de risco é o que os profissionais da saúde tem tentado fazer, “no entanto isto não é tão simples como parece à primeira vista pois implica, antes de tudo, a vontade de a população e as instituições governamentais e privadas eliminarem e/ou diminuírem a intensidade dos riscos, porque, para haver mudanças, é necessário, a consciência da situação”.

    As modificações no estilo de vida são fundamentais para o sucesso do tratamento da hipertensão arterial, pois, a remoção de fatores de risco, através de hábitos e estilo de vida saudável, ajuda na manutenção dos níveis pressóricos dentro dos limites de normalidade. (XIMENES-NETO; MELO, 2005; CHAVES et al., 2006).

    Dessa forma, apresentam-se neste artigo informações valiosas sobre a hipertensão arterial; buscando, assim, chamar atenção dos profissionais de Saúde para este relevante tema.

Revisão da literatura

Histórico

    Segundo Wendhausen e Rebello (2004, p. 243) “A Hipertensão Arterial (HA) é considerada hoje um agravo de grande magnitude econômica e social”.

    Mas, nem sempre foi assim. Até o final dos anos 1940 pouco se conhecia sobre a epidemiologia da HAS e não havia critérios padronizados e amplamente divulgados para sua definição; a partir de 1970, começou o interesse pela HAS como problema de saúde pública, quando já eram claros os indícios de sua relação com óbitos por doenças cardiovasculares (LESSA, 1993, apud ARAÚJO; GARCIA, 2001). Essa preocupação com a hipertensão arterial, dita essencial, ocorreu a partir da década de 50 e foi realmente devido a sua associação ao risco de mortalidade por doenças cardiovasculares. Dessa forma, a HAS foi identificada como um problema de saúde (CAR; EGRY, 1996).

    Desde então, ela tem recebido atenções de vários níveis. A indústria farmacêutica, com o seu crescimento no pós-guerra, passou a investir no desenvolvimento de vários medicamentos, dentre eles, os anti-hipertensivos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu programas oficiais (1978; 1982; 1983; 1986), no intuito de orientar as intervenções de saúde junto aos indivíduos e à comunidade, para a prevenção e controle dos agravos cardiovasculares. No Brasil, o Ministério da Saúde apresentou, em 1983, o documento intitulado "Guia para Controle da Hipertensão Arterial", com a finalidade de subsidiar ações assistenciais junto ao indivíduo hipertenso, em todos os serviços de saúde. Tanto esse Documento, quanto o das "Normas Técnicas para o Programa de Educação e Controle da Hipertensão Arterial", de 1988, mostram evidências de estarem assentados no referencial teórico da concepção multicausal da doença (CAR; EGRY, 1996).

Hipertensão arterial e suas definições

    Os limites de pressão arterial considerados normais são arbitrários (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). De acordo com Brasil (2006) os valores que classificam os indivíduos acima de 18 anos são: <120/<80 mmHg (Normal), 120-139/80-89 mmHg (Pré-hipertensão), 140-159/90-99 mmHg (Estágio 1), ≥160/≥100 mmHg (Estágio 2).

Hipertensão arterial e efeito do avental branco

    Segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010),“O efeito do avental branco (EAB) é a diferença de pressão obtida entre a medida conseguida no consultório e fora dele, desde que essa diferença seja igual ou superior a 20 mmHg na pressão sistólica e∕ou de 10 mmHg na pressão diastólica”. O EAB tem componente familiar (mais freqüente em brancos, mulheres, idosos, pacientes com sobrepeso e obesos), é mais comum em normotensos que em hipertensos e em pacientes hipertensos não-tratados que nos tratados. A sua prevalência na população adulta varia entre 18% a 60% (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010).

Fatores de risco

Idade

    A idade relaciona-se diretamente com a hipertensão arterial de modo que a prevalência desta eleva com o aumento da idade (FUCHS e cols., 1994; PASSOS; ASSIS; BARRETO, 2006; V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006, apud VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2010) estimando-se que seja em torno de 3% entre 18 e 24 anos, de 13% entre 35 e 44 anos, e em torno de 70% acima dos 75 anos. Observa-se aumento tanto na pressão arterial sistólica quanto diastólica com a idade, porém a pressão diastólica alcança um platô ou mesmo decresce nas faixas etárias mais avançadas (YAN et al., 2003 apud ALVES, 2004).

Gênero

    As estimativas de hipertensão apresentam variações em função de diferentes critérios de classificação e instrumentos de medida utilizados. Porém, em sua maioria a prevalência ocorre na mulher, pois, em geral, ela se expõe a situações especiais que por si só contribuem para o surgimento de HAS - o uso de contraceptivo oral, a gestação e a própria menopausa, como exemplos (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). Comprovando, Aquino (1996), numa revisão de estudos brasileiros de prevalência de hipertensão arterial, de base populacional, no período entre 1980 e 1994, constatou maior prevalência em mulheres em 13, de um total de 24 estudos, com variação entre 8,9% e 32,0%. Outros estudos de prevalência de hipertensão arterial, realizados no Brasil, compreendendo o período entre 1995 – 2003, apontaram resultados semelhantes (FRASIER, 2000 apud ALVES, 2004). A pressão arterial das mulheres mais jovens (até os 50 anos) tende a ser mais baixa que a dos homens. Após essa idade, a situação é invertida: hipertensão arterial torna mais freqüente em mulheres (LESSA, 2001; CESARINO e cols., 2008).

