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Atuação do professor de educação física 

diante de situações de primeiros socorros

Intervención del profesor de Educación Física frente a situaciones de primeros auxilios

 

*Licencianda em Educação Física (FAGOC)

**Orientadora. Mestranda em Educação (UFV)

Professora da Faculdade Governador Ozanan Coelho (FAGOC)

***Co-orientador. Mestrando em Biologia Celular e Estrutural (UFV)

Professor do Curso Técnico em Enfermagem da FAGOC

(Brasil)

Glenda Silva de Siqueira*

glendasiqueira17@hotmail.com

Leililene Antunes Soares**

leililene@fagoc.br

Rodrigo Ataíde dos Santos***

rodrigo.santos@fagoc.br

 

 

 

 

Resumo

          As escolas, juntamente com os professores, têm um papel importante na promoção da saúde e da prevenção de doenças e de acidentes entre crianças e adolescentes. Em muitas situações, a falta de conhecimento da população acarreta inúmeros problemas, como o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e ainda a solicitação desnecessária do socorro especializado em emergência. Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento do professor de Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) de Ubá para atuar em situações de primeiros socorros. Para tanto, optou-se pela abordagem qualitativa, com amostra composta por 10 professores, sendo elaborado e utilizando, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado. Verificou-se que 70% dos professores estão preparados para agir diante de situações de primeiros socorros e que a maioria conhece ou já levou seus alunos aos locais de pronto atendimento na cidade. Para os sujeitos da pesquisa, o mais importante em uma situação emergencial é ter em mãos o telefone de um socorro ou um resgate. Constatou-se que os professores de Educação Física estão capacitados para agirem em situações mais simples de primeiros socorros.

          Unitermos: Primeiros socorros. Emergência. Educação Física.

 

Abstract

          The schools as well as the teachers have an important role in promoting health and preventing diseases and injuries among children and adolescents. In many situations, lack of knowledge of the population entails problems like the state of panic, careless handling of the victim and even unnecessary request of specialized help in an emergency. In this context, it becomes important to identify the knowledge of physical education teachers of elementary public schools (6th to 9th grade) in Uba to act in first aid situations. For this study, we opted for a qualitative approach with a sample of 10 teachers, establishing and using a semi-structured questionnaire as instrument of data collection. It was found that 70% of teachers are prepared to act in situations of first aid. For the subjects, the most important in an emergency situation is to have at hand the phone to a bailout or a rescue. It was observed that most of those teachers know the local emergency services in the city and have already taken their students to one of them. It was also found that the physical education teachers are trained to act in the simplest first aid situations.

          Keywords: First aid. Emergency. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A resolução do Conselho Nacional de Educação, por intermédio da Câmara de Educação Superior, na Resolução nº 7, de 31 de março de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, dispõe em seu artigo 3º:

    Art. 3º A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação o movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.

    Sabendo que a Educação Física, na sua intervenção profissional, trabalha com diversas práticas corporais e suas manifestações, pode-se afirmar que o professor dessa disciplina está suscetível a vivenciar, durante as suas aulas, situações em que os alunos necessitem de atendimento de emergência, em virtude de lesões causadas pelo movimento do corpo. Como provavelmente, em algumas situações, o professor não terá de imediato esse atendimento proporcionado por socorristas, há de se supor que, por ser a pessoa mais próxima da vítima, naquele momento, o professor acaba sendo o responsável pela prestação de primeiros socorros (SIEBRA e OLIVEIRA, 2010).

    Os primeiros socorros são definidos como uma série de procedimentos simples que têm como objetivo resolver situações de emergência, feitas por pessoas detentoras desses conhecimentos, até a chegada de atendimento médico especializado. Os primeiros socorros são habitualmente mencionados em situações graves de emergência, embora sejam igualmente relevantes em casos como escoriações, lesões, hemorragias, etc. (PORTAL SAÚDE, 2010).

    Para Dib (1978), a negligência é o aspecto que mais aparece nos processos que envolvem o atendimento pré-hospitalar. O termo frequentemente é empregado para indicar que o socorrista deixou de fazer algo esperado ou que agiu descuidadamente. Do ponto de vista legal, o conceito de negligência é mais complexo. Negligência significa falha nos padrões de assistência, tendo como consequência agravos adicionais. O não cumprimento do atendimento poderá ser interpretado como negligência, nos casos em que os padrões de assistência não foram obedecidos e o indivíduo tiver seqüelas por um atendimento inadequado.

