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Kata de karate: a cultura nos shiteigata da World Karate Federation

El kata de karate: la cultura en los shiteigata de la Federación Internacional de Karata

 

*Mestrando em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS. Bacharel em Educação Física

pela Escola de Educação Física da UFRGS; Membro do Núcleo de Estudos em História

e Memória do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS, Professor

de Karate (1º Dan) CBK reg. 1.295

**Graduando do curso de Bacharelado em Educação Física pela UFRGS

Bolsista do Programa de Educação Tutorial da Educação Física da UFRGS

***Doutora em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto, Professora do Programa

de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da ESEF/UFRGS, Tutora do

Programa de Educação Tutorial da Educação Física da UFRGS, Coordenadora do Núcleo

de Estudos em História e Memória do Esporte e da Educação Física (NEHME) da UFRGS

Tiago Oviedo Frosi*

tiago.frosi@yahoo.com.br

Brandel José Pacheco Lopes Filho**

brandelfilho@gmail.com

Janice Zarpellon Mazo***

janmazo@terra.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O Karate é uma disciplina de desenvolvimento pessoal através de práticas de luta, originada em Okinawa, no Japão. Um dos alicerces dessa disciplina são os Kata, exercícios constituídos por sequências pré-determinadas de técnicas que simulam combates contra vários adversários. As técnicas que compõem o Kata foram a principal forma de manutenção das tradições do Karate. Este estudo trata de analisar aspectos culturais relacionados aos Shiteigata, os exercícios formais obrigatórios exigidos nas competições oficiais promovidas pela WKF. Foi realizado um estudo histórico para levantamento de informações sobre a natureza dos Kata de Karate em sua dimensão cultural, procurando-se estabelecer relações entre os costumes e práticas culturais orientais nessa prática corporal.

          Unitermos: História. Karate. Kata. Cultura.

 

Abstract

          Karate is a self development discipline beyond fighting techniques, originated in Okinawa. A basis of this discipline is the Kata, pre-established technique sequences that simulates combats against many adversaries. The techniques that compose the Kata were the mainly way of Karate traditions transmission. This study discusses cultural aspects related to Shiteigata, the obligatory formal exercises demanded at official competitions promoted by WKF. To this research was realized a historical study to raise the relevant information about the nature of Karate Kata in its cultural dimension. Then, we based in Cultural History, approximating habits and oriental cultural practices to the corporal practice.

          Keywords: History. Karate. Kata. Culture.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Considerações iniciais

    O Karate-Dō (空手道)1 – Caminho das Mãos Vazias – é uma disciplina de desenvolvimento pessoal através de práticas de luta, originada em Okinawa, antigamente a principal ilha do arquipélago de Ryukyu, localizado entre a China e o Japão. Okinawa, atualmente uma prefeitura japonesa, era um reino independente e vassalo da China no século XIV, o período em que surgia o Karate-Dō (NAKAZATO et al, 2005). Nos primórdios, essa disciplina chamava-se Te () (mão, ou mão de Okinawa), e veio a denominar-se Tōde (唐手) (em Uchināguchi, o idioma de Okinawa) ou Karate (唐手) (em japonês) após os contatos com as artes marciais chinesas, em especial o Quan Fa.

    Karate, até o final do século XIX, significava “mãos chinesas” e veio a ser chamado Karate-Dō (空手道) no início da década de 1920, quando o mestre Gichin Funakoshi introduziu a disciplina no Japão continental, alterando seu nome, seus objetivos e sua metodologia de ensino através do contato com trabalhos de outros mestres como Jigoro Kano e Morihei Ueshiba (STEVENS, 2005) e, também, considerando aspectos históricos e culturais da sociedade japonesa no período.

    Passados de geração em geração, de professor para aluno, os Kata () (exercícios formais) foram a principal forma de manutenção das tradições do Karate. Essa relação hierárquica do professor (sensei) e aluno (deshi) era a base do ensino das artes marciais de Okinawa e do Japão no período feudal (FROSI; OLIVEIRA; TODT, 2008). Constituem-se de sequências pré-determinadas de técnicas que simulam um combate contra vários adversários. Diferentes exercícios formais são praticados nos diversos estilos existentes, porém, atualmente, os Kata de quatro estilos são reconhecidos no sistema olímpico, sendo estes: Gōjū-ryū, Shitō-ryū, Shōtōkan e Wadō-ryū.

