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Satisfação com autoimagem e comportamento 

de atividades físicas em grupo de universitários

Satisfacción con la autoimagen y conducta de actividades físicas en un grupo de universitarios

 

*Especialista em Fisiologia Aplicada a Saúde e a Performance (FUNORTE/MG)

**Licencianda em Educação Física (UNEB/BA)

***Mestrando em Saúde Coletiva (UEFS/BA)

Professor Auxiliar da UNEB – Campus IV

****Mestrando em Educação Física (UFSC/SC)

Professor Auxiliar da UNEB – Campus XII

(Brasil)

Deyvis Nascimento Rodrigues*

Aleone de Oliveira Martins**

Ricardo Franklin de Freitas Mussi***

Cláudio Bispo de Almeida****

rimussi@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi identificar relações entre Autoimagem e Nível de Atividades Físicas Habituais (NAFH) entre universitários da área de saúde em Guanambi/BA. A amostra contou com 41 estudantes, de ambos os sexos, com idade média de 20,85±3,4anos, de cursos presenciais. Os dados apontaram que: 64,3% (9) dos satisfeitos são ativos, 56,3% (9) dos insatisfeitos “Diminuir” são insuficientemente ativos e 63,6 (7) dos insatisfeitos “Aumentar” são ativos. Assim, estudantes ativos são mais satisfeitos com sua imagem corporal, enquanto os que desejam reduzir apresentam comportamento incompatível para tal objetivo e os insatisfeitos aumentar parecem aptos a atingirem seus objetivos.

          Unitermos: Autoimagem. Nível de atividade física. Qualidade de vida.

 

Abstract
          The aim of this study was to identify relationships between self-image and level of habitual physical activities (LHPA) among university health´s students in Guanambi / BA. The sample had 41 students of both sexes with a mean age of 20.85 +3.4 years of courses. The data showed that: 64.3% (9) of the assets are satisfied, 56.3% (9) of the unwilling "Decrease" are insufficiently active and 63.6% (7) of the unwilling "Increase" are active. Thus, active students are more satisfied with their body image, while wishing to reduce exhibit inconsistent behavior for such purpose and dissatisfied increase, seem able to achieve their objectives.

          Keywords: Self-image; Physical Activity; Quality of Life.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos diversos momentos históricos da humanidade o corpo, no sentido mais amplo, é marca registrada na tentativa de explicar as concepções de homem. Valendo atentar que o período atual é marcado pelo uso indiscriminado do bisturi e presença recorrente dos distúrbios alimentares, na busca do corpo perfeito e fruto da construção de uma “corpolatria” (CODO e SENNE, 2004).

    Assim, justificam-se estudos no sentido de explicar possíveis relacionamentos da perspectiva material e psicológica da estética corporal, e da satisfação pessoal com essas compreensões. Entendimento reforçado pela elevação dos transtornos derivados da excessiva preocupação com o corpo, convertendo-se em verdadeira epidemia (BALLONE, 2004 apud RUSSO, 2005).

    Considerando a satisfação com a autoimagem, diretamente influenciada pelas relações sociais, Melo (2005: 174) afirma que

    a imagem corporal é identificada a partir da percepção que o indivíduo tem do seu corpo, como uma entidade física vinculada às experiências subjetivas nessa percepção e dos sentimentos relativos ao seu próprio corpo. Entram em cena os julgamentos de valores que fazemos com nós mesmos, em decorrência da relação afetiva pessoal, e, principalmente, das relações sociais.

    Nesta lógica, esta imagem representa a maneira como as pessoas se percebem e ainda como acreditam que os outros a vêem, sendo inclusive influenciada e moldada pelas circunstâncias da vida.

    Com isso percebe-se que essa autorreferência é fruto de diversos fatores, como “sexo, idade, meios de comunicação, bem como pela relação do corpo com os processos cognitivos como crença, valores e atitudes inseridos em uma cultura” (DAMASCENO et al., 2005: 182). Sendo essa formação algo além da questão puramente física, estando o processo também relacionado com fatores exógenos, como a mídia que expõe/impõe corpos “sarados” como padrão de beleza.

    Assume-se dessa maneira a importância de entender como grupos populacionais específicos percebem sua condição corporal, uma vez que sua vivência condiciona a percepção e importância dada a ela, refletindo valores culturais e experiências no trato com o corpo quanto as questões estéticas e de saúde de maneira particularizada.

    Ainda deve ser compreendida a idéia de que a saúde é dinâmica, variando dentro de um continuum com pólos positivo (capacidade de apreciar a vida e resistir aos desafios cotidianos) e negativo (relacionado às morbidades e mortalidade prematura) (NAHAS, 2006).

