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Padrão de uso de bebidas energéticas contendo 

cafeína e taurina entre praticantes de atividades físicas

Patrón de uso de bebidas energéticas que contienen cafeína y taurina entre practicantes de actividades físicas

Pattern of use of energy drinks containing caffeine and taurine among physical activity practitioners

 

*Professor Adjunto do Curso de Educação Física

Modalidade Saúde da Universidade Federal de São Paulo

**Bacharel em Educação Física – Modalidade Saúde

pela Universidade Federal de São Paulo

***Professora Associada Livre-docente do Departamento

de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo

Sionaldo Eduardo Ferreira*

Alyson Batista Monteiro**

Maria Lúcia Oliveira de Souza-Formigoni***

sferreira@unifesp.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O uso de bebidas energéticas (BE) se popularizou rapidamente e este estudo apresenta seu padrão de uso entre praticantes de atividades físicas (AF) e relatos de alterações comportamentais, fisiológicas e psicológicas relacionadas. Foram realizadas 110 entrevistas em locais associados à prática de AF. A maioria da amostra relatou já ter feito uso de BE isoladamente (94,5%) e em combinação com bebidas alcoólicas (70,9%). Entre os demais compostos utilizados, destacaram-se os isotônicos (28%), suplementos alimentares à base de aminoácidos e proteínas (16,3%), carboidratos (18%) e creatina (6,3%). Foram poucos os relatos do uso de BE para melhorar o desempenho físico (19%), sendo mais frequentes o uso em festas (69%), casas noturnas (44,5%) para reduzir a sonolência (33,6%). Em relação ao uso de outros compostos associados à AF, os objetivos destacados foram aumento de massa muscular (28%), fonte energética (27,2%) e reposição hídrica (15,4%).

          Unitermos: Bebidas energéticas. Cafeína. Taurina. Atividade física. Suplementos alimentares.

 

Abstract

          The use of energy drinks (ED) has becoming very popular in recent years. In this study we studied the pattern of use of ED associated with physical activity (PA) practices and users’ reports of ED-related behavioral, physiological and psychological alterations. We applied 110 interviews to ED users who were at places associated with PA. Most of the sample reported to use of ED only (94.5%) or associated with alcoholic beverages (70.9%). Among the remaining substances they highlighted the use of isotonics (28%), amino acids/ proteins supplements (16.3%), carbohydrates (18%) and creatine (6.3%). Reports of consumption of ED to improve physical performance were few (19%), being the highest frequency of use in parties (69%) and nightclubs (44.5%), in order to reduce sleepiness (33.6%). In relation to the use of other compounds associated with PA, the main objectives were to increase muscle mass (28%), as an energy source (27.2%) and for hydration (15.4%).

          Keywords: Energy drinks. Caffeine. Taurine. Physical activity. Supplements food.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Observou-se recentemente uma rápida popularização do consumo de bebidas energéticas a base de cafeína e taurina, as quais segundo seus fabricantes foram elaboradas para incrementar a resistência física, proporcionar reações mais rápidas a partir da melhora da concentração e do estado de alerta, promovendo assim maior sensação de bem estar, estímulo do metabolismo e auxiliando na eliminação de substâncias nocivas ao organismo (BALLISTRERI e CORRADI-WEBSTER, 2008).

    Seu uso em combinação com bebidas alcoólicas é frequente entre jovens, que tem livre acesso a estas bebidas. Com estratégias de mercado voltadas a este público, as marcas líderes de mercado patrocinam diversas atividades esportivas amadoras e profissionais, em sua maioria modalidades radicais ou de velocidade, como campeonatos de surf, skate, mountain bike, motovelocidade, automobilismo e corrida de aviões (air race), entre outros, bem como outras modalidades esportivas tradicionais como o futebol e ciclismo.

    Analisando a composição destas bebidas, observa-se que a grande maioria consiste em uma mistura de carboidratos (cerca de 11 g) com taurina (cerca de 400 mg), cafeína (cerca de 32 mg), gluconolactona (cerca de 240 mg), inositol (cerca de 20 mg), pantenol (cerca de 2,4 mg), niacina (cerca de 7,2 mg) e vitaminas do complexo B (cerca de 40% da ingestão diária recomendada) em cada 100 ml de bebida energética (FERREIRA, 2005).