    O Karate se desenvolveu de um processo no qual recebeu influência de muitas culturas, em especial da japonesa e chinesa, tornando-se uma disciplina híbrida (SHINJYO et al, 2004), multicultural e pluritemática (CAMPS; CEREZO, 2005). O Karate como esporte emergiu

    [ ... ] devido aos esforços dos entusiastas mais jovens, o Primeiro Campeonato de Karate-Do de Todo Japão foi realizado em outubro de 1957. Ele foi promovido pela Associação Japonesa de Karate e, no mês seguinte, a Federação de Estudantes de Karate de Todo o Japão promoveu um campeonato diante de milhares de pessoas. Além de serem eventos memoráveis, esses dois campeonatos despertaram um interesse maior ainda pela arte em todo o país. (NAKAYAMA, 2000a, p. 132)

    Nessas competições o evento de Kata já estava presente. Por esse motivo, o presente estudo apresenta como objetivo geral: analisar aspectos culturais relacionados aos Shiteigata (定形), que são exercícios formais obrigatórios exigidos nas competições oficiais promovidas pela World Karate Federation (WKF). Como objetivos específicos, procuramos aplicar um processo de romanização dos ideogramas do idioma Chinês, Japonês e Uchināguchi (idioma de Okinawa), através dos sistemas Hepburn (ヘボン), para o Japonês e Uchināguchi, e Hànyǔ Pīnyīn (漢語拼音) para o chinês, seguindo as normativas internacionais (ROSS, 2009). Propomos, também, identificar os aspectos culturais que dão nome aos exercícios formais obrigatórios do Karate nesses idiomas e compreender a relação desses com os ideogramas, Kanji (漢字) ou Katakana (片仮名) utilizados para nomeá-los e relacionar outras representações culturais que emergem dos gestos técnicos executados nos Kata.

    Essa pesquisa histórica trata de fazer uma analise da natureza dos Kata de Karate em sua dimensão cultural, tendo como referência os pressupostos da História Cultural (BURKE, 2005). Nessa perspectiva, o Karate é estudado enquanto prática cultural, da qual são construídas representações da cultura guerreira oriental. As fontes históricas consultadas foram monografias, livros, artigos de periódicos, sites e manuais de arbitragem da WKF. As informações coletadas foram submetidas à análise documental de acordo com Bardin (2000) e Struna (2001).

    Há, atualmente, demasiados equívocos na literatura e no processo ensino-aprendizado dos termos técnicos aqui abordados. Assim, espera-se, com esse estudo, contribuir para as Ciências do Esporte e para a Comunidade do Karate, promovendo reflexões acerca das normativas corretas de uso das ferramentas de tradução e escrita.

2.     Os oito shiteigata de karate

    Durante as competições oficiais, nem todos os Kata de Karate podem ser executados. Nas categorias infantis, as regras são adaptadas e em muitos países os Kata básicos (Gekisai, Pinan e Heian) são os únicos permitidos. O que acontece nas categorias mais avançadas, disputadas por cadetes e seniores, é a execução prevista nas regras oficiais (WKF, 2009). Sendo assim, nessas categorias são executados os Kata obrigatórios (Shiteigata) e subseqüentemente os preferenciais (Tokuigata).

    O estilo Gōjū-ryū, cujos Kata são discutidos no capítulo 3, possui suas principais influências na linha Naha-Te, uma linha antiga do Karate-Dō, oriunda principalmente dos conceitos internos da arte marcial, o que denominamos Shorei-Kan (NAKAZATO et al, 2005). Os Shiteigata do estilo Gōjū-ryū são Seipai e Saifa.

    Mesmo possuindo elementos de Shorei-Kan (nos Kata Seishan e Hangetsu, por exemplo), os estilos Shōtōkan e Wadō-ryū são baseados predominantemente na linha Shuri-Te, oriunda dos princípios externos da arte, ou seja, em Shorin-Kan, termo japonês para Shaolin C’huan (FUNAKOSHI, 1999). Esse aspecto é facilmente percebido pelas técnicas que, em quase sua totalidade, são compostas de ataques diretos, muito lineares, em contraponto às técnicas de Shorei-Kan, que são mais circulares, vigorosas e lentas. Os Kata desses estilos são contemplados no quarto e sexto capítulos.

    O estilo Shitō-ryū, por sua vez, carrega características das linhas Shorei-Kan e Shorin-Kan de forma relativamente equilibrada. Isso se deve à própria história de Kenwa Mabuni, fundador do estilo, que treinou o Shuri-Te com Yasutsune Itosu e Naha-Te com Kanryō Higaonna, dois dos maiores expoentes das principais linhas do Karate em Okinawa, no final do século XIX (AGUIAR, 2008). Os Kata de Shitō-ryū são analisados no quinto capítulo.

    Para descrever de forma adequada as influências destes contextos históricos nas formulações técnicas dos Kata de Karate, apresentamos, a cada capítulo, os dois Shiteigata de cada um desses estilos. Dessa maneira, podemos atribuir, de forma lógica, as características (Shorei ou Shorin) do Kata correspondente.

