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Correlação entre os componentes da força 

muscular e a funcionalidade de idosos treinados

Correlación entre los componentes de la fuerza muscular y la funcionalidad de las personas mayores entrenadas

 

*Docentes do Curso de Educação Física do Centro Universitário UNIEURO

**Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília, FEF/UnB

Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos. GEPAFI

***Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Exercício de Força e Saúde. GEPEEFS

Brasília, DF

(Brasil)

Pollyana Rafael Santos*

Frederico Santos de Santana* ** ***

Sandor Balsamo* ***

Ramón Fabián Alonso López*

aft200153@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho foi correlacionar a funcionalidade de idosos treinados com a resistência e a potência muscular. Foram selecionados 13 indivíduos (4 homens e 9 mulheres), com idade > 50 anos, experientes em treinamento de força (> 3 meses). Os testes foram realizados em dois dias com um período de 48 horas para o re-teste, no primeiro dia foram realizados os testes de sentar e levantar (funcional) e salto vertical para avaliar a potência. No segundo dia foi realizado o teste de 15RM na cadeira extensora bilateral para verificar a resistência. A correlação das variáveis foi avaliada pelo coeficiente de correlação de Pearson. Os resultados mostraram que o salto vertical (26,46 ± 13,21 cm) e a carga de 15 RM (55,77 ± 12,89 kg) apresentaram r = 0,22 e 0,14, respectivamente, quando correlacionados com o teste de sentar e levantar (23,00 ± 4,26 reps). Concluiu-se que não houve correlação significativa entre a resistência e potência com a capacidade funcional de idosos treinados.

          Unitermos: Força. Funcionalidade. Idosos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Nos últimos anos houve o crescimento da população idosa e, isso vem acontecendo por dois fatores principais: queda na taxa de mortalidade e natalidade (IBGE, 2008). A melhora dos serviços de saúde prestados, a evolução da ciência médica e da saúde, assim como, ações promotoras de educação nutricional e de práticas regulares de atividade física, destacam-se como variantes que contribuíram para uma maior quantidade de vida nos seres humanos. Mesmo assim, são necessários meios de intervenção para integrar o idoso e fazer com que ele tenha um novo papel na sociedade, por meio de estratégias que combatam o desgaste biológico e funcional (SANTANA & SAFONS, 2009).

    Segundo a OMS (2000), define-se saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social. Além disso, o envelhecimento é caracterizado pelo declínio da força e massa muscular, principalmente em decorrência da queda no numero de fibras responsáveis pela geração de força e potência muscular (fibras Tipo II), fenômeno denominado sarcopenia (FISHER, 2004). Sendo assim, intervenções físicas, voltadas para o desenvolvimento dos componentes da força muscular são altamente recomendadas para a prevenção de doenças, melhora da saúde e qualidade de vida (DUARTE et al., 2007).

    Outro mal associado ao processo de envelhecimento é a diminuição da funcionalidade, que se caracteriza por decréscimo na autonomia para realizar atividades da vida diária (AVD), como caminhar, sentar e levantar, ir ao banco, ao mercado, vestir-se e outros (RIKLI & JONES, 1999). Joana et al. (2004) sugerem que os idosos devem participar de programas que contém atividades laborais, recreacionais e exercícios sistematizados para melhorar seus componentes de força e realizar com eficácia suas atividades cotidianas.

    O posicionamento sobre exercícios e atividade física para idosos do American College of Sports Medicine (2009), menciona em sua terceira sessão, no capítulo sobre os benefícios do treinamento físico em indivíduos sedentários, os efeitos do treinamento resistido e seus componentes: força, potência e resistência muscular. Este cita a forte associação entre performance funcional e capacidade de produção de potência muscular. Com relação ao componente resistência muscular há carência de estudos de relação com a funcionalidade. Porém, há escassez de estudos que associem os componentes da força muscular com a funcionalidade de indivíduos idosos ativos. Logo, o objetivo deste trabalho é correlacionar a funcionalidade de idosos treinados com a resistência e a potência muscular.

Metodologia

    Para o presente estudo foram selecionados 13 indivíduos (4 homens e 9 mulheres), com idade > 50 anos, experientes em treinamento de força (> 3 meses), livres de lesões que impeçam a realização dos testes. A seleção dos indivíduos foi realizada por que já havia candidatos dispostos dentro de uma academia de musculação e ginástica aptos para fazer os testes propostos. Todos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. O critério para a inclusão dos indivíduos no programa foi não ter malhado no dia do teste e ter feito a bateria de testes nos dois dias.

