efdeportes.com

A avaliação em Educação Física no ensino fundamental 

séries finais da rede pública no município de Mamborê, PR

La evaluación en Educación Física en los niveles superiores de la enseñanza básica de las escuelas públicas del municipio de Mambore, PR

 

*Especialista em Educação Física Escolar

Docente do curso de Educação Física da Faculdade Integrado de Campo Mourão

**Mestranda em Educação Física do Programa de pós-graduação associado UEM/UEL

Docente do curso de Educação Física da Faculdade Integrado de Campo Mourão

Luciany Mydlo Sardi*

Alissianny Haman Fogagnoli**

lumsardi@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A avaliação é um ato essencial no processo ensino aprendizagem, e a mesma serve para analisar a prática docente, e também para corrigir e repensar as situações de ensino aprendizagem. Com esta pesquisa buscou investigar como ocorre o processo de avaliação na disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental séries finais da rede pública estadual do município de Mamborê – PR no ano de 2009. Para isso foi elaborado um questionário com questões abertas e fechadas o qual foi aplicado a quatro docentes de Educação Física atuantes no Ensino Fundamental séries finais, sendo esta pesquisa do tipo descritiva com natureza qualitativa, tendo por objetivos identificar, verificar e averiguar quais os critérios, tipos e modelos de avaliação os professores utilizam em suas aulas. Diante dos resultados obtidos notamos que a avaliação apesar de ser uma prática realizada freqüentemente nas aulas, ainda é um assunto que necessita de maiores discussões entre os professores, devido a confusão que os mesmos fizeram diante de algumas questões. Com esta pesquisa pode-se observar o quanto o tema avaliação é complexo, e merece maior aprofundamento dos professores atuantes na área da Educação Física escolar.

          Unitermos: Avaliação. Educação Física escolar. Aprendizagem escolar.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    É comum perceber as inquietações de professores, não só de Educação Física como também de outras disciplinas, que vêem a avaliação como o simples ato de atribuir uma nota ou média aos alunos, se esquecendo muitas vezes do processo ensino-aprendizagem e do conhecimento do aluno.

    A avaliação em Educação Física é alvo de muitas discussões, muitos professores não sabem ao certo como deve ocorrer o processo avaliativo na Educação Física.

    Diante disso, esta pesquisa tem como foco principal investigar o processo de avaliação na disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental séries finais da rede pública estadual do município de Mamborê – PR no ano de 2009?, verificando como o mesmo ocorre.

    Assim, este estudo objetiva identificar os critérios que os professores utilizam para avaliar seus alunos, verificar se o que está sendo avaliado é o sujeito ou o conteúdo, identificar os métodos utilizados pelos professores para avaliar a aprendizagem do aluno, verificar se a avaliação é quantitativa ou qualitativa, identificar em quais momentos a avaliação é realizada, averiguar se a avaliação é somativa, formativa ou diagnóstica, investigar se a avaliação está de acordo com proposta das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008) , e investigar se os alunos são informados de como ocorrerá a avaliação.

    A avaliação em Educação Física no contexto escolar apresenta-se confusa e muitas vezes os professores não sabem ao certo quais os métodos mais adequados para estarem avaliando a aprendizagem de seus alunos dentro do sistema educacional.

    Dentro deste contexto é comum encontrar professores que se utilizam de métodos classificatórios e seletivos nas suas aulas, o que acaba facilitando a exclusão dos alunos. E a avaliação que deve estar a serviço do processo ensino-aprendizagem, passa a ser vista como um instrumento que afasta alunos e professores.

    Esta pesquisa visa contribuir para o avanço da Educação Física no contexto escolar, possibilitando aos professores uma análise sobre a sua prática avaliativa, e se a mesma contribui para o professor repensar a sua prática docente.

    Este trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva, baseada na definição de Mattos et al (2004):

    O método de pesquisa descritivo tem como características observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores. (MATTOS et al, 2004, p. 15)

    Tendo como população alvo professores de Educação Física atuantes no Ensino Fundamental da rede pública do estado do Paraná, no município de Mamborê, resultando um total de 4(quatro) professores.

    Para a coleta de dados foi utilizado questionários, com questões abertas e fechadas. Os questionários foram aplicados aos professores na escola, no momento de sua hora atividade, o mesmo foi preenchido no local, e não foi permitido que os professores o levassem para casa.

