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Acessibilidade no ensino, Educação Física e a deficiência visual

La accesibilidad en la enseñanza, la Educación Física y la discapacidad visual

 

Universidade Nove de Julho

(Brasil)

Didiomani dos Santos

didiomani.santos@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A finalidade deste artigo é trazer para um debate acadêmico o que tem sido feito no sentido da acessibilidade no ensino para o deficiente visual, buscando pontuar e identificar alguns dos fatores que provocam a cegueira, tanto congênita quanto adquirida. Demonstrar que através da pratica da educação física adaptada e utilizando-se de algumas práticas adaptadas a partir dos esportes paraolímpicos o professor de educação física poderá trabalhar os conteúdos da educação física. Feito um levantamento dentro da literatura onde demonstrou que na história a preocupação com a deficiência visual sempre existiu. Os professores estão buscando especializarem-se para atender ao Público Portador de Necessidades Especiais? Quanto à acessibilidade o que tem sido feito diante do ensino, para facilitar o acesso dos alunos nas aulas de educação física, os centros de ensino estão preparados para atender a este publico.

          Unitermos: Acessibilidade. Ensino. Deficiência visual. Inclusão. Exclusão. Integração. Educação física adaptada.

 

Abstract

          The purpose of this paper is to bring an academic debate that has been made in accessibility in education for the visually impaired, trying to score and identify some of the factors that cause blindness, both congenital and acquired. Demonstrate that through the practice of adapted physical education and using some practices adapted from the Paralympics’ sports physical education teacher can work the content of physical education. A survey of the literature in which history has shown that the concern for the visually impaired has always existed. Teachers are seeking to specialize to meet the Public Carrier Special Needs? As for the accessibility that has been done on education, to facilitate access of students in physical education classes, the learning centers are ready to cater to this audience.
          Keywords: Accessibility. Education. Visual impairment. Inclusion. Exclusion. Integration. Adapted physical education.

 

          Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Nove de Julho, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Física Escolar. Orientador: Prof. Ms. Antenor Magno da Silva Neto.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Este trabalho é um convite para que reflitamos sobre o assunto da deficiência visual, de forma acadêmica e identificar através de uma revisão bibliográfica, assuntos como acessibilidade, ensino, adaptações no ensino para deficientes, entre eles os deficientes visuais, adaptações na educação física para atender este público.

    Este artigo foca em especial a deficiência visual, onde ao se falar sobre acessibilidade para deficientes visuais no ensino, é importante esclarecer o que é deficiência visual, a melhor definição para a cegueira total segundo a AFB – American Fundation for the Blind e OMS – Organização Mundial de Saúde, quando a acuidade visual central for de 20/200 ou menos no melhor olho com a menor correção possível, ou um campo visual de 20 graus ou menos. Ainda temos a visão subnormal onde sua definição caracteriza-se como portador aquele que possui acuidade visual de 6/60 e 18/60 (escala métrica) e/ou um campo visual entre 20 e 50º.

    Pedagogicamente, delimita-se como cego aquele que, mesmo possuindo visão subnormal, necessita de instrução em Braile e como portador de visão subnormal aquele que lê tipos impressos ampliados ou com auxílio de potentes recursos ópticos.

A cegueira

    Para MOTTA, MARCHIORE e PINTO (2008) dependendo do grau de comprometimento do sistema, poderá resultar em baixa resposta visual, denominada “visão subnormal” ou “ausência total da resposta visual”, que seriam os casos de cegueira.

    A cegueira pode acontecer de duas formas; por fatores congênitos como má formação do sistema ocular no período da gestação ou devido a doenças infecciosas como ITU/VV (infecção do trato urinário/vulvovaginites), Sífilis, Rubéola, Dengue, Varicela, AIDS, a segunda forma seriam os fatores adversos, como cegueira adquiridas devido a causas orgânicas ou acidentais, podendo ocorrer extirpação de um ou dos dois globos oculares.

    Importante salientar que exames em crianças devem ser feitos com periodicidade, a fim de detectar possíveis problemas no sistema ocular, facilitando assim o tratamento e a adaptação da criança ao aprendizado e a inclusão ao meio.

