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Antropometria e desempenho físico da equipe 

Norteriograndense sub-15 de basquetebol feminino

Antropometría y rendimiento físico del equipo Norteriograndense sub-15 de baloncesto femenino

 

*Graduação em Educação Física

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

**Mestre em Educação Física

Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/SP)

(Brasil)

José Pereira Maciel Neto*

Gleidson Mendes Rebouças*

Bruno Honório Cavalcanti*

José Fernando de Oliveira**

prof.fernando333@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O desempenho físico e técnico de atletas de diferentes modalidades pode ser influenciado por características antropométricas e por parâmetros funcionais/fisiológicos, os quais podem ser utilizados como indicadores relevantes para a seleção e detecção de possíveis talentos esportivos, assim para um maior entendimento desse processo foi traçado o perfil antropométrico e o desempenho físico em atletas do sexo feminino da seleção sub-15 de Basquetebol Norteriograndense. Quando esses resultados foram comparados com as amostras e estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2002-2003), das médias de altura e peso percebemos que nossa amostra apresentou maiores médias, nas variáveis relacionadas ao desempenho motor que se referem ao desenvolvimento das qualidades da aptidão física tais como a força, velocidade, agilidade, potência aeróbia, os resultados nos testes mostraram que as atletas tiveram um desempenho “razoável” no teste de velocidade de 20 metros (4,11 ± 0,37). No teste de resistência geral o desempenho das atletas foi “bom” (1434,50 ± 182,54). Já no teste de força de membros superiores (3,47 ± 0,31) o desempenho foi “muito bom, assim, além de possuir um perfil antropométrico acima da média, o basquetebol exige de seu praticante além do desempenho físico, atitude cooperativa, cognitiva, técnica e tática destacando a importância das capacidades técnicas, táticas e psicológicas sobre as capacidades físicas.

          Unitermos: Basquetebol. Antropometria. Crescimento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Compreender as características físicas do ser humano, bem como o seu movimento principalmente durante o processo de desenvolvimento motor possibilita um maior entendimento desse processo, pois durante o mesmo, alterações das características somatomotoras influenciadas pelos fatores do crescimento físico, da maturação, do desenvolvimento, da atividade física, da idade e da experiência estão inter-relacionados (SANTOS, 2002; KREBS; MACEDO, 2005).

    O desenvolvimento da proficiência de habilidades motoras é acompanhado de níveis melhores de desempenho, os quais podem ser quantificados de modo que a aptidão física pode ser considerada como um produto resultante do processo do desenvolvimento motor e da atividade física onde freqüência, intensidade e tempo da atividade se interagem com fatores genéticos e nutricionais que podem levar o individuo a limites superiores de aptidão física (BÖHME, 2003).

    O desempenho físico e técnico de atletas de diferentes modalidades pode ser influenciado por características antropométricas e por parâmetros funcionais/fisiológicos, os quais podem ser utilizados como indicadores relevantes para a seleção e detecção de possíveis talentos esportivos (NUNES et al., 2009), entretanto Skinner (2001) cita que não é possível predizer quem será um campeão desportivo, visto que o grau de resposta de suas características genotípicas e fenotípicas dependem de inúmeras variáveis.

    Assim, atletas são pessoas diferenciadas em virtude não somente de características genéticas, mas também em função de treinamento intensivo e tempo reduzido para atividades sociais (LIMA, MONTEIRO; BERGAMO, 2006).

    Quando citamos especificamente os esportes coletivos em especial o basquete, observa-se que por menor que seja o nível de exigência ou da competição, há sempre uma recorrente dominância de indivíduos com estatura elevada, grande força física e massa corpórea livre de gordura, os quais são selecionados naturalmente para a composição de equipes de nível estadual e até internacional e que para atingir um nível de execução considerada adequada, os atletas devem estar preparados fisicamente, tecnicamente e taticamente (De ROSE et al., 2001; SANTOS, 2006)

    Conforme Paiva Neto; César (2005), as principais características da aptidão física do jogador de basquete são: em relação aos membros inferiores - força explosiva e velocidade de movimentos; Membros superiores - resistência muscular e velocidade de movimentos; Tronco - Resistência muscular localizada; Geral - resistência anaeróbia, resistência aeróbia e velocidade de movimentos. Características essas que ressaltam ainda mais a importância das avaliações e testes no processo de elaboração e análise da evolução dos desportistas durante os programas de treinamento.