    A taurina é um aminoácido não essencial com diferentes e importantes funções, sendo um aminoácido onipresente em condições essenciais, mas não utilizada para a síntese protéica. No sistema nervoso a taurina está associada à osmorregulação, antioxidação, detoxificação e estímulo da glicólise e glicogênese, sendo sua concentração intracelular mantida alta em diversos tipos celulares e no plasma (STAPLETON et al., 1998). Os mecanismos de ação atribuídos à taurina incluem a modulação da capacidade do depósito e liberação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático (PASANTES-MORALES et al. 1995).

    Fabricantes de bebidas energéticas afirmam que a taurina é adicionada ao composto com o intuito de acelerar a excreção de substâncias prejudiciais ao organismo (FUJISAKA, 2009). MANABE et al. (2003), em estudo realizado em ratos, observaram que após sessões de esforço físico intenso os níveis de lactato sanguíneo e de 3-metilhistidina foram significativamente menores no grupo que recebeu taurina. Outros estudos com roedores sugerem que a taurina pode ter efeito ansiolítico por reduzir a hiperexcitabilidade glutamatérgica (CHEN et al., 2004).

    A cafeína, juntamente com a teofilina é uma das principais xantinas, substâncias que são encontradas em estado natural em plantas como café, erva mate, cacau e guaraná, entre outras (LAZO, 2007). Sabe-se que as xantinas exercem seus efeitos estimulantes por inibição da fosfodiesterase, com resultante acúmulo de AMPcíclico. Esta ação simpaticomimética indireta resulta na facilitação da liberação dos transmissores adrenérgicos. No fígado, por exemplo, esta ação potencializa os efeitos da noradrenalina e do glucagon. A cafeína exerce efeitos inotrópicos positivos no sistema cardiovascular, sendo que no coração age principalmente por inibição da recaptação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático, aumento da concentração intracelular de AMPcíclico por inibição da fosfodiesterase e bloqueio dos receptores de adenosina. No bulbo estimula os centros respiratórios, vasomotores e vagal (DeLUCIA e OLIVEIRA-FILHO, 2004). Camundongos transgênicos que não possuem receptores funcionais de adenosina tipo 2 (A2) tornam-se mais agressivos e ativos. Entretanto, estes animais não apresentam aumento da atividade locomotora em resposta a cafeína, sugerindo que estes receptores são essenciais para a expressão do efeito estimulante da cafeína (LEDENT et al., 1997).

    As vitaminas do complexo B estão envolvidas em diversos processos metabólicos e são essenciais para o equilíbrio energético, sendo as principais a tiamina, a riboflavina e a piridoxina. A tiamina age como co-fator intermediário do ciclo do ácido-cítrico além de aumentar a síntese de purinas e pirimidinas. Outra vitamina do complexo B essencial para a atividade física é a riboflavina, precursora da produção de Flavina Dinucleotídio (FAD). A piridoxina está envolvida no metabolismo das proteínas e aminoácidos e glicogenólise. Teoricamente, o esforço físico aumenta a necessidade desses nutrientes devido às necessidades de manutenção e reparação tecidual além das adaptações bioquímicas mitocondriais que utilizam essas vitaminas como co-fatores em processos metabólicos. A carência das vitaminas do complexo B compromete a síntese protéica e o metabolismo aeróbio, porém os dados sobre sua influência no desempenho físico após sua suplementação são inconclusivos (BELKO et al. 1984; CROZIER et al., 1994; MANORE, 2000).

    A glucuronolactona é um intermediário metabólico natural do organismo humano formado a partir de glicose no fígado. Embora os fabricantes propaguem uma possível capacidade da glucuronolactona de aumentar a eliminação de substâncias tóxicas produzidas durante o esforço físico prolongado ou intenso, não há dados que comprovem esta hipótese (FINNEGAN, 2003).

    A dificuldade para manutenção, ou aumento, dos níveis energéticos durante eventos esportivos pode levar os atletas a usar substâncias como as bebidas energéticas para obter benefícios ergogênicos, visto que estas contêm carboidratos, vitaminas do complexo B, taurina e cafeína. O consumo mundial de bebidas esportivas é significativo, sendo de cerca de U$ 1,2 bilhões por ano apenas no mercado americano (COOMBES e HAMILTON, 2000).