2.     A respeito da acessibilidade

    Ao se falar em acessibilidade nos remetemos primeiro aos ambientes e locais do dia a dia onde os indivíduos portadores de uma determinada necessidade especial irão permanecer ou se deslocar. Locais estes que deveriam ser adaptados. No tocante ao deficiente visual, é de suma importância lembrar que estes locais deverão ter pisos em alto relevo que os oriente, caso não estejam utilizando-se de cães guias, indicadores nas paredes, corrimões, portas, elevadores, entre outros setores de uma escola, faculdade ou centros universitários, alto relevo na linguagem braile.

    Leis foram criadas, e em seu texto dissertam sobre acessibilidade bem como as normas da ABNT que descreve as regras a serem seguidas para a construção ou a adaptação de ambientes para atender as necessidades das diversas deficiências. A Lei 10.098, de 23 de março de 1994, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, no seu capítulo quarto, dispõe que os locais de espetáculos, de conferências, de aulas e de outros de natureza similar deverão dispor de espaços reservados para pessoas que utilizam cadeiras de rodas, e de lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de modo a lhes facilitar as condições de acesso, de circulação e de comunicação. A Norma Brasileira que disciplina o assunto é a ABNT NBR 9050, vigente desde 30 de junho de 2004, intitulada “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos” (ABNT, 2004).

    Porém na sua grande maioria as escolas, faculdades e centros universitários foram criados antes dessas leis terem sido publicadas. Aqui surge uma questão, adaptar para atender ou atender e ir se adaptando ou negar o atendimento?

    Ainda devemos lembrar que é necessário ter pessoas especializadas para atendimento a este público, profissionais como: professores de educação física. Aqui surge uma questão estão os profissionais de educação física preparados para atenderem ao público com necessidades especiais? Estão em busca de especializarem-se?

3.     A Educação Física adaptada e os portadores de necessidades especiais

    É de extrema importância buscar no contexto histórico fragmentos sobre a Educação Física e os PNEs,

    Segundo Da Costa e Sousa (2004), A Educação Física começa a se preocupar com atividade física para essas pessoas apenas, aproximadamente no final dos anos de 1950, e o enfoque inicial para a prática dessas atividades foi o médico. Os programas eram denominados ginástica médica e tinham a finalidade de prevenir doenças, utilizando para tanto exercícios corretivos e de prevenção.

    No Brasil somente em 1958 pessoas com deficiência física passam a ter acesso ao esporte com a fundação de dois clubes um em São Paulo – Clube dos Paraplégicos, outro no Rio de Janeiro – Clube do Otimismo no Rio de Janeiro.

    Hoje temos no Brasil vários esportes que são praticados por deficientes cada qual com sua confederação o que demonstra a evolução e que não é somente ginástica médica. Então porque não trazer a idéia do esporte de alto rendimento paraolímpico para a escola, adaptando de acordo com necessidade assim fazendo com que alunos não deficientes vivenciem as dificuldades encontradas pelos deficientes.

    Dentre as deficiências a deficiência visual é a que acredito ser a menos severa, o que facilitaria para o professor de educação física o trabalho da adaptação é claro que o professor deve ter consciência das limitações e trabalha de forma que o aluno deficiente consiga desenvolver o conhecimento corporal e faça uma construção mental do seu próprio corpo o que lhe trará uma melhora da organização espaço temporal.

    Segundo Junior & Santos (2001) na década de 1960 houve expansão do ensino integrado, que aconteceu por ter sido incluída na Legislação de Ensino pela primeira vez no Brasil, um dispositivo referente à educação de Excepcionais - Lei de Diretrizes e Bases, 1971: "Artigo 88 - A educação de excepcionais deve no que for possível, enquadrar-se no Sistema Geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade". Esse foi um grande passo para que acontecesse uma maior integração entre as pessoas ditas normais e as cegas, proporcionando a merecida igualdade de direitos e tentando findar o preconceito. Hoje em dia, há um grande apelo pela educação inclusiva; esperamos que esse movimento cresça e realmente "inclua" todas as pessoas portadoras de necessidades especiais.

