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A cultura esportiva escolar: a ponte entre universidade e escola

La cultura deportiva escolar: un puente entre la universidad y la escuela

 

*Especializanda do Centro de Educação Física e Desportos

da Universidade Federal de Santa Maria

**Professor Doutor do Centro de Educação Física e Desportos

da Universidade Federal de Santa Maria

Roberta Bevilaqua de Quadros*

Rosalvo Luiz Sawitzki**

robertabevilaqua@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O artigo visa mostrar o trabalho realizado pelos acadêmicos da Universidade Federal de Santa Maria do Curso de Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos no que se refere à prática da iniciação esportiva no universo escolar. O Subprojeto “Cultura Esportiva da Escola” desenvolve-se de forma complementar as aulas curriculares da disciplina de Educação Física, no qual os alunos são convidados a participar de diferentes atividades. Constatou-se que, com a intervenção dos acadêmicos na prática de atividades físicas, houve um grande crescimento e maior envolvimento dos alunos na escola, através de uma atuação efetiva na área de educação física. Com relação atuação pedagógica, evidenciou-se troca de experiência positiva, tanto para os bolsistas, como para os professores das turmas envolvidas.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Cultura esportiva. Docência.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os projetos de extensão que a Universidade proporciona são de importante valor ao nosso conhecimento e experiência acadêmica. A relação entre Universidade e escola é uma ponte de ligação para a formação inicial, continuada e para a comunidade escolar, isso porque, a prática realmente nos faz entender realmente o que estamos aprendendo e o que deveremos nos aprofundar mais nos conhecimentos específicos da área.

    O Subprojeto “Cultura Esportiva da Escola” desenvolve-se de forma complementar as aulas curriculares da disciplina de Educação Física, no qual os alunos são convidados a participar de diferentes atividades planejadas em conjunto com a professora regente. Os acadêmicos educadores em formação são bolsistas do Programa Institucional à Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UFSM/ME do Ministério da Educação - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.

    Os acadêmicos, bolsistas do projeto, estão subsidiados por toda uma rede de apoio constituída pelos professores do curso de graduação de Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria, por professores supervisores da escola, orientador do subprojeto, alunos da escola, comunidade escolar e o suporte de equipamentos e materiais previstos, estimulando-os a desenvolver estratégias pedagógicas educacionais diretamente no campo de intervenção.

    O Subprojeto “Cultura Esportiva da Escola” tem em sua essência privilegiar a participação do coletivo em suas ações através da realização semanal de estudos com o objetivo de dialogar com os diferentes atores, bem como com os outros subprojetos que de forma interdisciplinar buscarão resgatar o sentido e significado com vários espaços da cultura esportiva escolar e seu entorno.

A cultura esportiva escolar

    Segundo Darido e Rangel (2005) a Educação Física deixou de ser “atividade” (de acordo com a LDB 5.692/71) e tornou-se componente curricular obrigatório na Educação Básica, para ser integrado à proposta pedagógica da escola (acordo com a LDB 9.394/96). A Educação Física como componente curricular tem como objeto de estudo os conhecimentos nos esportes, jogos, ginástica, lutas, danças, conhecimento sobre o corpo, entre outros; ao contrário do que quando era considerada “atividade” que sem conhecimento era oferecido para os alunos, um fazer por fazer.

    Betti e Zuliani (2002, p. 75) citam que o dever da Educação Física, como componente curricular da Educação Básica, é assumir a função de:

    (...) introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física, em benefício da qualidade de vida. “A integração que possibilitará o usufruto da cultura corporal de movimento há de ser plena – é afetiva, social, cognitiva e motora. Vale dizer, é a integração de sua personalidade”.

    Segundo as Lições do Rio Grande (2010) “A Educação Física busca fazer os alunos conhecerem e apreciarem a plura­lidade das práticas corporais sistematizadas, compreendendo suas características e a di­versidade de significados a elas atribuídos”.