    Existem poucos estudos investigando os efeitos da ingestão de bebidas energéticas à base de cafeína e taurina ou de sua combinação com álcool em relação ao esforço físico (FERREIRA et al., 2006). Há relatos de que as bebidas energéticas podem melhorar o desempenho psicomotor (avaliado por testes de tempo de reação, atenção, memória imediata e sensações subjetivas de alerta e vigor), o humor e o desempenho físico (ALFORD et al., 2001). HORNE e REYNER (2001) observaram melhor tempo de reação em um simulador de direção de veículos após a ingestão de 500 ml de bebida energética do que após a ingestão de uma mistura de carboidratos, sendo este efeito mais evidente na primeira hora do teste. Por outro lado, SEIDL et al. (2000) observaram que estas bebidas melhoram a sensação de bem estar.

    Durante e após esforço físico, observa-se um aumento da atividade simpática, aumentando o risco de arritmias, que pode ser acentuado com a ingestão de bebidas energéticas e álcool, principalmente em indivíduos pré-dispostos para distúrbios cardíacos (WIKLUND et al., 2009). Há observações de aumento da contratilidade cardíaca (principalmente atrial esquerda) pós-exercício (BAUM e WEIB, 2001) e um relato de morte súbita de três jovens na Suécia após o uso de bebida energética associada com consumo de álcool e esforço físico intenso, em uma noite de festa (FINNEGAN, 2003).

    Percebe-se a partir da revisão da literatura, que os indivíduos que praticam atividades físicas regularmente, podem sofrer alterações metabólicas, fisiológicas e psicológicas associadas à ingestão de bebidas energéticas. Estas alterações podem ser benéficas ou negativas, uma vez que os componentes das bebidas energéticas podem afetar o metabolismo energético e a regulação autonômica, funções altamente requeridas durante o aumento da atividade física corporal, assim como no período de recuperação.

    Dados anteriores sobre o padrão de uso de bebidas energéticas indicaram que apesar de muitos usuários utilizarem apenas uma dose por ocasião, outros relatam uso de até quatro doses (FERREIRA et al., 2004). Considerando a alta freqüência do relato de uso de bebidas energéticas à base de cafeína e taurina e a indicação de seus fabricantes para aumento do vigor físico, torna-se necessária uma investigação mais detalhada a cerca do tema, bem como dos reais objetivos de consumo, para que seja produzido um corpo de informações para orientação da população sobre os possíveis benefícios e principais riscos do uso destas bebidas em associação com a prática de atividades físicas e esportivas.

    Deste modo, este estudo teve por objetivo investigar: a frequência de uso bebidas energéticas a base de cafeína e taurina entre praticantes de atividades físicas; as principais razões de uso destas substâncias e os principais efeitos comportamentais, fisiológicos e psicológicos decorrentes de sua ingestão.

Métodos

    Amostra: Foi utilizada uma amostra de critério composta por 110 voluntários, de ambos os gêneros, que relataram ao menos 1 (um) uso de bebida energética na vida.

    Procedimentos: Os sujeitos foram abordados de forma direta e aleatória na entrada de academias de ginástica, parques, clubes esportivos, orla da praia de Santos-SP e espaços públicos associados à prática de atividades físicas.

    Um contato prévio por escrito foi realizado com os locais particulares solicitando autorização para a realização da coleta de dados da pesquisa em suas dependências. Após esclarecimento sobre os objetivos do estudo e garantia de sigilo e anonimato, foi aplicada uma entrevista padronizada que incluiu dados demográficos, índices corporais e questões objetivas e discursivas, referentes ao consumo de bebidas energéticas ou estimulantes, os tipos mais utilizados, a frequência, o objetivo de consumo e os principais efeitos percebidos após seu uso.

    Para serem incluídas na amostra, as pessoas que foram convidadas e aceitaram participar, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aprovado juntamente com o projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP (110.897/2.008-0).

    Os dados coletados nas entrevistas foram digitalizados em um banco de dados utilizando-se o software Statistica (StatSoft®), sendo realizada estatística descritiva dos mesmos e um teste de proporções para verificar diferenças nos efeitos da associação com bebidas alcoólicas versus efeitos da ingestão pura de bebidas energéticas, sendo adotado o nível de significância de 5%.

Resultados

    A amostra apresentou maior proporção de homens (74,5%), sendo a idade dos entrevistados de 22,5 ± 4 anos. Em média, os participantes referiram possuir massa corporal de 75 ± 8,3 kg e altura de 175 ± 5,5 cm, dados estes que resultaram em um Índice de Massa Corporal (IMC) médio referido de 24,5 ± 2,4 (dados apresentados como média ± desvio padrão, respectivamente).

