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Pluralidade religiosa no âmbito universitário da Educação Física

La pluralidad religiosa en el ámbito universitario de la Educación Física

Religious plurality in the framework of Physical Education university

 

*Discentes da graduação em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador Graduando em Educação Física pela UCB/RJ
Pós-graduando em elaboração e Gestão de Projetos Sócio-esportivos pela UCB/RJ
Integrante do Grupo de Cultura Corporal da UCB/RJ. Integrante do LAPEM da UCB/RJ

***Orientador. Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ

Professor responsável pelo Grupo de Cultura Corporal da UCB/RJ

Subsecretário de esporte e lazer do município Rio de Janeiro SMEL

(Brasil)

Diego Pereira* | Jéssica Ribeiro*

José Carlos Neto* | Juliana Pinheiro*

Karen Nunes* | Rafaela Noronha*

Renan Maciel* | Ursula Arabella*

**Prof. Esp. Maurício Fidelis**

mauriciofidelis@hotmail.com

***Prof. Ms. Sérgio Tavares***

sergiof.tavares@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estudo se propôs a verificar o quanto os futuros professores de Educação Física são plurais religiosamente para lidar com problemas ligados a festas e eventos que geralmente tem ligação religiosa, como vai conduzir a religião em sua classe escolar, verificar se o mesmo tem conhecimento das religiões que irá se deparar para então saber como intervir diretamente em seu aluno. O público alvo se mostrava aberto e bem resolvido no que diz respeito à religião, ao final do evento todos foram considerados muito plurais e se consideram preparados para lidar com as dificuldades que encontraram como professores no âmbito escolar.

          Unitermos: Religião. Tolerância. Escola. Pluralidade.

 

Resumen

          The study sought to determine the degree of future physical education teachers are religiously plural to deal with problems linked to parties and events that usually have religious ties, as will lead to religion in class, check whether it has knowledge of religions will encounter and then learn how to intervene directly to your student. The target appeared to be open and well resolved with respect to religion, the end of the event all were very plural and consider themselves well prepared to deal with the challenges they faced as teachers in the school.

          Keywords: Religion. Tolerance. School. Plurality.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Professor de Educação Física geralmente tem que participar, organizar e vivenciar na escola eventos onde podem ocorrer exclusões de alunos devido a sua crença religiosa, surge o interesse em encontrar uma maneira para que crianças com religiões mais severas não fiquem excluídas da atividades na escola. Como ocorre a tolerância religiosa no âmbito Universitário da Educação Física? Será que os futuros Professores sabem como lidar com as inúmeras diferenças religiosas existentes? Verificando o nível de Pluralidade religiosa do futuro profissional será possível ajudar na sua tolerância aumentando sua pluralidade no que diz respeito à religião. No decorrer deste artigo será passada uma forma de conduzir sem excluir alunos de qualquer religião.

Metodologia

    Esta pesquisa se caracteriza como sendo uma pesquisa experimental com delineamento ex-post-facto, o N de pesquisa foi composto de 25 alunos do primeiro período de Educação Física da Universidade Castelo Branco em Realengo, bairro da Capital do Rio de Janeiro. Definimos o seguinte grupo pelo fato da mudança de pensamento dos mesmos sendo ocorrida num primeiro momento pela chegada da maturidade e em segundo plano o fato de serem oriundos do ensino médio onde os mesmos tinham como obrigação sua conclusão agora tendo a opção de cursar o ensino superior.

    Os estudantes responderam a um questionário para que fosse testado o nível da pluralidade religiosa antes da execução do evento informativo sobre tolerância religiosa. Este questionário com respectiva classificação e nível consta anexo a este artigo.

    O Evento informativo caracterizou-se pela apresentação de entrevistas semi-estruturadas realizadas pelo grupo com os líderes religiosos. Após o evento onde os estudantes foram levados a refletir sobre temas das principais religiões do País, segundo pesquisa do IBGE em 2000, são elas: O Catolicismo que como entrevistado temos o Padre Benedito Silva da paróquia de Ricardo de Albuquerque, O Protestantismo que foi tratado pelo Pastor Renato Cunha da Igreja Congregacional de Bangu, A Umbanda que tivemos a representação do Mestre Umbanda Fernando Jorge 7º grau, O Islã onde entrevistamos Fernando Celino que é o Relações Públicas da Mesquita da Tijuca e O Judaísmo que foi tratado pelo Rabino Ro’sh Marcos Andrade Abrão, Líder do Judeu no Recreio dos Bandeirantes.

