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Importância do jogador Garrincha na literatura esportiva do futebol

La importancia del jugador Garrincha en la literatura deportiva del fútbol

 

Estudante de Educação Física na FMU, 4° semestre

Auxiliar de preparador físico de lutadores de MMA, São Paulo

(Brasil)

Flavio Luiz Mazzeu

flavio.luizmazzeu@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Manoel Francisco dos Santos nasceu 1933 e morreu com 50 anos, grande jogador brasileiro que muitas vezes e esquecido pelo seu país, mas que deve ser lembrado e será sempre pelos verdadeiros amantes do futebol. Presente estudo revisou diversas obras que comentou sobre este jogador e citou suas principais homenagens ao Mané.

          Unitermos: Futebol. Garrincha. História.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Objetivos

    Busca analisar e sintetizar obras que envolva os temas como Copas do Mundo, melhores jogadores, melhores momentos do futebol entre outros. A partir de estes dados discutir a importância do jogador Manoel Francisco dos Santos (Mané Garrincha) na literatura nacional e internacional. Um brilhante jogador brasileiro. Verdadeiro representante do chamado futebol arte, porém muitas vezes não é lembrado e colocado no seu devido lugar no pódio histórico deste esporte.

Metodologia

    Foi feito uma revisão, de alguns livros nacionais e sites sobre futebol que envolva os aspectos: melhores jogadores, Copa do Mundo, melhores jogos. Para buscar e qualificar a importância de Manoel Francisco dos Santos (Mané Garrincha). Obviamente não e possível ter acesso a todas as obras que abordem estes assuntos por diversos fatores

Desenvolvimento

    “Driblador fantástico, irreverente, de arrancadas irresistíveis e cruzamentos perfeitos, é considerado o melhor ponta-direita que o mundo já viu”. (DUARTE, 2000).

    “O Botafogo sem Garrincha seria menos Botafogo.” Otto Lara citado por SAMPAIO (2009) na obra com o titulo de Os 10 mais do Botafogo. Evidentemente nosso atleta em questão não ficou fora da lista sendo o único a ser eleito por todos os jornalistas, feito este não conquistado nem por Nilton Santos neste livro em questão, tais jornalistas foram: Armando Nogueira, Paulo Marcelo Sampaio, Sérgio Augusto, Arthur Dapieve, Roberto Porto, Antônio Maria filho, João Moreira Sales, Roberto Porto, Luiz Mendes e Elano Landeu. Segundo SAMPAIO (2009) “Garrincha representou a essência do futebol jogado com graça, improviso e picardia. Os laterais que tentavam marcar-lo acabavam no chão, rendidos a técnica incomparável do seu drible. Era um showman. O rei do futebol arte.”

    “A transformação de Garrincha em mito foi demorada. Nos seus primeiros anos de Botafogo foi criticado por driblar demais. Mas o clássico contra o Fluminense na final de 1957, foi decisivo para sua transformação em ídolo nacional e um dos nomes que não poderiam estar de fora na Copa do Mundo da Suécia.” (MOSTARO, 2010). Em seu artigo que discute os efeitos que a mídia causou no nosso jogador de futebol Manoel Francisco dos Santos “Garrincha” e compara contra Pelé.

    A autobiografia do maior lateral esquerdo do mundo Nilton Santos se inicia com a seguinte frase: “Ao meu compadre e amigo Garrincha que me deu duas Copas.” (SANTOS, 1998).

    Boa parte da sua obra SANTOS (1998) cita a Mané “Que fenômeno foi esse ? Só podia ser mesmo de outro planeta Garrincha é um só, não existe e não existiu nem existirão dois.”