    A tabela 1 apresenta as principais características do padrão de uso de bebidas energéticas. A maior parte da amostra relatou fazer uso de bebidas energéticas tanto isoladamente (94,5%) como em combinação com bebidas alcoólicas (70,9%). Quando ingeridas em combinação com bebidas alcoólicas, os usuários relatam a preferência pela combinação com bebidas destiladas. Para 29% da amostra, as bebidas energéticas são consumidas como opção de bebida não-alcoólica, enquanto que 5,4% só as utilizavam em combinação com bebidas alcoólicas.

    Observou-se grande variabilidade do número de vezes do uso na vida de bebidas energéticas (22 ± 19), sendo o número médio de ocasiões 6,9 ± 7,0 no último ano.

    Os principais efeitos percebidos após a ingestão de bebidas energéticas estão sumarizados na tabela 2. Quanto à intensidade dos efeitos percebidos em relação ao primeiro uso de bebidas energéticas, 79% relataram perceber os mesmos efeitos, 2% efeitos menores, 14,5% efeitos variáveis e 4,5% fizeram apenas um uso na vida. Não houve relato de aumento da intensidade dos efeitos.

    Após a ingestão de bebida energética pura, 60% dos entrevistados relataram não sentir nenhuma alteração, no entanto 23,6% relataram aumento do vigor físico e 2,7% insônia, sendo este último sintoma considerado um efeito desagradável por alguns voluntários. Após ingestão em combinação com álcool, 12,7% dos entrevistados relataram insônia, 25,4% aumento da alegria, 41% aumento da euforia, 14,5% desinibição e 8,1% aumento do vigor físico. Quanto aos locais de uso, 69% fizeram uso em festas e 44,5% em casas noturnas, 14,5% no trabalho, 19% para prática de atividades físicas e 3,6% para dirigir veículos. Em relação ao objetivo de uso, 33,6% relataram usar para melhorar os níveis de atenção, 18,1% para adquirirem mais disposição, 6,3% para experimentar o composto, 13,6% pelo sabor agradável, 12,7% para diluir as bebidas alcoólicas, 15,4% para conseguir ingerir maiores quantidades de bebidas alcoólicas e 5,4% para diminuir os sintomas da intoxicação alcoólica.

    Entre os compostos associados à prática de atividades física, o uso de BE à base de taurina e cafeína foi mencionado associado a 19% das ocasiões de uso. Os demais compostos utilizados estão sumarizados na tabela 3, destacando-se o uso de isotônicos (28%), suplementos alimentares à base de aminoácidos e proteínas (16,3%), suplementos alimentares à base de carboidratos (18%) e creatina (6,3%). A tabela 4 apresenta os principais efeitos esperados como ação destes compostos.

Tabela 1. Características do padrão de uso de bebidas energéticas (isoladamente ou com 

bebidas alcoólicas) em uma amostra de 110 pessoas praticantes de atividade física

Tabela 2. Efeitos percebidos após a ingestão de bebidas energéticas (BE) em uma amostra de 

110 pessoas praticantes de atividade física em uma amostra de 110 pessoas praticantes de atividade física

 

Tabela 3. Principais compostos ingeridos para a prática de atividades físicas

Tabelas 4. Principais objetivos com o consumo de compostos para a prática de 

atividades físicas em uma amostra de 110 pessoas praticantes de atividade física

Discussão

    Embora muitas bebidas energéticas, à base de cafeína e taurina, sejam comercializadas com a afirmação de que aumentam a resistência física e melhora o desempenho esportivo, um quinto da amostra relatou ser esta uma das principais razões de uso destas substâncias. Em alguns estudos com ciclistas treinados foi observada uma melhora do desempenho em provas com duração de 1 hora após a ingestão de bebida energética 40 minutos antes de seu início (IVY et al., 2009). Em um teste de resistência (pedalar a 70% do consumo máximo de oxigênio até a exaustão), realizado após a ingestão de 500 ml de bebida energética, foi observado que o aumento da frequência cardíaca e das catecolaminas foi significativamente menor e o tempo da duração do teste foi maior após a ingestão de bebida energética (GEIB et al. 1994). Estes efeitos podem ser em parte devidos à cafeína que pode exercer efeito ergogênico (COLE et al., 1996; ALTIMARI et al., 2000; BRAGA e ALVES, 2000). Além disso, as bebidas energéticas possuem outros compostos que também podem potencializar o desempenho físico, destacando-se a taurina (GEIB et al. 1994), os carboidratos (McARDLE et al., 2008) e as vitaminas do complexo B (MANORE, 2000).