2.1.     Shiteigata Gōjū-Ryū

    Seipai é um Kata do estilo Gōjū-ryū, pertencente aos Kaishu-gata, exercícios em que as técnicas são executadas com a palma da mão aberta. É um Kata tradicional do estilo, que foi trazido às presentes gerações por Kanryō Higaonna, mestre da linha Naha-Te (HIGAONNA, 1986). Higaonna foi um Chuko no so (revitalizador), ou seja, um dos empreendedores na formação do ‘Karate Moderno’ (NAKAZATO et al, 2005).

    Esse Kata é traduzido, literalmente, como ‘18’ (japonês #1). Muitos nomes de Kata do estilo Gōjū-ryū são números chineses e simbolizam alguns conceitos budistas. O número 18 de Seipai (Shí bā, na forma chinesa) é interpretado com o cálculo 6x3 (seis vezes três), pois a cada número atribuímos um significado. O ‘seis’, dentre diversos significados possíveis no budismo, neste caso, simboliza cor, voz, paladar, olfato, tato e justiça, enquanto o ‘três’ representa o bem, o mal e a paz (HIGAONNA, 1986).

Quadro 1. Ideogramas de Seipai (Gōjū-ryū)

    Há uma segunda forma de escrita para Seipai (japonês #2), menos utilizada, que possui um significado bem diverso do anterior. Nela, o primeiro ideograma pode ser lido como ‘pegar’ ou ‘agarrar’, enquanto o segundo representa ‘quebrar’ ou ‘contundir’. Unindo esses Kanji, podemos ler algo como ‘agarrar e contundir’, uma interpretação ligada à execução técnica desse exercício formal (figura 1), que em tempos antigos, como todas as práticas que faziam parte do Tōde, eram utilitárias ao contexto belicoso de Okinawa, porém desprovido de armas tradicionais. Essa situação foi ocasionada, primeiro, pela proibição do porte de armas por qualquer pessoa, instituída no reinado de Shō Shin (1477 d.C. a 1526 d.C.) e reforçado por outro decreto após a invasão do clã Satsuma (guerreiros da província japonesa de Kyushu) em 1609 d.C. (NAKAZATO et al, 2005).

Figura 1. Técnicas do Kata Seipai

Fonte: arquivo pessoal dos autores

    Como a totalidade de Kata praticados em Gōjū-ryū, Saifa é um exercício formal oriundo das técnicas chinesas internas, chamadas em Okinawa de Shōrei-kan. Em contraste com as técnicas de Shōrin-kan (características da linha Shuri-Te), as técnicas de Shōrei são mais pesadas e valorizam essencialmente os exercícios respiratórios (ibuki).

    Saifa pode ser grafado por dois grupos de Kanji, representando ‘Destruir e Esmagar’ (japonês #1) ou ‘Destruição Extrema’ (japonês #2). Independente da nomenclatura que for apresentada, os dois nomes representam basicamente a mesma ideia: golpes firmes e potentes usados contra os adversários, muitas vezes golpes duplos (com ambas as mãos), batidas de esmagamento de crânio, além, de finalizações por estocadas (figura 2). É um Kata com um dos bunkai (aplicação) mais agressivos dentro do Karate-Dō, fato corroborado pelo próprio contexto de criação dessa disciplina: guerras entre reinos, onde o porte de armas, mesmo pela classe guerreira, era proibido (SHINZATO; BUENO, 2007; NAKAZATO et al, 2005).

Quadro 2. Ideogramas de Saifa (Gōjū-ryū)

 

 

Figura 2. Técnicas do Kata Saifa

Fonte: arquivo pessoal dos autores

    Esse, inclusive, é um ponto-chave na compreensão do que é o próprio Kata de Karate. Diferente dos Kata de Aikidō, Kendō ou Jyudō, que representam lutas contra apenas um adversário, no Karate-Dō os Kata representam lutas em massa, próprias de grandes confrontos, como as guerras ocorridas no Sanzan (unificação dos três reinos de Ryūkyū). 

2.2.     Shiteigata Shōtōkan

    Desde 1404 d.C., os Ryūkyū recebiam visitas ‘diplomáticas’ de representantes chineses, pois como já citamos, o reino do qual Okinawa fazia parte era vassalo desse país. Essas visitas eram chamadas Sapposhi e, comumente, seus integrantes eram militares do ‘país do meio’ que vinham supervisionar as relações entre os Ryūkyū e a China. Passados 25 anos do primeiro encontro, Shō Hashi unificaria os reinos de Ryūkyū, estabelecendo, entre outras coisas, a periodicidade dos Sapposhi (NAKAZATO et al, 2005). Sabe-se que esses eventos eram momentos marcantes para trocas culturais com os representantes chineses e que, no Sapposhi de 1756 d.C. (o 19º, sob liderança do embaixador Zenkai), foram realizadas demonstrações dos especialistas Kūshankū, ou Kung Sian Chun (NAKAYAMA, 2000b), Pēchin Sakugawa e Chatan Yara, introduzindo respectivamente as técnicas dos sistemas chamados então: Kūshankū-zaiko, Tōde Sakugawa e Chatan Yara no Kenpō (NAKAZATO et al, 2005).