    Foram realizadas palestras e exibição de vídeos interativos onde cada representante religioso explicou aos participantes as particularidades de sua crença. Os entrevistados respondiam a cinco perguntas e os universitários escutavam suas respostas e analisavam como poderiam fazer uso deste conhecimento. Ao final da palestra foi passado um novo questionário, este foi respondido por 22 pessoas das 25 que responderam ao primeiro, questionário com três perguntas onde foi possível verificar se houve melhora na pluralidade religiosa destes alunos, este questionário consta anexo a este artigo.

Desenvolvimento

    Trazemos a discussão um tema religioso, como acontece à tolerância religiosa no âmbito universitário da Educação Física?

    O censo demográfico realizado em 2000, pelo IBGE, apontou a seguinte composição religiosa no Brasil:

    Os 1,8% declaram-se seguidores de outras religiões, tais como: as testemunhas de Jeová (1,1 milhão), os budistas (215 mil), os santos dos Últimos Dias ou mórmons (200 mil), os messiânicos (109 mil), os judeus (87 mil), os esotéricos (58 mil), os muçulmanos (27 mil) e os espiritualistas (26 mil).

    Como objetivo geral a prioridade é conferir a existência da Pluralidade religiosa no meio acadêmico entendendo como se relacionam com um grupo de uma religião diferenciada da sua, é importante saber se existe influência no relacionamento, verificar os casos da não existência dessa tolerância e o que fazer para transformar as idéias do público alvo. Após a intervenção a meta é torná-los mais plurais. O Professor de Educação Física deve saber lidar com as diferenças que a pluralidade religiosa trás a tona em suas aulas, seja nas festas do calendário brasileiro ou na hora da aula prática devido aos trajes que cada aluno pode ou não usar.

    Estudos do “The Pew Forum on Religion and Public” feitos em 2010 revelam que geralmente as pessoas que mais fazem críticas as religiões diferentes das que praticam não tem conhecimento das doutrinas das religiões que criticam. Abrimos espaço para uma rápida análise de cada uma das religiões citadas em nosso artigo, para ter uma visão mais ampla das doutrinas. “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.” (CF/88 Art5º VI – Constituição Federal, 1988).

Catolicismo

    A religião Católica é a que possui o maior número de seguidores no Brasil segundo o IBGE (2000), existe desde a fundação da igreja no século I. “A religião católica hoje em dia é muito aberta às pessoas que busca sempre acolher aquele que acredita” palavras do Padre Benedito da Paróquia de Ricardo de Albuquerque um de nossos entrevistados. No decorrer da pesquisa fizemos perguntas que pudessem ser úteis aqueles que vão lidar diretamente com alunos de religiões variadas.

    O catolicismo tem de diferentes das outras religiões, a aceitação do papa como líder da igreja e o reconhecimento de sua infalibilidade. A adoção dos sacramentos da eucaristia (comunhão) e da confissão, a crença da virgem Maria antes da concepção e após o parto e na assunção da mãe de Cristo; adoração aos santos e os uso de indulgencias e sufrágios para os mortos. (Enciclopédia novo século. VISOR. 2002, pag 461).

    Quando perguntado o que um sacerdote católico espera de um professor de Educação Física dando aula a um católico, no caso Padre Benedito, diz: “Como Sacerdote espero que o profissional seja competente, pois em minha religião não há pontos exclusivos, onde o aluno possa ou não praticar, como esportes entre outros, o professor deve estar apto a conduzir uma boa aula”. Ponto marcante do Catolicismo nas escolas são as festas que tem origem na igreja, por exemplo, as festa juninas, que comemoram o dia de São João, Santo Antonio entre outros. Geralmente essas festas têm ligação com os professores de Educação Física nas escolas, já que envolvem a Dança e a Dança está presente como eixo norteador da disciplina Educação Física desde 1997, como um dos conteúdos da cultura corporal, como nos aponta os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). No entanto este fato causa dificuldades, pois alunos de outras religiões não têm esse tipo de comemoração e ficariam exclusos.