    Estudos feitos no Brasil, com abordagem concomitante de gênero e cor, mostraram predomínio de mulheres negras com excesso de HAS de até 130% em relação às brancas (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010).

Etnia

    Nos negros, a prevalência e a gravidade da hipertensão tendem a ser maiores, o que pode estar relacionado a fatores étnicos, genéticos (sensibilidade aumentada ao sal), ambientais (tais como a obesidade, a baixa ingestão de potássio e a alta ingestão de sal) e também por fatores sócio-econômicos (tais como, a escolaridade, a renda e o local de moradia). Além disso, nesse grupo, o desenvolvimento de hipertensão arterial ocorre de forma mais precoce e grave em comparação ao restante da população (ALVES, 2004 apud FRASIER, 2000; BRASIL, 2006).

    O uso de terapia não-medicamentosa tem apresentado melhores resultados em afrodescendentes do que em brancos (BRASIL, 2006; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO).

Excesso de peso e obesidade

    A obesidade, em especial a obesidade central, é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial desde idades jovens (LOBATO e cols., 2009; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). As conseqüências da obesidade são várias: as alterações metabólicas, a hipertensão arterial e o desfecho dessa associação que são as doenças cardiovasculares. A associação entre obesidade e hipertensão arterial, inicialmente atribuída a fatores hemodinâmicos atualmente, é considerada muito mais complexa e envolve vários fatores, entre eles a resistência à insulina, a disfunção endotelial, o 31 acúmulo de tecido adiposo branco, a ativação aumentada do sistema renina-angiotensina-aldosterona e do sistema nervoso simpático, ao lado do sistema endocanabinoide (FERREIRA; SARNO 2009; CARNEIRO e cols., 2003; LOBATO e cols., 2009).

    Feijão et al (2005), em seus estudos, concluíram que em uma população urbana de baixa renda, a massa corporal é um importante determinante da elevação da pressão arterial, tanto porque os dois fatores estão fortemente associados, como também pela elevada prevalência de indivíduos com excesso de peso. Segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010), a redução do peso corporal contribui para o controle da PA de forma consistente e significativa, podendo, segundo estudos provocar a diminuição da média da PA em 6,3/3,4 mmHg.

Ingestão de álcool

    Um grande número de investigações experimentais, clínicas e epidemiológicas mostraram a relação entre o alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da pressão arterial, principalmente da pressão sistólica, independente das características demográficas (BRASIL, 2006; MOREIRA, 2005; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). O etanol está, em si, associado a efeitos adversos sobre o coração e os vasos sanguíneos e em indivíduos com ascendência africana mostrou-se um fator de risco para doença arterial coronária (FUCHS, 2006). Esse efeito nocivo do etanol sobre o sistema cardiovascular reforça a interpretação de que o efeito benéfico decorrente do consumo de bebidas alcoólicas, particularmente vinho, pode se dever mais ao estilo de vida dos consumidores do que a um efeito intrínseco da bebida (MOREIRA, 2005).

Tabagismo

    A Hipertensão Arterial Sistêmica quando associada ao tabagismo aumenta o risco de doenças cardiovasculares (KÖHLER e cols., 2008). A nicotina presente no cigarro causa a diminuição do volume interno das artérias, provocando endurecimento ou arteriosclerose, além da aceleração da freqüência cardíaca e, conseqüentemente, a hipertensão (SMELTZER; BARE, 2002).

    O risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da inalação e parece ser maior em mulheres do que em homens. Em avaliação por MAPA, a PA sistólica de hipertensos fumantes foi significativamente mais elevada do que em não-fumantes, mostrando o importante efeito hipertensivo transitório do fumo. Dessa forma, os hipertensos que fumam devem ser incansavelmente estimulados a abandonar esse hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas de suporte específicas (BRASIL, 2006).

Ingestão de sal

    Existem inúmeros estudos demonstrando o impacto do consumo de sal sobre a pressão arterial e o resultado da restrição salina no melhor controle da hipertensão. Um estudo marcante nesse sentido, realizado nos Estados Unidos, foi o que envolveu a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) com diferentes valores de sal. Esse estudo demonstrou claramente a importância da redução do sal na melhora do controle da pressão arterial de pacientes hipertensos. Nota-se, em geral, uma resposta maior da pressão arterial, em relação ao sal, em pacientes hipertensos de raça negra (que mais comumente evoluem com hipertensão de difícil controle), indivíduos de meia-idade e idosos, pacientes com hipertensão e diabetes ou com função renal comprometida (BRASIL, 2006; LOPES; GIL, 2008).

