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Efeito do treinamento de pliometria no sistema neuromuscular em

 atletas de voleibol da categoria mirim da cidade de Ouro Fino, MG

Efecto del entrenamiento de pliometría en el sistema neuromuscular en 

jugadores de voleibol de la categoría infantil de la ciudad de Ouro Fino, MG

 

*Graduado em Educação Física pela Sociedade Sul Mineira

de Educação e Cultura, ASMEC

**Pós-graduado em Fisiologia do Exercício

e Treinamento de Força pela UNIFOA/RJ

Daniel Ceccon de Freitas*

Vinicius de Oliveira Damasceno**

danielceccon@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O voleibol apresenta movimentos em seus fundamentos básicos, que envolvem como fator importante de sucesso ou fracasso a impulsão vertical. O trabalho pliométrico é um potencializador do trabalho de força explosiva para membros inferiores responsáveis pela melhora na impulsão vertical. Este estudo objetiva investigar as adaptações neuromusculares causadas pelo um programa de pliometria em oito atletas de voleibol, do sexo feminino - categoria mirim da cidade de ouro fino - MG (idade 13,75 ± 0,88 anos; estatura 1,61 ± 0,08 m; peso 51,7 ± 11,21 kg). Durante oito semanas e uma freqüência de três vezes na semana, as atletas foram submetidas a treinamento de pliometria e avaliadas no início (A1) e final (A2) do programa. Os dados foram analisados pelo Teste t Student para amostras independentes (p<0,05), a fim de comparar as mudanças. Os principais resultados apontam diferença significante, em todas as variáveis analisadas.

          Unitermos: Pliometria. Voleibol. Impulsão vertical.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Voleibol é considerado, por muitos, um dos esportes mais explosivos e rápidos (KRAMER, 2009). O jogo de voleibol é realizado através de saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa por um tempo indeterminado (BOSSI, L. C. 2008). Esse desporto coletivo é praticado pela oposição de duas equipes, em ações alternadas dos oponentes, sendo o objetivo marcar o ponto.

    No voleibol, o bloqueio, o salto vertical, o passe e a cortada são movimentos essenciais para se obter a vitória. A melhoria da força muscular e potência dos membros inferiores e do corpo todo de um atleta aumenta sua capacidade de salto vertical. Para os desportos que exigem poderosos movimentos propulsivos, os atletas aplicam uma forma especial de treinamento com exercícios denominado pliometria.

    A pliometria é um método de treinamento baseado no uso do ciclo alongamento-encurtamento (CAE) o qual é um mecanismo fisiológico que tem como função aumentar a eficiência mecânica do movimento. De acordo com Bossi, L. C. (2008) ele está baseado no acúmulo de energia potencial elástica durante as ações musculares excêntricas, a qual é liberada na fase concêntrica subseqüente na forma de energia cinética.

Materiais e métodos

    As participantes do estudo foram oito meninas com idade 13,75 ± 0,88 anos; estatura 1,61 ± 0,08 m; massa 51,7 ± 11,21 kg, apresentados na tabela 1, na categoria mirim da cidade de ouro fino - MG, sendo que todas apresentavam ausência de doenças. Foram autorizadas pelos pais ou responsáveis a participarem do estudo, os quais assinaram um Termo de consentimento livre e esclarecido.

    As atletas foram submetidas a um programa de oito semanas de treinamento pliométrico que envolvia saltos e deslocamentos com graus de exigência elevada (ver Tabla). Em conjunto com o trabalho pliométrico as atletas participaram ativamente dos treinos técnicos/táticos. Todos os trabalhos foram executados em uma quadra poliesportiva, um banco de 60 cm, 08 barreiras com 60 cm de altura, fita adesiva, medicine Ball, Borracha de látex.

    Para medir o desempenho do salto vertical, obtido através do desempenho em se impulsionar verticalmente, utilizaram-se dois protocolos:

    Impulsão vertical sem contra movimento: a avaliada colocou-se em pé, os calcanhares ao solo, corpo lateralmente a parede, membros superiores elevados verticalmente. Considerou-se o ponto mais alto a mão dominante comparada à fita métrica. Após a determinação do ponto de referência a avaliada se afastou com relação a parede para realizar uma série de três saltos não consecutivos, mantendo os membros superiores elevados verticalmente, obedecendo a voz de comando “Atenção!, Já!”, ela executou o salto tentando com as polpas distais da mão dominante com pó de giz ou magnésio tocar o ponto mais alto da fita métrica.

    Impulsão vertical com contra movimento: foi efetuado o mesmo procedimento para determinação do ponto de referência, porém só o braço dominante foi elevado verticalmente. Após isso, a avaliada se afastou no sentido lateral, para poder realizar uma série de três saltos não consecutivos sendo permitido o movimento de braços e tronco, ficando o restante do movimento idêntico ao anterior. Foram registradas as marcas atingidas pela aluna avaliada a cada série de saltos.

    Foram tomadas precauções nas propostas na metodologia, tais como: aprender a aterrizar. É importante aterrizar de forma a permitir que as musculaturas das pernas absorvam a carga ao invés dos ligamentos do joelho, esse movimento é feito corretamente quando se flexiona os joelhos e o quadril, distribuindo o peso igualmente entre as pernas.