Quadro 3. Ideogramas de KankūDai (Shōtōkan)

    Kūshankū seria, portanto, a pronúncia usada em Okinawa para designar o nome deste guerreiro (Kung Sian Chun ou Gong Xiang Jun, dependendo do sistema de romanização usado para escrever os ideogramas chineses, nos sistemas Wade-Giles e Hànyǔ respectivamente). O nome Kōsōkun (japonês #1) teria surgido a partir da tentativa de traduzir o nome desse exercício para o idioma japonês, fato possivelmente ocorrido devido à presença do mestre Kenwa Mabuni em solo japonês (AGUIAR, 2008). Assim, o nome passaria a significar Oficial/Militar So, sendo a partícula So um nome próprio designando Sian. Durante o processo de ‘adequação’ do Karate-dō ao idioma e cultura japoneses, iniciado por Gichin Funakoshi na década de 1920, em seu estilo, o Shōtōkan, esse Kata passou a ser chamado KankūDai (significando Contemplar o Céu -kankū-, forma longa -dai-) (NAKAYAMA, 2000b).

    Um aspecto considerável da execução do Kata KankūDai é sua abertura. Os movimentos de contemplação ao Sol (figura 3) são oriundos de uma prática muito mais antiga, a Yoga. A presença de elementos de práticas indianas nas artes marciais chinesas (Wu-shu) que influenciaram o Karate-Dō e outras artes marciais (como as japonesas, ou seja, Budō) é discutida por vários autores (FROSI; OLIVEIRA; TODT, 2008; CAMPS; CEREZO, 2005; MAROLI, 2004, GONELLA, 2003; HIGAONNA, 1986, TOGUCHI, 1976), entre eles o próprio Gichin Funakoshi (1999).

Figura 3. Técnicas do Kata KankūDai

Fonte: arquivo pessoal dos autores

 

Quadro 4. Ideogramas de Jion (Shōtōkan)

    Segundo a tradição, um monge chinês em visita a Okinawa teria ensinado os Kata Jion, Jiin e Chintei a um Pēchin (guerreiro de Okinawa) chamado Kosaku Matsumora, o mestre de Choki Motobu (ROSS, 2009). Independente da veracidade desse mito, Jion é um dos mais importantes Kata de Karate, presente em praticamente todos os estilos. Devido à ligação com a lenda acima, supõe-se que seu nome remeta ao ‘Jion-Ji’ (japonês #1, quadro 4), o Templo do ‘Amor e Misericórdia’, algum mosteiro ou pagode na China. Outra versão menos mítica aponta para a natureza da execução desse Kata, que exalta os momentos de impetuosidade transpostos por momentos de extrema calma (NAKAYAMA, 2000d). Assim, nomeia-se o Kata como ‘O Som da Misericórdia’ (japonês #2), remetendo ao poder de enfrentar o combate mantendo a tranqüilidade, permitindo o desfecho misericordioso, próprio dos heróis.

    Uma relevante simbologia dentro do Kata Jion é oriunda de seu gesto técnico de abertura e finalização. Esse gesto, onde uma mão fechada é coberta pela outra mão, remete a um cumprimento chinês, que representava na antiguidade ‘respeito aos sábios e aos homens das artes marciais’ (figura 4), no qual a mão cerrada simbolizava os guerreiros e a mão aberta, que a cobria, os sábios (PARKER, 1963, p.144). O mesmo autor explica-nos que, com a ascensão do Império Ming (1368 d.C. a 1644 d.C., período em que Okinawa era um Estado vassalo a esse Império), esse gesto mudou de significado. A partir de então, a mão curvada representava o dia e a mão cerrada representava a Lua, os símbolos usados no ideograma para Ming (), aliás, o mesmo que fazia parte da expressão Tōde. A ascensão da dinastia Ming foi fundamental para a China, pois representou o fim da dinastia Yuan, através da qual os mongóis governavam o ‘país do meio’ (REID; CROUCHER, 2004, p.78), e que veio então a se tornar uma das maiores potências mundiais até o século XVI (MENZIES, 2006). Entendemos, portanto, que esse gesto é mais uma alegoria que corrobora para percebermos a grande influência do Quan Fa chinês no desenvolvimento do Karate-Dō. Não podemos esquecer também a simbologia relacionada ao budismo apresentada por Schumacher (1995), que nos ensina que a mão em concha vai representar a Lua, o feminino, condicionado, Yin; e o punho cerrado vai representar o Sol, o masculino, criativo, Yang. E mais do que isso: unidos representam a integração da Anima (os padrões psíquicos femininos reprimidos no homem) e do Animus (os padrões psíquicos masculinos reprimidos na mulher), a inteireza do Ser, como propõe Jung (1996; 1983).