    Portanto uma melhor compreensão da relação entre as fases do desenvolvimento do atleta e das respectivas faixas de maturação podem levar a uma maior compreensão do mesmo e do seu potencial, oferecendo suporte para o desenvolvimento de trabalhos que justifiquem a especialização da modalidade, pois permitem reconhecer características e tendências especificas das mesmas (BOMPA, 2002; OLIVEIRA; PAES, 2004).

    Nesse contexto, o presente artigo teve como escopo traçar o perfil antropométrico e o desempenho físico em atletas do sexo feminino da seleção sub-15 de Basquetebol Norteriograndense.

2.     Materiais e métodos

    A amostra deste estudo foi selecionada de forma não probabilística e intencional, sendo constituída por 20 (vinte) atletas da equipe Norteriograndense de basquetebol feminino da categoria sub-15.

    Após o preenchimento do termo de consentimento, foram coletados os seguintes dados para a caracterização da amostra: Idade, Estatura, Peso Corporal, IMC (kg/m2) e calculo da porcentagem de gordura.

    Na aferição da estatura, utilizou-se um estadiômetro portátil da marca SANNYâ, com altura máxima de 210 cm e resolução de 1,0 mm, na avaliação da massa corporal, utilizou-se uma balança Welmy â, com capacidade de 150 Kg e variação de 0,1 Kg.

    A porcentagem de gordura corporal (% GC) foi estimada a partir da somatória das dobras tricipital e subescapular, usando as equações preditivas propostas por Slaughter et. al., que levam em consideração as variações sexuais e de etnia nos seus cálculos (GUEDES; GUEDES, 2006).

    Para a avaliação da aptidão física e do desempenho motor foi utilizada a aplicação de alguns testes da bateria do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR): Teste de flexibilidade (sentar e alcançar), força e resistência abdominal (maior número de abdominais em 1 minuto), força de membros inferiores (impulsão vertical), força explosiva de membros superiores (arremesso da bola de medicineball), velocidade (corrida de 20 metros), agilidade (Shuttle Run) e de resistência geral (corrida de 9 minutos).

3.     Resultados e Discussão

    As atletas estudadas apresentaram média de idade de 14,02 ± 1,01 anos. A tabela 1 indica os valores antropométricos e de composição corporal das atletas.

Tabela 1. Valores descritivos de variáveis antropométricas e de composição corporal

    Quando esses resultados foram comparados com as amostras e estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2002-2003), das médias de altura e peso, de adolescentes com 14 anos de idades do sexo feminino, nas 5 regiões do Brasil, percebemos que nossa amostra apresentou maiores médias, podendo ser facilmente compreendido que, em virtude da especialização desportiva e consequentemente da seleção para a composição da equipe de Basquetebol do Rio Grande do Norte na dada categoria, estas variáveis naturalmente tendem a apresentar maiores valores.

    A tabela 2 descreve os valores médios das variáveis relacionadas à aptidão física e ao desempenho motor.

Tabela 2. Valores descritivos de variáveis relacionadas à aptidão física e ao desempenho motor

    Nas variáveis relacionadas ao desempenho motor que se referem ao desenvolvimento das qualidades da aptidão física tais como a força, velocidade, agilidade, potência aeróbia, os resultados nos testes mostraram que as atletas tiveram um desempenho “razoável” no teste de velocidade de 20 metros (4,11 ± 0,37). No teste de resistência geral o desempenho das atletas foi “bom” (1434,50 ± 182,54). Já no teste de força de membros superiores (3,47 ± 0;31) o desempenho foi “muito bom”, como mostra a tabela 2 acima.

    Ao compararmos esses dados com o de Silva (2005), o qual analisou atletas de basquetebol com faixa etária entre 14 e 17 anos, integrantes de seleções estaduais que participam da divisão especial dos Campeonatos Brasileiros observaram-se valores maiores no que diz respeito aos resultados da flexibilidade (32,15 ± 7,93) e no teste de força/resistência abdominal (39,43 ± 7,67).