    No primeiro contato entre os dois que foi em 1953 em treino no General Severiano campo do Botafogo, com dois lances de Manoel passando a bola embaixo das pernas de Nilton, após este vexame ele diz aos seus diretores “-Contratem o homem não quero, passar esse vexame no maracanã cheio. Tenho muito orgulho de ter sido seu primeiro João.” (SANTOS, 1998)

    SOTER et al (2006) afirma que “Garrincha estréio na seleção em 1955, Participou de 50 jogos,12 gols, sua estréia foi com a seleção carioca em que teve dois ou três grandes jogadas, mas esteve perdido na maior parte do embate contra o Chile. Mané retornou a seleção apenas em 57 pela sul-americana como reserva de Pepe jogador do Santos. Nas eliminatórias da Copa de 58 entrou como titular contra o Peru. Para desnortear a defesa peruana com troca de posição com o Joel, fim de jogo 1x1.

    Neste jogo Manoel sofreu um pênalti não marcado. No jogo de volta ele quase marca seu gol com uma bola na trave.

    Contra a Argentina num amistoso no México, segundo SANTOS (1998) “O João mais famoso foi o Vairo do River Plate e seleção Argentina, foi passado por Mané quatro ou cinco vezes, que os mexicanos começaram a gritar Olé! Olé! que consagrou os dribles com este grito.”

    Já nos amistosos para a preparação pra Copa de ‘58 na Itália contra o Florença, Mané marca o célebre gol na qual pós a driblar vários defensores, viu se a frente da meta vazia e esperou o goleiro voltar para dribla-o também e, enfim marcar o gol. “Talvez pelo gol memorável, Garrincha não jogou os dois primeiros jogos da copa de 1958.” (FRANCO, 2007)

    “Na estréia em Copas de Mundo foi contra o futebol cientifico da URSS, no 3° jogo da 1° fase, em que ocorre aquele momento decisivo para Pele, Zito e Mané entrarem em campo em que os outros jogadores pediram a entrada desde, para o jogo contra URSS. Porém ainda segundo SOTER et al (2006) “Garrincha foi submetido ao um exame psicotécnicos pelo psicólogo João Carvalhaes, ao fazer um desenho pedido pelo Dr., Mané garatujou um boneco com cabeça redonda muito grande e dois tracinhos à guiva de braços e um mais cumprindo formando o corpo. O Dr. Questiona “-O que e isso?”, a resposta; “-É o Quarentinha.” com isto chegou à conclusão que não tinha condição de estar escalado pela sua mentalidade infantil.

    Na obra inspiradora de FREIRE (2006) ele define muito bem a inteligência de Garrincha: “Havia jornalistas e, principalmente, intelectuais, que gostavam de dizer que Garrincha era burro. Ora, burro na universidade, todo mundo que não é intelectual, é. Por outro lado, todo intelectual que não é bom de bola, é burro no campo de futebol. O mundo de Garrincha era o campo. Se o mundo fosse um estádio de futebol, Garrincha seria seu rei. Era inteligente para o seu mundo. Ele e Pelé eram os melhores. O que muitas pessoas não entendem é que, aquilo que Garrincha fazia, era inteligente. O que ele fazia fora do campo é que não era inteligente. Ele praticava, fora do campo, a burrice a que essa gente que tomou conta do poder no Brasil desde o século XVI nos condenou. Se somos tão bons de bola também poderíamos ser bons de escola e de outras coisas mais.”

    “Dentro de campo contra URSS em 1958, Mané assombrou os adversários. Foi o pesadelo da URSS, os seus 1° passos e foram sensacionais, após fintar seus marcadores usando o inmarcável, para-arranca-dribla para direita, enfiou uma pelotaço no poste. Que logo em seguida serviu Pelé que também enviou uma bola na trave, nessa partida o Brasil foi o sempre o senhor com Garrincha atormentado seu marcador Kuznetsov.”

