Lecturas: Educación Física y Deportes
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A estruturação histórica do tango argentino:
Uma analise de 1850 a 1890
Leonardo José Mataruna dos Santos e Luciana de Oliveira Barros (Brasil)
Universidade Federal do Río de Janeiro
mataruna@ruralrj.com.br

Trabalho revisado e modificado. Bases Primordiais no Surgimento do Tango Argentino. Publicado nos Anais do VI Congresso Brasileiro de História do Esporte, Lazer e Educação Física. p. 616-21. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 1998.


Tango Resumo
O objetivo deste estudo é mostrar a trajetória do Tango no mundo entre 1850 e 1890 e sua evolução da dança - Tango como lazer desde seus primórdios nos cais de Buenos Aires. O foco da investigação incide sobre o Tango que ascendeu em 1860 e teve seu crescimento concomitante ao da sociedade argentina, formada por imigrantes europeus que vieram à América em busca de uma nova vida e/ou por motivos políticos. Este estudo histórico - descritivo hipotetizou a discriminação sofrida por esta dança, desde o surgimento até sua aceitação pela sociedade como necessidade expressão popular. O Tango surgiu nos prostíbulos com a finalidade de aproximar corpos masculinos e femininos, inventado por aqueles que depois de uma longa jornada de trabalho buscavam um momento de lazer no encontro com mulheres. A coreografia do Tango de acordo com o núcleo social de onde se encontra, possuía concepção denominada "vulgar", marginalizada socialmente por buscar a sensualidade e o prazer. A evolução das coreografias do Tango foi constante como o vivo e vigente; caso permanecesse em uma única forma, teria desaparecido ou "seria motivo de uma simple recordação cênica, como outras espécies da dança popular", (Dinzel 1994). Conclui-se que apesar das discriminações que esta sofreu, a dança, o estilo e a música engajaram-se em uma nova trajetória que desvirtuou sua estética original, porém ampliou sua popularidade no mundo, restrita antes a negros, crioulos, índios e marinheiros.
Unitermos: História do Tango. Dança. Surgimento.

Abstract
The pourpose of this research is to present the Tango historical trajectory during the period of 1850 untill 1890 and its evolution of Tango dance- practiced as leisure in your prime on Buenos Aires bay´s, Argentina. This investigation begin in 1860 when Tango grow together with argentine people, made by European immigrates that come to America looking for a new way of life or to escape from political problems. This descriptive - historical hypothesis, study the discrimination suffered by this kind of dance in the early times until the society approving. The Tango come out in the pubs with people who want to approach men and women looking for pleasure. The Tango choreograph can changes between different social groups. The evolution of the choreography of Tango was continuous to keep alive this art. Finally, we can say that the discrimination suffered by Tango changed its original style, but it made the popularity of the argentine's.
Key Words: Tango. Dance. Emerge.


Introdução
O Tango é uma maneira de viver, de sentir e conceber apaixonadamente a existência e o mundo, expressada por um conjunto de artes unidas baixo o mesmo rótulo por seus artistas, sua estética e as circunstâncias de sua história.

O Tango é uma música de espécie popular não folclórica, basicamente regrada em um compasso binário de 4/8. A diferença de outras artes musicais que são em geral improvisadas, o Tango é, sempre, música composta de antemão e executada com acordo prévio.

É uma dança de pares abraçados, não necessariamente homem e mulher, - ciclo de danças cuja invenção lhe pertence - que se realiza em parte como improvisação e em parte com passos já consagrados e codificados, desenvolvidos através das épocas em coreografias de uma parceira ou de várias harmonizadas.

É uma canção, quando sua música se combina em espirito, métricas, acentuações, intenções, ritmos e melodias com os versos da poesia cantável.

Uma Arte de interpretação, no instrumental e no vocal - com cantos -, em versões solistas ou coletiva, orquestras ou coros, sempre sujeitas a arrumação que é a adaptação dos Tangos a cada estilo interpretativo.

