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Avaliação da capacidade do licenciando em Educação Física 

da Universidade Castelo Branco de utilizar os conceitos 

de pluralidade cultural no cotidiano profissional

Evaluación de la capacidad de los estudiantes de Educación Física de la Universidad 

de Castelo Branco de utilizar los conceptos de multiculturalismo en el trabajo cotidiano

 

*Discente de licenciatura em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador. Pós-graduado em elaboração

e gestão de projetos sócio-esportivos pela UCB/RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ Monitor da UCB/RJ

***Orientador: Mestre em Ciência da Motricidade Humana

pela UCB/RJ Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ. Docente da UCB/RJ

(Brasil)

Amanda de Oliveira Silva* | Daiane Pereira*

Marcelle Lobo* | Marcelle Moitinho*

Maurício Gênero Serra de Gouveia*

Raquel Pereira de Jesus*

Mauricio Fidelis**

mauriciofidelis@hotmail.com

Sergio Tavares***

sergiof.tavares@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A pluralidade cultural está presente no nosso cotidiano. Este trabalho visa analisar como o universitário de Educação física trata do problema em âmbito escolar. Avalia como os discentes agem como mediadores no processo de ensino aprendizagem dentro da pluralidade cultural em que estão inseridos. A coleta das informações foi realizada através de trabalho investigativo com o uso de questionários com perguntas abertas e fechadas direcionadas aos discentes dos últimos períodos de Educação Física da Universidade Castelo Branco.

          Unitermos: Pluralidade cultural. Educação Física Escolar. Universitário.

 

Abstract

          The cultural plurality is present in our everyday lives. This work aims to analyze the physical education university is the problem in the school. Assesses how the students act as mediators in the process of teaching learning within cultural plurality in which they are inserted.

          Keywords: Cultural pluralism. Physical Education. University.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A abordagem do tema transversal Pluralidade Cultural, torna-se atual, a partir do momento em que a escola desenvolve um ensino que procura atender a toda uma sociedade, composta de diversas culturas, desde daqueles vindo de um outro local, como também aqueles pertencentes a outras raças e religiões. A escola neste ponto tem uma dificuldade imensa em trabalhar com este tema, pois as diferenças tornam-se grandes problemas ao invés de oportunidades de aquisição do conhecimento alheio. A Escola é um ambiente onde todos devem ter as mesmas oportunidades. Neste contexto,
o universitário de Educação Física deverá ter essa proposta no âmbito escolar, de maneira que deixe de lado seus preconceitos, e saiba agir como mediador no processo de ensino aprendizagem, pois a pluralidade cultural é muito presente no nosso dia a dia, é inevitável não trabalhar com o tema. Por sermos essencialmente plurais nossa obrigação como educadores é motivar os discentes a conviver com a diferença de maneira harmoniosa.
Viver em um mundo tão heterogênea exige do professor de educação física o esforço de compreender como se organizam tais questões na sociedade, quais são os agentes dessa ação e como se iniciou essa relação do homem com o corpo. Para tal compreensão uma análise de conjuntura se faz necessária, assim este professor será capaz de se posicionar com segurança escolhendo o melhor instrumento de intervenção e a melhor maneira de utilizá-lo.

    Está justificativa leva por relevância analisar a aptidão dos formandos em licenciatura de Educação Física da Universidade Castelo Branco, frente à abordagem dos valores de pluralidade cultural, enfocando o trabalho investigativo com a prática docente aos seus futuros planejamentos de aula.

Pluralidade cultural: desafio do profissional de Educação Física

    A educação, evidentemente, não pode permanecer alheia à questão da pluralidade cultural. Um importante passo nesse sentido foi à inserção da pluralidade cultural como um dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997). Trabalhar a pluralidade cultural na escola significa caminhar para um reconhecimento e para uma valorização das diferenças culturais, especialmente das minorias étnicas e sociais. Esse ideal, contudo, esbarra em uma série de dificuldades entre eles:

    Segundo Morim (2001, apud AUGUSTA) “A escola é um local formado por uma população com diversos grupos étnicos, com seus costumes e suas crenças”.

    A cultura é constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, idéias, valores, mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo, controla a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social. Não sociedade humana, arcaica ou moderna, desprovida de cultura, mas cada cultura é singular. Assim, sempre existe a cultura nas culturas, mas a cultura existe apenas por meio das culturas. (Morim, 2001 apud Augusta).

    Perrenoud (2000) aborda que enfrentar o desafio de propor um ensino que respeite a cultura da comunidade significa constatar cada realidade social e cultural com a preocupação de traçar um projeto pedagógico para atender a todos sem exceção.

    Para isso, é importante estarmos sempre atentos às nossas próprias atitudes, receptivos às críticas e abertos ao debate, pois só sendo críticos conosco é que podemos esperar contribuir, de alguma forma, para a formação da consciência crítica de nossos alunos.