    Sendo a família o alicerce principal para o início da sociabilização do indivíduo, vindo e seguida e escola neste auxílio, esta escola tendo em seu corpo docente profissionais com pleno conhecimento treinados e especializados para o atendimento de deficientes, a inclusão, sociabilização e integração será facilitada.

    É aqui que a educação física tem um grande papel, pois enfatiza o conhecimento corporal, domínio corporal e busca, através de atividades lúdicas e esportivas, servir como importante elemento de desenvolvimento geral, aumentando o potencial de experimentação corporal de situações de aprendizagem e de aquisição de conceitos básicos. Desenvolve a autoconfiança, a auto-iniciativa e a auto-estima, além de atuar como elemento facilitador de um desenvolvimento motor adequado e propiciador de situações de interação social (Souza, 2007).

    Iniciar um trabalho desde os primeiros anos de idade, ainda nas primeiras séries, acompanhando principalmente as fases do crescimento e desenvolvimento da criança, dentro das aulas de educação física com alunos portadores de deficiência visual lhes dará no futuro uma maior liberdade corporal e espaço temporal. Este trabalho pode ser feito de forma lúdica incluindo todos os alunos, uma das formas de se iniciar poderá ser a apresentação da escola, onde o professor se utilizará de grupos divididos em guia e guiados, o guiado estaria com vendas nos olhos para entender as dificuldades do cego. Aqui a busca será desenvolver a percepção tátil, haja vista que os estágios de desenvolvimento motor da criança cega apresentam as seguintes defasagens, segundo Fonseca (2007):

  • mobilidade prejudicada;

  • equilíbrio falho;

  • esquema corporal e cinestésico não internalizado;

  • locomoção dependente;

  • postura defeituosa;

  • expressão corporal e facial muito raras;

  • lateralidade e direcionalidade não estabelecidas;

  • Inibição voluntária não controlada;

  • falta de resistência física; tônus muscular inadequado;

  • falta de auto iniciativa para ação motora;

  • coordenação motora bastante prejudicada.

    Incluir no currículo das aulas de educação física, praticas adaptadas utilizando-se como referência outros esportes, como por exemplo os descritos abaixo sendo que isso seria de grande valia no auxílio do desenvolvimento motor.

    Modalidades como atletismo, goalball, judô, futebol de cinco, natação e powerlifting (levantamento de peso), neste caso este esporte poderá ser incluído no ensino médio onde o aluno já terá adquirido em seu acervo motor um maior grau de conhecimento do seu esquema corporal, suas limitações e suas potencialidades.

    Benefícios do Atletismo – desenvolvimento e melhoria da lateralidade, equilíbrio e coordenação, melhora da sua noção de espaço. Sendo assim o atletismo é uma modalidade importante no desenvolvimento motor de pessoas com deficiência visual.

    Benefícios do goalball – segundo Santos (2009) o goalball, propicia muitos benefícios, como ocorre com a maioria dos esportes, pois além de reduzir a possibilidade de ocorrerem doenças relacionadas aos males do sedentarismo, estimula a atenção, concentração, memorização e criatividade; melhora a coordenação motora, lateralidade, equilíbrio e a percepção tátil, auditiva e espaço-temporal, tem um papel importante na vida dos seus praticantes por ser uma forma de provar o seu potencial à sociedade e às suas famílias.

    Segundo Almeida (2008, p. 15) promover a prática do goalball como conteúdo regular da educação física auxilia na difusão do conhecimento sobre a potencialidade das pessoas com deficiência visual, contribuindo para a redução da discriminação, tal prática poderá reverter a falta de conhecimento da população principal motivador do preconceito e das limitações sociais sofridas pela pessoa com deficiência, e permitir o desenvolvimento de outros sentidos como o tato, audição e propiocepção, que possibilitem uma percepção diferenciada do mundo. Por esses motivos é imprescindível oferecer oportunidades aos alunos de interagirem com as diversidades e diferenças, aprendendo com elas principalmente a importância do respeito pelo outro.

