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A influência da prática mental no desempenho de 

habilidades motoras de acadêmicos de Educação Física

The influence of practice in mental performance of motor skills in Physical Education students

 

Personal Trainer

Aluno Especial do Mestrado UFSC

Pesquisador Voluntário

Wagner Luiz Testa

wagner.testa@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho apresenta as possíveis contribuições da prática mental para a facilitação da aprendizagem de habilidades motoras, como no desempenho. Foi escolhida uma seqüência de passos de dança como exemplo de habilidades motoras a serem testadas. A hipótese é de que a prática mental ajuda na aprendizagem como na melhora do desempenho habilidades motoras. O objetivo da pesquisa é demostrar a existência de possíveis influencia da prática mental na melhora do desempenho de uma seqüência de passos de dança do curso de Educação Física da UFSC. A amostra foi de doze jovens da Segunda fase do curso de educação Física da UFSC, onde estes foram divididos em dois grupos, G1 e G2, o segundo grupo realizou a prática mental, e o primeiro apenas a prática física. Cada grupo foi submetido ao mesmo tempo e mesmo número de tentativas para realizar a seqüência de passos de dança. Os resultados apontaram para uma pontuação superior para o grupo que realizou a prática mental. A prática mental contribui para um melhor desempenho para o G2.

          Unitermos: Prática mental. Aprendizagem motora. Performance. Habilidades motoras.

 

Abstract
         
This paper presents the possible contribution of mental practice for facilitating the learning of motor skills, and performance. He was chosen a sequence of dance steps such as motor skills to be tested. The hypothesis is that mental practice helps in learning and performance improvement in motor skills. The objective of this research is to demonstrate the existence of possible influences of mental practice in improving the performance of a sequence of dance steps of Physical Education course at UFSC. The sample of twelve young during the second phase of the education Physical UFSC, where they were divided into two groups, G1 and G2, the second group made ​​the mental practice and physical practice only the first. Each group underwent the same time and same number of attempts to perform a sequence of dance steps. The results pointed to a higher score for the group that performed the mental practice. The mental practice contributes to better performance for the G2.

          Keywords: Mental practice. Motor learning. Performance. Motor skills.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A cada Olimpíada que passa, a competitividade aumenta; e aliada a isso as pesquisas na área esportiva também aumentam. Ou seja, qualquer variável que se possa melhorar no treinamento, certamente fará a diferença na competição.

    No meio esportivo uma área que evoluiu bastante nas ultimas décadas foi a psicologia do esporte. Dentro da psicologia do esporte temos a pratica mental, na qual comentaremos no decorrer deste trabalho, e nisso focando os aspectos da aprendizagem esportiva, ou melhor, a aprendizagem de habilidades motoras. Um atleta durante a competição, como também uma pessoa aprendendo uma nova técnica esportiva; uma criança aprendendo uma habilidade motora pode enfrentar diversas experiências mentais. Pôr exemplo, citações de resistência; persistência; paciência; medo; fracasso; sucesso. Então, se neste contexto, o atleta ou o aprendiz, aprender técnicas e estratégias para enfrentar estes estados mentais, o atleta começará ter maior controle emocional e estratégico da situação (MAGILL, 1984).

    A performance e a carreira de um atleta estão diretamente relacionadas a competência emocional. Se por um lado, a prática mental é muito eficaz no meio competitivo, por outro lado ela colabora na aprendizagem de habilidades motoras (MAGILL, 1984).

    Tendo conhecimento desse contexto, o objetivo da pesquisa é demonstrar a existência de possíveis influências que o uso da prática mental poderá proporcionar na aprendizagem de habilidades motoras. Para isso vamos utilizar uma seqüência de passos de dança, como a habilidade a ser aprendida por estudantes universitários da Segunda fase do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Prática mental

    Existem teorias registradas sobre este assunto no ano de 1934, mas é na Alemanha que a pratica mental começou a ser usada no meio esportivo, pôr volta de 1958. No Brasil ela chegou há pouco tempo.

    O treinamento mental pode ser conceituado de uma forma simples como: como um método utilizado para facilitar a aprendizagem ou melhorar o movimento de um determinado gesto técnico, feitos através da imaginação obedecendo assim uma concentração mental (MAGILL, 1984).

    A prática mental consiste em visualizar-se mentalmente, desempenhando uma habilidade física, sem que aja o desempenho físico da habilidade. Ou seja, o imaginário de cada pessoa irá ajudá-la no aprimoramento do movimento técnico, ou no nosso caso, essa técnica facilitaria o aprendizado de habilidades motoras e isso tudo sendo utilizado através da figuração (SCHMIDT e WRISBERG, 2001).