2.3.     Shiteigata Shitō-Ryū

    Bassai é um Kata muito importante no Karate, proveniente da linha Shuri-Te, e um dos mais antigos entre os exercícios ainda hoje praticados. Seus golpes poderosos e incisivos refletem o significado (japonês #1) de seu nome: ‘romper’ ou ‘destruir a fortaleza’. Outra forma de interpretar seu nome mais moderno (japonês #2) é ‘remover os obstáculos’, sejam eles tangíveis ou não. É um Kata apropriado para forjar a força e atitude do guerreiro nas batalhas e na vida, criando o espírito de superação. Em Shitō-ryū, Bassai é uma herança do treino de Kenwa Mabuni, o fundador do estilo, com Yasutsune Itosu, mestre da linha Shuri-Te (AGUIAR, 2008).

Quadro 5. Ideogramas de BassaiDai (Shitō-ryū)

    Maroli (2004, p.2) ainda aponta um fato interessante: diversos movimentos dentro de Bassai, aparentemente com pouca aplicação prática, são na verdade codificações corporais para ações de batalha. Esses sinais seriam muito semelhantes aos executados com os leques de guerra (tessen ou gunsen), artefato utilizado pelos guerreiros do Japão desde o século XII até quando perdurou o domínio dos samurais no país (RATTI; WESTBROOK, 2006). Seria essa, então, a explicação para o nome ‘destruir a fortaleza’ pois através dele um perito em sinais guiaria as falanges de guerreiros contra as construções do inimigo.

    Ainda há técnicas, dentro do próprio Kata, que possuem nomes cuja escrita é ligada diretamente aos gestos executados. É o caso do Yamazuki, ou ‘soco montanha’ (figura 5). Nesse ataque, os braços e a cabeça do karate-ka se posicionam de forma semelhante ao KanjiYama’ (), que representa ‘montanha’.

Figura 5. Técnicas do Kata BassaiDai

Fonte: arquivo pessoal dos autores

    Seienchin é um dos Kata ensinados aos karate-ka de Okinawa pelo mestre Kanryō Higaonna após seus anos de estudos na China. Diferente dos Kata da linha Shuri-Te, como Bassai e Kūshankū, Seienchin é pesado e usa muito drasticamente a técnica de respiração profunda chamada Fukushiki-Kokyu (CRAIG, 2005, p.243).

Quadro 6. Ideogramas de Seienchin (Shitō-ryū)

    Seienchin (japonês #1) significa literalmente ‘sistema de lutar puxando’, algo característico das técnicas desse Kata que muito explora os tedori ou agarrões (figura 6). A importância do uso das mãos em Seienchin é tão grande que é um dos únicos Kata que não utiliza keriwaza, ou seja, técnicas de chute (JKF, 2008, p.113).

Figura 6. Técnicas do Kata Seienchin

Fonte: arquivo pessoal dos autores

    Outro conjunto de Kanji utilizado para nomear o mesmo Kata é Seyunchin (japonês #2), que significa ‘subjugar e tranqüilizar (os rebeldes)’, outra ligação com os eventos históricos ocorridos em Okinawa desde o século XIV, quando os Heimin (plebeus) eram massacrados pelos Pēchin (guerreiros). Sabendo do uso do Tōde e do Kobu-dō de Okinawa na batalha de unificação dos três reinos, o Sanzan (SHINZATO; BUENO, 2007), e que esses foram os meios empregados nos combates, técnicas como as presentes em Seienchin foram muito utilizadas. A exemplo daquelas empregadas no Sumō, essas técnicas são ideais para combater quando se está usando uma pesada armadura (RATTI; WESTBROOK, 2006, p.342).

    Da mesma forma que BassaiDai, Seienchin possui algumas técnicas que, a princípio, não parecem ter aplicações práticas. Essas técnicas, denominadas shotei uke, são gestos representados em antigas estátuas. Emerge desses gestos uma alegoria que remete às grandes estátuas colocadas na porta dos mosteiros e templos, conhecidos como ‘protetores Nio’ ou Nio-Zo. A simbologia do Nio é bastante conhecida no Karate, como afirmava o mestre Masutatsu Oyama: “as melhores representações de um especialista na arte de golpear são as estátuas de madeira nas portas de muitos templos budistas, especialmente aquelas figuras desarmadas que mostram um ‘desenvolvimento abdominal exagerado’” (RATTI; WESTBROOK, 2006, p.439).

2.4.     Shiteigata Wadō-Ryū

    Chintō é um Kata que possui suas origens na linha Shuri-Te, um dos antigos estilos praticados em Okinawa que deram origem ao Karate. Registros antigos mencionam que Chotoku Kyan, um notório mestre de Shuri-Te, recebeu instrução de Sokon Matsumura e outros mestres em diversos Kata, sendo que Chintō era um destes (NAKAZATO et al, 2005). Possui origem chinesa, no estilo Garça Branca de Quan Fa, chamado em Okinawa, no seu dialeto local, de Tsuru-no-ho. (SHINJYO et al, 2004).