    De acordo com Kunz (2006), o esporte é definido como prática social de origem histórico-cultural que necessita ser interrogada como conteúdo pedagógico em relação às “suas normas, sua condição frente à realidade social e cultural da comunidade e do contexto de quem o pratica, cria e recria”. Com este conhecimento o aluno deverá compreender que a prática esportiva deve ter valores e normas que garantem o direito à prática do esporte. O mesmo autor refere-se que uma das questões metodológicas para o ensino dos esportes é que o aluno obtenha conhecimento para criticar e compreender o esporte em relação a seus valores e normas sociais e culturais.

    Segundo Teodorescu, 1984 (apud Oliveira e Paes, 2004), os jogos esportivos coletivos são constituídos por várias modalidades esportivas - voleibol, futsal, futebol, handebol, pólo aquático, basquetebol - entre outros e, praticados por crianças e jovens desde a origem por diferentes povos. Sendo que sua evolução é permanente, evidenciando a competição e o cumprimento de regras e também pela relevância dos jogos esportivos coletivos para a cooperação, convivência, participação e inclusão de crianças e adolescentes.

    Kunz (2006) cita que a Educação Física visa que seu ensino não seja apenas o desenvolvimento das ações do esporte, e sim, propiciar que os alunos tenham o entendimento crítico das várias formas da representação esportiva, juntamente com seus problemas ligados ao contexto sociopolítico.

    O mesmo autor fala que o ensino dos esportes aos alunos deve provocar a autodeterminação, sendo que as interações de alunos-alunos, alunos-professor e professor-aluno aconteçam de forma com a participação da comunicação, a linguagem. Essas interações com a linguagem facilitam a fala, gestos, imitações, entre outros, tanto corporalmente como verbalmente.

    A prática esportiva é um processo consciente dos sujeitos sobre a realidade esportiva, onde o foco do ensino é o educando capaz de decifrar o mundo que o cerca. A perspectiva de transformação tem como fonte de informação o conhecimento funcional da natureza do homem e como fonte de normas um amplo processo de negociação com as crianças, partindo de seus interesses, necessidades e motivações. O professor neste processo é visto como um facilitador e orientador das atividades, preocupado em estimular uma participação maior e mais consciente dos alunos em todos os níveis.

    Canfield (1996) cita que aprendemos a ensinar, com planejamento, reflexão antes, durante e após as ações, tendo a oportunidade de aplicar tudo o que estamos aprendendo durante o curso da graduação. Só planejando é que conduziremos nosso trabalho de acordo com o contexto em que ele se insere, conforme sua diversidade, com alunos singulares, inseridos em uma particular comunidade, num determinado tempo.

Como aconteceu o estudo

    O subprojeto aconteceu de forma explícita em diferentes momentos, como: primeiro momento - sondagem e diagnóstico situacional, onde foi realizado um levantamento de informações sobre a realidade escolar, em um período três turnos semanais durante um mês. Estas sondagens ocorreram nas aulas de Educação Física das séries finais do Ensino Fundamental tendo em vista observar o comportamento dos alunos e o nível de capacidades e habilidades motoras, nos quais abrange a ação que estavam vivenciando, os conhecimentos procedimentais, conceituais e atitudinais; do ambiente físico. Estas observações foram registradas para serem estudadas para uma nova intervenção.

    O segundo momento - houve uma discussão dentro do coletivo dos envolvidos no subprojeto sobre, as variáveis de observação das práticas esportivo-formativas da escola, do andamento do semestre na escola e seu funcionamento havendo o debate do projeto político pedagógico da escola e do plano de estudo da educação física das séries finais.

    O terceiro momento - aplicação de um programa de práticas esportivo-formativas. A partir desse momento os acadêmicos atuam diretamente em diferentes frentes: futsal, voleibol, ginástica, dança, entre outros componentes essenciais. Juntamente com a participação nos eventos realizados pela escola e elaboração de atividades em datas especiais.

    Quarto momento - avaliação ocorre no grupo de estudos que é realizado semanalmente, o debate é perante a aplicação das atividades realizadas pelo grupo de intervenção subsidiados pela professora - orientadora de Educação Física da escola e pelo coordenador do subprojeto. As discussões são feitas, para a percepção de novas aplicações e planejamentos das aulas, assim, detectamos a importância de estender o subprojeto nas séries iniciais.