    Então, a prática mental nada mais é que a recapitulação cognitiva de uma habilidade física na ausência dos movimentos físicos e explícitos (MAGILL, 1984). Outra definição seria: Procedimento na qual os indivíduos pensam sobre a realização da habilidade motora, na ausência de movimento observável. (SCHMIDT e WRISBERG, 2001)

    Então, você visualiza a execução de um determinado gesto técnico, pôr exemplo, vê um tenista sacando, depois disso inicia a parte da imaginação de você executando o saque, e pôr fim você sacando realmente. Este exemplo seria um tipo de visualização.

    O imaginário mental ou Imagery pode ser definido como processo individual de repetição mental, das imagens individuais da performance da habilidade motora, em uma perspectiva de primeira ou terceira pessoa. (SCHMIDT e WRISBERG, 2000).

    Para a aprendizagem de habilidades motoras, a primeira etapa da aprendizagem envolve um alto grau de atividade cognitiva, então o aluno esta de frente a novas experiências, assim o treinamento mental pode ajudar ao processo de evolução do aprendizado, assim como na correção de erros nas etapas finais da aprendizagem, que seriam as fases associativas e autônomas (MAGILL, 1998).

    Experiências vividas pêlos atletas durante competições e a busca pelo domínio da técnica e das emoções fazem do treinamento mental uma etapa de grande importância nos programas de treinamento de grandes atletas de alto rendimento, como também de iniciantes, na aprendizagem de habilidades motoras.

    O principal objetivo de se fazer uma prática mental é a de exercer domínio maior dos nossos pensamentos, ou seja, auxiliar no processo de concentração no momento de excetuar determinado movimento em determinada situação. Esse contexto teria um efeito final na melhoria do comportamento da pessoa no instante da excussão de um gesto técnico. Pôr exemplo, um atleta desempenhando um movimento complexo, diante de uma situação complicada para ele.

    A utilização e vantagens do treinamento mental proporciona: aquisição de habilidades motoras; aprendizagem de habilidades motoras; melhoria no desempenho de uma habilidade motora bem aprendida; programas de reabilitação; diminui a carga física - menos cansaço (MAGILL, 1998).

    Benefícios do Treinamento Mental na aprendizagem de habilidades motoras: pode envolver a prática de aspectos cognitivos, simbólicos e de tomada de decisão da habilidade; pode permitir ao aprendiz imaginar ações possíveis e estratégias, estimulando os resultados prováveis na situação real; pode ser acompanhado por atividade muscular mínima, muito longe da necessária para produzir a ação, que envolve os músculos que são utilizados durante o movimento real; pode auxiliar na focalização da atenção dos executantes nas dicas relevantes da tarefa, o que pode ser útil para a performance física subseqüente (SCHMIDT e WRISBERG, 2001).

    Como exemplo prático, seria fazer o treinamento mental nos locais de treinamento, ou seja, depois dos treinos na própria quadra. Antes dos jogos no vestiário, ou em um lugar apropriado para a mentalização. Já existem estudos científicos realizados no Brasil a respeito deste tipo de treinamento com diversas modalidades. Onde o grande grupo é dividido em dois grupos onde um faz uso da pratica e o outro não.

    Os passos para se realizar a prática mental seriam: primeiro vivenciar a ação do movimento, como executante e como observador; depois escolher um lugar confortável e tranqüilo, para relaxar; e em seguida iniciar o processo de imaginação da ação do movimento, em média 5 minutos, e por fim realizar a prática física (MAGILL, 1998).

    Portanto a prática mental é aplicável a qualquer método de treinamento para a otimização das condições de aprendizagem, influenciada por fatores internos e externos. Porém a eficácia do mesmo depende da natureza da tarefa, do nível de aprendizagem e características individuais (MAGILL, 1998).

    O imaginário mental ou Imagery pode ser definida como processo individual de repetição mental, das imagens individuais da performance da habilidade motora, em uma perspectiva de primeira ou terceira pessoa. (SCHMIDT e WRISBERG, 2000).