Música, dança, canção poética, interpretação instrumental e vocal, são apresentadas como as quatro artes que constituem o Tango.


1850-1890 Antes do Tango - Período da Ambientação

Tango Como Palavra
Tango As artes, neste caso as músicas, as danças, as canções, e as palavras que as designam não possuem sempre a mesma procedência.

A origem, a gênese e o nascimento das artes que chamamos Tango e os da palavra que o designa não são o mesmo. A palavra Tango já existia em culturas mais antigas que o do Rio de La Plata.

Na cultura negra, na linguagem dos africanos, Tango significa aproximar-se, tocar, palpar. Em Montevidéu, desde o final do século XVIII, a cerimônia de coroação dos reis Congos se chamava semba, bámbula, chicha e tambo ou Tango. Entre os negros de Cuba também se conhecia a palavra Tango como designação de baile. No sul dos Estados Unidos, no século passado e entre músicos de cor, se chamava "tangana" a um ritmo inspirado nas raízes cubanas, assim mesmo, em uma cidade da África equatorial em Ubangui, leva o nome de Tango. Segundo Holanda (1986), é uma palavra de origem africana através do Espanhol - Platino que significa espécie de pequena tambor africano; dança executada através desse instrumento; entre outros citados anteriormente.

Na cultura indígena, particularmente entre os nativos de Honduras, se denominava Tango a um instrumento de percussão e também ao rolo de tabaco para fumar envolto em uma melaça para conserva-lo fresco.

Em uma cultura hispânico - latina, Tango em latim, procede de "tactum", tocar. Tem diversas acepções, entre outras a de tocar uma pessoa, terra, porto ou objeto; comover, golpear e ferir; fazer versos de vez em quando e tocar um tema.

No castelhano antigo, consequentemente, o verbo "tangir" significava tanger ou tocar um instrumento. Já na cultura japonesa, havia uma região próxima a grande cidade de Osaka se denominava Tango. No antigo Japão, o conceito dos números estava associado com animais ou objetos. Assim, o número dois o associava com a idéia da vaca. A esta associação chamavam Tango. No Japão atual, a festa das crianças - que celebra o quinto dia do quinto mês de cada ano - se denomina Festa do Tango. Tango, em japonês significa vocabulário.

Em conseqüência, a origem da palavra Tango e a origem da palavra criada no século XIX e desenvolvida no século XX, não são o mesmo.


Formação da Sociedade Argentina e Tangueira
Na segunda metade do século XIX, a humanidade conhece e vive um dos seus maiores movimentos migratórios, desde os países da Europa meridional até o Rio del Plata na Argentina e Uruguai.

A maioria dos imigrantes era composta de espanhóis (que originaram os crioulos - descendentes destes nascidos na América) e italianos das regiões menos afortunadas. Existiam também imigrantes humildes de Portugal, Grécia, Alemanha, Inglaterra, Suíça, Suécia e outras nações fundadas de culturas antigas. Estes chegavam buscando prosperidade econômica e os governantes "del Plata" os recebiam, pensando em absorver a mão de obra barata que propiciaria um crescente enriquecimento da nação.

Nesta insólita babel de línguas, conhecimentos e costumes sobrevive o caos que parece ordenar-se sobre as bases metafísicas do destino. A partir desta miscigenação começa a construção do mito Tango.


Os Primórdios do Tango
"As mais remotas raízes do Tango estão prefiguradas na alma do nosso povo", cita Ferrer (1996: 31). Através de quadros trazidos pelos imigrantes é notável as cenas líricas dos bairros de Madri com trios de violino, violão, bandolim e flauta, "modelo certo do que muito próximo serão os grupos tanguistas" (Silingo, 1992).

Nesta época, entre os negros, índios, crioulos, campeiros (rioplatenses) bailava-se de uma maneira livre em músicas como valsas, de origem austríaca e alpina; passo doble, chotis, de origem escocesa; habaneras, de origem cubana; polka; massurca; cuadrilla e milonga, mais ainda não existia o Tango, enquanto dança, propriamente dito, como explana Selles (1978), em sua obra "La Historia del Tango: La Milonga - El Vals".

