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Percepção do enfermeiro sobre a eficácia 

da educação permanente em saúde

La mirada del enfermero sobre la eficacia de la capacitación permanente en salud

 

*Graduando em Enfermagem pela Universidade Estadual

de Montes Claros (UNIMONTES), Minas Gerais (MG)

** Enfermeira, Docente do curso de Enfermagem da Faculdade Santo Agostinho, MG

*** Enfermeira Mestre em Ciências pela Universidade Federal

de São Paulo, Professora do Departamento de Enfermagem da Unimontes, MG

**** Enfermeira, Graduada em Enfermagem pelas Faculdades

Integradas Pitágoras de Montes Claros. MG

***** Enfermeira, Doutoranda em Ciências da Saúde pela Unimontes

Professora do Departamento de Enfermagem da Unimontes. MG

******Enfermeira, Mestre em Saúde Pública, Professora do Departamento

de Enfermagem da Unimontes. MG

Luís Paulo Souza e Souza*

Aline Canária Alves de Souza**

Carla Silvana Oliveira e Silva***

Franciely Alves Nascimento****

Ialys Pinheiro Oliveira****

Maria Fernanda Santos Figueiredo*****

Leila das Graças Siqueira******

luis.pauloss@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Objetivou compreender a percepção do enfermeiro sobre a eficácia e importância da educação permanente em saúde na assistência prestada pela equipe de enfermagem e a sua forma de realização. Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada e analisados por meio da técnica de análise do discurso. Os resultados revelaram três categorias empíricas: “A Realização da educação permanente em saúde, recursos disponíveis e dificuldades encontradas”; “A Importância da educação permanente em saúde”; “Melhoria da qualidade da assistência prestada pela equipe de enfermagem, por meio da educação permanente em saúde”. Observou-se que os enfermeiros consideram a educação permanente em saúde como importante ferramenta, para capacitar a equipe para trabalhar de forma correta e ágil, proporcionando mudanças positivas no serviço da equipe de enfermagem, resultando em melhoria na qualidade da assistência. No entanto, percebeu-se que a sua realização é feita pelo sistema descentralizado, não desenvolvida de forma contínua, com a finalidade de avaliar e corrigir erros. Espera-se que esse estudo possa ampliar reflexões sobre a educação permanente em saúde, de modo a realizá-la sistematicamente, contribuindo para a melhoria da qualidade da assistência.

          Unitermos: Educação permanente em saúde. Educação em serviço. Enfermagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 160, Septiembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O mercado de trabalho, diante da constante renovação de conhecimento do mundo atual, vem exigindo cada vez mais de seus profissionais a atualização permanente e renovação dos conhecimentos. Desse modo, cada dia cresce os investimentos das empresas em capacitações de seus funcionários. Entre esses, tem-se as instituições de saúde, que têm procurado se adaptarem ao contexto sócio-político e econômico de competitividade (PEDUZZI et al., 2009).

    Nesse contexto, reconhece-se a necessidade constante de promover oportunidades de ensino visando à melhoria da assistência à saúde, ressaltando a equipe de enfermagem, que se constitui no grupo mais amplo e mais heterogêneo da saúde, e por isso considerado “a vitrina” da instituição (BEZERRA, 2003).

    Para tanto, tem-se a necessidade da realização de atividades educativas realizadas que contribui para a formação, desenvolvimento e fortalecimento do trabalho.

    A educação permanente em saúde está fundamentada na concepção de educação como transformação e aprendizagem significativa, centrada: no exercício cotidiano do processo de trabalho, na valorização do trabalho como fonte de conhecimento, na valorização da articulação com a atenção à saúde, a gestão e o controle social, e no reconhecimento de que as práticas são definidas por múltiplos fatores; voltada à multiprofissionalidade e à interdisciplinaridade, com estratégias de ensino contextualizadas e participativas, e orientada para a transformação das práticas (VIANA et al., 2008).

    Atualmente a educação permanente em saúde que tem como finalidade garantir a boa qualidade da assistência prestada ao cliente, por meio de ações qualificadas e sistematizadas, se torna fundamental, já que é responsável por uma melhoria na qualidade de vida tanto dos que prestam assistência como dos que são assistidos (BRASIL, 2007).

    Vale ressaltar, que a educação permanente em saúde hoje não é vista como mero recurso de capacitação para redução de erros e custos, mas sim como uma forma de difundir o conhecimento dentro das instituições (BEZERRA, 2003).