    Benefícios do judô – No Judô, as valências físicas como agilidade, força, velocidade, postura e equilíbrio atuam na organização e orientação espaço-temporal, bem como no aprimoramento da motricidade e na diminuição da inibição e ansiedade. Com o desenvolver das atividades, há uma melhora significativa da capacidade aeróbica e anaeróbica, bem como da coordenação motora dos alunos, beneficiando os deficientes visuais nas situações do seu cotidiano: andar, vestir, funções profissionais, etc. trazendo benefícios, portanto, em todas as situações de vida e desenvolvendo a autoconfiança destes indivíduos (RUFFONI; LASSANCE, 2007).

    Benefícios do futebol de cinco – além dos benefícios descritos no goalball, o futebol de cinco requer orientação técnica e domínio do espaço físico, devido a lidar com um elemento externo a “bola”, exige dribles, tiro a gol e não perder a ordem tática e apesar de ser um esporte de contato a taxa de lesões e acidentes é mínina, devido às regras.

    Benefícios da natação – além dos descritos acima a natação ainda trazem benefícios, terapêuticos, como manutenção ou aumento da amplitude do movimento articular, melhora do aparelho cárdio respiratório. Benefícios psicossociais, a natação pode facilitar a identificação do aluno com ele e com os colegas, facilitando a socialização e a melhora da auto-estima. Além de outros benefícios, estruturação do esquema corporal, orientação espacial, equilíbrio estático e dinâmico, melhora da resistência cardiopulmonar e cardiovascular; momentos de prazer, descontração e criatividade; auto-imagem e socialização; melhora da coordenação motora, consciência corporal, noções espaço-temporal e ritmo.

    Powerlifting – levantamento de peso ou halterofilismo. Halterofilismo há três disciplinas: agachamento, supino e levantamento direto. O total final de cada atleta é calculado com base na melhor de três tentativas em cada uma das disciplinas.
Peso formação é um meio natural de exercício para os cegos, uma vez que requer pouco investimento inicial e pode ser feito em casa ou na academia. Para o atleta competitivo procurando por uma atividade que ele ou ela, pode se desenvolver em conjunto com indivíduos videntes, levantamento de peso é um dos poucos esportes que possam competir em igualdade de condições. Os benefícios descritos nos outros esportes se aplicam a este, além do fortalecimento músculo esquelético. E em sendo aplicado na escola deverá ser observado que a melhor idade esta a partir dos 14 (quatorze) anos conforme a International Blind Sports Federation (IBSA).

    Sendo o esporte paraolímpico incluso no currículo escolar, traria aos alunos não deficientes o entendimento das dificuldades dos deficientes visuais além da trazer benefícios também no desenvolvimento motor.

    Quanto mais precoce for este contato com os esportes citados melhor será o desenvolvimento motor dos praticantes e para o deficiente visual a pratica ajudará a melhorar a autoestima e autoconfiança.

4.     Especializações são necessárias para atender as necessidades dos DV

    É de longe a preocupação com a preparação e especialização de professores para atender ao grupo de DV, segundo Masini (1993), no Brasil esta preocupação surgiu através de um decreto Imperial, nº 1.428, em 12 de outubro de 1854, onde Pedro II cria o Imperial Instituto de Meninos Cegos, com a República passou a ser denominado Benjamin Constant, única instituição encarregada da educação de deficientes visuais no Brasil até 1926, quando foi inaugurado, em Belo Horizonte, o Instituto São Rafael. Em 1934 o Instituto Benjamin Constant foi autorizado a ministrar o curso Ginasial, que em 1946 foi equiparado ao Colégio Pedro II.Em 1950, em caráter experimental, foi instalada nas escolas comuns a classe Braille do Estado de São Paulo. Sua oficialização se deu em 1953, pela Lei nº 2.287, regulamentada pelo Decreto nº 26.258, de 12/08/56. Nessa mesma década se admitiu a matrícula do aluno cego no 29 ciclo do curso secundário e o Conselho Nacional de Educação permitiu oficialmente o ingresso de estudantes cegos em Faculdades de Filosofia.