    Bergamo (2003) ao analisar longitudinalmente atletas do sexo feminino praticantes de basquetebol de alto rendimento em duas faixas etárias de 13 a 18 anos e de 19 a 33 anos encontrou valores médios menores para a agilidade (10,04 ± 0,48), e maiores para a força de membros inferiores (38,00 ± 5,22), entretanto, não podemos deixar de ressaltar que para a variável agilidade, menores valores expressam melhor desempenho na tarefa.

4.     Conclusões

    Esse estudo não tem a intenção de associar o crescimento físico a pratica do Basquetebol, mas ressaltar que algumas variáveis aqui estudadas se apresentam com valores elevados quando comparados com populações não correlatas em virtude da exigência técnica da modalidade.

    É importante destacar que além de possuir um perfil antropométrico acima da média, o basquetebol exige de seu praticante além do desempenho físico, atitude cooperativa, cognitiva, técnica e tática destacando a importância das capacidades técnicas, táticas e psicológicas sobre as capacidades físicas.

    Assim, no estudo aqui proposto foi possível diagnosticar o estado de aptidão física e o perfil antropométrico dessa população, auxiliando a uma melhor compreensão do desempenho e atributos das atletas que fazem parte desta modalidade/categoria.

Referências bibliográficas

  • BÖHME, M. T. S. Relação entre aptidão física, esporte e treinamento. Revista Brasileira Ciência e Movimento. Brasília, v.11, n.2, p. 95-99, 2003.

  • BOMPA, T. O. Treinamento total para jovens campeões. São Paulo: Manole, 2002.

  • DE ROSE JR, D.; DESCHAMPS, S.R.; KORSAKAS, P. O jogo como fonte de stress no basquetebol infanto-juvenil. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v.1, n.2, p. 36 – 44, 2001.

  • GUEDES, D. P; GUEDES, J. E. R. P. Manual Prático para Avaliação em Educação Física. Barueri, SP: Manole, 2006.

  • IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003. Antropometria e análise do estado nutricional de crianças e adolescentes no Brasil. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

  • KREBS, R. J.; MACEDO, F. O. Desempenho da aptidão física de crianças e adolescentes. EFDeportes.com, Revista Digital, Buenos Aires, n. 85, 2005. http://www.efdeportes.com/efd85/aptidao.htm

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  • OLIVEIRA, V; R. O; PAES, R. R. Ciência do BasquetebolPedagogia e Metodologia da Iniciação á Especialização. Londrina: Midiograf, 2004.

  • PAIVA NETO, A.; CÉSAR, M.C. Avaliação da Composição Corporal de Atletas de Basquetebol do Sexo Masculino Participantes da Liga Nacional 2003. Revista Brasileira de Cinesiologia e Desenvolvimento Humano, v. 7, n.1, p. 35 – 44, 2005.

  • PROJETO ESPORTE BRASIL: manual. Disponível em: <http://www.proesp.ufrgs.br> Acesso em: 09 Dezembro 2010.

  • SANTOS, F. V. Relacionamento entre alguns tipos de Força e a velocidade de deslocamento em jogadores de basquetebol juvenil, Dissertação de Mestrado defendida como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação Física, no Departamento de Educação Física, Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba 2006.

  • SANTOS, S. Desenvolvimento motor ao longo da vida. In: BARBANTI, V.J.; AMADIO, A.C.; BENTO, J.O.; MARQUES, A.T. (Orgs.). Esporte e atividade física: interação entre rendimento e saúde. São Paulo: Manole, p.339-349. 2002.

  • SILVA, G. M. G. Talento Esportivo: Um Estudo dos Indicadores Somatomotores na Seleção de Jovens Escolares. Dissertação de Mestrado defendida como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação Física, do Programa de Pós Graduação em Ciências do Movimento Humano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre - RS. p.50-92, 2005.

  • SKINNER, J. S. et al. Age, sex, race, initial fitness, and response to training: The Heritage Family Study. J. Appl. Physiol. v. 90, n.5, p.1770-1776, maio, 2001.

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