    Diante da complexidade do tema abordado buscou-se compreender a avaliação no seu sentido mais amplo do processo ensino-aprendizagem, e não apenas como um produto final da aprendizagem escolar.

2.     Referencial teórico

2.1.     Avaliação da aprendizagem escolar

    Quando se fala em avaliação logo se pensa em nota, conceito, aprovação, ou seja, como um instrumento para obtenção de notas.

    É comum constatar que alunos, pais e professores estão mais interessados em saber a nota/média atingida em uma avaliação do que se o conteúdo foi realmente apreendido pelo aluno, o processo está mais centrado nos resultados das provas e exames.

    A avaliação da aprendizagem escolar parece estar sendo realizada separadamente do processo ensino aprendizagem, não levando em conta o conteúdo que esta sendo ensinado. Muitas vezes ela é utilizada pelo professor como um meio de reprimir seus alunos durante as aulas, fazendo com que a avaliação se transforme num instrumento de tortura, ameaça e castigo para os alunos.

    A avaliação da aprendizagem escolar, além de ser praticada com uma tal independência do processo ensino-aprendizagem, vem ganhando foros de independência da relação professor-aluno. As provas e exames são realizados conforme o interesse do professor ou do sistema de ensino. Nem sempre se leva em consideração o que foi ensinado. Mais importante do que ser uma oportunidade de aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do aluno aos ataques do professor. As notas são operadas como se nada tivessem a ver com a aprendizagem. As médias são médias entre números e não expressões de aprendizagens bem ou malsucedidas. (LUCKESI, 2005, p. 23)

    Diante do exposto é comum encontrar alunos comparando notas, e competindo para ver qual será a média mais alta. Para Luckesi (2005) é em função das notas que vive a prática escolar, elas passaram a ser adoradas tanto por professores quanto por alunos, já que o primeiro se contenta quando elas são baixas como uma maneira de mostrar que ele é detentor do poder, e o segundo – o aluno – precisa dela para ser aprovado, não importando a ele se ela expressa ou não a sua aprendizagem.

    Luckesi (2005) nos traz um exemplo simples de como muitas vezes os alunos são aprovados sem deter o conhecimento:

        [...] Tomemos com exemplo um estudante de pilotagem de avião comercial. Simplificando, poderíamos dizer que um piloto deveria, pelo menos, saber muito bem praticar três grandes atos (que incluem muitos saberes específicos): decolar, fazer o vôo de cruzeiro e aterrissar a aeronave no seu destino. Vamos supor que o aluno obteve nota 10 na primeira unidade (decolagem); 6 na segunda (vôo de cruzeiro); e 2 na terceira (aterrissagem). Fazendo uma média (10+6+2=18; 18/3=6), podemos dizer que este estudante está aprovado, pois ele possui uma média de nota (seis) que pode aprová-lo. No entanto, ele não possui nenhuma condição de pilotar um avião comercial, pois decola, viaja mal e cai de bico. Porém, pela média de notas, ele estaria aprovado, sem possuir o mínimo de conhecimento necessário. (LUCKESI, 2005, p. 79. Grifos do autor)

    Isso exemplifica bem que muitas vezes nossos alunos são aprovados pela sua nota, que deveria expressar a qualidade da aprendizagem, e não ser quantificada como está sendo, onde se pensa em números para dizer se o aluno é aprovado ou reprovado. Entendemos por avaliação qualitativa aquela em que o professor atribui conceitos aos alunos (ótimo, bom, regular, ruim), e por avaliação quantitativa aquela que o professor atribui nota, símbolos numéricos (10,0 – 7,0 – 5,0 – 00).

    Para Luckesi (2005) o que falta é o planejamento do que será ensinado. Que o professor tenha definido qual é o mínimo necessário de aprendizagem dos alunos diante do conteúdo desenvolvido, e que ele siga este critério, não se tornando arbitrário, favorecendo um ou outro aluno.

    Segundo Luckesi (2005) existe um contrabando da qualidade para a quantidade, o professor atribui um conceito para o aluno, e depois precisa transformar este conceito em um valor numérico, quantificando a aprendizagem.

    Como se não bastasse os resultados das avaliações não são vistos pelos professores como um reflexo da sua prática docente, por muitas vezes o professor realiza a avaliação/prova e não se preocupa com os resultados obtidos pelos alunos. Ou seja, o constante trabalho de ação-reflexão-ação não existe por parte dos professores, em se deterem no porque seus objetivos não foram alcançados no decorrer de suas aulas.