    Dessa forma, percebe-se a importância do enfermeiro na prática da educação permanente em saúde, uma vez que, atua como líder, executando além da atividade assistencial a de educador, responsável pela capacitação da equipe de enfermagem. Tendo como meta a assistência adequada, fundamentada nos seus conhecimentos científicos interferindo diretamente na qualidade do serviço (BARBOSA e SAMPAIO, 2003).

    Justificado pela importância do tema, esta pesquisa torna-se relevante na medida em que contribui para a reflexão sobre ações educativas direcionadas aos trabalhadores de enfermagem. Sendo assim, este artigo objetivou identificar a percepção do enfermeiro sobre a eficácia e importância da educação permanente em saúde na assistência prestada pela equipe de enfermagem, bem como sua forma de realização.

Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, que procurou enfatizar o significado que os enfermeiros atribuem à educação permanente em saúde, tendo em vista que a pesquisa qualitativa abrange as representações sociais na vivência das relações objetivas pelos atores, atribuindo-lhes significado, já que caminham para o universo das significações, motivos, aspirações, crenças e valores (MINAYO, 2006).

    A pesquisa foi realizada em um Hospital Filantrópico da cidade de Montes Claros, norte de Minas Gerais, Brasil, que oferece a população atenção nos níveis secundário e terciário.

    O número de sujeitos da amostra foi considerado suficiente, quando os dados da pesquisa refletiram a totalidade das múltiplas dimensões do objeto deste estudo e se tornaram repetitivos, totalizando-se quatro (MINAYO, 2006).

    O critério de exclusão foi não aceitação em participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada por um dos autores, através de uma entrevista não estruturada, com as seguintes questões norteadoras: a eficácia e importância da educação permanente em saúde, a frequência de realização, os responsáveis pela realização, os principais recursos e os pontos dificultadores.

    As entrevistas foram gravadas e, em seguida, transcritas, o que possibilitou o registro fidedigno de todas as informações fornecidas pelos entrevistados (BAUER e GASKELL, 2004).

    Para a análise dos dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, que consiste na análise da comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção destas mensagens (MINAYO, 2006). Dessa maneira, foram agrupadas por finalidades e categorizadas de acordo o estilo de edição, sendo preservada a identidade dos entrevistados, denominando-os como E1, E2, E3 e E4.

    Vale ressaltar, que anteriormente a entrevista, foi realizado um pré-teste a fim de evidenciar falhas e verificar a fidedignidade, validade e operatividade das questões presentes no instrumento.

    O trabalho foi conduzido conforme as exigências das pesquisas realizadas em seres humanos e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Montes Claros, conforme parecer número 343/06. Foi apresentado à instituição pesquisada um documento da Comissão de Ética em Pesquisa para que fosse autorizada a realização da pesquisa, e aos entrevistados foram orientados quanto aos objetivos, riscos e benefícios da pesquisa e a assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme recomendações da Resolução 196 / 96 (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996).

Resultados e discussão

    A identificação dos temas mais incidentes nos discursos permitiu a identificação de categorias que evidenciaram, segundo a percepção dos enfermeiros sobre a eficácia e importância da educação permanente em saúde, a freqüência de realização, os principais recursos e os pontos dificultadores. Para categorização das falas, referenciou-se em Lüdke e André (2001) quando estes esclarecem que para se iniciar a criação de categorias pode-se partir dos aspectos recorrentes encontrados no material de estudo. Essas categorias receberam as seguintes denominações: Realização da educação permanente em saúde, recursos disponíveis e dificuldades encontradas; A Importância da educação permanente em saúde; Melhoria da qualidade da assistência prestada pela equipe de enfermagem, por meio da educação permanente em saúde.

Realização da educação permanente em saúde, recursos disponíveis e dificuldades encontradas

    Observou-se nesse estudo que a educação permanente em saúde tem sido sempre realizada pelos enfermeiros responsáveis pelos setores, indicando que é utilizado o sistema descentralizado para o desenvolvimento dessa atividade e isso ocasiona uma sobrecarga de trabalho dos mesmos. Contudo, o hospital vem criando uma Comissão de Educação permanente em saúde, que ficará responsável pela execução das atividades educativas, passando do sistema descentralizado para o centralizado.

    “Os responsáveis pelas reuniões são os enfermeiros do setor.” (E1)

    “Já está sendo montada uma Comissão de Educação permanente em saúde, já tá em andamento [...]” (E4)

    O sistema centralizado é desenvolvido pela equipe de educação permanente em saúde, sem interferência dos enfermeiros das unidades e o sistema descentralizado é realizado pelos enfermeiros dos setores. No entanto, é imprescindível que tanto os enfermeiros da educação permanente em saúde como os enfermeiros dos setores façam parte do processo educacional, além da participação dos funcionários. Isso oportuniza conteúdos programáticos atualizados e compatíveis às necessidades (SIQUEIRA e KURCGANT, 2004).

