efdeportes.com

Características significativas na performance 

de crianças praticantes de natação

Características significativas en el rendimiento de los niños practicantes de natación

 

*Especialista em Educação Física, UFSM. Santa Maria, RS

**Professor Doutor em Fisiologia do Exercício

(Brasil)

Adriane Moraes Melo*

Renan Sampedro Maximiliano Fernandes**

amoraesmelo@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho se propôs a traçar o perfil antropométrico e performance de crianças de 7 a 12 anos de idade praticantes de natação no Clube Recreativo Dores de Santa Maria, RS. O grupo de estudo foi composto por 15 crianças, 8 meninas e 7 meninos. Os dados antropométricos estudados foram peso corporal, estatura, envergadura, dobras cutâneas, perímetros e diâmetros. Os resultados mostraram que, tanto as meninas como os meninos apresentaram medidas de envergadura maiores que suas respectivas estaturas, tendo relação significativa com a performance de cada um. As dobras cutâneas, perímetros e diâmetros não apresentaram diferenças relevantes. Os meninos apresentaram maior percentual de gordura e IMC que as meninas.

          Unitermos: Medidas antropométricas. Atividades aquáticas. Desempenho atlético.

 

Abstract

          This work if considered to trace the anthropometric profile and performance of children of 7 the 12 practicing years of age of swimming in the Recreativo Club Pains of Saint Maria, RS. The sample intentionally chosen was composed for 15 children, 8 girls and 7 boys. The studied anthropometrics data had been corporal weight, cutaneous stature, spread, folds, perimeters and diametric. The results most excellent show that, as much the girls as the bigger boys had presented measured of spread that its respective statures, having significant relation with the performance of each one. The cutaneous folds, perimeters and diametric had not presented excellent differences. The boys had presented percentile greater of fat and IMC that the girls.

          Keywords: Measurements. Water activities. Athletic performance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

1 / 1

1.     Introdução

    A literatura na área de Educação Física, em língua portuguesa, é muito rica em termos de trabalhos de composição corporal, Somatotipia, Antropometria e cineantropometria [1]. Entretanto, muito pouco são os trabalhos que visam à análise de variáveis de medidas de avaliação da performance da natação. Portanto ter em mãos dados sobre a idade, peso, altura, IMC e envergadura de seus alunos são de grande relevância tanto para os atletas quanto para os técnicos, possibilitando que o treinamento e desenvolvimento da técnica da natação sejam mais bem treinados, servindo de critério para detectar a modalidade para que os futuros atletas possam obter melhores resultados. É importante salientar que estas características se destacam já nas fases iniciais de desenvolvimento.

    A participação de jovens em modalidades esportivas, na maioria das vezes, mostra uma importante relação com a composição e com as proporções corporais específicas a estas modalidades esportivas. Na natação jovens atletas do sexo feminino apresentam maior estatura e puberdade mais avançada do que meninas não atletas da mesma faixa de idade [2]. Na mesma linha de análise, ao comparar atletas e não-atletas de natação do sexo feminino uma pesquisa relata que em atletas da natação parece haver alterações na composição corporal, particularmente na quantidade de gordura corporal, podendo ser associadas ao aparecimento tardio da menarca nas atletas [3].

    Cada esporte apresenta características antropométricas particulares e estas são fatores que interferem na escolha das modalidades esportivas pelos jovens [4]. Então, é de suma importância que sejam feitos estudos científicos a respeito disto, analisando as características antropométricas de atletas, inseridos em diferentes esportes e categorias competitivas. Na natação em especifico entre os fatores primordiais para performance encontram-se maiores medidas de envergaduras, as quais segundo Grimston e Hay apud Prestes et al. [2], apresentam uma importância significativa na performance de nadadores permitindo desenvolver maior força propulsiva, a composição corporal, em termos de percentual de gordura, que aumenta a flutuabilidade, e outras características.

    Levando-se em consideração os conhecimentos expostos, o presente estudo teve o propósito de verificar a idade, peso corporal, altura, IMC e envergadura de crianças com idades entre 7 e 12 anos praticantes de aulas de natação no Clube Recreativo Dores de Santa Maria, relacionando estes dados com a performance na natação.

2.     Procedimentos metodológicos

    Foram avaliados a idade, peso corporal, estatura, IMC, envergadura e a performance de crianças praticantes de natação de ambos os gêneros. O grupo de estudo foi composto por crianças entre 7 e 12 anos (8 do sexo feminino e 7 do sexo masculino) matriculadas nas aulas de natação do Clube Recreativo Dores de Santa Maria, Rio Grande do Sul. O grupo de estudo foi selecionado de forma intencional com as crianças cujos pais ou responsáveis concordaram com a participação do filho (a) na pesquisa, depois de tomarem conhecimento de todos os procedimentos e riscos e terem assinado a carta de consentimento. Aceitaram participar do estudo 15 crianças.