    De acordo com o artigo 135 do Código Penal Brasileiro, deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir o socorro da autoridade pública é crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou detenção. Esta varia de um a seis meses, podendo ser aumentada em metade caso haja omissão e esta resulte em lesão corporal grave; e triplicada, se resultar morte.

    O profissional pode ser acusado de negligente se o indivíduo lesionado sofrer um agravo na sua condição, motivado indiretamente por uma ação indevida no atendimento e a abrangência do dano que pode ser de ordem física, emocional ou psicológica.

    Considerando que podem ocorrer acidentes nas aulas de Educação Física, promovendo risco de vida ou levando à situações desastrosas, com conseqüentes seqüelas e até invalidez permanente, devemos ter atenção especial em relação aos primeiros socorros. Magee (2002) afirma haver uma constante preocupação dos especialistas da área da saúde com o alto índice de lesões sofridas por alunos nas escolas, já que uma demora ou um atendimento inadequado pode vir a causar maiores danos que venham interferir na recuperação do aluno ou mesmo no tempo de recuperação do mesmo.

    Segundo o Conselho Federal de Educação Física - CONFEF (2008):

    As responsabilidades com os alunos e beneficiários das atividades físicas perpassam os direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, a ética profissional. Sendo assim, é de suma importância que os Profissionais de Educação Física estejam treinados, atualizados e preparados para os acidentes e fatalidades que venham a acontecer em seu trabalho e criem uma rotina de atendimento de socorros de urgência que envolva toda a equipe de trabalho.

    Sendo assim, as escolas, juntamente com os professores, têm um papel relevante na promoção da saúde, prevenção de doenças e, inclusive, de acidentes entre crianças e adolescentes.

    Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento e as ações do professor de Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) de Ubá mediante situações de primeiros socorros.

Metodologia

    Optou-se, neste estudo, pela abordagem qualitativa, por se tratar de um nível da realidade que não pode ser quantificado, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas. De acordo com Thomas et al. (2007), a pesquisa qualitativa é uma abordagem bastante subjetiva, natural, flexível, tendo o pesquisador como seu principal instrumento. Seus principais objetivos são a descrição, a compreensão e o significado, buscando desenvolver hipóteses a partir de observações.

    A amostra deste estudo foi composta por 10 professores de Educação Física que atuam no Ensino Fundamental em 3 escolas públicas pertencentes ao município de Ubá/MG.

    Com o objetivo de identificar o conhecimento do professor de Educação Física do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental para atuar em situações de emergências, foi elaborado e utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado contendo treze questões, no qual os professores puderam marcar mais de uma opção.

    O questionário semiestruturado é, de acordo com Gil (1999), uma técnica de investigação em que os indivíduos podem expressar-se através de questões abertas e fechadas, sendo possível conhecer suas opiniões, valores, crenças, situações vivenciadas, sentimentos, expectativas, dentre outros.

    O questionário foi validado por três especialistas em Educação Física, após a realização das modificações sugeridas por eles.

    Finalmente, os dados foram analisados e discutidos com base em referenciais teóricos sobre situações de emergências nas aulas de Educação Física. Para esta análise, foram estabelecidos dois blocos de categorias: conhecimento e ações do professor mediante situações de emergências nas aulas de Educação Física e formação inicial para agir em tais situações.

Resultados e discussão

    Os resultados foram divididos em duas categorias analíticas, definidas a partir dos direcionamentos propostos pelo roteiro do questionário; são elas:

1.     Conhecimento e ações do professor mediante situações de emergências nas aulas de Educação Física

    Primeiramente, buscou-se constatar se os professores se sentem preparados para atuar em situações que exijam o uso de primeiros socorros. A maior parte da amostra – ou seja, 70% – respondeu positivamente e 30%, negativamente (Figura 1).

Figura 1. Professores sentem-se preparados para atuar em situações de primeiros socorros

Fonte: Dados da pesquisa

    As justificativas dadas para essas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 1.

Quadro 1. Justificativas apresentadas

    Os profissionais da área de saúde, especificamente o professor de Educação Física, precisam ter conhecimentos quanto à abordagem das noções básicas de primeiros socorros no ambiente escolar, para agir de maneira adequada sempre que for necessário. Os dados obtidos são preocupantes, pois 30%, não se sentem preparados para agir em situação de emergência, sendo esta parcela da amostra muito significativa. Em consonância com esses resultados, Rabuske et al. (2002) afirmam que os professores não estão capacitados para o pronto atendimento ou agem de forma inadequada.