Metodologia

    Neste estudo foi utilizado um levantamento bibliográfico e uma pesquisa experimental. Os sujeitos foram distribuídos em dois grupos, um de controle (G1) e o outro experimental (G2). Cada grupo composto por seis componentes. Os sujeitos foram universitários de ambos os do curso de Bacharelado em Educação Física da Segunda fase da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    Iniciou-se a pesquisa de campo realizando uma aula de dança composta de uma seqüência de oito passos a qual utilizam a seguinte nomenclatura:

  • Step

  • Lateral esquerda

  • Lateral direita

  • Frente

  • Traz

  • Amarelinha

  • Quadrado de samba

  • Giro

    Os dois grupos foram submetidos à mesma aula de dança composta por dezesseis minutos de prática física, equivalem a doze repetições da seqüência de passos. O que diferencia o primeiro grupo do segundo é que o G1 apenas realizou prática física e o segundo, G2 foi submetido à realização da prática mental. A prática mental foi realizada em dois momentos de três minutos.

    Durante as aulas também se utilizou o método da observação, onde foram analisadas as pessoas que já tinha uma noção de dança, ou melhor, uma noção dos passos.

    Após os dois grupos aprenderem a seqüência dos passos foi feito um teste de retenção, objetivando o nível da performance dos dois grupos. O teste foi realizado quatro dias após as aulas. A realização do teste foi feita de maneira individual. Foi utilizada uma escala de classificação para cada passo, baseado em um referencial, ou em um parâmetro. A escala de classificação foi à seguinte:

  1. E – excelente = 10 pontos

  2. B – bom = 7 pontos

  3. R – regular = 4 pontos

    Então, cada aluno recebeu uma nota para cada um dos passos e ao final foi feito o somatório individual e coletivo dos grupos G1 e G2.

Discussão dos resultados

    Os dados obtidos, neste estudo foram coletados através de uma avaliação, um teste de retenção. O teste levou em consideração a analise separadamente de cada passo de dança, e estes comparados a um padrão de movimento, em que o avaliador utilizou três padrões de movimento já descritos anteriormente.

    Após todos os alunos receberem as devidas pontuações a respeito dos seus passos, foi feito o somatório de pontuação que cada grupo atingiu e em seguida foi feita a média de cada grupo.

Tabela 1. Transcrição das notas obtidas pelo grupo G1

    De acordo com os dados obtidos na tabela 1, na análise dos passos, pode-se observar que se somarmos os pontos obtidos pelos seis alunos obtemos a pontuação total de 240 pontos para o G1, com uma média de 40/aluno. Verificamos um desempenho semelhante entre os alunos, apenas o sexto aluno foi superior a seus colegas. Então acreditamos que o sexto aluno tenha uma aptidão para a dança superior aos demais alunos.

Tabela 2. Transcrição das notas obtidas pelo grupo G2

    De acordo com os dados obtidos na tabela 2, na análise dos passos, pode-se observar que se somarmos os pontos obtidos pelos seis alunos obtemos a pontuação total de 328 pontos para o G2, com uma média de 54,6/aluno. Verificamos um desempenho semelhante entre os alunos.

    Observando, os resultados obtidos pelos dois grupos, 240 pontos para G1 e 328 pontos para G2, o segundo grupo obteve um melhor desempenho. Considerando que a diferença foi de 88 pontos, G2 por ter realizado a prática mental apresentou maior desempenho que G1.

    Os resultados positivos encontrados neste estudo também foram observados em estudos semelhantes (CÁRDENAS, 2005; CASTRO, 2007).

Conclusão

    O processo de aprendizagem de habilidades motoras requer muita dedicação tanto do aluno como do professor. O professor é um facilitador deste processo, é ele que fornece as ferramentas para que o aluno as utilize para o seu aprendizado.

    A prática mental é mais uma ferramenta a ser utilizada no processo de aprendizagem motoras no meio esportivo. Para isso é necessário que o professor saiba orientar os alunos para tal prática.

    A pesquisa demostrou os melhores resultados na performance dos passos de dança no grupo que utilizou a prática mental G2, no processo de aprendizagem. Pode-se afirmar que este grupo obteve maior atenção e percepção aos detalhes dos passos de dança do que o grupo que apenas realizou a prática física. Recomenda-se a prática mental como um meio facilitador da aprendizagem como também nas fases de aperfeiçoamento de aprendizagem de habilidades motoras.

Referências

  • CÁRDENAS, R. N. A Influência do Treinamento Mental no Aperfeiçoamento da Técnica Arremesso Livre do Basquete. PsicoDeport, s.l, s.d.

  • CASTRO G. Treinamento mental na aprendizagem do elemento reversão simples por crianças iniciantes na ginástica artística de solo. Movimentum, V.2 - N.2 – 2007.

  • MAGILL, R. A aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blucher, 1984.

  • SCHMIDT, R; WRISBERG, C. A Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre. Artamed.

  • SCMIMIDT, R. A aprendizagem e performance motora: dos princípios a prática. São Paulo: Movimento, 1993.

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