Quadro 7. Ideogramas de Chintō (Wadō-ryū)

    A palavra Chintō, em uchinaguchi, de acordo com a utilização dos Kanji (japonês #2), significa “o grou sobre a pedra”. Tal significado refere-se diretamente à dificuldade dos movimentos executados durante o Kata (figura 7), no qual o praticante permanece, em diversos momentos, equilibrado apenas sobre um dos pés, adotando uma posição similar à da ave mencionada: o grou (FUNAKOSHI, 1973, p.186). O grou (ou tsuru, em japonês) é uma ave de grande importância em toda a Ásia, local onde adquiriu um caráter lendário, representando longevidade, juventude e felicidade (MINICK, 1974). Estima-se que seja a mais antiga ave que ainda habita a Terra, estando presente há mais de seis milhões de anos. É comum o uso da figura do grou no origami, a arte oriental de dobradura de papel, sendo uma de suas criações mais conhecidas. “No Japão, o grou de papel dobrado é ensinado a todas as crianças japonesas e enviado às pessoas doentes, expressando o desejo de seu restabelecimento” (FIGUEIRA, 2009).

Figura 7. Técnicas do Kata Chintō

Fonte: arquivo pessoal dos autores

    Há ainda outra utilização de Kanji para Chintō (japonês #1), que significa ‘oriente tranquilo’, remetendo às técnicas treinadas e desenvolvidas pelos Pēchin. Neste caso, o kanji representando ‘oriente’ relaciona-se às origens chinesas do Kata, enquanto o segundo ideograma, significando ‘tranqüilidade’, refere-se às mesmas práticas de opressão aos plebeus, promovidas pelos guerreiros, também presentes na nomenclatura de outros Kata. Opressão essa, justificada pela obtenção da tal ‘tranqüilidade’ no reino.

    Gankaku foi o nome atribuído a esse Kata por Funakoshi durante sua adaptação do Karate aos costumes japoneses, utilizando-o em seu estilo, o Shōtōkan (MORRIS; TRIMBLE, 1991). Gankaku nada mais é que a pronúncia japonesa para os mesmos Kanji (japonês #2), enquanto Chintō é a pronúncia na língua de Okinawa. Apesar do Shōtōkan utilizar a pronúncia japonesa, diversos estilos, dentre eles o Wadō-ryū, continuam utilizando o nome antigo.

    Seishan (ou Seisan) é um dos Kata mais antigos de Okinawa (GONELLA, 2003). É proveniente da linha Naha-Te, estilo desenvolvido por Kanryō Higaonna, professor de Chōjun Miyagi, criador do conhecido estilo Gōjū-ryū (NAKAZATO et al, 2005). Sua origem, assim como de muitos outros Kata, é chinesa. Tem como principal característica o uso de força, precisão e controle da respiração (GONELLA, 2003). É possível dividi-lo em duas partes: a primeira, executada com forte tensão dinâmica, através de movimentos lentos e vigorosos, e um trabalho constante da respiração, e a segunda, com técnicas executadas de forma rápida e explosiva.

    De acordo com a utilização primeira dos Kanji (Shisen ou 十三), Seisan significaria literalmente ‘13’, provavelmente derivado do termo Shi San Shi (as treze energias), conforme está descrito no Livro das Mutações (I Ching), um dos grandes textos clássicos chineses, base para o Confucionismo e o Taoísmo (GONELLA, 2003, p.147). Além disso, o número 13 (Shisen), na China, ao contrário da cultura ocidental, representa sorte, saúde e riqueza. A pronúncia chinesa shisen é muito similar às leituras utilizadas para nomear o Kata: seishan ou seisan.

Quadro 8. Ideogramas de Seishan (Wadō-ryū)

    Existe outra maneira de escrever o nome do Kata (japonês #1), que significa “derrotar/subjugar os rebeldes”. Esta explicação é interessante do ponto de vista histórico, pois era isso o que os Pēchin faziam com os opositores, através do Karate, no período feudal. Neste caso, os Kanji são romanizados como ‘Seisan’ ou ‘Sēsan’ no sistema Hepburn, o que não explica a utilização do nome ‘Seishan’ pelo estilo Wadō-ryū. Uma possível justificativa para o uso de tal romanização seria interpretar essa leitura como sendo dialeto de Okinawa (Uchināguchi), o que também é discutível e não valida a nomenclatura comumente utilizada.

