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Atividades recreativas utilizadas em um 

programa de intervenção em crianças obesas

Recreational use on a program of intervention in obese children

 

*Pesquisador voluntário UFSC e Personal trainer

**Pesquisadora voluntária UFSC

***Professora do programa de pós graduação UFSC

(Brasil)

Prof. Wagner Luiz Testa*

Profa. Dra. Lisiane Schilling Poeta**

Profa. Dra. Maria de Fátima da Silva Duarte***

wagner.testa@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Devido ao grande aumento da prevalência da obesidade infantil, é importante que os profissionais da área da atividade física pensem, criem novas formas de movimentação para as crianças. Objetivo do trabalho é descrever as atividades recreativas utilizadas em um programa de intervenção em crianças obesas. Portanto entende-se que é necessária a criação o desenvolvimento de atividades mais dinâmicas que provoquem um gasto energético maior, a fim de contribuir na prevenção e controle da obesidade.

          Unitermos: Atividades recreativas. Programa de intervenção. Crianças obesas.

 

Abstract
          Due to the large increase in the prevalence of childhood obesity, it is important that professionals think of physical activity, create new forms of movement for children. Objective work is to describe the recreational use in an intervention program for obese children. Therefore it is understood that it is necessary to create the most dynamic development of activities that cause a greater energy expenditure in order to contribute to the prevention and control of obesity.
          Keywords: Recreational activities. Intervention program. Obese children.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Devido ao grande aumento da prevalência da obesidade infantil (WHO, 2000), é importante que os profissionais da área da atividade física pensem, criem novas formas de movimentação para as crianças. Criar novos jogos, novas brincadeiras que atendam aos princípios do treinamento esportivo, e, além disso, atenda ao aspecto lúdico.

    Isso é pelo fato de o sedentarismo ser um dos grandes vilões dessa doença (MATSUDO, 2006).

    A obesidade na infância causa problemas ortopédicos, respiratórios, diabetes, hipertensão (BALABAN, 2004).

    É frente a essa realidade que este trabalho tem como objetivo: descrever os exercícios físicos em forma de atividades recreativas utilizadas em um programa de intervenção para crianças obesas.

Obesidade infantil: atividade física

    Nas últimas décadas tem aumentado o número de pesquisas tendo como foco de investigação a prática da atividade física e do exercício físico e os seus benefícios para a saúde. Atividade física é todo o movimento realizado pelo corpo provocado pela contração da musculatura esquelética, ocasionando o aumento do gasto energético (ACMS, 2000; BOUCHARD, 2003). Já o exercício físico é uma subclasse da atividade física, onde existe um planejamento, uma estruturação das atividades, a fim de promover ou manter os níveis de aptidão física (ACMS, 2000).

    Atualmente as crianças têm baixos níveis de atividade física diária. Por questões de segurança, elas não vão a pé à escola, ou para outros lugares, usam carro e ônibus como transporte, e gastam muito do seu tempo livre nestes deslocamentos. Elas vivem cada vez mais em apartamentos. Além disso, praticam cada vez menos atividade física na educação física escolar (SILVA, et al, 2007). Contudo, existe ainda o tempo em que as crianças assistem televisão e brincam com jogos eletrônicos no tempo livre (JAGO, et al 2005; PIMENTA, 2001).

    A pessoa que em seu dia-a-dia realiza um mínimo de atividade física, onde o somatório das atividades no trabalho, em casa, no lazer e nos deslocamentos for inferior a 500 Kcal por semana, é chamada de sedentária (NAHAS, 2006). O estudo de Kettaneh (2005) investigou a relação entre atividade física habitual e mudanças em indicadores de obesidade em adolescentes, confirmando que os indicadores de obesidade (IMC, %G, e circunferência de cintura), foram significativamente mais altos em adolescentes que diminuíram o nível de AF durante o intervalo de três anos de acompanhamento.

    Desta forma, para tratar e prevenir a obesidade recomenda-se reduzir a gordura corporal, tendo um equilíbrio calórico negativo, por meio da prática do exercício físico, como também no controle da ingestão de calorias pela alimentação. A questão é que o exercício além de aumentar a queima calórica, ajuda a manter a massa muscular, como também aumenta o metabolismo de repouso (ACMS, 2000).

    As crianças ao praticarem exercício físico podem obter dentre os principais benefícios: controle do peso corporal; aumento da força e da capacidade aeróbica, melhor formação dos ossos, minimização dos fatores para doença cardíaca, diminuição da ansiedade; sociabilizarão e melhora da auto-estima ACMS (2000). A componente Atividade Física, pela questão do gasto energético proporcionado pela sua prática regular, tem sido associada com a diminuição da adiposidade em crianças e adolescentes (MATSUDO, 2006).