    A partir de 1951, foram realizados cursos de especialização de professores e inspetores para DV, com alunos de diferentes unidades federativas.

    Através dos relatos de Masini (1993) aqui demonstra a preocupação com a alfabetização.

    Somente no final da Segunda Guerra Mundial, o olhar da sociedade em relação ao portador de necessidade educativa especial muda, uma vez que este não é mais considerado um estorvo para ela e nem para sua família. Aqueles soldados que lutaram na guerra e que ficaram com alguma seqüela, seja física ou mental, foram considerados heróis. A partir desse momento, a sociedade passou a respeitar estas pessoas, permitindo que participassem ativamente do meio social. Foi a partir deste momento que, através da disciplina de Educação Física, ocorreu uma maior preocupação com a realização de atividades físicas para deficientes. (Kyrillos, 2005).

    Assim a partir da década de 50, através das adaptações feitas nas estruturas dos esportes e criações de esportes novos surge a Educação Física Adaptada, iniciada nos Estados Unidos e Inglaterra com o objetivo de se buscar, através da prática desportiva, a normalização e, posteriormente, a integração na sociedade do portador de necessidade especial.

    O esporte teve como enfoque, um meio de reabilitar o portador de necessidade educativa especial à comunidade, capaz de ser eficiente, pelo menos no esporte. (Costa, Souza, 2004).

Especialização na formação superior

    A despeito da Educação Física Adaptada, a formação e especialização do profissional de Educação Física. É imprescindível nos anos do curso de E.F, o aluno ter o máximo de contato com a pratica adaptada e entre elas os cursos deveriam apresentar dentre os esportes adaptados os esportes paraolímpicos, dando assim mais opções ao futuro professor de educação física, bem como fazer um ligação dos esportes em um contexto geral, sendo do professor universitário a responsabilidade de trazer e buscar despertar esta necessidade de conhecimento, pois quanto mais entendermos as deficiências será mais fácil criar uma adaptação e preparar aulas adequadas para atender este público bem como integrá-los no ambiente escolar bem como despertar nos alunos normosvisuais as dificuldades que enfrentam os DV, dentro do esporte e no cotidiano da vida.

    A educação física e esportes que tem por objetivo privilegiar uma população caracterizada como portadora de deficiência ou de necessidades especiais, e desenvolve-se através de atividades psicomotoras, esporte pedagógico, recreação e lazer especial, e técnicas de orientação e locomoção. (Rosadas 1994).

    Esta área trabalha, ou direciona estudos às pessoas com necessidades educacionais especiais. Estas são chamadas desta forma pelo fato de apresentarem características físicas, psíquicas, de natureza genética, auditivas, visuais e múltiplas diferentes das pessoas ditas "normais". São pessoas que fogem do padrão de normalidade imposto pela sociedade. Dentre as pessoas com necessidades educacionais especiais estão os deficientes mentais, visuais, auditivos, físicos, com múltiplas deficiências, além dos superdotados ou pessoas com altas habilidades, as que apresentam síndromes típicas neurológicas, psiquiátricas, psicológicas e as pessoas com dificuldades de aprendizagem. (Carvalho 1998).

    A oferta de atividades para esta população pode ser feita em atividades físicas terrestres e atividades físicas desenvolvidas no meio líquido, como forma de promoção de saúde e qualidade de vida, bem como na orientação para uma prática eficaz.

    Por isso, uma das atuações do profissional de Educação Física é estimular as necessidades, as possibilidades e as potencialidades destas pessoas quando elas se tornam alunos.

    É de extrema importância na formação do professor de E.F, ter esta consciência das diversas possibilidades do trabalho adaptado, pois assim poderá fazer o diferencial e auxiliar na formação do aluno D.V bem como dos outros alunos com ou sem algum tipo de deficiência, pois quanto mais precoce for o trabalho com o D.V, será mais fácil sua adaptação com o meio e vice-versa.

    Apesar de diversas Universidades e Faculdades buscarem a formação e especialização na área de Educação Física Adaptada, ainda não é o desejado.