    O Teste funcional - Sentar e Levantar foi realizado como indicado no trabalho de validação RIKLI & JONES (1999). A potência muscular foi avaliada por meio do teste de salto vertical (BROWN & WEIR, 2003) e, finalmente, a resistência de força muscular avaliada pelo teste de carga de 15RM.

    Para a execução do protocolo de pesquisa foi realizada, no primeiro dia, apresentação dos procedimentos da pesquisa, coleta das assinaturas no termo de consentimento, testes antropométricos e os testes funcionais de sentar e levantar e salto vertical. No segundo dia foi realizado somente o teste de carga de 15 RM na cadeira extensora bilateral, com no máximo 3 tentativas e intervalo de recuperação de 5 minutos entre elas. O intervalo entre os dias de testes foi de 48 horas. Abaixo apresenta-se o desenho esquemático do protocolo do experimento.

    Para o processamento dos dados coletados foi utilizado a análise descritiva foi mostrada por meio da média ± desvio padrão e a normalidade do grupo foi confirmada por meio das variáveis paramétricas Shapiro-Wilk. A correlação das variáveis foi avaliada pelo coeficiente de correlação de Pearson. A magnitude do efeito para as correlações foi baseada na seguinte escala: muito fraca (<0,10), fraca (0,10-0,29), moderada (0,30-0,49), alta (0,50-0,69), muito alta (0,70-0,89) e quase perfeita ≥ (0,90). O nível de significância adotado foi de p < 0,05.

Resultados

    Os resultados dos testes estão mostrados na Tabela 1, onde se pode verificar os valores medidos e a correlação. A partir daí não foi constatada nenhuma correlação significativa entre os testes de potência e resistência com o de teste funcional sentar e levantar.

Tabela 1. Correlação da Capacidade Funcional com os Componentes da Força Muscular

Discussão

    O principal achado deste estudo foi que não houve correlação entre os componentes da força muscular (resistência e potência) e a capacidade funcional de idosos treinados. Logo, novas perspectivas associadas à definição de propostas de treinamento físico para idosos ativos, com foco na funcionalidade, são lançadas para o desenvolvimento da eficácia de programas de atividade física de longo prazo.

    Não foram encontradas referências que apresentaram resultados semelhantes ao deste trabalho. Além disso, Bottaro et al. (2007) mostraram em seus resultados que a potência muscular é mais eficiente para desenvolver capacidade funcional de idosos, porém, a amostra estudada era inativa, diferentemente do grupo avaliado neste estudo, sugerindo que é possível que idosos com experiência em treinamento contra uma resistência tenham uma melhor adaptação em relação ao desenvolvimento de trabalho nos diversos componentes da força muscular.

    Interessantemente, Rikli & Jones (1999) correlacionando a força máxima (1RM) e a capacidade funcional (sentar e levantar) mostraram resultados significativos tanto em indivíduos ativos quanto inativos. Entretanto, a média do número de repetições realizada pela amostra do presente estudo foi consideravelmente maior do que os resultados do estudo de Rikli & Jones. Sendo assim, é necessário especificar melhor as características e critérios de definição de individuo ativo e treinado.

    Em adição, o American College of Sports Medicine (2009) define a resistência muscular como habilidade de produzir força e potência repetidamente durante um período prolongado e, menciona ainda, a possibilidade de correlação entre essa aptidão e a independência funcional. No entanto, essa hipótese foi baseada em teorias que explicam tal fenômeno indiretamente (aumento da disponibilidade de fosfatos de alta energia, redução da co-ativação de músculos antagonistas e outros).

    Devem-se fazer ainda algumas considerações a respeito das possíveis limitações deste estudo das quais se destacam, principalmente: o uso do equipamento cadeira extensora e sua baixa relação com as atividades da vida diária e a dificuldade de equalização do nível de treinamento da amostra. Além disso, a amostra da pesquisa não era treinada especificamente para o padrão de movimento realizado no teste de funcionalidade o que, de certo modo, pode influenciar o desempenho em virtude da pouca adaptação ou hábito fixado no sistema nervoso central.

Conclusão

    Conclui-se que não houve correlação significativa entre a resistência e potência com a capacidade funcional de idosos treinados. Pode-se concluir à inconsistência de estudos relacionados com a temática apresentada sugere-se a realização de novas pesquisas abordando a questão dos componentes da força muscular e a capacidade funcional de idosos inativos, ativos, treinados e destreinados.

    Devido à inconsistência de estudos relacionados com a temática apresentada sugere-se a realização de novas pesquisas abordando a questão dos componentes da força muscular e a capacidade funcional de idosos inativos, ativos, treinados e destreinados.

Referências

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