A diversidade cultural e o desafio curricular

    É a escola um dos locais onde o cenário da diversidade se desdobra marcando a vida social brasileira. Para que se consiga uma mudança expressiva no ensino e uma revolução cultural, foi exigida uma articulação entre os currículos e uma política educacional comunitária. Vale lembrar aceitação de Silva, (2002, p. 34).

    para Bourdieu e Passeron, a dinâmica da reprodução está centrada no processo de reprodução cultural. É através da reprodução cultural dominante que a reprodução mais ampla da sociedade fica garantida. A cultura que tem prestígio e valor social é justamente a cultura das classes dominantes: seus valores, seus gostos, seus costumes, seus hábitos, seus modos de se comportar e agir. Na medida em que essa cultura tem valor em termos sociais; na medida em que ela vale alguma coisa; na medida em que ela faz com que a pessoa que a possui obtenha vantagens materiais e simbólicas, ela se constitui como capital cultural. [...] Finalmente, o capital cultural manifesta-se de forma incorporada, introjetada, internalizada.

    Um currículo e uma pedagogia democrática, segundo Aplle (apud Silva 2002): devem começar pelo reconhecimento dos diferentes posicionamentos sociais e repertórios culturais nas salas de aula, assim como as relações de poder entre eles se estiverem preocupados com tratamento realmente igual.

A diversidade cultural e o desafio interdisciplinar

    No que se refere à idéia de unidade e multiplicidade do ser humano, a diversidade cultural considera que:

    o homem é ao mesmo tempo singular e múltiplo”: Para ele existem duas tendências que envolvem esta afirmativa: os que vêem a diversidade das culturas tendem a minimizar ou ocultar a unidade humana; os que vêem a unidade humana tendem a considerar como secundária a diversidade das culturas. Ao contrário, é apropriado conceber a unidade que assegure e favoreça a diversidade, a diversidade que se inscreve na unidade [...] (MORIN, 2001, p. 57 apud Eliane)

    Na busca por uma mudança na área educacional, à interdisciplinaridade é imprescindível no processo de se trabalhar a diversidade cultural.

    Há uma série de práticas imediatistas e mecânica no interior da escola por falta de entendimento por parte dos professores em relação à interdisciplinaridade e muitos tem dificuldades em traduzi-la em prática concreta e fundamentada.

    É preciso entender, também, que o conhecimento interdisciplinar não se restringe à sala de aula, mas ultrapassa os limites do saber escolar e se fortalece na medida em que ganha a amplitude da vida social. Nesse sentido a interdisciplinaridade estimula a competência do educador, apresentando-se como possibilidade de reorganização do saber para a produção de um novo conhecimento.

Pluralidade cultural nas aulas de Educação Física Escolar

    Nas aulas de educação física escolar comumente se observa à predominância de conteúdo esportivo, o que acaba por reduzir o universo da cultura corporal ao contexto do esporte, mais comumente os praticados em quadra: futsal, basquete, vôlei e handebol. Tal ocorrência reduz ou até elimina o acesso dos alunos ao contato com outras práticas corporais, como jogos, brincadeiras, danças e lutas, inclusive provenientes de diferentes povos. Como por exemplo, a dança afro, que pode ser inserida nas aulas de Educação Física, sem ferir os preceitos religiosos.

    Diante da diversidade de culturas é de competência do professor ter claros os objetivos e resultados que pretendem alcançar com uma atividade para que os alunos tenham as mesmas oportunidades, mas com estratégias diferentes. O trabalho diversificado envolve atividades realizadas em grupos ou individualmente previamente planejadas ou de livre escolha por aluno e/ou professor. Salientando, que diversificar não significa formar grupos homogêneos com as mesmas dificuldades, mas a diversidade existente no grupo favorecerá a troca de experiência e o crescimento de cada um. Para compreender seu desenvolvimento é preciso considerar o espaço em que elas vivem a maneiras que constroem significados.

    Diante dessa situação e entendendo a Educação Física como um dos componentes curriculares que pode e deve contribuir para apresentação, diálogo e reflexão acerca da temática pluralidade cultural. É nesta perspectiva que deve possibilitar aos universitários os conhecimentos das influências na realidade escolar desde alunos com o conteúdo programado.

O educador físico e o corpo

    O futuro profissional de educação física, em sua prática docente, tem o papel fundamental de agir como mediador no processo de ensino aprendizagem utilizando do corpo, suas ações e expressões como ferramenta no desenvolvimento social, cognitivo, motor e afetivo do aluno.

    Para tanto, é preciso que este universitário desde já, seja capaz de enxergar esse corpo como um fenômeno cultural e histórico, deixando de lado suas preferências pessoais e principalmente seus preconceitos tendo uma visão corporal e social holística do aluno.

    Vargas (1995) evidencia que a característica humana é delineada pela sociedade e acrescenta que é no grupo que o movimento humano é adjetivado de valores. Logo, para se trabalhar com o corpo deve-se compreender o meio onde aquele corpo está inserido e entender as intenções que se escondem por detrais de cada ação daquele corpo, intenções estas construídas nos meios sociais e resultantes da cultura local.