    Para verificar o peso corporal (kg), foi utilizado uma balança eletrônica da marca Filizola, e para a estatura e envergadura (m) foi utilizada uma fita métrica, estes dados foram anotados em um ficha de avaliação. A coleta de dados foi realizada nas instalações do complexo aquático da sede central do Clube Recreativo Dores. Todas as crianças compareceram a uma das salas do complexo aquático, para realização da coleta de dados, vestindo sunga, biquíni ou maio de duas peças. A partir destas medidas, foi calculado o índice de massa corporal – IMC (Kg/m2).

    Com o objetivo de avaliar a performance das crianças, foi pedido que elas nadassem uma distância 25 metros no estilo crawl, realizando a saída de dentro da piscina para a obtenção do índice de velocidade máxima através do uso de um cronômetro da marca Kenko com precisão em centésimos de segundos.

    Os resultados foram expressos em termos de média e desvio-padrão por grupo conforme o gênero. Para analisar as relações entre as medidas de idade, peso corporal, estatura, IMC, envergadura e a performance no teste de velocidade utilizou-se a Correlação do Produto Momento de Pearson, aceitando-se a relação quando os valores de “r xy” apresentaram uma probabilidade igual ou menor do que 0,05.

3.     Resultados e discussão

    De acordo com o objetivo do estudo, que foi aferir a idade, peso corporal, estatura, IMC, envergadura e compará-las com o índice de performance na natação de crianças com idades entre 7 e 12 anos que fazem aulas de natação no Clube Recreativo Dores de Santa Maria, são apresentados a seguir os resultados referentes à descrição das crianças, nas variáveis em estudo. A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos para a idade e para as variáveis antropométricas de peso, altura, envergadura, IMC e o tempo da performance no teste de 25 metros, em segundos.

Tabela 1. Características da amostra analisada em termos de relação da performance 

e da composição corporal no Clube Recreativo Dores, em Santa Maria, RS, em 2007

    A amostra foi composta de crianças pré-púberes de 7 a 12 anos de idade de ambos os sexos iniciantes da pratica de natação, esta modalidade por faixa etária continua a ser uma das mais populares formas de participação de meninos e meninas e também foi um dos primeiros esportes a demonstrar que as crianças podiam treinar com a mesma intensidade dos adultos [5]. A partir dos 7 anos as crianças são capazes de concientizar-se , compreender e controlar suas ações, são mais estáveis emocionalmente, já conseguem manifestar atenção ativa, concentração, a amplitude de movimentos de braços aumenta, são capazes de dominar com êxito os movimentos natatórios, além de assimilar as bases de coordenação racional dos estilos [6].

    Neste grupo de estudos tanto meninas como meninos estavam na mesma faixa etária, portanto na análise dos dados em termos de comparação entre gêneros não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, permitindo, desta forma, que a análise pudesse ser realizada considerando o grupo como sendo oriundo de uma única população. Resultados similares já haviam sido apresentados [4]. Com a utilização do índice de correlação do produto momento de Pearson, verificou-se, como era esperado, que à medida que aumenta a idade maior também é o peso corporal, a estatura e a própria envergadura dos componentes da amostra.

    O pico no desenvolvimento físico das meninas é atingido por volta dos 14 anos, posteriormente a este período os meninos passam a demonstrar maior evolução nas variáveis antropométricas em relação às meninas. As meninas em média, iniciam seu estirão de crescimento e pico de velocidade de desenvolvimento de altura em torno de dois anos antes dos meninos [7] . Por esta razão, a amostra do presente estudo se apresenta como sendo homogênea, sem diferenças entre os gêneros, o que é uma característica da faixa etária de 7 a 12 anos.

    Por outro lado, o estudo realizado por Prestes et al. [2], apontam diferenças antropométricas existentes entre os gêneros nas categorias competitivas de natação, em grupos etários maiores do que o que está sendo analisado neste trabalho.

    Os resultados apresentam ainda uma relação significativa das variáveis, idade, peso, altura e envergadura com a performance.

    Isso se deve pela maior estatura que gera maior envergadura permitindo maior tração, provocando maior propulsão do corpo na água. Tanto os meninos quanto as meninas apresentaram envergaduras significativamente maiores que suas estaturas, apresentando relação expressiva com a performance no teste de 25 metros nado crawl. Grimston e Hay apud Prestes, et al. [2], observaram que os segmentos corporais apresentam uma importância relevante na performance de nadadores, visto que maiores medidas de envergadura permitem desenvolver maior força propulsiva, sendo este um fator primordial para performance na natação.

    Ao analisar isoladamente algumas destas variáveis, é interessante observar, por exemplo, que a altura de nadadoras americanas com idade pouco acima das que participaram deste estudo (12 -13 anos), são relativamente maiores, como demonstram Richardson, Beerman, Heiss e Shultz apud Schneider et. al [8], com uma média de 1,52m.

    Por outro lado, quando se compara os sujeitos deste estudo, mesmo considerando que ainda não possam ser classificados como atletas, com aqueles que não participam de atividades físicas regulares, verifica-se uma maior estatura por parte dos iniciantes de natação [9].