    Nessa perspectiva, destacam-se três modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa.

    Segundo Mendes e Nascimento (2008) a avaliação diagnóstica é aplicada no início de uma unidade, semestre ou ano letivo, com a função de verificar o domínio de pré-requisitos, conhecimentos e habilidades necessárias para novas aprendizagens, ela fundamenta o planejamento. Conforme Luckesi (2005), “[...] Ou seja, a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem.[...]”, ou seja a avaliação diagnóstica salienta os pontos fortes e fracos da turma e dos alunos.

    Já a avaliação formativa é realizada ao longo do processo de ensino aprendizagem, compreende uma função controladora, visto que informa o professor e o aluno sobre o domínio gradativo e hierárquico de cada etapa do processo de ensino-aprendizagem, localizando as deficiências na organização do ensino, permite reformulação e aperfeiçoamento da prática pedagógica. A avaliação somativa é realizada no fim do processo de ensino-aprendizagem, possui uma função classificatória. Classifica os alunos ao final de uma unidade, semestre ou curso, segundo os níveis de aproveitamento, expressos em notas ou conceitos, retroalimentação final. (MENDES E NASCIMENTO, 2008)

    A forma com que o professor avalia o seu aluno é muito influenciada pela concepção que ele tem de homem, mundo e educação. E são essas concepções que podem determinar qual a modalidade de avaliação que ele adota no processo ensino-aprendizagem.

2.2.     Avaliação na Educação Física

    Atualmente as práticas avaliativas implementadas pelos professores de Educação Física se direcionam na maioria das vezes como uma verificação do aprendizado, pela capacidade que os alunos têm de retenção de informações e reprodução dos movimentos técnicos realizados pelo professor, deixando de lado o desenvolvimento e progresso do aluno no decorrer das aulas, falha esta que pode ser encontrada já nos cursos de formação que estes passaram, se preocupando mais com números, medidas, do que em confrontar se os objetivos desejados estão sendo alcançados.

    A avaliação é muito mais do que aplicar testes, levantar medidas, selecionar ou classificar alunos. De quem é esta fala? Toda avaliação escolar deve ser norteada pelo Projeto Político Pedagógico da escola.

    A avaliação escolar precisa ser extraída do projeto político pedagógico da escola. Afinal, é nele que estará definida a perspectiva educacional norteadora das ações educativas. Sendo assim, deve-se avaliar tanto a ação docente (o ensino), quanto a ação discente (a aprendizagem). (PALMA et al, 2008, p. 101)

    Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Física (2008) a avaliação deve estar de acordo com os objetivos e metodologias adotadas pelo corpo docente na formulação do Projeto Político Pedagógico da escola levando em consideração o comprometimento e o envolvimento do aluno nas atividades propostas pelo professor. As Diretrizes buscam critérios, ferramentas e estratégias para refletir sobre a avaliação no contexto escolar, favorecendo maior coerência entre a concepção defendida e o processo ensino aprendizagem.

    A avaliação é diretamente ligada ao encaminhamento metodológico do professor nas suas aulas, lembrando que o mesmo organiza e reorganiza o seu trabalho se sustentando nos conteúdos estruturantes da Educação Física: jogos, lutas, brinquedos e brincadeiras, dança e esporte. Durante a aula o professor pode retomar alguns conteúdos, se aprofundar em outros sempre que perceber como os alunos estão respondendo ao estimulo do professor, é de fundamental importância que o professor saiba qual instrumento é o mais adequado para avaliar seus alunos durante as aulas, e que se utilize mais de um instrumento, como: dinâmicas de grupos, seminários, debates, (re) criação de jogos, entre outros.

    Sendo assim, de acordo com o instrumento que o professor utiliza segue-se determinados critérios para eles. Segundo PARANÁ (2008), o critério é a síntese do conteúdo, estreitamente vinculado à expectativa de aprendizagem, e define, de forma clara, os propósitos e a dimensão do que se avalia. Por exemplo, em uma atividade de leitura e compreensão de texto (instrumento) o professor pode utilizar como critério se o aluno conseguiu estabelecer uma relação entre o texto e o conteúdo abordado nas aulas.