    O ideal, de acordo com Fioruc et al. (2008), é que todos os professores sintam-se capacitados acerca da prevenção, avaliação e condutas em situação de emergência, tendo informações específicas sobre o que fazer frente a um acidente o qual envolva atitudes simples relacionadas à prática de primeiros socorros e, também, aos agravos que este pode causar. Em muitas situações, essa falta de conhecimento por parte de professores acarreta inúmeros problemas, como: o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e, ainda, a solicitação excessiva e às vezes desnecessária do socorro especializado em emergência.

    Profissionais com pouco conhecimento em primeiros socorros optam por não tomarem nenhuma atitude, a não ser que sejam obrigados a isso. Basicamente, não se sentem competentes para prestar os primeiros socorros, o que, infelizmente, é bastante comum nessa situação. Confirmando essa afirmação, alguns estudos constataram que, nos Estados Unidos, apenas metade dos profissionais de Educação Física têm treinamentos de primeiros socorros (ROWE; ROBERTSON, 1986; WEIDNER, 1989 citados por FLEGEL, 2002).

    Verificou-se também que, dentre os 7 professores que afirmaram estar preparados para atuar em situações que exijam conhecimento de primeiros socorros, 58% realizaram cursos a fim de capacitar-se; dos demais, 14% comentaram ter conhecimentos básicos para agir em situações de emergências; 14% consideram que a disciplina cursada na graduação já os capacitou, e 14% não justificaram.

    Ressalta-se que, embora 30% tenham mencionado que não se sentem qualificados para agir diante situações de emergências, os professores juntaram-se aos demais e apontaram as situações nas quais se sentem preparados para agir, por exemplo, em cortes superficiais (34%), em fraturas (26%), em desmaios (22%), em hemorragia (11%), e em outras situações (7%), dentre elas: epilepsia (13%) e sangramento nasal (13%) (Figura 2).

Figura 2. Situações em que os professores se consideram qualificados para agir

Fonte: Dados da pesquisa

    Em relação às situações emergenciais em que os professores não se consideram preparados para atuar, 44% mencionaram casos de hemorragia; 31%, desmaios (ou mal-súbito); 19%, fraturas; e 6%, cortes superficiais (Figura 3).

Figura 3. Situações que os professores não se consideram preparados para agir

Fonte: Dados da pesquisa

    De acordo com Flegel (2002 citado por MARTINS, 2008), o professor de Educação Física é, na escola, o responsável pela prestação dos primeiros socorros e atendimentos, por ser um profissional da área da saúde com capacitação para tal. Da mesma forma, Lins (1992) acrescenta que o atendimento deve proporcionar conforto e aliviar a tensão psicológica. Para tanto, esses profissionais devem estar preparados para atuar nas mais diversas circunstâncias.

    Segundo Novaes e Novaes (1994), os pais irão procurar a orientação do profissional de Educação Física caso os filhos sofram alguma lesão. Nessa situação, espera-se que o profissional saiba responder às perguntas dos pais assim como de tomar as devidas atitudes.

    Ao averiguar os conhecimentos teórico-práticos que o professor de Educação Física precisa ter em caso de acidente na escola, os resultados foram: ter em mãos o telefone de um socorro ou resgate (33%); saber identificar o tipo de ferimento para prestar o socorro adequado (29%); ter prática de estancar hemorragias (21%); e saber fazer curativos (17%), conforme Figura 4.

Figura 4. Conhecimentos teórico-práticos necessários para agir diante de uma situação emergencial

Fonte: Dados da pesquisa

    Segundo os professores, foi a seguinte classificação em grau de importância desses procedimentos: 50% marcaram como 1ª opção “identificar o tipo de ferimento para prestar o socorro adequado”; essa opção destacou-se ainda em 2º lugar, com 40% dos votos. A opção “ter em mãos o telefone de um socorro ou resgate” foi escolhida como 1ª e 2ª opção por 4 professores (40%). Em 3º lugar, 70% dos professores escolheram a opção “estancar hemorragia”, e em 4º lugar 70% optaram por “fazer curativo” (Quadro 2).