    Os exercícios físicos que produzem maior efeito na questão do controle da massa corporal são os exercícios aeróbicos, pois eles utilizam grandes grupamentos musculares e ativam todo o sistema cardiopulmonar. A caminhada, a corrida, o ciclismo, a natação são exemplos típicos de atividades que possuem as características necessárias para promover adaptações orgânicas para o controle da massa corporal. Outras modalidades de exercícios físicos podem ser incluídas na mesma categoria de classificação. Entre elas são: a hidroginástica, a dança, certos tipos de esportes e jogos recreativos. (GUEDES, 1998; MCARDLE et al, 2000). Além disso, a intensidade e a duração dessas atividades que utilizam o metabolismo aeróbico têm grande importância na eficácia das alterações na composição corporal (GUEDES, 1997).

    Siegel (1987) mostrou a importância dos jogos com corridas para as crianças como uma alternativa para melhorar o sistema cardiovascular. Outras razões para a inclusão de jogos com corridas, segundo o autor, seriam a redução do estresse e a habilidade para todas as crianças partciparem de algum tipo de exercício físico.

    Para a manutenção da saúde das crianças a recomendação é de que a prescrição do exercício físico seja individualizada ao nível de maturidade, ao estado de saúde e na experiência da criança com os exercícios físicos. O Colégio Americano de medicina do Esporte recomenda que crianças acima de 6 anos de idade pratiquem atividade física em uma intensidade moderada durante 30 minutos na maioria dos dias da semana (ACMS, 2000).

    Contudo quando a prioridade for à redução da massa corporal, a recomendação do Institute of Medice (IOF) apud Blair et al (2004) é que as pessoas devem praticar 60 minutos de atividade física em todos os dias da semana.

Metodologia

    A idéia foi pegar os esportes e modificar as regras, tamanho da quadra, como também o numero de componentes. Tudo isso, para proporcionar ao praticante, no caso as crianças, movimento constates, e até ritmado, para respeitar a exigência fisiológica, ou melhor, a capacidade aeróbica.

    É importante, escolher jogos simples, esportes simples, e, além disso, adaptar regras, e também utilizar do recurso do lúdico para motivar a criança.

    A adaptação das regras tem a finalidade de simplificar a atividade, com objetivo de proporcionar uma maior participação e movimentação das crianças.

    O aspecto competitivo é um atrativo, mas o mais importante é utilizar de recursos típicos da infância como exemplo: os desenhos animados, filmes revistas brinquedos que as crianças gostam e adaptar isso no desenvolvimento da atividade. Então, um exemplo disso, é fazer: uma caminhada onde o objetivo é encontrar o “tesouro perdido”.

    Além disso, nestas atividades foi utilizado um frequencimetro para verificar o comportamento da freqüência cardíaca.

Atividades recreativas

Futebol de campo

  • O campo é reduzido. Mas pode ser utilizado o campo inteiro, com o uso de bolas de cores diferentes.

  • Objetivo é fazer gol, os alunos com coletes não podem ficar parados e a bola deve ser passadas 5 vazes antes de arremessar. Podem ser usadas duas bolas.

  • Se utiliza regras simples, básicas, quanto menos regras o jogo torna-se de fácil execução, proporcionando a movimentação constante dos alunos.

  • Jogo de 4 x 4, 5x 5

  • Regras como dois toques na bola, não ficar parado no lugar, se parar perde ponto. Quem tira os pontos é o professor.

  • As traves são reduzidas, então não terá goleiro.

Pólo aquático

  • Equipe A X Equipe B

  • Piscina adaptada

  • Objetivo é fazer gol – os alunos com coletes não podem ficar parados e a bola deve ser passadas 5 vazes antes de arremessar. Podem ser usadas duas bolas.

  • A trave é reduzida, então não tem goleiro.

Handebol

  • Mesmo sistema dos dois esportes anteriores.

  • Sem goleiro, gol reduzido

  • Podem ser pendurados bambolês nas traves, e se a bola entrar no bambolê vale mais ponto.

  • Obs.: como no handebol, tem que picar a bola, essa habilidade é mais difícil de executar, pode-se analisar isso, deixar livre: pode picar, e caminhar com a bola.

Atletismo adaptado

  • Corrida de revezamento: mesmo sistema da corrida de revezamento.

  • Pode ser feito na pista de atletismo, 4 crianças por equipe, cada uma corre ou caminha 100m, então se for 2 voltas às crianças, vão correr 200m cada e assim por diante.

  • A utilização de brinquedos no lugar do bastão, é utilizado na passagem da estação, torna a brincadeira mais lúdica é utilizado na passagem da estação.