    Ainda não há consenso sobre qual dose de taurina afeta o desempenho físico, nem sobre os possíveis seus efeitos tóxicos, diferentemente do que se sabe sobre outros aminoácidos que contém resíduos de enxofre, como a metionina e a cisteína (BROSNAN e BROSNAN, 2006; VAN DE POLL et al., 2006). O consumo diário de taurina em uma alimentação balanceada varia entre 40 e 400mg/dia, não havendo relatos de efeitos adversos significativos com até 3 gramas por dia (SHAO e HATHCOCK, 2008). A alta concentração de taurina nas ilhotas pancreáticas sugere modulação no metabolismo da insulina (BUSTAMANTE et al., 1998). Além disso, a taurina aumenta a síntese de glicogênio e a captação de glicose, reduz a taxa de apoptose e possui propriedades antioxidantes (MEREZAK et al., 2001; OPRESCU et al., 2007). Animais suplementados com taurina apresentaram maior tolerância à glicose, possivelmente mediada pela expressão de genes envolvidos na secreção e sensibilidade periférica da insulina (CARNEIRO et al., 2009). Em humanos, a taurina também parece contribuir para o controle da hipertensão arterial (MILITANTE e LOMBARDINI, 2002) e tratamento da insuficiência cardíaca (SOLE e JEEJEEBHOY, 2000).

    Os carboidratos, que também estão contidos nas bebidas energéticas, podem melhorar o desempenho em exercícios aeróbios de alta intensidade com duração prolongada, por compensarem a intensa redução dos níveis do glicogênio hepático e muscular observada após sessões extenuantes de esforço físico. Estudos sugerem que um consumo de carboidratos com alto índice glicêmico, uma hora antes do exercício, acelera a depleção de glicogênio, devido ao aumento da liberação de insulina, facilitando a entrada de glicose nos músculos além de inibir a lipólise (AHLBORG e FELIG, 1976; COYLE et al.,1983; JEUKENDRUP et al., 1997; McARDLE et al., 2008). O nível de osmolaridade dos carboidratos pode afetar o esvaziamento gástrico, sendo ideal que bebidas com finalidade de reidratar e fornecer energia contenha de 5 a 8% de carboidratos e eletrólitos (McARDLE et al., 2008). Como as bebidas energéticas são hipertônicas, poderiam prejudicar o esvaziamento gástrico durante o esforço físico.

    Entre os outros compostos associados à prática de atividades físicas, foram mencionados os suplementos alimentares à base de proteínas e carboidratos e os isotônicos, com a finalidade de aumento de massa muscular (28%), obtenção de energia (27,2%) e reposição hídrica (15,4%).

    Apesar de não ter sido objeto deste estudo, detectamos frequentemente falta de informação dos usuários sobre os compostos utilizados. A maioria fazia uso sem instrução nutricional e desconhecia seus efeitos, os períodos mais adequados para seu consumo, assim como quais deveriam ser as doses utilizadas. Há, portanto, necessidade de estudos e intervenções específicas para esclarecimento dos efeitos positivos e adversos do uso destes compostos, a fim de que o uso seja realizado de forma esclarecida e segura.

    Ao contrário do que poderia ser esperado, o uso de bebidas por uma população de praticantes de atividades físicas não se dá pela procura de fontes energéticas ou de hidratação e não é tão frequente em ambientes esportivos. Apenas 19,0% dos frequentadores de parques públicos, 22,6% dos frequentadores de academia e 10% de pessoas que se exercitavam na orla da praia mencionaram utilizar bebidas energéticas para melhorar o desempenho de atividades físicas. Entre jogadores de futebol, a frequência de uso associado às práticas físicas observada foi de 31,5%, com o objetivo de melhorar os níveis de atenção (31,5%) e a disposição psicomotora (26,3%).