    A realização de provas e trabalhos escritos podem ser utilizados para avaliação das aulas de Educação Física, desde que a nota não sirva exclusivamente para hierarquizar e classificar os alunos em melhores ou piores; aprovados e reprovados; mas que sirva, também, como referencia para redimensionar sua ação pedagógica. (PARANÁ, 2008, p. 51)

    Ao discutir a avaliação, não se pode esquecer que esta não se refere somente ao aluno, pois a mesma está diretamente relacionada a prática docente. É a partir da avaliação que o professor planeja e/ou re-planeja as suas aulas, é ela que mostrará se os objetivos esperados estão sendo alcançados.

    Superar os entendimentos classificatórios e discriminatórios da avaliação é passar a considerá-la como um conjunto de trabalhos e/ou atividades, para verificar como o aluno esta abstraindo um determinado conteúdo proposto, observando o quanto ele avançou e melhorou em seus conceitos. Objetiva, ainda, possibilitar a reorganização e a continuidade do trabalho do professor. (PALMA et al, 2008, p.101-102)

    Com todas as transformações ocorridas no campo das teorizações em Educação Física, a partir dos anos 80 e 90, algumas metodologias que faziam uso de testes passaram a ser profundamente criticadas, o que levou a avaliação a ganhar novos contornos, conduzindo os professores a uma reflexão e ao aprofundamento, buscando novos métodos que não fossem, classificatórios e seletivos.

    A Lei de Diretrizes e Bases, a partir da Lei 9394/96, propõem no seu artigo 24, um modelo de avaliação com caráter contínuo e cumulativo, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados adquiridos ao longo do período sobre as eventuais provas finais.

    Sendo assim, o processo avaliativo é um conjunto de tarefas que servem para verificar os avanços dos alunos com relação à aprendizagem, ou seja, a avaliação não é pensada separadamente do processo de ensino aprendizagem, e ainda possibilita que o professor reorganize o seu trabalho, seus objetivos de acordo com os resultados obtidos pelos alunos no decorrer do processo de aprendizagem, identificando falhas no mesmo.

3.     Análise e discussão de dados

    Durante o mês de Novembro de 2009 procedeu-se o levantamento de dados junto aos professores atuantes da rede estadual de ensino do município de Mamborê - PR. Para a seleção dos professores, houve um contato inicial expondo os objetivos da pesquisa, sendo um total de 4 professores que aderiram a pesquisa.

Tabela 1. Demonstrativo do tempo de atuação profissional na Rede Pública de Ensino

    Como se pode perceber na tabela 01, apenas dois professores atuam na rede estadual de ensino a mais de 20 anos, o que nos mostra que durante a carreira profissional desses professores estes passaram por muitas mudanças que ocorreram na área da Educação Física.

Tabela 2. Planejamento da avaliação esta de acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Física do estado do Paraná

    Na tabela 2 observa-se que, os 4 professores afirmam planejar suas avaliações de acordo com as Diretrizes Curriculares de Educação Física do estado do Paraná, mas cada um justifica tal afirmação de maneira diferenciada. Segundo as Diretrizes Curriculares (2008):

    Um dos primeiros aspectos que precisa ser garantido é a não exclusão, isto é, a avaliação deve estar a serviço da aprendizagem de todos os alunos, de modo que permeie o conjunto das ações pedagógicas e não seja um elemento externo a esse processo.[...] (PARANÁ, 2008, p. 77)

    Vale lembrar que nas Diretrizes Curriculares da Educação Física está claro que a avaliação está vinculada com o projeto pedagógico da escola e de acordo com os objetivos e a metodologia adotada pelo corpo docente, e os critérios estabelecidos para a avaliação devem considerar o comprometimento e envolvimento do aluno no processo pedagógico. O processo avaliativo possibilita ao professor organizar e reorganizar o trabalho, se baseando nas diversas práticas como: jogos e brincadeiras, lutas, dança, esporte e ginástica.

Tabela 3. Demonstrativo do tipo de avaliação realizada pelos professores

    A tabela 3 demonstra que quando os professores são questionados de como é a sua avaliação todos eles optam pela mesma opção. Como dito anteriormente na LDB 9394/96 o modelo de avaliação proposto pela lei é de que a avaliação qualitativa se sobreponha a avaliação quantitativa. Entendendo aqui avaliação qualitativa como a atribuição de conceitos, e a avaliação quantitativa a atribuição de símbolos numéricos. Os professores afirmam realizar a avaliação qualitativa, mas sabemos que ao final de cada período letivo (bimestre ou semestre) eles precisam quantificar o nível de aprendizagem do aluno. Pode-se dizer que as duas avaliações caminham juntas, pois a aprendizagem do aluno é expressa em símbolos numéricos, e quando a mesma é expressa em conceitos, é transformada em nota, fato este que Luckesi (2005) nos traz como um contrabando da qualidade para a quantidade.