    “A atuação de Garrincha no começo contra URSS, causou perplexidade a todos, com dribles desconcertantes que deixava os soviéticos no chão, chutes na trave e passes certeiros, ele comandou o time que abriu o placar aos 3 minutos da partida. Para alguns os mais sensacionais da historia do futebol.” FRANCO (2007)

    “O estilo e o comportamento de Garrincha em campo eram absolutamente inéditos, de uma beleza plástica deslumbrante e de uma eficiência tal que é quase impossível surgir algum outro ser humano capaz de reproduzi-los. No estádio Nya Ullevi de Gotemburgo, havia quando muito uns 200 brasileiros e todos sentiram aquele orgulho que faz esfriar o estômago, vibrar o peito e sobe até o rosto corando as faces, pelo fato de terem nascido no mesmo país do herói mulato, o homem que desmontou a máquina.” ZANINI (1984)

    “No jogo contra País de Gales, Mané não levou muita vantagem contra seus marcadores, apenas aos 30 minutos do 2° tempo, Manoel sofreu uma penalidade máxima em que o juiz não quis ver. Após o gol de Pelé neste jogo Garrincha cobrou dois escanteios em destaque um que Pelé cabeceou na trave e outro que Mazzola fez uma bicicleta que marcou um gol que foi anulado. Contra França, Mané recebeu a bola de Jonquet, que tentou recuperar seu erro com um carrinho mas a bola foi ate Zito que passou a Vavá para marcar o gol. Durante a partida Garrincha fez um gol mal anulado por impedimento que não ocorreu, e novamente sofreu um pênalti não marcado. Na decisão da Copa do Mundo contra a Suécia, o anjo torto foi marcado exclusivamente por dois, facilitando o esquema tático brasileiro. Após a cena heróica de Bellini pegando a bola dentro do gol no 1° dos suecos e entregando a Didi para reiniciar a partida, este lança para Mané que mata no peito e dribla seus 2 marcadores entrando na pequena área e chutando na rede pelo lado de fora, acordando o espírito nacional para o jogo. Espertamente Garrincha, esperava seus marcadores se juntarem, então este driblava os dois em uma vez só e deixava seus companheiros desmarcados. Foi um fenômeno, ele passou todas as vezes que quis. Tanto que cruzou rasteiro para Pelé desviar a bola para enfim sair o 1° de Vavá para empatar. O 2° gol do Brasil foi copia do primeiro, Mané cruza da linha de fundo para Vavá fazer o gol novamente. O Brasil após o 5 gol de Pelé era campeão com aquela que provavelmente foi a maior seleção de todos os tempos.” SOTER et al (2006)

    Segundo UNZELTE (2002), em sua obra O livro de Ouro do Futebol, o ponta-direita foi marcado apenas pelo destino o titulo de seu resumo bibliográfico e esta entre os 50 maiores jogadores da historia e entre vinte dois brasileiros que estão nesta lista do autor. Para a torcida, ele foi a “alegria do povo”, o responsável maior pela conquista do bicampeonato mundial do Brasil, em 1962. Para a imprensa, o “Anjo das Pernas Tortas”, ou ainda “Demônio da Copa”. Para os adversários, um verdadeiro extraterrestre “¿De qué Planeta viene Garrincha?, chegou a perguntar o jornal chileno El Mercurio durante o mundial de 1962”. Uma importante colocação de uma frase de Manoel “Nunca fui um gênio. Apenas um palhaço que corria com a bola nos pés, divertindo as pessoas. Demonstrando sua humildade. UNZELTE faz uma colocação interessante. De fato, Garrincha alcançou apenas 38 dos 123 pontos possíveis nos testes do doutor Carvalhaes, o que, na teoria, o tornava incapaz, até, de tomar um ônibus. Na prática, porém, acabou viajando. E mostrando-se um gênio na atividade a que se propunha”, comentando sobre o psicólogo João Carvalhaes e seus testes psicotécnicos. No mesmo livro tem a mesma descrição do cronista francês Gabriel Hannot, foram “os três minutos mais belos da história do futebol”. Dada a saída, Garrincha recebeu a bola de Didi e balançou o corpo, deixando seu marcador, Kuznetsov, sentado no chão. Sete segundos depois, deu três dribles seguidos no mesmo Kusnetsov, entrou na área e, mesmo sem ângulo, chutou a gol. A bola acertou a trave de Yashin e saiu. Na seqüencia nova bola foi lançada para Mané que passou para Pelé. Outra bola na trave de Yashin. Por fim, com apenas dois minutos jogados, Garrincha pegou na bola pela quarta vez. Passou a Didi, que lançou Vavá. Gol do Brasil. Pelas pernas tortas de Mané Garrincha, estava aberto o caminho do primeiro título mundial.