Figura 8. Técnicas do Kata Seishan

Fonte: arquivo pessoal dos autores

    Mestre Gichin Funakoshi, conforme já foi citado, adequou o nome dos Kata para o idioma japonês em meados da década de 1920, sendo que o Seishan não foi exceção. No estilo Shōtōkan passou a ser chamado de Hangetsu, que significa literalmente ‘meia-lua’, devido aos movimentos semicirculares executados nesse exercício formal (NAKAYAMA, 2000c).

    A exemplo de BassaiDai, também há em Seishan um gesto técnico que remete à imagem do Kanji de Montanha (). Sendo assim, essa posição recebe o nome de Yamagamae, ou seja, “postura da montanha” (figura 8).

3.     Kata, um elemento da cultura corporal do movimento humano

    Podemos definir o Kata como um elemento importante da cultura corporal, do movimento humano? Segundo Gaya (2008), a cultura corporal do movimento humano abarca todo movimento ao qual damos significado, incluindo-se aí “a dança, o jogo, a luta, a ginástica, o esporte, o teatro, o circo, as terapias corporais, etc.” (p. 42). Segue ainda referindo que a cultura corporal do movimento humano é uma área de estudos “na qual o corpo é percebido como local de encontro, ponto de interações permanentes entre o cultural, o social e o biológico, tanto no plano das práticas como das representações” (ibid. 2008, p.43). Não obstante, o Kata é percebido como o elemento do Karate-Dō (que pode ser entendido como um sistema de luta) que mais utiliza o elemento representacional (artístico, como expressão próxima à teatral).

    Kata é a representação de um combate contra vários adversários vindos das oito direções (WKF, 2009; NAKAYAMA, 2000a). Seu objetivo não é o exibicionismo, mas a automatização do movimento, permitir ao indivíduo o desenvolvimento da inteligência cinestésica (de movimento) ao ponto de poder reagir instantaneamente à situação de perigo, assegurando a integridade física. Como refere ainda Nakayama (2000a, p. 95):

    Para executar dinamicamente o Kata, três regras devem ser lembradas e observadas: 1) o uso correto da força; 2) a velocidade do movimento, rápido ou lento; e 3) a expansão e contração do corpo. A beleza a força e o ritmo do Kata dependem desses três fatores.

    A preocupação da beleza e do ritmo do Kata como fins dessa prática nos lembram de que há significados atribuídos ao exercício formal do Karate. Há uma faceta artística nessa prática corporal. Como afirmou o mestre Yoshihide Shinzato (um dos introdutores do Karate no Brasil): “O Karate é arte marcial, e arte deve ser mostrada”. (CBK, 2007).

    Podemos avançar ainda mais em nossa análise, indo ao encontro do que afirmam Camps e Cerezo (2005), Maroli (2004) e Higaonna (1986): há movimentos dentro dos Kata de Karate que não tem aplicação diretamente relacionada à defesa pessoal, ou seja, ataques contra o corpo de um adversário. Há movimentos que fazem parte da sequência de movimentos e que provavelmente serviam como elemento meditativo, como nos lembram Egami e Aoki (1972) ou como sinais no campo de batalha, substituindo o tessen, o leque de guerra usado pelos generais japoneses no período feudal para guiar as tropas (RATTI; WESTBROOK, 2006). A ideia de Maroli (2004), que propõe que elementos do Kata Bassai Dai, e de outros, substituíram o uso do leque de guerra é uma forte possibilidade ao percebermos que o Karate foi o meio de combate empregado no Sanzan (a guerra que unificou os três reinos de Okinawa sob o controle dos reis da dinastia Sho), na qual as armas e artefatos eram de uso proibido, especialmente os de origem japonesa, já que Okinawa era todo um território submetido ao sistema tributário e cultural chinês (SHINZATO; BUENO, 2007; MENZIES, 2006; NAKAZATO et al., 2005).

    Podemos, assim, perceber que o elemento cultural é fundamental para a compreensão do Kata como um todo. O Kata se apresenta para nós como um elemento da cultura corporal do movimento humano, que vem se construindo e reconstruindo ao longo dos séculos, como elemento central da passagem do conhecimento de defesa pessoal do Karate de mestres para seus estudantes. Como nos ensina ainda Kanazawa, ao falar sobre os Kata de Karate: “da mesma forma que um calígrafo escreve numa folha de papel, o praticante de artes marciais usa seu corpo para expressar tudo que tem a oferecer no espaço que ocupa, revelando desta maneira sua própria filosofia e caráter” (KANAZAWA, 2009, p. 11).

4.     Considerações finais

    O objetivo desse estudo foi analisar as práticas e representações culturais relacionadas aos Shiteigata de Karate. A compreensão dessas práticas é atravessada por um choque cultural, entre nossa cultura ocidental (de forma geral) e aquela de países orientais. Não apenas a forma de lutar desarmada em Okinawa surge de forma totalmente diferente de práticas com as quais estamos mais familiarizados, como o boxe, a luta olímpica ou a capoeira, como também para fins diferentes e sob um processo de apropriação, que não ocorreu com práticas ocidentais.