    Segundo a Professora Jussara de Barros Graduada em Pedagogia da Equipe Brasil Escola, a solução é chamar a festa Junina de a “festa do homem do campo”. Seu caráter tornou-se mais folclórico, com pratos culinários, resgate de brincadeiras, mas perdeu o lado da religiosidade, o que ajuda a tratar bem o evento dentro de outras religiões. Porém existe um sério problema sobre as mesmas: o homem do campo é visto como uma figura engraçada, de forma desrespeitosa. A imagem do mesmo aparece faltando dentes, com roupas rasgadas, o que não é verdade, mas uma forma preconceituosa de tratar aqueles que cuidam das plantações e das colheitas dos alimentos que vão às nossas mesas todos os dias.

Islã

    Ao tratarmos um Muçulmano na escola temos que entender um pouco de seus costumes, um marcante é o fato de um religioso não poder tocar em outros alunos de sexo oposto ao seu. Sua tradição diz que não se pode tocar em alguém de outro sexo sem ser casado com esta pessoa. Então seria necessário analisar os jogos de contato físico e não utilizá-los entre meninos e meninas do Islã (Fernando Celino - Relações Públicas da Mesquita da Tijuca).

    Quando perguntado como seria uma aula de Educação Física a um Muçulmano e o que este poderia ou não fazer dentro desta aula, Fernando Celino Relações Públicas da Mesquita da Tijuca foi direto e informou que primeiramente o Professor deve saber as particularidades mínimas da religião para que ajudem no tratamento do aluno religioso, algumas já citadas, o mesmo afirma que a religião incentiva as praticas esportivas, porém homens com homens e mulheres com mulheres, sobre os eventos e as festas os mulçumanos não podem participar de nada que seja de outras religiões. O Professor também deve ficar atento ao mês de Ramadã, pois o Mulçumano tem que jejuar e não pode beber, comer e ter relações sexuais até o por do sol.

    Segundo a professora Robab Shahrian com mestrado em Educação Física e Ciência do Esporte e presidente da Comissão Esportiva Feminina do Comitê no esporte o Islã respeita e apóia a prática de exercícios físicos e a competição esportiva, num ambiente saudável de aprimoramento humano e disputa justa. As mulheres necessitam de muito mais atenção devido a suas características físicas especiais. (Revista islâmica evidências - Março/Abril 2008 (A.D.) - Ano 1/Número 2 (paginas – 76, 77 e 78) entrevista foi feita pela jornalista iraniana Turan Jamshidian, editora-chefe da Revista Mahjubah, editada na República Islâmica do Irã).

Judaísmo

    O Judaísmo é uma religião que possuiu um número considerável de praticantes no Brasil, cerca de 87 mil (IBGE 2000). Algo que chama atenção na pratica da religião, é que os Judeus Messiânicos são impossibilitados de treinamentos e competições durante o Shabat, que é um dia santificado de descanso após a labuta considerado sagrado aos Judeus. Compreende o por do sol da sexta feira ao por do sol do Shabat. Quanto às vestimentas nada é proibido desde que não promovam a sensualidade e a falta de pudor (Ro’sh Marcos Andrade Abrão – Líder do Judeu no Recreio dos Bandeirantes). Com esse dado fica claro a necessidade de um conhecimento prévio do aluno Judeu pelo Professor de Educação Física. Uma característica de identificação de homens judeus é o uso da kippa, pequena touca, que representa o respeito a Deus no momento das orações. Nos locais das rezar, as sinagogas, existe uma arca, que representa a ligação entre Deus e o Povo Judeu. Nesta arca são guardados os pergaminhos sagrados da Torá que é o livro sagrado Judeu.