    “Kuznetsov o marcador, que ficou famoso porque levou um dos maiores bailes de que tem notícia no futebol, vinha atalhando na recuperação, com disposição de rachar Garrincha ao meio, Mané passou por ele outra vez jogando a bola na frente e imitando o movimento de um passarinho em vôo rasante. Da entrada da grande área, antes que o aranha negra tivesse tempo de fechar o ângulo, soltou um torpedo de pé direito Tudo em menos de 20 segundos.” ZANINI (1984)

    “Um inicio arrasador do Brasil com Garrincha dando um show.” DUARTE (1998)

    “Depois da Copa do Mundo, o Daily Mirror da Inglaterra escreveu: Os ágeis mestres do Brasil se inspiraram num rapaz de pele morena que se chama Garrincha para escrever a maior sinfonia de nosso tempo.” (ZANINI, 1984)

    O Brasil conquistou a Copa e Garrincha consolidou de vez a sua imagem de herói e mito do esporte nacional. A chegada dos jogadores brasileiros foi triunfal, principalmente para os principais heróis do título: Garrincha e Pelé. “Eram como soldados que estivessem voltando, vivos e vitoriosos, da guerra da Coréia.” (CASTRO, 1995)

    UNZELTE (2002) sobre a Copa de 1962, “Garrincha repetiu suas fantásticas atuações. Principalmente depois do segundo jogo, um 0 a 0 contra a Tchecoslováquia, em que Pelé tentou um chute a gol, sofreu uma distensão na virilha e ficou fora do resto da Copa. Então, Garrincha teve que assumir o papel do ‘Rei’. Garrincha fez, na partida contra a Inglaterra um raríssimo gol de cabeça pois detestava cabecear, desde o dia em que, ainda garoto, em Pau Grande, machucou a testa com uma bola pesada e enlameada” -Eu não gosto de cabecear, sabe dói muito. Quando eu era garoto, meti a cabeça numa bola pesada, em dia de chuva, e quase desmaiei. Nunca mais gostei de cabecear, prefiro tratar a bola com o pé. (MANOEL, citado por ZANINI, 1984).

    “Após a contusão de Pelé, a seleção foi comandada em campo por Mané imprevisível driblou centenas de vezes, chutou bolas nas traves, fez assistências e marcou quatro gols, incluindo fora de suas características de perna esquerda e d e cabeça. A taça do mundo em 62 continuava no Brasil. Aquela foi, sem duvida a taça de Garrincha sob todos os aspectos.” (FRANCO, 2007)

    Também e comentado sobre seu gol inédito no Livro de Ouro do Futebol, de perna esquerda contra o Chile na semifinal e sua expulsão neste jogo pelo pontapé no chileno Eládio Rojas por este autor foi por um revide a uma tapa no rosto. Na final contra os tchecos com 39 graus foi marcado por três jogadores e se divertiu na ponta-direita com a fila indiana destes mesmos adversários. Neste livro tem a triste noticia do neto de Mané, Alexsandro Alves dos Santos Pedreiro, assassinado a paulada em 2002. Na parte em que se propõe a falar sobre a copa de 1962 o titulo “No bi do Brasil, o rei foi Garrincha.” Tem em seu texto o seguinte comentário: “Com Pelé definitivamente fora da Copa do Mundo, coube a Garrincha fazer um pouco de tudo. E ele fez: passes, cruzamento, dribles e quatro gols, entre eles um de cabeça e outro de pé esquerdo, jogadas que não eram de seu repertório, suas atuações, todas perfeitas, já lhe haviam conferido, por antecipação, o título de rei absoluto daquela Copa do Mundo” (UNZELTE, 2002)