    A realização da educação permanente em saúde acontece apenas quando o enfermeiro percebe que os funcionários possuem algumas dificuldades na execução do seu trabalho, seja através de dúvidas frequentes ou falhas, como relatado:

    “É de acordo com a necessidade que a gente encontra na clínica e na demanda da clínica, do setor.” (E1)

    “A gente vê a dificuldade, apareceu um caso, alguma coisa que ficou dúvida a gente discute [...].” (E3)

    De igual forma tem ocorrido a escolha dos temas a serem ministrados nas reuniões.

    “Primeiro eu faço uma observação, vejo o que elas estão tendo dificuldade, oriento a primeira vez e, se persistir, se eu ver que mais de uma pessoa está com a mesma dificuldade, eu elaboro uma educação permanente em saúde a respeito do tema e elas mesmas vão me dando dicas, né?” (E2).

    A educação permanente em saúde não deve ser encarada como apenas uma atividade que corrige falhas. É necessário que a percepção do enfermeiro esteja voltada para o aprimoramento constante do conhecimento com a finalidade de prever erros dentro do serviço, alcançar os objetivos propostos pela realidade organizacional e acima de tudo, preparar a equipe para enfrentar um mundo que se encontra em constante transformação (BEZERRA, 2003).

    Para tal, sua realização deve ser contínua e os profissionais responsáveis pela educação permanente em saúde não podem ser limitados apenas a aspectos técnicos e cognitivos, mas procurar conhecer as necessidades dos clientes, dando atenção às mudanças do ambiente de trabalho, na tecnologia, na enfermagem e nas demandas do mercado (SAUPE, CUTOLO e SANDRI, 2008).

    No que se referem à motivação, percebeu-se que alguns entrevistados se sentem motivados a realizarem a educação permanente em saúde, devido à satisfação dos funcionários em aprender coisas novas e a partir daí melhorar o serviço da equipe.

    “Sinto, porque as minhas funcionárias, elas se sentem super felizes quando eu passo alguma coisa pra elas que elas vêem que isso vai melhorar o atendimento de enfermagem e elas aderem.” (E2)

    “A gente sempre se motiva quando a gente traz um assunto novo [...]. Quando a equipe está motivada, nós acabamos nos motivando também.”(E1)

    A motivação dos funcionários deve ser vista como um princípio básico para o diferencial competitivo. Esta impulsiona os funcionários a desenvolverem suas atividades com competência e satisfação (PERES, LEITE e GONÇALVES, 2005). Entretanto, observou-se também, que há aqueles que não se sentem motivados, devido ao acúmulo de serviço e ao pouco incentivo por parte da instituição que é a maior beneficiada, depois do cliente, por essa atividade.

    “Motivado até que... agora a questão [...] é que fica a desejar devido ao acúmulo de serviço [...] Deveria ter um melhor incentivo.” (E4)

    “É motivado a gente sempre está [...], agora eu acho que falta também do hospital dar um suporte pra gente[...]. A gente não tem nenhuma motivação perante o hospital.” (E3)

    Barbosa e Sampaio (2003) afirmam que a instituição tem papel importante no desenvolvimento profissional de seus funcionários, uma vez a motivação dada pela instituição poder levar os funcionários a se esforçarem para alcançar as metas traçadas pela mesma.

    A responsabilidade do enfermeiro pelo seu processo de atualização constante tem de ser estimulada e valorizada. O ideal seria o desenvolvimento de uma responsabilidade compartilhada entre enfermeiro e instituição (SOUZA et. al., 2006). É mister que para que programas de educação permanente em saúde possam ser realizados de forma eficiente, é necessário que estejam disponíveis adequadamente recursos: humanos, materiais, financeiros e físicos (BARBOSA e SAMPAIO, 2003).

    O hospital em questão disponibiliza apenas recursos materiais para o desenvolvimento da educação permanente em saúde. Isso tem dificultado a sua realização, fazendo com que a maioria das atividades educativas seja realizada durante o horário de serviço, podendo gerar dessa maneira prejuízo na qualidade das mesmas, como verificado nos depoimentos abaixo:

    “Na verdade, os recursos que a gente tem são muito deficitários... eu faço dentro do horário de serviço pra que a gente não precise pagar vale transporte.” (E2)

    “Recursos materiais, acho que não tem dificuldade. A dificuldade é de recursos financeiros.” (E4)

    Além da dificuldade financeira, também foi citada a falta de tempo, devido à sobrecarga de trabalho como uma barreira para o desenvolvimento da educação permanente em saúde. Bezerra (2003) destaca que os programas de educação permanente em saúde desenvolvidos durante o período de trabalho motivam os funcionários, mas devem ser disponibilizados horários para o mesmo, até um cronograma.