Tabela 4. Os alunos são informados de como irá ocorrer as avaliações

    De acordo com a tabela 4 os alunos são informados sobre como irá ocorrer às avaliações, e como as avaliações ocorrem nas aulas de Educação Física. Todos os professores participantes da pesquisa afirmam informar seus alunos de como irá ocorrer às avaliações. É fundamental que o aluno saiba em quais momentos ele está sendo avaliado, e principalmente como a avaliação ocorre, quais critérios serão seguidos pelo professor para a realização da avaliação.

Tabela 5. Quando ocorrem as avaliações nas aulas

    Dando seqüência, questionou-se os professores sobre quando ocorre a avaliação. Tais resultados encontraram-se na tabela 5 e nesta verifica-se que 02 avaliam em todas as aulas e 02 avaliam ao final de cada conteúdo trabalhado. Diante dessas respostas nota-se que as avaliações realizadas são a formativa e a somatória.

    É importante que o professor planeje a sua avaliação de acordo com cada momento, e que ele faça uma prévia dos conhecimentos que os alunos da turma avaliada já possuem (avaliação diagnóstica), pois a partir deste momento ele será capaz de planejar suas aulas seguintes. A avaliação não deve se concentrar somente em um determinado dia, quando a mesma ocorre constantemente durante as aulas permite que o professor faça uma análise, se está alcançando os objetivos desejados.

Tabela 6. Demonstrativo da maneira como ocorre a avaliação

    Observando a tabela 6 verifica-se que 2 professores avaliam os seus alunos com avaliações teóricas e práticas, 1 avalia o aluno diariamente com avaliações individuais e específicas do conteúdo, e 1 professor avalia os alunos de acordo com o desenvolvimento durante as aulas e o resultado final. De acordo com as Diretrizes Curriculares de Educação Física (2008) as provas e trabalhos escritos podem ser utilizados como avaliação nas aulas de Educação Física, mas não simplesmente como um instrumento que classifica os alunos em aprovados e reprovados a partir da nota obtida, estes instrumentos devem servir como referência para o professor reformular a sua prática pedagógica. Vale ressaltar aqui que os resultados finais não devem se sobrepor aos resultados alcançados ao longo do processo, ignorando a evolução do aluno ocorrida durante o processo de ensino-aprendizagem.

Tabela 7. Demonstrativo dos critérios utilizados para avaliar a aprendizagem dos alunos nas aulas de Educação Física

    Quando os professores são questionados sobre quais os critérios que seguem para avaliar os alunos, dados da tabela 7 mostram que a maioria dos professores não possui critérios claros para a avaliação de seus alunos. Partindo da idéia de que as Diretrizes Curriculares da Educação Física buscam critérios, ferramentas e estratégias sobre a avaliação, e de que os professores, como mostra a tabela 02, se utilizam das Diretrizes para organizar o planejamento, deveriam ter critérios definidos para a realização da avaliação.

Tabela 8. Demonstrativo das modalidades de avaliação

    Na tabela 8 os professores são questionados quanto as formas de avaliação adotadas por eles nas aulas, observa-se que 02 professores citam avaliação diagnóstica, 03 professores utilizam a avaliação somativa e somente 01 professor avalia de maneira formativa. Percebe-se que novamente existe contradição nas respostas dos professores, na tabela 5 foram encontrados em meio as respostas a opção avaliação diagnóstica, e esta consta como avaliação utilizada por 02 professores nesta tabela 8.

    A avaliação diagnóstica tem por objetivo verificar qual o conhecimento e as habilidades do aluno no início de uma unidade, semestre ou ano letivo, essa avaliação dá fundamentos para o planejamento do professor. Já a avaliação formativa é realizada ao longo do processo de ensino-aprendizagem, por meio dela é possível identificar as deficiências no processo ensino-aprendizagem, tanto do professor quanto dos alunos, permitindo que o professor reformule a sua prática. A avaliação somativa é aquela realizada somente no final do processo ensino-aprendizagem, ela tem uma função classificatória de acordo com notas e conceitos.

Tabela 9. Você avalia seus alunos em todas as aulas

    Observa-se na tabela 9 que somente 01 professor se utiliza da avaliação diagnóstica, cumulativa, e somatória, como pode ser visualizado na tabela 8, em que 02 professores afirmam realizar a avaliação diagnóstica e 03 a avaliação somativa. Os professores avaliam seus alunos em todas as aulas, porém a partir dos resultados apresentados nas tabelas anteriores existem incoerências.