    Mais que um conceito, esta idéia considera que as ações humanas afetam tanto o indivíduo quanto o coletivo, deixando de ser adquirida passivamente e representando uma criação do sujeito dentro de suas relações. (MOREIRA, 2008)

    Desta maneira, seria possível relacionar os níveis de aceitação da imagem corporal com os Níveis de Atividade Física (NAF), partindo do pressuposto que pessoas com um bom NAF são mais satisfeitas. Visto que

    a busca incessante por uma melhor aparência física dos praticantes de atividade física é um fenômeno sociocultural muitas vezes mais significativo do que a própria satisfação econômica, afetiva ou profissional. A insatisfação com o próprio corpo, ou melhor, com a imagem que se tem dele, talvez seja um dos motivos principais que levem as pessoas a iniciar um programa de atividade física. (DAMASCENO et al, 2005, p.182)

    Isso acontece, segundo o mesmo autor (2005: 181), por que “a mídia, a família e os amigos condicionam os indivíduos a se exercitar, a cuidar de seus corpos, direcionando-os a desejos, hábitos, cuidados e descontentamentos com a aparência visual do corpo”. Vários outros autores também defendem a atividade física regular como promotora de saúde e de bem-estar, como Barros e Nahas (2003: 10) ao escrever que

    atividade física e aptidão física tem sido associada ao bem-estar, á saúde e a qualidade de vida das pessoas em todas as faixas etárias. Isso é mais visível a partir da meia idade, quando os riscos potencias da inatividade se materializam, levando a perda precoce de vidas e de muitos anos de vida útil.

    Assim, o presente estudo objetivou identificar relações entre Autoimagem e Nível de Atividades Físicas Habituais (NAFH) entre universitários da área de saúde em Guanambi/BA

Procedimentos metodológicos

    O trabalho possui característica descritiva, que de acordo com Bisquerra (1989) apud Madureira, Fonseca e Maia (2003) objetiva descrever fenômenos, além de ser correlacional, por examinar a relação entre variáveis (THOMAS, Nelson e Silverman, 2007: 30), neste caso representado pelo acometimento e inter-relações da satisfação corporal e do Nível de Atividade Física Habitual. Finalmente apresenta características quantitativas e qualitativas por pontuar, mensurar e avaliar variáveis de estudo (MINAYO, 2007).

    A coleta de dados foi precedida pela instrução dos avaliados quanto às questões fundamentais do estudo, entrega e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Seguindo-se durante todo o transcorrer do estudo as orientações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa com seres humanos.

    Para a avaliação da atividade corporal diária foi aplicado o Questionário de Atividades Físicas Habituais (Pate apud Nahas, 2006: 46), seguida de classificação em “Insuficientemente Ativos” (escore inferior/igual a 11 pontos) e “Ativos” (superior/igual a 12 pontos).

    Em seguida o avaliado apontava na escala de silhuetas (STUNKARD et al,1983 apud DAMASCENO et al, 2005): sua aparência física atual, a desejada e a que possuía há um ano. Sendo considerado “Satisfeito” aquele com a mesma resposta para atualmente e desejada, “Insatisfeito Diminuir” quando reduzisse de atual para desejada e “Insatisfeito Aumentar” ao escolher desenho maior para o que gostaria confrontando-se com a atual.

    Os dados foram tabulados e analisados descritivamente e por freqüência no SPSS 11.5 for Windows, seguida de análise correlacional em tabela cruzada entre Satisfação com a Autoimagem e NAFH.

Resultados

Descrição da amostra

    A Amostra compôs-se de 41 acadêmicos, com idades de 20,85±3,4 anos, estudantes do 1º semestre dos cursos de saúde das faculdades presenciais em Guanambi/BA, sendo 63,4% (26) mulheres e 36,6% (15) homens.

    Quanto a NAF 56,1% (23) são suficientemente ativos, 43,9% (18) insuficientemente ativos. Além de 34,1% (14) Satisfeitos com a Autoimagem, 39,0% (16) Insatisfeitos Reduzir e 26,8% (11) Insatisfeitos Aumentar.

Correlação da Satisfação com a Auto Imagem e o NAFH

    Na tabela 1 é possível verificar forte associação entre a satisfação corporal e o NAFH, com 64,3% (9) da amostra nesta condição. Também é possível observar entre os Insatisfeitos Diminuir, 56,3% (9), há predomínio de Insuficientemente Ativos. E finalmente, entre os Insatisfeitos Aumentar predomina o perfil de ativo, com 63,6% (7).