    Este fato é semelhante ao evidenciado em um estudo realizado com oito enfermeiras da Unidade de Terapia Intensiva de um hospital geral do Rio de Janeiro – RJ. Estas corroboram, assegurando que as dificuldades primordiais para a realização da educação permanente em saúde, referem-se à falta de tempo devido ao excesso de trabalho, número insuficiente de profissionais palestrantes, acomodação profissional em função da rotina permanente e os fatores socioeconômicos principalmente os baixos salários (BARBOSA e SAMPAIO, 2003).

A importância da educação permanente em saúde

    Todos os entrevistados consideram importante o desenvolvimento da educação permanente em saúde nos seus setores de trabalho, uma vez que, por meio dessa, é possível que a equipe esteja preparada para executar o serviço diário e agir corretamente diante de situações em que não contam com a presença do enfermeiro no setor.

    “A educação permanente em saúde é uma atividade importante porque você vai ter uma equipe treinada, uma equipe preparada para as diversas situações que vão ocorrer [...]. Então você nunca vai ter um imprevisto em sua clínica, você vai ter sempre o controle do que está acontecendo em sua clínica por causa da educação permanente em saúde.” (E1)

    “É de extrema importância pelo fato de estar, continuamente, renovando o conhecimento dos funcionários, continuamente reafirmando as rotinas, relembrando algumas situações que podem ser esquecidas ou podem ser deixadas de lado pelo funcionário. [...] a educação permanente em saúde é a saída pra gente corrigir os problemas do setor. É ela que vai resolver grande parte.” (E4).

    Os sujeitos atribuíram à importância da educação permanente em saúde ao desenvolvimento das capacidades dos funcionários.

    Peduzzi et al., 2009 relatam que a educação permanente em saúde propicia aos profissionais uma maior capacidade de comunicação, interação entre os colegas de trabalho, possibilitando maiores espaços de trocas, negociação e busca de consensos. Isso proporciona aos profissionais envolvidos maior desenvolvimento no ambiente de trabalho.

    Os entrevistados ressaltam ainda a importância da renovação constante do conhecimento através da educação permanente em saúde, corroborando com Ceccim (2005), o qual informa que a educação permanente reconhece o caráter educativo do próprio trabalho, proporcionando mudanças de conhecimentos e renovação de informações as quais possibilitam promover mudanças e transformações na perspectiva da integralidade da saúde.

    No entanto, a educação permanente em saúde deve ser executada não somente para capacitar funcionários em relação a procedimentos, mas para propiciar a construção de uma consciência crítica (FARIA, 2008).

    O enfermeiro deve buscar competências para o desempenho de um papel estratégico e para seus resultados, que envolvem, sem dúvida, o alcance de uma prática assistencial de excelência que vise também a capacitação de seus funcionários para a tomada de decisão, julgamento clínico da visão sistêmica e um pensamento crítico, além de desenvolver competências comportamentais como liderança e planejamento, comunicação, negociação, relações interpessoais e iniciativa (SOUSA e HAMANN, 2011).

    Os sujeitos retrataram um aspecto importante relacionado à educação permanente em saúde, que consiste na sua contribuição para a execução do controle, uma das funções administrativas que o enfermeiro deve desempenhar continuamente, que contribui para melhoria da qualidade da assistência. Isso pode ser assegurado, já que a avaliação da eficiência e eficácia da assistência de enfermagem, através dos recursos da função administrativa de controle, pode vir a indicar o caminho que se poderá trilhar. Possibilitando assim, o aprimoramento da qualidade da assistência que não deve ser um pressuposto apenas de cunho pessoal, ou institucional, mas deve ser compreendida como uma questão de compromisso com a população (PEDROSO, 2005).

Melhoria da qualidade da assistência prestada pela equipe de enfermagem por meio da educação permanente em saúde

    A educação permanente em saúde tem como intuito garantir a boa qualidade da assistência prestada ao cliente, através de ações qualificadas, valorizando e motivando o profissional (TORRES et al., 2005).

    A educação permanente em saúde foi apontada pelos entrevistados como um caminho para alcançar a melhoria da assistência. Referiram mudanças que aconteceram no ambiente de trabalho e na postura dos funcionários. Possibilitou ainda a correção de erros que eram frequentes durante o serviço.