    A literatura sobre Karate-Dō revela que foi uma prática criada pelos Heimin (camponeses), para se protegerem dos truculentos Pēchin (guerreiros) e posteriormente apropriada por estes. Os documentos revelam que essa prática era passada de forma restrita, às vezes, erroneamente dita secreta, apenas ao primogênito de cada família de guerreiros (costume denominado Ishi Soden), através dos Kata. Os exercícios formais foram, portanto, por mais de quinhentos anos, a única forma de transmissão do Tōde, que se constituiria no que atualmente é denominado Karate.

    A dificuldade em levantar fontes para pesquisar esta prática cultural é enorme devido à destruição de Okinawa na maior batalha da Segunda Guerra Mundial, que dizimou a maior parte da Ilha. Outra dificuldade advém da transmissão oral dos conhecimentos históricos acerca do Karate. Na maioria dos casos, os mestres japoneses não possuíam domínio da língua dos países estrangeiros onde se estabeleceram. Com isso, os praticantes reconstruíram os conceitos de forma fragmentada, ocasionando limitações na formação dos alunos, como também na produção e publicações sobre o Karate. Percebemos grande ocorrência de erros de romanização, além da mistura dos termos romanizados no sistema Hànyǔ com os Wade-Giles nas fontes consultadas. Também pudemos perceber falhas no uso dos sistemas Hepburn, Nippon e Kunrei, para romanizar vocábulos japoneses. Há a necessidade de se estabelecer um maior rigor e profissionalismo nas publicações desse segmento.

    Identificar as diferentes representações culturais que deram origem aos Kata de Karate é tarefa árdua, porém desafiadora, pois revela as facetas de cada técnica, nos lembrando que o Kata é um elemento da cultura corporal, pois é provido de significado psicológico e cultural. Manuscritos de antigos mestres tratam (McCARTHY, 1995) de uma essência constante em cada exercício tradicional, alguns dos quais foram abordados neste estudo. Como são obrigatórios em competições, os Kata aqui analisados são de conhecimento geral dos atletas e praticantes e, por conseguinte, alguns dos mais treinados e executados no mundo.

    Destacam-se aspectos significativos do Karate, como sua ligação com as artes marciais chinesas, que em Ryūkyū receberam uma nova roupagem ao fundirem-se com a técnica de defesa pessoal local (Te). As simbologias culturais que identificamos e suas influências, advindas do estilo da garça branca (Tsuru-no-ho), do I-Ching e seus trigramas, dos exercícios herdados de militares chineses especialistas em Quan Fa como Kung Sian Chun e das figuras mitológicas do Zen Budismo remetem à riqueza cultural presente na prática do Karate-Dō.

    São essas características únicas que diferenciam as práticas culturais orientais, como o Karate, das práticas esportivas ocidentais. Há significados nos movimentos que não refletem diretamente o aspecto utilitário, que é o caso das lutas ocidentais (boxe, luta olímpica, etc). Há de certa forma, significados mais complexos e “ocultos”, no sentido de que não são percebidos sem o conhecimento do contexto cultural de onde se originam. Faz-se a ressalva que nos Kata de Karate-Dō diversos aspectos mitológicos se mantém, nos fazendo pensar que, mesmo hoje, estamos observando uma prática esportiva, reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional, parcialmente secularizada.

    A compreensão de tais aspectos simbólicos, vividos com o próprio corpo através da prática dos exercícios formais do Karate é fundamental para a compreensão do Kata pelo karate-ka, não apenas como forma de desenvolver com mais eficiência os golpes e bloqueios para defesa pessoal, mas também para crescimento pessoal e promoção dos aspectos terapêuticos do Karate. Tais aspectos são intrínsecos a seus exercícios formais da mesma forma que o são reconhecidamente no Taichi e na Yoga. Além do mais, se pretendemos entender o Kata como um elemento da cultura corporal do movimento humano, precisamos compreendê-lo nas suas diferentes dimensões, passando pelo físico, pelo biológico, pelo psicológico, pelo estético, etc., percebendo seus significados como argumentado ao longo do estudo.

    Ficam como sugestões para próximas incursões neste tema, que se estudem as representações culturais que influenciaram a criação e prática de outros Kata dos estilos Gōjū-ryū, Shitō-ryū, Shōtōkan e Wadō-ryū, pois esses são os estilos mais praticados no mundo. Ainda existiriam pelo menos cem exercícios formais a serem estudados, o que se caracteriza num grande desafio de pesquisa e uma grande contribuição para a comunidade de esportistas e curiosos pela cultura das artes marciais.

Nota

1.     Os ideogramas chineses aqui utilizados são necessários para compreensão adequada da terminologia original no idioma japonês, sendo as representações gráficas das palavras que os precedem.

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