Quadro 2. Conhecimentos teórico-práticos para agir diante de situações emergenciais em grau de importância

    Esses resultados reforçam a opinião de Sardinha e Carvalho (2006), para os quais o ato de utilizar os primeiros socorros envolve duas importantes tarefas: em primeiro lugar, ter o telefone dos pais e de um resgate; e, em segundo, prestar o atendimento adequado, para minimizar danos ao aluno.

    É importante destacar que qualquer pessoa que for realizar o atendimento pré-hospitalar (APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve, antes de tudo, atentar para a sua própria segurança (SILVEIRA e MOULIN, 2008).

    Segundo Flegel (2002), o profissional deverá atuar nos limites de seu treinamento, preservando a sua segurança e buscando orientação em caso de dúvidas. A maioria dos professores, ao contrário, respondeu que, ao prestar atendimento, a primeira preocupação é com a segurança da vítima (46%); em seguida, a vida da vítima (27%); em terceiro lugar (18%), a sua própria segurança; e, por último, a preocupação com o circundante (9%) (Figura 5).

Figura 5. Primeira preocupação do professor ao atender uma vítima

Fonte: Dados da pesquisa

    Na questão seguinte, os professores foram questionados com relação às situações de emergências mais comuns em suas aulas. De acordo com os resultados apresentados pela pesquisa de Sardinha (2006), observa-se que as escoriações foram relatadas por 78% (1º lugar), constituindo, portanto, as situações mais comuns nas aulas de Educação Física. Já no presente estudo, observa-se que a ocorrência de cortes superficiais encontra-se em primeiro lugar, com 57%, seguida de desmaios (mal-súbito) com 29% e, por último, com 14%, fraturas (Figura 6).

Figura 6. Situações emergenciais mais comuns nas aulas de Educação Física

Fonte: Dados da pesquisa

    Ao verificar como o professor reagiu diante das situações relatadas na questão anterior, 64% responderam que prestaram socorro imediato, encaminhando a vítima a um pronto socorro; 18% fizeram atendimento no próprio local e 18% solicitaram que outra pessoa prestasse o atendimento (Figura 7).

Figura 7. Como cada professor agiu diante as situações emergenciais

Fonte: Dados da pesquisa

    Segundo Dib (1978), um profissional de Educação Física treinado em primeiros socorros pode auxiliar, prestando alguns cuidados antes da chegada de outro profissional mais qualificado para tal.

    Nesse sentido, Magee (2002) acrescenta que o profissional de Educação Física não foi treinado para elaborar um diagnóstico médico ou para realizar as condições de estabilidade do indivíduo lesionado; é necessário acompanhá-lo até a chegada de um profissional com um nível de treinamento mais adequado.

    Entretanto, faz-se necessário conhecer os locais de pronto atendimento na cidade. A Figura 8 evidencia que todos os professores da amostra (100%) sabem identificar tais locais.

Figura 8. Se os professores conhecem os locais de pronto atendimento em Ubá

Fonte: Dados da pesquisa

    Os avaliados identificaram os locais de pronto atendimento que eles conhecem em sua cidade. Diante da possibilidade de marcar mais de uma opção, as respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 3.

Quadro 3: Locais de pronto atendimento citados

Locais citados pelos professores

Frequência

Hospital São Vicente e/ou Santa Isabel

9

Corpo de Bombeiros

2

Posto de Saúde

5

Clínica São Januário

1

Fonte: Dados da pesquisa

    Verificou-se que todos os avaliados já passaram por situação em que tiveram que encaminhar ou transportar algum aluno até os locais de pronto atendimento. Os locais por eles procurados foram: Hospital Santa Isabel (57%); Hospital São Vicente (29%); posto de saúde próximo à escola (7%); e outro posto de saúde (7%).

Figura 9. Se os professores já precisaram encaminhar algum aluno a um dos locais de pronto atendimento em Ubá

Fonte: Dados da pesquisa

    Questionados sobre sua atuação a fim de que a escola mantenha uma listagem com telefones atualizados dos pais e responsáveis, para o caso de o aluno se envolver em um acidente, 80% dos professores responderam que sim e 20% respondeu que não (Figura 10).