    “A educação permanente em saúde é a saída pra gente corrigir os problemas dos setores. É ela que vai resolver grande parte.” (E4)

    Verificou-se que os enfermeiros consideram como benefício da educação permanente em saúde, a aquisição de agilidade e segurança na realização de procedimentos, o que pode ser evidenciado pelos discursos seguintes:

    “Interfere muito. A gente consegue padronizar para que todos os funcionários tenham a mesma conduta frente a um determinado paciente [...]. Além de normatizar essa conduta, a gente consegue prevenir que erros aconteçam através da educação permanente em saúde. O funcionário, ele fica mais atento, ele consegue desenvolver melhor o seu trabalho, né?” (E1)

    “[...] uma série de pequenas mudanças fizeram a diferença, só devido a educação permanente em saúde que eu fiz com elas. A qualidade da assistência melhorou muito, nesse aspecto (E2).”

    Esses relatos estão em concordância com a literatura que afirma que a educação permanente em saúde é utilizada com o intuito de poupar recursos por meio da padronização de procedimentos e do melhor desempenho dos profissionais, é considerado um processo que melhora a execução do trabalho e ainda prepara esses profissionais para uma ascensão profissional (MONTEIRO, CHILLIDA e BARGAS, 2004).

    Vale destacar, que a “qualidade” está relacionada com profundidade, perfeição, participação e criação. O termo aplica-se, preponderantemente, à ação humana. É fácil deduzir que qualidade depende, principalmente, dos recursos humanos, considerando que isso não significa apenas treinar o elemento humano, mas também reconhecer esforços feitos, interesses, dedicação, pontualidade, assiduidade, espírito de colaboração e outros (DEMO, 1995).

    Dessa forma, percebe-se que o valor atribuído aos esforços dos funcionários diante do cuidado prestado interfere diretamente na qualidade. Entretanto, o foco também deve ser direcionado ao cliente, que é o principal beneficiado pelas ações educativas desenvolvidas pela enfermagem, como observado no seguinte discurso:

    “Ah, em tudo. Desde em relação à técnica correta, a controle de infecção, a tratamento do paciente, a humanização da assistência de todos os aspectos, todos, todos.”(E4)

    Os entrevistados ressaltaram que educação permanente em saúde precisa ser associada a outros métodos, que também irão contribuir para o alcance da qualidade da assistência, como a postura profissional, o que corrobora com Merhy, Feuerwerker e Ceccim (2006).

    “A educação permanente em saúde por si só não resolve todos os problemas do setor, porque tem que ter uma cobrança muito grande, tem muitos funcionários que... pelo fato de serem funcionários mais antigos ou então até funcionários mais recentes que têm muita resistência... então, além da educação permanente em saúde [...] tem que vir acima de muita cobrança.” (E4)

    Diante disso, entende-se que a educação permanente em saúde é um dos caminhos para a qualidade, todavia para que bons resultados sejam alcançados devem ser acrescidos outros fatores, como esforço dos funcionários, cobrança do enfermeiro, formas educativas complementares associadas e incentivos da instituição (CECCIM , 2005).

Considerações finais

    A educação permanente em saúde foi considerada instrumento importante, uma vez que prepara a equipe para trabalhar de forma correta e ágil. Tem proporcionado mudanças positivas no serviço da equipe de enfermagem e, por conseguinte, a melhoria na qualidade da assistência. Entretanto, para que seja mais eficaz e eficiente deve ser associada a outros fatores, em especial postura do profissional.

    O sistema descentralizado tem sido utilizado para o desenvolvimento da educação permanente em saúde. Percebeu-se que a realização dessa atividade é pouco freqüente, não é desenvolvida de forma contínua e rotineira, e sim com a finalidade de avaliar e corrigir erros. Sendo oferecidos apenas recursos materiais para sua execução.

    Os enfermeiros se sentem motivados, devido ao fato de se tratar de temas inovadores e pela motivação de seus funcionários, no entanto, não são motivados pela instituição. Ainda, enfrentam diversos entraves dificultadores, sendo os principais: escassez de recursos financeiros, pouco tempo disponível e sobrecarga de trabalho dos enfermeiros responsáveis pela execução dessa atividade.

    Esse estudo tem a limitação de que essa realidade representa apenas a instituição pesquisada, não podendo seus resultados ser generalizados. Espera-se que esse estudo possa ampliar reflexões acerca da educação permanente em saúde, subsidiando novas pesquisas e contribuindo para a melhoria da qualidade da assistência.

Referências

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