  • Corrida intervalada, ou caminhada intervalada- correr 5 min, andar 2 min, isso distribuído em um total de 20 min.

  • Corrida de orientação adaptada no bosque. Um artifício é contar a história do chapeuzinho vermelho.

Trilha lúdica

  • Dinâmica da volta na pista de atletismo: dispostos em fila, pede-se que o primeiro comesse a caminhada de forma rápida e, após 20 segundos, libera-se o segundo da fila com a orientação de que o mesmo tente alcançar o da frente e assim sucessivamente.

  • Circuito aeróbico – se utiliza vários materiais para construir as estações.

  • No campo de futebol: estações com exercícios localizados: correr em zigue-zage, entre cones, correr pelos bambolês, pular corda, abdominal nos colchonetes. Cada estação tem um tempo determinado (5 min).

  • Na piscina adaptada.

Pular corda

  • Os alunos em fila vão em direção da corda, pulam algumas vezes e depois elas saem e correm em um circuito de cones antes de voltar para a fila. Ou seja, ao invés delas irem diretamente para a fila novamente como no tradicional, elas tem que percorrer uma distancia antes de voltar para fila.

Alturinha

  • Segue a mesma dinâmica do exercício anterior.

Gato pega o rato

  • A turma é dividida em dois grupos: grupo dos gatos e o grupo dos ratos. Utiliza-se uma folha de jornal para cada rato confecionar o rabo. O gato tem que correr atrás do rato para tirar o seu rabo.

Resultados

    Utilizando essas atividades foi possível encontrar resultados positivos na redução do peso corporal como também no percentual de gordura. Observou-se uma maior movimentação das crianças ao utilizar adaptações nas atividades.

    Na questão da freqüência cardíaca constatou-se que em todas as atividades ocorreu aumento significativo dos batimentos do coração ficando na zona alvo esperada acima de 70 % VO2máx ACMS

    No inicio as crianças demonstraram um descontentamento frente a algumas atividades, pois fugiam do que elas estavam acostumadas;

Conclusão

    Portanto entende-se que é necessária a criação o desenvolvimento de atividades mais dinâmicas que provoquem um gasto energético maior, a fim de contribuir na prevenção e controle da obesidade. A obesidade tem relação direta com comportamentos sedentários como, passar muito tempo assistindo televisão ou no uso da internet. Então, é frente a essa realidade que o hábito de praticar a atividade física pode auxiliar no combate a esta doença que atinge milhões de pessoas em todo o mundo.

Referencias

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. Sexta edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 91-144, 2000.

  • BRAY, G.A. Sobrepeso, Mortalidade e Morbidade. In: BOUCHARD, C. (Ed.). Atividade física e obesidade. São Paulo: Manole, 2003. p. 35- 62.

  • BLAIR, S.N. LAMONTE, M.J. NICHAMAN, M.Z. The evolution of physical activity recommendations: how much is enough? American Journal of Clinical Nutrition, Vol. 79, No. 5, 913S-920S, May 2004.

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  • FISBERG, M. Obesidade na infância e na adolescência. Fundação BYK, 1995.

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  • MATSUDO, V. MATSUDO, S. Atividade física no tratamento da obesidade. Einstein. Supl 1: S29 - S43. 2006

  • MCARDLE, W.D; KATCH, F.I; KATCH, V.L. Fisiologia do Exercício – Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Sexta Edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

  • NAHAS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2006

  • OLIVEIRA, A.M.A. CERQUEIRA, E.M.M. SOUZA, J.S. Sobrepeso e obesidade infantil: Influência dos fatores biológicos e ambientais em Feira de Santana, BA. Arq Bras Endocrinol Metab 2003;47

  • PIMENTA A.P.A., PALMA, A. Perfil epidemiológico da obesidade em crianças: relação entre televisão, atividade física e obesidade. Rev. Bras. Ciên. e Mov. 9 (4): 19-24,2001

  • SILVA , A.J. Obesidade Infantil. Montes Claros. 2007.

  • SIEGEL, J. Distance running: a game plan for primary age children. JOPERD, v.58, n.1, p.56-57, 1987.

  • TADDEI, J.A.A.C. Epidemiologia da Obesidade na Infância e adolescência. In: FISBERG, M. (Ed.). Obesidade infância e adolescência. São Paulo: Fundação BYK, 1995.

  • WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO Consultation. WHO Technical Report Series No. 894. Geneva: World Health Organisation, 2000.

  • WHO (World Health Organization). Physical status: the use and interpretation of antropometry: report of a WHO Expert Committee. Geneva: The Organization; 1995.

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