Segundo Sierra (1979), "... os entretenimentos somente aos domingos ou ao sumo do fim de semana de cidades de vida unicamente alterada por motivos bélicos, políticos ou praga. Estão os bailes das coletividades italianas e espanholas, onde com pequenas canções, se intercalam habaneras ou milongas em Buenos Aires e milongones em Montevidéu". As habaneras, milongas e milongones também eram denominados genericamente Tangos devido a certa semelhança rítmica.

Próximo ao porto, estavam os "Cafés - Concert" e os tablados recreativos onde "homens e mulheres se reuniam com a finalidade de aproximar seus corpos, seus sorrisos, taças de bebidas e fumo dos tabacos provindos de Cuba, Jamaica e Filipinas", (Silingo, 1992).

Em Buenos Aires e em Montevidéu existem as tradicionais festas da coletividade africana celebrada desde o final do século XVIII. Nestas existem os, rituais religiosos e secretos, que o público branco não tem acesso. E o ato público conhecido com candomblé, também chamado de Tango, em que os negros celebram a coroação dos Reis Congos. Após distintas proibições, inclusive depois das abolição da escravatura, a cerimônia original de congos e angolas decai.

As cerimônias, atos e os espetáculos aqui relatados, resumem, guardam uma variedade de danças e canções cujos giros, alguns cujas cores, sabores e graças estarão na palheta dos criadores rioplatenses na hora de empreender a começada epopéia do Tango argentino.


Conclusão
Segundo Tchê (1998) Tango não é dança de salão. O mesmo autor relata a existência de diversos tipos de Tango, mas subdivide as mesmas em "Tango de Salão", Tango bailado nos salões; e "Tango Show", coreografias previamente ensaiadas para a apresentação de um espetáculo. O mesmo ainda afirma que "o Tango não é dançado e sim bailado...", e esta interpretação sobre a prática do Tango "...ajudou na desmarginalização da arte".

Como encontrado na obra de Copes (1989),

"... prostitutas, madames, cafiolos, mishes, moços, músicos, negros, brancos, vermelhos desfrutavam o momento (realizando brigas de punho, facas e revolver) e iam assim fortalecendo nesta mescla, uma das expressões coreográficas mais importantes do século passado".

Dinzel (1994: 116), explana tamanha discriminação no final do século passado em relação ao Tango, "... se dizia Milonga o lugar onde se bailava em vez de dizer "tanguería", que seria o termo mais lógico".

Somente os estratos sociais da periferia da cidade, dos subúrbios, os humildes, cultivavam esta dança. Eles se uniram e se aproximaram do centro em busca de melhoras. Os indivíduos que bailaram o recém nascido Tango eram marginalizados, mas conseguiram uma identificação deste como "símbolo". Logo o símbolo, ganhará destaque e reconhecimento do grupo que brota, e será responsável no segundo período histórico do Tango (1890-1920) pela criação de uma corrente coletiva.

A partir de 1890, começa a produzir a adaptação coletiva ao Tango, entre o concreto, arte, e o povo, é aqui onde começa a união da Tanguidade e o ser Portenho, concluí Ferrer, (1996: 45).

Conclui-se que o Tango nasceu como normalmente todos os processos culturais, primeiro com movimento, logo agregando os ritmos, a parte musical e a letra, ou seja, "como o desenvolvimento de um bebê, que primeiro tem movimentos, depois começa a captar alguns ritmos, apoiados no melhor dos ritmos biológicos naturais e por fim, a fala" compara Grünewald (1994) , ao desenvolvimento do Tango Argentino.

A origem do Tango, a gênese e o nascimento do Tango são feitos com nexos mas distantes. A origem pertence ao domínio da sociedade e, sua cultura, naturalmente fundados nessa origem a gênese e o nascimento são feitos que concernem ao mundo da arte e sua criação.


Referências bibliográficas


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revista digital · Año 4 · Nº 16 | Buenos Aires, octubre 1999