    “Garrincha o rei do Chile, contra Inglaterra, Mané mando no jogo. Contra o Chile ele fez uma grande atuação, quando Pelé saiu, contundido parece que Manoel sentiu que sua responsabilidade era maior; por isso jogou a final com 39° graus de febre com a mesma vibração e entusiasmo. O saudoso craque foi o grande fator da conquista brasileira no Chile.” (DUARTE, 1998)

    No jogo contra a Espanha, com o grande jogador Puskas liderando a equipe espanhola foi talvez o jogo mais difícil para a seleção na copa de 62. Com o gol de Abellardo abrindo o placar o 1x0 colocava a Espanha na próxima fase e assim o sonho do Bi acabaria muito cedo ainda mais com o pênalti não marcado que Nilton Santos fez mais espertamente se deslocou pra fora da área, mas Zagalo ganha uma jogada no meio do campo e cruza na área para o substituto de Pelé, Amarildo empatar o jogo e reacender a chama de esperança brasileira. Com este resultado a vaga era da seleção canarinho. Mas a Espanha não desistiu fazendo de Gilmar o grande nome deste jogo, quando, segundo ZANINI “Didi resolve, em último recurso, apelar para a velha tática utilizada no Botafogo. Domina a bola, chama Mané, estica o passe acompanhado da ordem: “-Torto, agora é tudo com você. Prenda a bola senão os gringos vão ganhar este jogo.

    O nervosismo e a aflição dos brasileiros repentinamente começam a se transformar em alívio, satisfação, quando Garrincha inicia o seu baile particular pela faixa direita do campo. Ele dribla para frente, para trás, passa no meio dos espanhóis, que acabam fazendo falta. O Brasil bate, e a bola para Garrincha outra vez, que imediatamente reinicia os dribles aloucados.”

    “Contra Inglaterra mais uma vez Garrincha fez de tudo, deu seguidos dribles em seu marcador, Flowers, além de deixar tontos os ingleses Wilson e Bobby Moore. Marcou dois gols e cobrou a falta que permitiu a Vavá fazer o terceiro na vitoria 3 a 1.” (UNZELTE, 2002). Sem contar e claro a caçada de Mané contra o único que o driblou nesta copa, o cachorro que em seguida seria seu e se chamaria BI.

    “Atraiu pelo menos quatro marcadores durante a maior parte do jogo, e armou quantas vezes quis, o seu baile pela faixa direita. Se isso não bastasse ainda se deslocava a todo momento para o meio exercendo naturalmente a função de Pelé, e foi responsável pelos três gols.” (ZANINI, 1984)

    Seu primeiro gol foi o de cabeça, o segundo foi um tiro de 30 metros de distancia do gol e o goleiro rebateu largando a bola no pé de Vavá, erro fatal. Já no terceiro gol Garrincha repeti a jogada do segundo mas desferiu um típico folha seca de Didi.” (ZANINI, 1984)

    Um jornal londrino escreveu no dia seguinte: “-Pensamos que a folha seca fosse uma exclusividade de Didi, mas Garrincha mostrou que também pode executar o temível chute”. Garrincha foi tão impressionante naquela tarde no El Sausalito que obrigou o técnico inglês na entrevista coletiva a um pedido formal de desculpas, numa autêntica retração pública. “-Ontem falei a vocês que Garrincha é um jogador de um drible só, dispersivo e individualista. Estava enganado. Hoje ele me provou que pode fazer coisas talvez impossíveis para outro jogador. Ele é tão fantástico que fico me perguntando de que planeta teria vindo Garrincha?.”