    Segundo Rondinelli (2002), os conteúdos a serem trabalhados são os mesmos de qualquer outra aula de Educação Física, o que muda são os meios para permitir o acesso aos portadores de necessidades especiais à prática. E esse é o papel do profissional de Educação Física: fazer com que as pessoas consigam superar os seus limites, estabelecendo caminhos com graus de dificuldade variados, de acordo com a deficiência. Ao possibilitar a inclusão, a partir de uma aula bem estruturada, o professor não apenas permite que os portadores de necessidades especiais experienciem o prazer da prática, como também, em alguns casos, as aulas podem até auxiliar na recuperação.

    O grande problema é que, embora a inclusão de portadores de necessidades especiais no âmbito escolar já seja dada como óbvia, a formação dos professores nessa área é deficitária. Embora pareça um trocadilho infame, no caso da escola, o deficiente é, na maioria das vezes, o professor. Não apenas pela sua falta de formação, mas pior: muitas vezes pela falta de informação. São poucos os que sabem lidar com as múltiplas necessidades e que conseguem incluir todos os alunos de fato, sem deixar o menino gordinho ser o último a ser escolhido para o time de basquete ou estimular todos os alunos a fazerem uma aula com os olhos vendados para sentirem assim como o deficiente visual sente.

5.     Considerações finais

    Este trabalho teve como base uma revisão bibliográfica, buscando trazer a tona problemas como acessibilidade para deficientes, que apesar de descrita detalhadamente na legislação brasileira, ainda há muito que ser feito para que se atinja um grau próximo da excelência.

    Apesar da diversidade de deficiências, a busca foi elucidar o que é deficiência visual, diminuindo os paradigmas ainda existentes com relação a DV.

    Demonstrar que através da prevenção poderá ser diminuído o acometimento da Deficiência Visual, e que esta acontece não somente por fatores congênitos, mas também podem ser adquiridas no caso de lesões na visão.

    Contribuir para o professor de educação física sugestionando que a inclusão de esportes paraolímpicos podem ser incluídos no plano de aula e ser adaptado de acordo com o grau de conhecimento de seus alunos assim agregando valores não somente para os alunos D.V, mas para todos os normovisuais.

    Contribuir ainda para que o ensino superior mantenha-se sempre em busca de formação de profissionais cada vez mais gabaritados para atender ao público portador de necessidades especiais.

    Demonstrar que o trabalho de inclusão social, sociabilização, integração deve ser incansável.

    Enfim, contribuir para a evolução dessas questões mais simples, na área da Educação Física Adaptada, é mais uma questão de delicadeza e de respeito com o próximo do que meramente técnica específica de trabalho.

Referências

  • CARVALHO, R. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1998.

  • COSTA, Alberto Martins; SOUZA, Sônia Bertoni. Educação Física e esporte adaptado: história, avanços e retrocessos em relação aos princípios da integração/inclusão e perspectivas para o século XXI. In: Revista Brasileira de Ciência do Esporte. Campinas: Editora Autores Associados, 2004.

  • DE ALMEIDA, J. J. Gavião; DE OLIVEIRA FILHO, Ciro Winckler; MORATO; Márcio.

  • JUNIOR, W, R. & SANTOS, L, J. M. O Judô como atividade pedagógica desportiva complementar, em um processo de orientação e mobilidade para portadores de deficiência visual. En Revista Digital, Lecturas: Educacion Física y Deportes.

  • PEREIRA; PATROCINIO, Regina Matsui; VAN MUNSTER, Mey de Abreu. Goalball: invertendo o jogo da inclusão. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. (Coleção educação física e esportes; Série manuais).

  • ROSADAS Sidney de Carvalho. Educação Física e prática pedagógica: portadores de deficiência mental. Vitória: UFES. Centro de Educação Física e Desportos, 1994. 144 páginas.

  • RUFFONI, Ricardo; LASSANCE, Rosana. Benefícios ao deficiente visual com a prática do judô. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Educação Física) – Centro Universitário Celso Lisboa, 2007.

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