Figura 10. Os professores atuam para que exista uma lista com telefones de pais e responsáveis atualizada na escola

Fonte: Dados da pesquisa

    Esses aspectos são abordados por Flegel (2002) ao comentar que os primeiros socorros no esporte não promovem a ideia de que os profissionais devem diagnosticar e tratar a vítima; entretanto, é necessário que eles se certifiquem de que o aluno lesionado seja examinado e liberado por um médico antes de voltar à atividade. Além disso, envolvem importantes tarefas, como: entrar em contato com os pais e informá-los da lesão; prestar os primeiros socorros de maneira adequada; chamar a equipe de resgate para transportar o aluno lesionado, se necessário; ajudar no transporte seguro do aluno até o estabelecimento de saúde; e incentivá-lo durante o processo de reabilitação.

    Com o intuito de conhecer a preocupação e a responsabilidade da escola em auxiliar o professor em situações de primeiros socorros, os profissionais foram questionados se a escola onde trabalham possui uma maleta de primeiros socorros. A essa indagação, 70% responderam positivamente (Figura 11).

    Segundo Silveira e Moulin (2008), é imprescindível que a escola tenha um kit de primeiros socorros com ataduras, cobertor térmico, colar cervical, esfignomanômetro, esparadrapo, estetoscópio, gaze esterilizada, lenço triangular, luva de procedimentos, máscaras, maca rígida, óculos de proteção, pinças hemostáticas, sacos de gelo (duas partes de água e uma parte de álcool de uso doméstico para gelo floculado), talas variadas, tesoura, soro fisiológico, válvula para RCP, entre outros materiais necessários aos atendimentos, de acordo com as modalidades praticadas e os riscos de lesões.

Figura 11. A escola possui uma maleta de primeiros socorros

Fonte: Dados da pesquisa

2.     Formação inicial para agir em situações emergenciais

    Todos os professores (100%), durante seu curso de formação, tiveram alguma disciplina sobre técnicas de primeiros socorros (Figura 12).

Figura 12. Presença de disciplina de primeiros socorros no curso de formação

Fonte: Dados da pesquisa

    As justificativas dadas à questão mencionada acima foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 4.

Quadro 4. Justificativas apresentadas

    Os professores ficaram incumbidos de, juntamente com a questão anterior, complementarem a de n°12, que questionava se o conteúdo ministrado tinha sido suficiente para sua formação. A maioria (70%) dos professores respondeu negativamente, contra 30% que avaliaram como suficiente o conteúdo (Figura 13).

Figura 13. Nível de satisfação da disciplina de primeiros socorros na graduação

Fonte: Dados da pesquisa

    As justificativas dadas para essas respostas foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 5.

Quadro 5. Justificativas apresentadas

    Um estudo realizado por Siebra e Oliveira (2010) demonstra a necessidade de o professor de Educação Física dominar os conhecimentos de atendimento de primeiros socorros, na medida em que as diretrizes que regulamentam os cursos consideram que esse profissional deverá também proteger a saúde do seu aluno/cliente e também por este estar constantemente em situações que podem chegar a ocasionar lesões no grupo ao qual atende.

    Os autores supracitados acrescentam ser necessário incluir na grade curricular dos cursos de Educação Física uma disciplina que trabalhasse os conteúdos relativos aos primeiros socorros de uma forma mais ampla e eficaz. Sendo assim, ao final dessa disciplina, os alunos sairiam realmente confiantes a reagir de forma diligente diante de uma situação de emergência, passando ainda confiança para o seu aluno no momento do atendimento, sendo esse fato de extrema importância. Consequentemente, esse professor realizaria o seu trabalho de uma forma mais segura.

Considerações finais

    Os professores de Educação Física que participaram do presente estudo estão capacitados para agirem em situações mais simples de primeiros socorros. Todos os professores confirmaram a presença da disciplina de primeiros socorros em sua graduação, mas apenas 30% consideraram o conteúdo suficiente para uma atuação adequada. Diante de uma situação emergencial, a maioria dos professores prestou socorro imediato ou encaminhou o aluno ao pronto socorro.

    Todos os professores admitiram conhecer os locais de pronto atendimento na cidade de Ubá, e a maioria já precisou levar seus alunos até lá. Além disso, ficou claro que, para todos eles, o mais importante em uma situação emergencial é ter em mãos o telefone de um socorro ou um resgate,

    Assim, aconselha-se que os profissionais de Educação Física participem, periodicamente, de treinamentos de primeiros socorros, para se capacitarem adequadamente, no sentido de melhorar sua atuação psicológica, emocional e tecnicamente. Recomenda-se, também, que outros estudos sejam realizados, com amostras mais extensas e distintas, para futuras comparações.

Referências bibliográficas

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