     É através do corpo, do movimento, da ação que o aluno se expressa, deixando muitas vezes evidente sua intenção, a “tribo” a qual pertence, sua religião e suas crenças. Interpretar esses sinais dá ao universitário que irá trabalhar diretamente com esta situação, o poder de entrar na cabeça do seu aluno, entendendo a origem de suas ações, facilitando assim qualquer processo de intervenção educacional.

Metodologia

    Nossa pesquisa se caracteriza como uma pesquisa descritiva (ex-post-facto), sobre pluralidade cultural, sendo o público alvo os formandos de licenciatura dos últimos períodos de Educação Física, tendo está pesquisa um número de 20 alunos da Universidade Castelo Branco, localizada no bairro de Realengo-RJ. O critério da escolha da escola foi à acessibilidade e reciprocidade para os componentes do grupo, assim realizou-se a pesquisa com os alunos da universidade com o propósito de desenvolver de forma lúdica o tema abordado.

    A intervenção do evento teve início com um questionário com perguntas mistas sobre grau de pluralidade em cada aluno. As observações foram percebidas pelo grupo, sendo visualizados os comportamentos, envolvimentos com o trabalho que os alunos faziam durante o evento realizado na semana de Educação Física da Universidade, com participação de alguns docentes da casa que se motivaram com o trabalho realizado. Os dados coletados aparecem, neste estudo, visualizados na forma de gráfico, os quais visam dar sistematicidade às informações obtidas, através das respostas aos questionamentos feitos sobre o conhecimento que eles obtêm e obtiveram durante o encontro.

    No decorrer do evento concretizaram-se com atividades apresentadas pelo grupo de capoeira “Fundação Capoeira” com o desafio de respeitar os diferentes grupos e culturas “Através dos Ritmos”, que compõem o povo brasileiro, incentivando o convívio entre diversos grupos e para a contribuição de um fator de enriquecimento cultural.

    O instrumento utilizado foram dois questionários mistos, o primeiro (pré-teste) com cinco perguntas objetivas para identificarmos o nível de pluralidade, o outro (pós-teste) com duas perguntas, para que fosse identificado se este já este apto a exercer o papel de docente plural em uma escola, que foi elaborado com auxilio de docentes.

Resultado e discussão

    Antes de responder o questionário foram definidas categorias que classificariam o grau de pluralidade de cada aluno: muito plurais são aqueles que estimam os diferentes grupos e culturas, parcialmente plurais são aqueles que têm perfil retraído, porém desperta interesse em descobrir diferentes manifestações culturais, pouco plurais são aqueles que discriminam e tem preconceito entre diferentes manifestações culturais, como o não reconhecimento do outro nem seu direito de ser diferente e igualmente humano.

    No primeiro gráfico, vemos um número grande de entrevistados com um considerável conhecimento cultural que evidencia sua postura plural. Por serem universitários dos últimos períodos, estes manifestaram um esperado interesse pelo movimento, ainda que muitos ficassem meio despersos. Durante a oficina de capoeira de origem africana, foram passados também conhecimentos prévios sobre os ritmos influentes no cotidiano de muitos alunos como o samba e o funk. Ao termino do evento, observou-se o claro conhecimento cultural dos entrevistados, como visto no segundo gráfico.

Pré - teste

Figura 1. Índice de pluralidade cultural no início do evento

 

Pós-teste

Figura 2. Índice de pluralidade cultural no final do evento

    É satisfatória a melhora no grau de pluralidade. O interesse deles pela variedade dos estilos também aponta uma mudança, de um modo geral, no comportamento plural do público, afim de que se percebe diretamente o conhecimento e o interesse destes universitários pelo tema transversal presente.

Consideração final

    Através da realização do trabalho o grupo pode observar o quanto é notório a pluralidade cultural presente no nosso dia-a-dia, e que muitos docentes não enfatizam esta questão.

    Para tal, esta pesquisa vem com propósito de alertar aos futuros profissionais de Ed. Física, para que estejam dispostos a trabalhar com o tema transversal em suas aulas, já que este é de suma importância levar as crianças não só aprenderem as técnicas, mais criá-los para que sejam cidadãos menos preconceituosos e mais exploradores de culturas.

    Contudo verificou que através desta pequena intervenção que foi em realizado em curto prazo, os universitários do curso, foram relevantes quanto à mudança comportamental, ou seja, uma parte significativa dos entrevistados, já apresentou possibilidades de no futuro dar continuidade ao trabalho. Assim estaremos contribuindo para profissionais compromissados em desenvolver os PCNs em suas atividades discentes.

Referências bibliográficas

  • AUGUSTA, Degmar. O Papel da Instituição de Ensino em Face da Diversidade Cultural. Goiás: Editary, out de 2008.

  • BRASIL, Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural. Ensino de 5ª a 8ª série, Brasília/DF, 1997.

  • MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001.

  • PERRENOUD, Philppe. Pedagogia diferenciada: das intenções às ações. Porto Alegre: Artmed, 2000.

  • ROSARIO, et al. O desafio de trabalhar a Diversidade Cultural nas Escolas. Univen. Espírito Santo. Editary, Out de 2009.

  • SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução ás teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

  • VARGAS, A. Desporto, Fenômeno Social. Rio de Janeiro. Sprint, 1995.

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