    Na final contra os Tchecos “Mané estava mais possuído do que nunca. Contra o lateral tcheco, não teve muita dificuldade de jogar o futebol que sabia, numa das inúmeras vezes que passou por ele fez um verdadeiro circulo, uma volta completa, deixando o tcheco no meio totalmente inerte. Ele pediu pra sair e, no final elogiou Garrincha”. (SANTOS, 1998)

    Na sua incrível obra TUBINO et al cita Garrincha como “Considerado um dos melhores atacantes do futebol mundial de todos os tempos. Conseguiu a façanha de ser o jogador decisivo nas copas mundiais de 1958 e 1962.” O título de Manoel é “Garrincha, a façanha de ser o protagonista de duas conquistas de Copas do Mundo” Neste livro diz sobre o estúdio de futebol em Brasília que leva o nome de Manoel Francisco dos Santos. E também exalta a importância de Mané na copa de 1962 citando como o maior destaque e sendo considerado o craque desta copa.

Jornal Daily Mirror publicou após a final da copa de 62. “O maior jogador do mundo não é Pelé, é Garrincha.” (ZANINI, 1984)

    Na obra de titulo Futebol arte SOUZA et al classifica nosso Garrincha como integrante da Santíssima Trindade, que é composta por Didi, Manoel e claro Pelé e afirma que a arte do nosso futebol se inscreve no evangelho de tais atletas.

    “Diante de cada jogada de Garrincha eu experimento a alegria que só as obras primas despertam” (Nélson Rodrigues citado por SOUZA et al, 1998)

    “Como um poeta tocador por um anjo, como um compositor seguindo a melodia, como um bailarino encadeado ao ritmo Mané, joga futebol por pura inspiração por magia, sem sofrimento. Garrincha foi o grande autor de algumas de nossas alegrias eternas. Sim, em 1958 e 62, a nossa felicidade dependeu só e só de suas pernas tortas”. (SOUZA et al, 1998)

    Na mesma obra os autores entre outros jornalistas esportivos como Juca Chouri, Armando Nogueira, Jó Soares, Sérgio Noronha e saudoso Relê Santana; escolheram cada um uma seleção de ouro entre todas as listas dos 21 jogadores os únicos que aparece em todas são: Mané, Pelé, Nilton Santos, Didi, e Zico.

    “Diante dele, diante do prodigioso a instantaneidade dos seus reflexos, todos nós que pensamos somos uns lerdos, uns bovinos, uns hipopótamos”. (Nélson Rodrigues citado por SOUZA et al, 1998)

    SANTOS (1998) diz ter feito uma homenagem a lápide de Manoel Francisco dos Santos seu grande amigo:

    “Aqui descansa aquele que foi a alegria do povo.”

    “E eu considero que se o Garrincha não foi melhor do que o Pelé, também não foi inferior. Só que o Pelé teve mais mídia. Juntaram-se os cariocas que não gostavam do Botafogo ou que torciam contra o Botafogo com os paulistas para fazer do Pelé o maior ídolo nacional.”

    Ao longo da pesquisa na realização do trabalho concluí que Garrincha foi melhor que Pelé. Dentro de campo ninguém nunca vai fazer o que Garrincha fez. Jogava o futebol da maneira mais pura possível, driblava por driblar, jogava por jogar e o gol seria uma conseqüência do seu show particular que encantava e fez as platéias do mundo inteiro rir. Jogava para encantar e fazer a alegria do próximo: do companheiro que recebia o passe para o gol ou do público. Garrincha foi um marco. “Encerrou a era do futebol alegre, dos jogadores que não ficaram ricos, da beleza do jogo por si só, dos profissionais que bebiam antes dos jogos.” MOSTARO (2010)

    Ruy Castro em sua biografia de Manoel se lembra do momento que ele “cria” o fair play em que poe a bola para fora após ver um adversário caído em campo. “O inventor do ‘Fair play’, um jogador muito disciplinado fazia justiça à imagem que os cronistas haviam criado para ele: a do passarinho, a alma ingênua e alada do futebol.” CASTRO (1995). A mesma obra mostra o quanto foi importante, não apenas para o esporte nacional mais amado e querido pelo povo, foi além, mostrou o quanto o brasileiro pode superar dificuldades, levou orgulho a todo coração brasileiro e decaiu como um ser humano aos vícios e a ignorância de sua ingenuidade que sempre esteve com Mané.