    Outro estudo mostra que especificamente nadadores, de ambos os sexos, tendem a ser mais altos do que não atletas do respectivo gênero [10] . A diferença na estatura de nadadores com relação a não atletas pode refletir um crescimento, desenvolvimento e uma maturação precoce em função de uma maior ativação dos hormônios, principalmente o de crescimento [4].

    Outro fator significativo para a performance da natação está relacionado a uma maior envergadura. Análises de nadadores de sucesso em diferentes faixas etárias estão sempre associadas a maiores medidas de envergadura, as quais segundo Grimston e Hay apud Prestes, et al. [2], são relevantes na performance por permitir o desenvolvimento de maior força propulsiva.

    A amostra deste estudo, embora não seja composta por atletas, mostra também que as maiores envergaduras estão associadas aos melhores resultados no teste de performance em 25 metros.

    Antes de analisar o índice de massa corporal é importante colocar que o exercício afeta enormemente a quantidade de gordura que uma pessoa carrega. Dessa forma, a gordura corporal de crianças nadadoras geralmente fica em torno 1% a 2% abaixo das crianças na população normal [5]. Na análise do IMC então, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre meninos e meninas, ao contrário do que foi encontrado por Schneider e Meyer [8], que mostraram em seu estudo valores menores de IMC (17,2 ± 3,1 para meninas e 18,3 ± 2,5 para meninos, ambos os grupos de pré-púberes). Isso pode ter acorrido porque a amostra compõe de atletas de natação e em treinamento esportivo competitivo, diferenciando da amostra do presente estudo que é composta por crianças que fazem aulas de natação, sem serem atletas. Comparando a amostra do presente estudo com a amostra do estudo de Schneider, Rodrigues e Meyer [9] composta por crianças também não atletas, praticantes somente de aulas de Educação Física uma vez por semana, observa-se valores maiores do percentual de gordura, mostrando que a prática de uma atividade esportiva, mesmo que apenas com o objetivo de iniciação, pode ser responsável por uma diminuição do percentual de gordura, beneficiando os praticantes em termos de saúde e de estética, embora isto seja ainda muito precoce para esta faixa etária.

4.     Conclusões

    Não existem diferenças em todas as medidas antropométricas entre os meninos e as meninas que fizeram parte deste grupo de estudo. A idade, o peso corporal, a estatura e a envergadura são as únicas variáveis antropométricas que apresentam relação com a performance.

    Neste estudo os meninos apresentaram IMC maior que meninas. A maioria das medidas antropométricas do grupo analisado apresenta resultados melhores do que os sujeitos de mesma faixa etária, mas que não praticam atividades esportivas. O IMC do grupo analisado apresenta resultados maiores comparados com sujeitos de mesma faixa etária praticantes de natação competitiva.

Referências bibliográficas

  1. MATSUDO, V. K. R. 10 anos de contribuição à ciência do Esporte. São Caetano do Sul, S.P, 1998.

  2. PRESTES, J.; LEITE, R. D.; LEITE, G. S.; DONATTO, F. F.; URTADO, C. B; BARTOLOMEU NETO, J.; DOURADO, A. C. Características antropométricas de jovens nadadores brasileiros do sexo masculino e feminino em diferentes categorias competitivas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 8(4):25-31, 2006.

  3. SANTOS, M.A.M.; LEANDRO, C.G.; GUIMARÃES, F.J.S. Composição corporal e maturação somática de meninas atletas e não – atletas da natação da cidade do Recife, Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. 7(2),2007.

  4. DAMSGAARD, R.; BENCKE, J.; MATTHIESEN, G.; PETERSEN, J. H. e MULLER, J. Is prepubertal growth adversely affected by sport? Medicine and Science in Sports Exercise. 32(10):1698-1703, 2000.

  5. MAGLISCHO, E. W. Nadando Ainda Mais Rápido. São Paulo. Editora Manole, 1999.

  6. MAKARENKO, Leonid P. Natação: seleção de talentos e iniciação desportiva. Porto Alegre. Artmed editora, 2001.

  7. BAXTER, J. A. D. G.; THOMPSON, A. M. e MALINA, R. M. Growth and maturation in elite young female athletes. Sports Medicine and Anthropometry. 10(1):42-49, 2002.

  8. SCHNEIDER, P.; MEYER, F. Avaliação antropométrica e da força muscular em nadadores pré-púberes e púberes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 11(4):209-213, 2005.

  9. SCHNEIDER, P.; RODRIGUES, L. e MEYER, F. Dinamometria computadorizada como metodologia de avaliação de força muscular de meninos e meninas em diferentes estágios de maturidade. Revista Paulista de Educação Física. 16:35- 42, 2002.

  10. THEINTZ, G.E; HOWALD, H.;WEISS,U.; SIZONENCO,P.C. Evidence for a reduction of growth potential in adolescent female gymnasts. Journal . 306 – 313, 1993.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 159 | Buenos Aires, Agosto de 2011  
© 1997-2011 Derechos reservados