A experiência da prática esportiva no contexto escolar

    O diagnóstico inicial realizado na escola para a observação das turmas a serem trabalhadas posteriormente englobou vários itens como: ação que os alunos estão vivenciando, os conhecimentos procedimentais (saber fazer, praticar), os conhecimentos conceituais sobre a ação (saber falar, conhecer), os conhecimentos atitudinais (saber ser), as atitudes de jogadores com (colegas e adversários) relações afetivas antes/durante e após a realização do jogo, as atitudes dos jogadores com os/as colegas (passar; dividir tempos; ajudas; respeito às regras e ao concordado) e as observações de situações peculiares. Estas observações ajudaram os acadêmicos a perceberem o nível de desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social que se encontravam os alunos.

    Segundo Kunz (2006) o professor, tendo em vista dos esportes que pretende ensinar, deve analisar o conhecimento, as influências sobre as todas as modalidades que possuem os alunos, juntamente com os locais e os materiais que a escola disponibiliza. Na forma prática do esporte, deve haver um trabalho conjunto entre professor e aluno, salientando a importância de desenvolver a intenção de agir pelo esporte, e também que os alunos aprendem e compreendem a melhor maneira que o esporte tradicional tem e poderá ter para o seu contexto.

    Foi construído um laboratório de prática de docência escolar supervisionada com os acadêmicos de graduação em Educação Física nos diferentes semestres (4º, 6º, 7º e 8º), alunos, professores, equipes diretivas, funcionários e comunidade escolar para problematizar, discutir e reconstruir a cultura esportiva no universo escolar.

    Possuímos o grupo de estudos semanais na escola e na Universidade para a reflexão, problematização, discussão, desconstrução e reconstrução de formas de alternativas do desenvolvimento das práticas na escola. Realizando reuniões com as professores das séries iniciais para atingir objetivos específicos.

    Com o desenvolvimento das atividades ampliamos as turmas das atividades complementares para as séries iniciais, realizamos atividades em datas especiais, participação em eventos na escola, participação da dança na Educação Fiscal.

    Cada vez mais, pensamos na qualificação das atividades para melhorar a presença dos alunos nas diversas ações educativas desenvolvidas pelo subprojeto. Assim, proporcionando entre os alunos um relacionamento afetivo e social nas diversas ações educativas desenvolvidas na escola.

    Realizamos vários eventos esportivos na escola como: torneio para pais (evento do Dia dos Pais), torneio de futsal para a turma masculina das séries finais, torneio de vôlei para a turma feminina das séries finais. Eventos recreativos como a gincana para as séries iniciais na semana da criança, eventos culturais como a quadrilha e o casamento caipira na festa junina, e a participação dos acadêmicos no desfile da semana da pátria.

    Integração dos acadêmicos das diferentes ações do subprojeto ao Político pedagógico e ao Plano de Estudos do componente curricular da Educação Física, principalmente no que tange os conteúdos para as séries iniciais objetivando a relação com as temáticas dos conteúdos desenvolvidos pelos professores.

Considerações finais

    Constatou-se que, com a intervenção dos bolsistas do PIBID na prática de atividades físicas, houve um grande crescimento e maior envolvimento dos alunos na escola, através de uma atuação efetiva na área de educação física. A partir do diagnóstico inicial evidenciaram-se as necessidades e problemáticas locais, onde foram planejados instrumentos pedagógicos aptos para sanar essas dificuldades, com evidente desenvolvimento no processo ensino e aprendizagem.

    Cabe salientar, que além do crescimento pedagógico evidenciado, o Projeto PIBID conseguiu conquistar o respeito e reconhecimento do trabalho desenvolvido durante o ano letivo de 2010, frente à comunidade escolar, pela direção, professores, alunos, funcionários e pais. Com isso, o PIBID representa, hoje, algo que veio acrescentar ao projeto Político Pedagógico da Escola, que evidencia a interação da UFSM e a Escola, em que o planejamento é feito conforme as necessidades e possibilidades de cada ente envolvido.

Referências

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