    Apesar da existência na literatura de um grande número de estudos relacionados ao consumo de sal pelo hipertenso, ainda não está muito bem estabelecido qual o limite de sal a ser consumido diariamente por esses pacientes. Sabe-se que a restrição extrema tem impacto negativo no organismo e o consumo excessivo também. Tudo indica que o consumo moderado é o ideal (LOPES; GIL, 2008; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). Em termos numéricos isso significa 100 mEq/dia (2,3 g/dia), segundo Lopes e Gil (2008) ou <2,4 g/dia (equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), de acordo Brasil (2006).

Sedentarismo

    Sabe-se que a atividade física pode ajudar a reduzir o risco de doença arterial coronária e de acidentes vasculares e, também, no tratamento da HAS por meio do controle do peso e pela promoção da saúde. Apesar de o sedentarismo ainda não ter sido estratificado nacionalmente, há algum tempo vem sendo mencionado por diversos autores como um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. Indivíduos sedentários apresentam risco 30% maior de desenvolver HAS que os ativos (ZORTÉA; TARTARI, 2009; LOBO e cols., 2010).

    Os exercícios aeróbicos são mais efetivos em reduzir os níveis de pressão arterial em hipertensos, pois durante sua execução, apenas a pressão arterial sistólica aumenta. Seus benefícios estão relacionados à melhora do desempenho metabólico muscular, redução da disfunção endotelial, melhora das anormalidades neuro-hormonais e redução da resistência à insulina, que culminam na redução da resistência vascular sistêmica, promovendo efeitos favoráveis concomitantes nos fatores de risco cardiovascular. Por outro lado, se ocorrer a resposta exacerbada da pressão arterial durante o exercício aeróbio progressivo isso pode ser utilizado para avaliar o risco futuro de os normotensos se tornarem hipertensos e de hipertensos terem complicações clínicas (FORJAZ e cols., 2006; BATTAGIN e cols., 2010).

    A recomendação da atividade física baseia-se na freqüência, duração, intensidade e modo de realização. Aos hipertensos é recomendado o tempo de pelo menos 30 minutos, de intensidade moderada, na maior parte dos dias da semana de forma contínua ou acumulada. É indicado, também, incorporar o exercício físico nas atividades rotineiras por pelo menos 150 minutos/semana (caminhar, subir escadas, realizar atividades domésticas dentro e fora de casa, optar pelo transporte ativo nas funções diárias) (BRASIL, 2006).

    Indivíduos com propensão para desenvolvimento de HA – como filhos de hipertensos, obesos, normotensos hiper-reativos, entre outros – devem ser estimulados a praticar atividades físicas regularmente (LOBO e cols., 2010).

Genética

    A pressão arterial é influenciada por fatores ambientais e genéticos e pela interação desses fatores e, por isso, a HAS é considerada uma doença complexa e multifatorial (GIL, 2009; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). Fermino et al. (2009) afirmam que Fuentes e cols. (2000) verificaram que, quando um progenitor é hipertenso, o descendente possui até ≈ 3,5 vezes mais chances de desenvolver HA quando comparado com um descendente cujos pais são normotensos.Os dados já existentes desses estudos mostram a possibilidade de previsão, por meio de testes 36 pressóricos e em estágio precoce da vida (crianças e adolescentes), dos indivíduos que apresentam predisposição à HA na vida adulta (CAVALCANTI e cols., 1997; ROCHA et al., 2002; FERMINO et al., 2009).

Stress

    Dentre as causas ambientais para a hipertensão, o estresse tem ganhado importância nas últimas duas décadas. Acredita-se que a exposição crônica de indivíduos, já suscetíveis, ao estresse possa ser responsabilizada por aumentos pressóricos persistentes e significativos, conduzindo ao quadro hipertensivo (ROCHA et al., 2002).

    Uma das principais fontes de alguns estados emocionais como raiva, ansiedade e irritação seria a interação com outras pessoas. Mas, também, a preocupação social, econômica e familiar são fatores que elevam as cifras tensionais, merecendo atenção por parte dos profissionais da saúde no momento de se planejar qualquer atendimento que vá ao encontro das necessidades da população (PÉRES et al., 2003; ALVES, 2004).

    A mudança no estilo de vida, como, por exemplo, do hábito alimentar pode levar, também, ao isolamento social em função dos indivíduos deixarem de ir a festas e reuniões para evitar ingerir alimentos inadequados. Assim, a condição crônica de saúde pode levar a diversas perdas nos relacionamentos sociais, nas atividades de lazer e de prazer (beber, fumar e comer), perdas financeiras e na capacidade física. Todas essas perdas podem levar ao desânimo, tristeza e depressão, sendo um agravante no momento de mudar um hábito ou um estilo de vida, e, conseqüentemente, gera dificuldade no controle da HAS (PÉRES et al., 2003; ALVES, 2004).

Conclusão

    O mundo moderno exige uma ampla gama de conhecimentos aos profissionais de saúde. A hipertensão arterial é um fenômeno mundial que aponta um longo e urgente processo de trabalho das políticas públicas de saúde. Através da prevenção e da atuação constante é possível realizar o enfrentamento desta questão.

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