Tabela 1. Relação entre Satisfação com Auto-Imagem e NAFH

Discussões

    Debatendo a questão do NAF no espaço acadêmico percebe-se que entre os estudantes ainda identificou-se dominância de indivíduos Ativos, com 56,1% do total, enquanto estudo com professores universitários apontou apenas 29% da amostra como Suficientemente Ativos (MARTINS, 2000) e entre os servidores encontrou-se prevalência de 55% em condição similar aos acadêmicos (RINALDI et al, 2005).

    Essas diferenças podem ser resultado tanto das questões laborais como sócio-econômicas. Uma vez que estudantes universitários, ainda em formação profissional, geralmente, acabam por apresentar níveis elevados de atividades corporais relacionadas ao deslocamento e lazer ativo (de baixo custo). Diferentemente, entre os servidores, esses valores podem indicar funções laborais relativamente exaustivas fisicamente. Já entre os professores, as possibilidades dizem respeito ao reflexo de sua melhor condição sócio-econômica, favorecendo-lhes o acesso as atividades de lazer passivo (maior custo) e menor sofrimento físico laboral.

    De acordo com os resultados obtidos na Tabela 1 é possível notar que a hipótese fundamentada na literatura se confirmou, visto que esta demonstra que a maioria absoluta dos avaliados satisfeitos com sua corporeidade, 64,3% (9), apresentaram correlação com bons hábitos de práticas de atividades físicas.

    Sendo a satisfação corporal um dos itens que caracterizam o bem-estar, como estado de satisfação física ou moral (BARBANTI, 2003), é possível corroborar com Barros e Nahas (2003) na relação da atividade e aptidão física associadas ao bem-estar, saúde e qualidade de vida.

    Quanto às pessoas insatisfeitas com a imagem corporal que desejam reduzir suas medidas e Insuficientemente Ativas, 56,3%, a relação presente é reforçada pela idéia de que pessoas obesas possuem um alto grau de insatisfação corporal e baixo NAF. Assim, King e outros apud Saba (2001: 73) relatam que “mulheres e homens obesos, ou com peso acima do normal, tendem a apresentar menor participação em programas de atividade física”, sendo necessária a modificação de hábitos referentes às atividades físicas cotidianas para a redução do volume corporal.

    Nessa linha de raciocínio é possível inclusive considerar que as pessoas Ativas que querem diminuir seu volume corporal, 43,8% (7), podem atingir seu objetivo mais facilmente, visto que estas possuem bons Níveis de atividades físicas, bastando apenas seu aperfeiçoamento.

    Já para as pessoas que são insatisfeitas com sua autoimagem e querem aumentar suas medidas, o número contraria as expectativas do estudo, quando mostra que o número é maior entre as pessoas ativas 63,6% (7), e este número cai para 36,4% (4) para as pessoas Insuficientemente Ativas. O que pode dificultar esse ganho de volume seria a dificuldade de recuperação orgânica e até mesmo baixa ingestão calórica, necessitando para tal a observação e possível correção desses fatores.

    Quanto à insatisfação com a morfologia corporal, sabe-se que a insatisfação crônica é bastante característica em mulheres jovens, no entanto, pesquisas têm apresentado que as patologias emocionais pela cobrança estética cultural, como a vigorexia, vem sendo recorrente entre homens, preocupados excessivamente em tornarem-se forte a qualquer preço (RUSSO, 2005).

Considerações finais

    Conclui-se que acadêmicos ativos são mais satisfeitos com sua imagem corporal, e o NAF influencia na sua manutenção. Enquanto que aqueles Insuficientemente Ativos com insatisfação para “Diminuir” o volume corporal, deverão ter maior dificuldade para obtenção do objetivo, visto que bons NAF estão fortemente associados ao emagrecimento e controle de peso. Já entre os insatisfeitos que almejam elevar seu volume corpóreo, é sugerido que a dificuldade na conquista deseja esteja relacionada à atividade física regular excessiva ou dieta nutricional restritiva, sendo necessária análise desses componentes para se evitar o over training e desnutrição específica.

    Quanto escala de silhuetas, verificadora da percepção constituída de maneira multifatorial, sugere-se a utilização de parâmetro de avaliação da composição corporal, com o intuito de confrontamento do real com o subjetivo.

    Finalmente, parece coerente concordar com Russo (2005) ao comentar a necessidade de verificar o papel da Educação Física no sentido de coibir os excessos pela busca compulsiva da beleza física.

Referencial bibliográfico

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