Umbandá

    A Umbanda é uma religião Brasileira com características Africanas, fundada por Zélio Fernandino de Morais (SAIDENBERG 1978), os ritos acontecem de forma aberta e livre a visitação, os movimentos se parecem aos de danças. Segundo o Mestre Umbanda Fernando Jorge 7º grau não há nada no decorrer das aulas de Educação Física nas escolas que possam excluir um praticante, não há uma identificação visual e nem no linguajar, o professor deve apenas evitar tocar com a mão na cabeça de um Umbandista, pois os mesmos acreditam haver um bloqueio espiritual ao tocar na cabeça.

    Cada magnetismo é irradiado num padrão vibratório próprio. Suas ondas têm comprimentos diferentes, não se tocando ou se misturando ou se anulando. E com isso não criam um caos vibratório e energético. (SARACENI, Rubens. As Sete linhas de Umbanda. Rio de Janeiro: MADRAS, 2010. 114pág.)

Protestantes

    O Cristianismo tem outra vertente, que se da através do Protestantismo, que foi abordado e tratado com o pastor Renato Cunha representante da Igreja Congregacional, que quando perguntado a forma como acredita que o professor deve ministrar as aulas de Educação Física a um Evangélico o mesmo teve opinião parecida com a do Padre Benedito, o profissional deve ser plural religiosamente para entender as diferenças que possam existir e lidar com elas. O Evangélico pode fazer tudo que não afeta sua integridade e não traga promiscuidade, deve respeitar seus costumes e participar de todos os eventos esportivos. O pastor cita que não se pode participar de festas onde o objetivo tem relação com outras religiões, usar a festa de São João como festa de primavera é algo que agradou o Sacerdote, pois o mesmo entende que não haja pregação nas festas de escola e sim um Paradigma.

    As festas folclóricas, como as juninas, possuem este aspecto cultural que deve ser levado em consideração. Contudo, temos de ter cautela, para não escandalizarmos ninguém, conforme nos ensina o apóstolo Paulo (1 Coríntios 8:13). Devemos ter discernimento para sabermos o que fazer. (Rodrigo Ribeiro Rodrigues – O Galileo, 2011).

Resultados

    Passado um questionário ex-facto onde o objetivo era verificar o nível de pluralidade religiosa que se encontrava os estudantes de Educação Física ingressante na universidade, dos 25 entrevistados, 15 foram considerados relativamente plurais por terem pontuação acima de 30 pontos totalizando 60% dos entrevistados. Os outros 10 alunos mostraram-se muito plurais atingindo pontuação acima de 60 pontos totalizando 40% dos entrevistados, nenhum aluno se mostrou pouco plural.

    Após o evento onde foi passado o questionário pós-facto vinte e dois dos vinte e cinco entrevistados compareceram e responderam ao questionário, este segundo questionário foi preenchido de forma discursiva onde das três perguntas as respostas eram validadas com o que foi escrito pelo público alvo, um acerto vale dez pontos, dois acertos valem vinte pontos e três acertos valem trinta pontos. Os vinte e dois alunos entrevistados atingiram trinta pontos em trinta pontos possíveis, sendo considerados alunos plurais, resultado considerado muito bom. Pois se entende que o aluno esteja mais preparado para lidar com a pluralidade religiosa existente nas escolas alaícas.

Conclusão

    Ao final da pesquisa foi possível mostrar o quanto é grande o leque de diferenças religiosas que o país possuí e possível aprender um pouco mais sobre essas religiões. A Tolerância Religiosa ocorre muito bem no meio universitário, pois os estudantes pesquisados entendem um pouco desta diferença, porém não sabiam lidar com a mesma no momento em que passam a intervir na vida de seus alunos. Os alunos que responderam ao questionário e viram todos os vídeos e opiniões dos religiosos acreditam estar sim mais preparados para atender as diferenças que encontraram como professores de Educação Física, tendo em vista que receberam orientação direta de Sacerdotes que detém conhecimento sobre o que se pode ou não fazer nas aulas de Educação Física para indivíduos de uma determinada religião.

    A abordagem de um Professor sempre deve ser embasada e concisa pois há um consenso entre os religiosos quando os meus são perguntados como esperam que o professor de Educação Física de aulas um aluno religioso, todos acreditam que além da pluralidade religiosa que este profissional deve carregar é necessário que o mesmo seja habilitado e competente.

Referências

Entrevistas

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