    Assim como havíamos observado entre adultos jovens frequentadores de casas noturnas (FERREIRA et al., 2004) também entre praticantes de atividades físicas o uso de bebidas energéticas é mais frequentemente realizado em associação com bebidas alcoólicas. Na maioria das ocasiões, isto ocorre em festas ou casas noturnas, visando a redução do efeito depressor do álcool. Um terço dos entrevistados relatou usar as bebidas energéticas nestas situações para melhorar os níveis de atenção e igual proporção para reduzir os efeitos depressores do álcool. Sob efeito da associação entre bebidas energéticas e alcoólicas, vários participantes relataram aumento dos efeitos estimulantes do álcool (euforia, alegria e desinibição) e redução dos efeitos depressores, principalmente da sonolência. Desta forma, corroboramos existir alta prevalência de uso combinado de bebidas energéticas com bebidas alcoólicas, como descrito em estudos anteriores (FERREIRA et al., 2004). Apesar das recomendações inseridas no rótulo do produto, a respeito de se evitar esta mistura, este comportamento também é muito comum entre praticantes de atividade física (70,9%), porém neste grupo, com incidência um pouco menor em relação ao estudo citado (76%), constatando-se em ambos os estudos a preferência pela mistura com bebidas alcoólicas destiladas.

    Durante as entrevistas, observou-se também que usuários que não tem o hábito de ingerir bebidas destiladas a fazem, e por vezes de forma abusiva, quando em combinação com bebidas energéticas. Segundo os relatos, a mistura com bebidas energéticas melhora o sabor das alcoólicas e reduz os efeitos depressores do álcool, aumentando o tempo de vigília e os efeitos prazerosos. Em tese, isto pode aumentar as chances de uso abusivo de bebidas alcoólicas, com consequente aumento da probabilidade de desenvolvimento de dependência ao álcool, além de outros problemas decorrentes de seu uso.

    A alta prevalência de relatos de aumento das sensações de prazer (euforia, alegria e desinibição) ao se ingerir bebidas alcoólicas em combinação com bebidas energéticas, sugere que as bebidas energéticas parecem aumentar os efeitos excitatórios do álcool. Uma possibilidade de explicação para este efeito seria uma redução da atividade GABAérgica pela taurina, reduzindo o componente depressor do efeito do álcool (STAPLETON et al., 1998). Esta hipótese encontra suporte nos relatos de insônia após a ingestão de isolada de bebida energética (2,7% da amostra) ou quando associada com álcool (12,7%). É sabido que o sono é regulado por diversos neurotransmissores que são afetados pela taurina e também pelo etanol, como a serotonina e o GABA, o que poderia explicar o maior efeito da combinação com álcool em relação à ingestão isolada (Fujisaka, 2009). Além disso, a cafeína, um antagonista de receptores da adenosina, pode reduzir os efeitos depressores do etanol (DOHRMAN et al., 1997) (KUNIN et al., 2000) e estimular a atividade locomotora de roedores, isoladamente ou quando associada com etanol (KURIBARA et al., 1992). A taurina também pode afetar os efeitos do álcool por suas ações neuromoduladora e osmorreguladora (STAPLETON et al., 1998).

    Entretanto, como já demonstramos anteriormente, a ingestão de 3,57 ml/kg de bebidas energéticas não reduz o prejuízo provocado pela ingestão de álcool (0,6 e 1,0 g/kg) na capacidade de atenção, tempo de reação visual e coordenação motora (FERREIRA et al., 2006). Desta, como sugerido por RIESSELMAN et al. (1996), indivíduos sob efeito da mistura podem superestimar sua capacidade de desempenhar atividades, aumentando assim o risco de se envolver em ou de provocar acidentes.

    Estudos realizados em outros países com jovens universitários (ARRIA et al., 2010) também relatam a associação entre bebidas alcoólicas e energéticas, que consideram contribuir para o aumento da frequência de padrões de uso intenso com embriaguez (tipo “binge”).

    As estratégias de publicidade destes produtos abordam com frequência sua ação e possível melhora no desempenho físico, não fornecendo informações sobre seus possíveis efeitos adversos, quando utilizadas tanto de forma pura, quanto em combinação com bebidas alcoólicas, especialmente se consideradas as características farmacológicas e metabólicas de seus principais componentes. São necessários outros estudos sobre o tema, para avaliar o impacto do uso destas substâncias assim como o esclarecimento dos consumidores sobre os possíveis efeitos destes suplementos. Somente assim, será possível a tomada de decisões adequadas sobre seu uso, com o conhecimento dos possíveis efeitos benéficos e dos riscos a ele associados.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 158 | Buenos Aires, Julio de 2011  
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