Tabela 10. As avaliações são planejadas de acordo com o sujeito (aluno) ou o conteúdo

    Com relação a questão do planejamento das avaliações 02 professores avaliam o aluno e o conteúdo, pois os dois caminham juntos, 01 diz que a avaliação é voltada ao conteúdo mais sem esquecer o sujeito, e 01 professor diz que o conteúdo é ministrado no geral sendo a avaliação igual para todos. Pelos resultados foi possível constatar, que os professores não vêem como avaliar o aluno e o conteúdo separadamente, mostrando que ambos caminham juntos no processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido se explica o processo avaliativo como um conjunto de tarefas que auxiliam a identificar os avanços na aprendizagem dos alunos, e que a avaliação não é pensada separadamente do processo ensino-aprendizagem, sendo assim, não é possível pensar numa avaliação em que aluno e conteúdo não caminhem juntos. Também foi observado nas repostas que cada aluno deve ser avaliado individualmente apesar do conteúdo ser o mesmo para todos.

4.     Considerações finais

    A realidade das salas de aula das escolas públicas é de super lotação e com uma infinidade de diversidades entre os alunos nelas inseridos, isso acaba por muitas vezes a dificultar a prática docente dos professores, já que muitos não saem preparados dos cursos de formação para lidar com essa realidade. Diante desta situação é de fundamental importância refletir sobre a prática avaliativa destes diferentes sujeitos com habilidades e potencialidades diferentes para que não cometer injustiças.

    A avaliação em Educação Física escolar precisa passar por muitas mudanças e reflexões, nota-se que este é um assunto ainda pouco discutido entre os professores atuantes na disciplina de Educação Básica.

    Nas Diretrizes Curriculares da Educação Física, documento que norteia e dá suporte ao professor de Educação Física para desenvolver as atividades nas suas aulas, os professores também se baseiam para formular a avaliação da aprendizagem de seus alunos.

    Apesar das Diretrizes Curriculares “serem” o norte dos professores nas suas ações, pode-se observar que o tema avaliação é pouco discutido na área da Educação Física, mais existe o incentivo aos professores em buscar novas ferramentas e estratégias que possibilitem um avanço para área no contexto escolar.

    Percebe-se que os professores são confusos com relação ao modelo de avaliação que eles utilizam. Em determinados momentos da pesquisa notou-se que eles se contradizem, o que deixa a entender que eles não possuem um bom conhecimento a respeito do tema avaliação, apresentando algumas vezes respostas confusas. Ao mesmo tempo em que afirmam realizar avaliação diagnóstica e formativa, pode-se verificar que as avaliações são realizadas por alguns somente no final do bimestre, se caracterizando assim como uma avaliação somativa, tendo assim um caráter quantitativo, e não qualitativo como todos os professores afirmam em suas respostas.

    Destaca-se como ponto positivo desta pesquisa o fato de os professores compreenderem que no processo avaliativo o sujeito (aluno) e o conteúdo caminham juntos.

    Sobre a avaliação qualitativa e quantitativa identificou-se que os professores realizam a primeira opção, pode-se considerar que isso não se deve ao fato dos mesmos terem conhecimentos sobre este tipo de avaliação, e sim por ser algo incutido na formação docente, que reforça o discurso de avaliar o aluno qualitativamente. A relação que temos de avaliação qualitativa e quantitativa é confusa, o que acaba por dificultar o planejamento da avaliação do professor, interferindo assim nos instrumentos e critérios utilizados.

    Ao término desta pesquisa, e diante dos resultados foi possível perceber que o tema avaliação da aprendizagem, neste caso em especial na disciplina de Educação Física, deve continuar a ser discutido, principalmente por parte dos professores atuantes na Educação Básica, pois eles a partir das experiências vivenciadas na sua prática docente podem vir a socializar instrumentos utilizados por eles que contribuam para o avanço da disciplina com relação ao tema no contexto escolar.

    A avaliação é, e deve continuar sendo, alvo de discussões e reflexões por parte dos professores sobre a aprendizagem escolar, pois este é um assunto muito complexo na área da Educação Física e merece ser discutido, analisado e compreendido, sendo colocado em prática no cotidiano escolar.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 161 | Buenos Aires, Octubre de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados