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Promoção da saúde do idoso por meio da atividade física 

oferecido pelas secretarias municipais de saúde em 

municípios do meio oeste de Santa Catarina

Promoción de la salud de la persona mayor por medio de la actividad física ofrecida por 

las secretarías municipales de salud en municipios del medio oeste de Santa Catarina

 

*Graduada em Educação Física

pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

**Acadêmica do Curso de Educação Física

da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC.

***Pós-graduanda em Metodologia do Treinamento

pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

****Doutor em Ciências da Saúde/UFRN

Professor da Universidade do Oeste de Santa Catarina –UNOESC

*****Mestre em Saúde Coletiva, Professora

da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

Francieli Daros Felicetti*

Danieli Schaly**

Jeniane Cristine dos Santos**

Aline Marília Rodrigues Gálio**

Gracielle Fin***

Rudy José Nodari Junior****

Mariarosa Mendes Fiedler*****

franfelicetti@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Nos últimos anos vem ocorrendo o aumento no número de idosos em todo o mundo. A atividade física é um importante meio de promoção da saúde para a população idosa que está crescendo nas últimas décadas. É direito do idoso o acesso a programas de atividade física oferecidos pelo estado, assim o presente estudo tem como objetivo conhecer os programas de atividade física para idosos oferecidos pelo setor de saúde em municípios do meio oeste do Estado de Santa Catarina. Foi realizada uma pesquisa qualitativa utilizando como instrumento entrevistas com gestores da saúde: secretários, coordenadores dos Programas de Saúde da Família (PSFs) e profissionais de Educação Física envolvidos com os programas de promoção da saúde do idoso. Os três municípios estudados, identificados na pesquisa pelas letras “A”, “B” e “C”, estão localizados no meio oeste do Estado de Santa Catarina e são municípios muito próximos, num raio máximo de sete quilômetros. Na cidade “C” existe um programa de atividade física para idosos, este programa conta com um profissional de Educação Física contratado pela secretaria de saúde. Na cidade “B” foi encontrado um programa de atividade física, mas este é coordenado por uma fisioterapeuta. Já na cidade “A” não foi encontrado nenhum programa específico aos idosos oferecido pelos PSFs, somente uma Unidade de Saúde possui um projeto piloto com diabéticos e hipertensos e este é coordenado por uma fisioterapeuta. É dever do Estado proporcionar ao idoso programas de atividade física, promovendo a saúde e a manutenção da capacidade funcional com profissionais capacitados. Cabe aos gestores de saúde viabilizar uma equipe multidisciplinar, incluindo os profissionais de Educação Física, que possa atuar de forma efetiva na promoção da saúde do idoso.

          Unitermos: Idoso. Saúde Pública. Atividade Física. Capacidade Funcional. Programa Saúde da Família.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Quando a pessoa envelhece, ela perde suas capacidades e um dos aspectos mais difíceis, na velhice, é conviver com essas perdas, com as dificuldades impostas pelas limitações do corpo e que o ambiente social proporciona. Essas perdas se intensificam em situações como: a aposentadoria; perda do papel social, com o surgimento de doenças crônicas aliadas a problemas financeiros; proteção exagerada da família, restringindo suas atividades, pelo mito de que por ser velho, não tem condição de continuar executando atividades necessárias à manutenção de sua vida e tomar suas próprias decisões, ou pelo abandono dentro do próprio lar, ou em casa de repousos (PIRES, SILVA, 2001).

    Shephard (2003) menciona que grande parte do decréscimo na atividade física habitual e o desenvolvimento das incapacidades e dependências, resultam da perda progressiva da função biológica com a idade. Entretanto, as restrições adicionais, tanto na atividade física habitual quanto na qualidade de vida, são impostas por alterações patológicas, doenças e enfermidades. Além disso, tais problemas tornam-se progressivamente mais predominantes nos segmentos mais velhos da população.

    A relação entre atividade física, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente (NÓBREGA et al, 1999). Os profissionais da área da saúde acreditam que a atividade física é um fator determinante no sucesso do processo do envelhecimento (MATSUDO, MATSUDO, NETO, 2001).

    Devido ao crescimento da população idosa com necessidades específicas e atendendo a constituição do país, diante das dificuldades da assistência social em desenvolver projetos que contemplassem essa faixa da população pela ausência de uma lei que amparasse a disponibilidade de recursos e ações específicas e atendendo a determinação da Constituição Federal de 1998 que garante o direito desses indivíduos, foi criado o estatuto do idoso, a lei de nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. “É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis” (POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO, 1994).

    O Programa de Saúde da Família (PSF), é um serviço de atenção básica que trabalha buscando a promoção de saúde e prevenção de doença e tem melhor acesso à população por situar-se mais próximo de suas moradias, garantindo atendimento adequado, que são necessidades para hoje e não ações para o futuro. Mas ainda há muito que fazer e, para isso, profissionais capacitados devem trabalhar direto na família, conhecendo a real situação e tomando as providencias necessárias para cada caso, pois sem dúvida nenhuma, esses profissionais estão aí para contribuir e ajudar a manter os hábitos saudáveis, melhorando a qualidade de vida do ser humano (PACHECO, SANTOS, 2004).

    O trabalho com grupo de idosos é viável e importante, pois os profissionais de saúde da família têm acesso a todas as famílias limitadas a áreas de abrangência. Acredita-se que, se os profissionais de saúde que trabalham nas Unidades de Saúde da Família adotassem uma rotina bem estabelecida de atendimento ao idoso, abordando-os corretamente, não tratando apenas seus sintomas isoladamente, mas considerando suas características particulares, vendo o idoso como um todo, por meio de uma avaliação global. Isso causaria uma redução dos índices de internação apresentados pelo SUS, estas muitas vezes resultam em perda da independência e aquisição de novas incapacidades (PACHECO, SANTOS, 2004).

    Conhecendo os benefícios da atividade física e sua importância na manutenção da capacidade funcional e independência, o presente estudo tem como objetivo conhecer os programas de atividade física para idosos oferecidos pelo setor de saúde em três municípios do meio oeste do Estado de Santa Catarina.

Método

    Foi realizado um estudo transversal, qualitativo e exploratório, com o setor de saúde em três municípios do meio oeste do Estado de Santa Catarina.

    Os três municípios estudados, identificados na pesquisa pelas letras “A”, “B” e “C”, estão localizados no meio oeste do Estado de Santa Catarina e são municípios muito próximos, num raio máximo de sete quilômetros. A população é de aproximadamente 49.000 habitantes e a população idosa de aproximadamente 4.700 pessoas (IBGE, 2007).

    Foi utilizado como instrumento, uma entrevista, gravada, que foi realizada com os gestores, coordenadores dos Programas de Saúde da Família (PSFs) e profissionais de Educação Física. A primeira entrevista foi realizada com os secretários de saúde dos três municípios. Em seguida foram entrevistadas as coordenadoras dos PSFs e um profissional de Educação Física que atua nos programas de atividade física direcionada aos idosos.

    Nas entrevistas foram estruturadas algumas questões básicas sobre gestão em saúde, estatuto do idoso, atividade física, e funcionamento dos programas de atividade física oferecidos pelos PSFs. A coleta de dados foi realizada pelo próprio pesquisador e para cada profissional foi realizado um tipo de entrevista, relacionada à função dos mesmos. Após a coleta foram comparados os resultados entre os três municípios.

Resultados e discussão

    Observando o quadro 1 percebe-se que os secretários de saúde não têm formação na área de saúde, as coordenadoras dos PSFs são enfermeiras e somente no município “C” existe um profissional de Educação Física trabalhando nos programas, nas outras duas cidades o trabalho é realizado por fisioterapeutas.

Quadro 1. Formação dos profissionais da área da saúde dos três municípios

Municípios

Secretários

Coordenador PSFs

Profissionais atuantes no PSFs

A

Técnico Contábil

Enfermagem

Fisioterapia

B

Pedagogia e Pós Graduação em Ensino Fundamental

Enfermagem

Fisioterapia

C

Ensino Médio

Enfermagem

Educação Física

    As respostas com relação à importância da atividade física encontradas pelos secretários de saúde dos municípios, foram as seguintes: o secretário do município “C” acredita que “é um dos meios de preconizar a terceira idade, fazendo com que eles tenham uma qualidade de vida melhor, envelhecendo com saúde”. A secretária do município “B” acredita ser primordial, já que vem crescendo significativamente os problemas de coluna, dores articulares, enfim, vários problemas que não tem cura hoje, a não ser remédios paliativos, sendo que a atividade física é um complemento importantíssimo, trazendo melhor qualidade de vida para o idoso. O secretário de saúde do município “A” acredita nos benefícios que a atividade física proporciona para os idosos, tendo em vista que ao longo dos tempos se percebe que a longevidade dos idosos aumenta cada vez mais.

    Entendemos que para colaborar mais com todo o processo de saúde os secretários de saúde deveriam ter formação na área, assim poderiam estar auxiliando a equipe que atua no PSF.

    Percebe-se que a importância da atividade física está sendo entendida pelos gestores em saúde. Existe uma aceitação quanto aos benefícios da atividade física para a saúde da população, desta forma a contratação de professores de Educação Física capacitados é primordial para integrar as equipes de saúde responsáveis pela promoção de saúde do idoso.

    Sobre o estatuto do idoso, o secretário do município “C”, respondeu que conhece e acha que é um avanço obtido nos últimos anos, que realmente retrata os direitos da terceira idade. A secretária do município “B”, não conhece na íntegra, mas tem conhecimento de alguns benefícios que ele traz com relação à proteção ao idoso: “Porém como muitas outras leis no Brasil, o estatuto foi criado, mas ele ainda não foi implementado, ainda há um caminho muito grande, justamente pela estrutura que exige a proteção do idoso”. O secretário do município “A” não tem conhecimento profundo, mas conhece alguns itens que vem a oferecer serviços na área da saúde, sendo que “a família tem obrigação de cuidar do idoso até o fim da sua vida”.

    O quadro 2, nos mostra os programas de atividade física para idosos existentes nos municípios.

Quadro 2. Programas de atividade física para idosos citado pelos secretários de saúde dos municípios

Município

Sim

Não

Características dos programas

A

X

 

Centro da melhor idade, oferecendo atividades diversas

B

X

 

Programa “Mexa-se”, com um fisioterapeuta 40 horas semanais.

C

X

 

Programa “Exercitando a Saúde”, caminhadas monitoradas por um profissional de saúde.

    Questionando a existência de programas de atividade física, oferecidos pelos municípios, o secretário do município “C” disse que através da secretaria da saúde com parceria da secretaria de educação e esporte existe um projeto chamado “Exercitando a Saúde”, tendo uma grande adesão do grupo da terceira idade, freqüentemente são realizadas as caminhadas, monitoradas sempre por um profissional de curso superior, médico, enfermeiro ou professor de Educação Física. A secretária do município “B”, respondeu que “existe um programa chamado “Mexa-se”, com parceria do governo federal, onde existe a aplicação financeira das duas esferas do governo, municipal e federal e com esse recurso estão criando na praça municipal, tendo um fisioterapeuta 40 horas semanais a disposição da terceira idade e do público em geral”. O secretário do município “A”, respondeu que “existe a casa da cidadania que é o centro de referência da melhor idade, oferecendo jogos de bocha, baralho, uma piscina para hidromassagem, onde os idosos fazem atividade física”. Este centro pertence ao setor social do município.

    Em relação aos locais e como acontecem os programas, o secretário do município “C” respondeu que são realizadas caminhadas alternativas em vários locais da cidade, até mesmo, caminhadas ecológicas que percorrem de oito a dez quilômetros, sempre supervisionadas por um professor de Educação Física, enfermeiros e técnicos em enfermagem. Além das caminhadas está situada desde março a ATI (Academia da Terceira Idade), que se localiza ao ar livre e tem a participação muito grande da terceira idade. A secretária do município “B” respondeu que “na praça da cidade foram implantados equipamentos específicos para a terceira idade que estão locados e tem uma aceitação incrível pela população em geral. Existe em cada bairro um fisioterapeuta que realiza encontros semanais com atividade física específica para os idosos que também tem uma aceitação muito grande”. São em torno de 400 idosos que vem sendo atendidos por esse projeto. O secretário do município “A”, disse que “além de todos os bairros terem seus pontos de referência, onde os grupos realizam exercícios de ginástica, dança, trabalhos manuais, existe o centro da melhor idade”.

    Questionando a existência do profissional de Educação Física nesses programas, o secretário do município “C” respondeu que existe um profissional de Educação Física e este encontra-se sempre presente. A secretária do município “B” respondeu que “não existe um profissional de Educação Física por que no quadro da secretaria de saúde de hoje não está prevista a criação da vaga para este profissional. Aliás, acredita-se que o profissional a nível de conselho, deveria estar buscando por que a necessidade existe. O que não existe é a regulamentação desse profissional na área da saúde. Mas acredita-se que estamos caminhando para isso”. O secretário do município “A” respondeu que “existem as monitoras, mas também a secretaria de saúde embora não esteja ligada diretamente a esse centro da melhor idade, oferece profissionais para trabalharem com essas pessoas”.

    Para as coordenadoras dos PSFs foram elaboradas questões referentes a importância da atividade física para idosos, se existe algum programa no município que vise a adesão dos idosos a atividade física, se os programas devem existir dentro dos PSFs, sobre a promoção de saúde do idoso, se existe um profissional de Educação Física atuando nesses programas, e se consideram importante a presença de um profissional de Educação Física dentro dos programas.

    As respostas das coordenadoras dos PSFs em relação a importância da atividade física, foram as seguintes: a coordenadora do município “C”, acredita que o idoso no decorrer de sua vida vai perdendo suas capacidades e suas habilidades e a atividade física vem para reforçar e evitar essas perdas e retardar o aparecimento de doenças que são decorrentes dos problemas de saúde; osteoporose, hipertensão, cardiopatia, esses problemas vão trazer uma série de sintomas que vão prejudicar a qualidade de vida dos pacientes. A coordenadora do município “B”, também acredita na importância da atividade física, pois para eles é essencial para que o corpo continue em movimento e automaticamente, corpo em movimento, mente em movimento. Infelizmente nem todos tem o acesso à atividade física, hoje em dia as academias cobram pelo serviço oferecido e para alguns idosos é inacessível e que seria muito importante como a ginástica, a hidroginástica entre outras atividades. A coordenadora do município “A”, acredita que algumas doenças crônicas, através da atividade física tendem a melhorar e inclusive aumentar o tempo de vida do idoso.

    Sobre os programas de atividade física para os idosos oferecidos pelo município, a coordenadora do município “C” respondeu que existe um grupo que se reúne todas as semanas para fazer atividade física assistida por um profissional, conseguindo fazer com que as outras pessoas mesmo não participando do grupo sejam incentivadas por conta própria a começar fazer atividade, dança, academia; enfim eles servem de modelo e estímulo para outras pessoas. A coordenadora do município “B” respondeu que existe o projeto Mexa-se, que visa grupo de hipertensos e diabéticos e está dentro de todos os PSFs, dirigido por uma fisioterapeuta. A coordenadora do município “A”, respondeu que existe hoje no PSF de um dos bairros da cidade, um programa voltado ao grupo específico de diabéticos e hipertensos, que irão iniciar com caminhadas, é um projeto piloto, e nessa mesma unidade existe um projeto de atividade física com fisioterapeuta.

    Questionando a importância dos programas dentro dos PSFs, a opinião das coordenadoras foram as seguintes: a coordenadora do município “C” disse que os programas devem existir como estratégia, que o indivíduo veja e venha a participar. A coordenadora do município “B” acredita que se as secretarias de saúde partissem pra esse entendimento de que seria necessária a contratação de profissionais de Educação Física, pois ela está ligada na área de saúde, esse profissional viria muito bem pra junto dos PSFs. No entendimento da coordenadora do município “A”, existe um programa do ministério, o NASF (núcleo de apoio da saúde da família) contempla a possibilidade de um profissional de Educação Física, a secretaria de saúde já tem um projeto em andamento e se conseguir aprovação, com certeza o profissional de Educação Física fará parte dessa equipe.

    Falando sobre a promoção de saúde para o idoso a opinião da coordenadora do município “C” é de que o profissional de saúde como tem contato com o idoso, deverá estar preparado para atender o idoso, já que este grupo de pessoas que precisam ter qualidade de vida para não ficarem acamados, dependentes dos cuidados de outras pessoas, de familiares e até mesmo de profissionais a domicílio. Para a coordenadora do município “B”, a promoção de saúde é um desejo que para o município ainda é inacessível, pelo fato de ser carente e neste sentido ainda é complicado. É feita a orientação, mas no sentido da Educação Física somente um Educador Físico saberia realizar este trabalho. No entendimento da coordenadora do município “A”, a promoção é um dos principais fatores se ela é bem desenvolvida é o que faz realmente a mudança de comportamento nessa faixa etária.

    O quadro 3, nos mostra a formação dos profissionais e como funcionam os projetos de atividade física nos municípios.

Quadro 3. O papel do profissional na visão das coordenadoras de PSF dos municípios de Luzerna, Herval d’Oeste e Joaçaba

Municípios

Formação dos profissionais

Características dos programas

A

Fisioterapia

Projeto piloto, trabalho com hipertensos e diabéticos em uma unidade de PSF, iniciarão com caminhadas.

B

Fisioterapia

Existe o projeto Mexa-se, que visa grupo de hipertensos e diabéticos e está dentro de todos os PSFs.

C

Educação Física

Existe um grupo que se reúne todas as semanas para as caminhadas e além disso, são realizadas palestras para diabéticos e hipertensos.

    Perguntando sobre a existência de um profissional de Educação Física dento dos programas, a coordenadora do município “C respondeu que existe e que o trabalho deste professor não se restringe somente aos grupos, ele tem participado de outros encontros como grupos de pacientes com diagnóstico de pressão alta e diabetes. É importante a presença do professor nos grupos, por que se sabe que este é o principal articulador das atividades. A coordenadora do município “B”, disse que não existe um profissional de Educação Física, somente uma fisioterapeuta que trabalha no Mexa-se. A coordenadora do município “A” confirmou que não existe um profissional de Educação Física trabalhando em programas oferecidos pelo setor de saúde do município.

    Apesar de não existir profissionais de Educação Física, trabalhando dentro desses dois municípios, as duas coordenadoras acreditam na importância desses profissionais e a coordenadora do município “C” diz ser indiscutível sua importância.

    Para o profissional de Educação Física, foram elaboradas questões referentes ao programa, como: quantos idosos participam, o público, como funcionam os programas, qual o objetivo dos programas, horários de funcionamento, os dias que acontecem as atividades, quais atividades são realizadas, as características dos programas, se existe um trabalho com hipertensos e diabéticos, e sugestões para melhorar o trabalho.

    Na entrevista com o professor de Educação Física do município “C”, foi questionado sobre o programa de atividade física que ele vem coordenando. Participam do programa, Exercitando a Saúde, em torno de setenta pessoas e o público é na sua maioria de mulheres, aproximadamente 90% dos alunos são do sexo feminino. Este programa visa o incentivo a prática da atividade física especificamente a corrida, caminhada, marcha, orientar a atividade física para praticarem nos demais dias da semana. “Tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas,” um grande número de pessoas achava que não podiam realizar atividade física e o objetivo é mostrar para elas que são capazes de realizar atividades, mostrar que o exercício é fantástico para diabéticos e hipertensos, e os demais”. “São realizadas as caminhadas, nas quartas- feira das 8:00 hs às 10:00 hs e a ATI (Academia da Terceira Idade), funciona em todos os horários e todos os dias. As atividades realizadas são a caminhada, corrida, alongamento, trabalho de flexibilidade, orientação nos exercícios. Além das atividades práticas, são realizadas palestras para orientar quanto aos benefícios que a atividade proporciona, pois não adianta dizer que atividade física é importante e não ensinar as mudanças que o exercício causa no corpo e na vida delas. Para melhorar este trabalho, o professor sugere que deveriam ser realizadas essas caminhadas no mínimo duas vezes por semana, dedicando um dia da semana a avaliação física. A partir do ano que vem a proposta é observar o efeito real da redução da medicação”.

Considerações finais

    Segundo Marino Tessari (CREF 000007-G/SC), presidente do CREF/SC uma lei para a contratação do profissional de educação física nos PSFs já foi criada. Para isso, o CREF3/SC tem se reunido com as secretarias de saúde para orientações na elaboração desta lei, que já foi sancionada em alguns municípios catarinenses como Florianópolis. Com a portaria 154, os núcleos passam a abordar a saúde da família de uma maneira mais ampla, integrando uma equipe multidisciplinar de profissionais de diferentes áreas, entre elas o profissional de Educação Física (CREF, 2008).

    Percebe-se que apesar do reconhecimento da importância da atividade física nos PSFs e na atenção à saúde do idoso, ainda existe uma confusão no que se refere a qual profissional seria responsável por estas atividades físicas.

    Após realizar a pesquisa, pôde-se concluir que apesar do conhecimento da importância da inserção dos profissionais de Educação Física nas equipes multidisciplinares dos PSFs, somente no município “C” foi encontrado um profissional de Educação Física que trabalha em programas de atividade física com a terceira idade.

    Cabe aos gestores de saúde viabilizar uma equipe multidisciplinar, incluindo os profissionais de Educação Física, que possa atuar de forma efetiva na promoção da saúde do idoso.

Referências

  • Caldas, C.P. Envelhecimento com Dependência: Responsabilidades e Demandas da Família. Caderno de Saúde Pública, vol 19, nº3. Rio de Janeiro, 2003.

  • CREF. http://HYPERLINK "http://www.crefsc.org.br."www.crefsc.org.br. Data de acesso 17.11.2008.

  • Fiedler, M. M., Peres, K. G. Capacidade Funcional e fatores asssociados em idosos so Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2008.

  • IBGE. http://www.ibge.gov.br. Data de acesso 03.09.2008.

  • León, R. B. Salud y equidad: una mirada desde las ciencias sociales. Rio de Janeiro. Editora FIOCRUZ, 2000.

  • Matsudo, S.M.M. Envelhecimento e Atividade Física. Londrina. Midiograf, 2001.

  • Matsudo, S.M., Matsudo,V.K.R., Neto, T.L.B. Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol 7, nº 1. Jan\fev, 2001.

  • Neves, J. L. Pesquisa qualitativa- características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em administração. São Paulo, v.1, nº 3, 2º sem./1996.

  • Nóbrega, A.C.L., Freitas, E.V., Oliveira, M.A.B., et al. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Atividade Física e Saúde do Idoso. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol.5, nº 6. Nov/dez 1999.

  • Pacheco, R. O.; Santos, S.S.C. Avaliação global de idosos em unidades de PSF. Textos envelhecimento. Vol. 7, nº 2. Rio de Janeiro, 2004.

  • Pereira, R.S. Perfil demográfico da população idosa no Brasil e no Rio de Janeiro em 2002. Texto Envelhecimento. v.6, n.1. Rio de Janeiro, 2003.

  • Pires, Z. R. S.; Silva, M. J. Autonomia e capacidade decisória dos idosos de baixa renda: uma problemática a ser considerada na saúde do idoso. Revista eletrônica de enfermagem, Goiânia, v.3, n.2, jul-dez, 2001.

  • Política nacional do idoso. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, sancionada em 1999.

  • Sanchez, M.A.S. A Dependência e suas Implicações para a perda de Autonomia: Estudo das Representações para Idosos de uma Unidade Ambulatorial Geriátrica. Textos Envelhecimento, vol 3, nº3. Rio de Janeiro. Fev, 2000.

  • Shephard, R.J. Envelhecimento Atividade Física e Saúde. São Paulo. Phorte; 2003.

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