    “Garrincha não, com certeza, um ser de exemplo de comportamento de homem, inteiramente enquadrado dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade, mas sim a de ser ídolo. Que veio para jogar futebol e trazer alegria a essa vida tão dura que temos. Veio para defender a camisa da Seleção do seu país e imortalizá-la, com jogadas incríveis dando dribles desconcertantes e inexplicáveis. Garrincha veio para nos ensinar a simplicidade, a beleza, humildade, veio para doar se e através do futebol ser amado e sentido, não questionado e explicado, como uma regra de matemática em que dois mais dois e sempre igual a quatro.” (SANTOS, 1998).

Conclusão

    Um ser humano totalmente ao contrário do esporte de alto rendimento, um bêbado, torto, estrábico, ignorante sem praticar atividade física até os 19 anos, apenas jogava na infância e brincava pela ludicidade. Um brasileiro. Mesmo assim Manoel Francisco “Garrincha” superou e driblou todos os seus desafios que seu físico e destino colocou a sua frente para poder brilhar no futebol, apenas não venceu a morte como todos, mas ainda vive em cada brasileiro que usa a camiseta da seleção com as estrelas que ele ajudo a eternizar. E a essência do nosso Futebol arte.

Referências:

  • CASTRO, Ruy. Estrela solitária: um brasileiro chamado Garrincha. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 183, 213.

  • DUARTE, Marcelo. Guia dos craques. Os grandes jogadores de futebol do Brasil e do mundo. Ed. Abril e Placar, 2ª Ed. p. 185. 2000.

  • DUARTE, Orlando. Enciclopédia, Todas as Copas do Mundo. SP: Makron Books, 2°ed. pg. 113.139,142,164. 1998.

  • FRANCO, Hilario Jr. A dança dos deuses. Futebol, sociedade, cultura. Ed. Companhia das letras.SP. pp. 134-136. 2007.

  • FREIRE, João Batista. Pedagogia do Futebol. SP: Autores Associados., 1°ed. p. 72. 2006.

  • MOSTARO, Felipe Fernandes Ribeiro. Garrincha x Pelé: a diferença de tratamento da mídia aos atletas e como isso influenciou suas carreiras. 2010. Disponível: http://www.universidadedofutebol.com.br/2010/02/1,11654,GARRINCHA+X+PELE+A+DIFERENCA... Acesso 24/10/2010.

  • POLI, Gustavo. CARMONA, Ledio. Almanaque do futebol. Ed. Casa da palavra. 1°ed. 2009.

  • SANTOS, Nilton. Minha Bola. Ed. Gryphus. 1°ed. pp. 6, 99, 108, 110, 111, 116 e117. 1998.

  • SAMPAIO, Paulo M. Os 10 mais do Botafogo. RJ: Maquina editora, 1°ed. p. 77. 2009.

  • SOUZA, Jair. RITO, Lucia. LEITÃO Sergio. Futebol-Arte. SP: Empresas das artes. 1ª ed. pp. 144, 145, 399. 1998.

  • SOTER, Ivan. FONTANELE, André. SCHWARTZ, Mario. WOODSE, Valmir. Todos os jogos do Brasil. SP, ED. Abril, Placar. 1°ed. pp. 137, 157, 171-175, 177, 182, 195. 2006.

  • TUBINO, M. J. Gomes, TUBINO F.M, ANTONIO, F., GARRIDO, C. Dicionário Enciclopédico, Tubino do Esporte. SP; Senac Editora. 1ª ed. p. 425, 442, 904. 2007.

  • UNZELTE, Celso. O Livro de Ouro do Futebol. SP: Ediouro. 1ª ed. pp. 554-557. 2002.

  • ZANINI, Telmo. Mané Garrincha. Encanto radical. SP. 1°ed. pp. 45, 46, 48. 1984.

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