Resultados

    Os resultados obtidos, através das variáveis mensuradas, foram tratados estatisticamente, aferindo-se valores de média e desvio padrão para cada um deles e para o conjunto de dados, conforme o grupo de estudado: jovens praticantes de voleibol. A análise estatística foi desenvolvida por meio do Teste t de Student para amostras não pareadas. Em todas as metodologias estatística deste estudo foram adotados valores para (p < 0,05) como resultado estatisticamente significante. Os dados são apresentados como média ± desvio-padrão.

Tabela 1. Tamanho da amostra (n) por idade, massa corporal e estatura com os respectivos valores médios e desvio-padrão

    Para os valores da variável de impulsão vertical sem contra movimento pré e pós treinamento, foram encontrados valores de 31,25 ± 5,28 cm e 35,25 ± 4,55 respectivamente, podendo afirmar-se, com 95% de confiança, que houve aumento da impulsão pela aplicação do treinamento. Resultados apresentados no gráfico 1.

Gráfico 1. Testes pré e pós treinamento de impulsão vertical sem contra movimento

    Para os valores da variável de impulsão vertical com contra movimento pré e pós treinamento, foram encontrados valores de 33,37 ± 9,02 cm e 39 ± 7,27 respectivamente, podendo afirmar-se, com 95% de confiança, que houve aumento da impulsão pela aplicação do treinamento. Resultados apresentados no gráfico 2.

Gráfico 2. Testes pré e pós treinamento de impulsão vertical com contra movimento

Discussão

    A habilidade motora das meninas geralmente aumenta com a idade nos primeiros 17 anos de vida, embora as meninas tendem a apresentar uma estabilidade na puberdade e melhores resultados, essas melhoras são resultantes sobretudo do desenvolvimento dos sistemas neuromuscular e endócrino, e secundariamente pelo aumento da atividade da criança. (WILMORE, 2001).

    A utilização da pliometria é erroneamente criticada por profissionais que não possuem experiência com esportes de alto nível nem conhecimento teórico sobre o assunto, é interessante notar que o método permite: aperfeiçoar as capacidades específicas dos músculos para realizar um esforço motor potente; estimular intensivamente a atividade muscular, e criar condições para seu aumento. (BOSSI, L. C., 2008).

    Muitos são os trabalhos que evidenciam a importância da força e potência muscular. Junto com o treinamento de força, o trabalho pliométrico apresenta resultados maiores do que com qualquer outro tipo de treinamento isolado. Seus aumentos variam de 3 a 10,7 cm, indicando que os dois programas devem ser incluídos em programas de força quando se deseja ganhos em desempenho motor. Os treinamentos destas variáveis tem-se demonstrado efetivos na melhoria de várias capacidades físicas, bem como o aumento da massa muscular (SIMÃO, 2001). Todas as participantes tiveram um aumento nos valores da impulsão vertical em relação à comparação pré e pós-treinamento. Devido a falta de outros estudos sobre o trabalho pliométrico envolvendo meninas jovens, torna-se difícil levantar maiores discussões.

Conclusão

    O estudo apontou que o treinamento pliométrico apresentou melhoras na impulsão vertical de jovens atletas na faixa etária de 13 anos, como já evidenciado em estudos anteriores com atletas da categoria adulta. Para o voleibol a valência física do salto vertical é fundamental para o desempenho dos praticantes desse esporte. Haja vista que a sobrecarga utilizada deve se levar em consideração principalmente o trabalho de base esportiva e a maturação em que o atleta se encontra. Todas as atletas participantes desse estudo obtiveram melhoras na altura do salto vertical (impulsão vertical), devido ao trabalho realizado.

    A pliometria é uma arma poderosa para desenvolver a potência muscular e pode ser engajada em qualquer modalidade que necessite de velocidade, força, explosão, saltos, etc. Porém é importante salientar que existe o risco de lesões, e geralmente elas ocorrem pela falta de preparação muscular do desportista, volume de treinamento exagerado e uso de alturas de plintos incorretas ou mesmo pavimento e área de aterrissagem imprópria. Um estudo aprofundado do tema é necessário para poder prescrever de forma segura e eficiente um treinamento pliométrico.

Referências bibliográficas

  • BOSSI, L. C. Musculação para o voleibol. São Paulo. Editora Phorte, 2008.

  • JÚNIOR, N. K. M. Preparação de força especial para o voleibolista. EFDeporte.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 10, N° 70, 2004. http://www.efdeportes.com/efd70/voleib.htm

  • KRAEMER, W. J.; FLECK, S. J. Otimizando o treinamento de força. Barueri: Manole, 2009.

  • MOURA, N. A. Recomendações básicas para a seleção da altura de queda no treinamento pliométrico. Boletim IAAF. Centro regional de Desarollo – Santa fé, Número 12, 1994.

  • SIMÃO, R. Avaliação da Medida Simples da Potencia Muscular Máxima pelo Fitrodyne. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Londrina, 6 (3). 2001.

  • WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2ªed. Barueri: Manole, 2001.

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