efdeportes.com

Comparação da relação cintura-quadril entre 

praticantes de ginástica localizada e Power Jump

Comparación de la relación cintura-cadera entre practicantes de gimnasia localizada y Power Jump

 

Acadêmicos do quarto ano de Graduação em Educação Física

da Universidade Estadual do Centro-Oeste campus de Irati

Setor de Ciências da Saúde

Irati – Paraná

(Brasil)

Watuzzy Yasmin Lyz Taylor Maylan Rovêa*

Larissa Alcântara Pinto Galiano**

Mariely Lukasievicz***

Jorge William Pedroso Silveira****

watuzzyy@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Com a incessante busca feminina pelo dito “corpo perfeito”, acaba lotando as academias de ginástica e recentemente de Power jump; o objetivo deste estudo foi comparar qual destas práticas apresenta melhores resultados no que diz respeito ao acúmulo de gordura abdominal. Para a Circunferência da Cintura (CC) utilizou-se o protocolo proposto por Callaway et al. (1991), a saber, o avaliado em pé com abdômen relaxado, os braços descontraídos ao lado do corpo, a fita colocada horizontalmente no ponto médio entre a borda inferior da última costela e a crista ilíaca; as medidas foram realizadas com a fita firme sobre a pele; todavia, sem compressão dos tecidos. Foi utilizada uma fita métrica flexível com precisão de 01 mm. Para a circunferência do quadril (CQ), a fita métrica foi colocada horizontalmente em volta do quadril na parte mais saliente dos glúteos. A Relação Cintura – Quadril (RCQ) é obtida pelo quociente entre a CC e a CQ. Porém, os resultados obtidos por estas avaliações, surpreenderam pelo fato de que mesmo praticando atividade física regularmente, as 22 mulheres integrantes do estudo com média geral de 36,07 ± 10,8 anos para as praticantes de Ginástica Localizada e 26,87 ± 5,57 anos para as praticantes de Power jump da cidade de Irati com pelo menos um ano de prática, apresentaram RCQ com aproximadamente 92% dos índices gerais acima do patamar Moderado, aparentemente considerado relacionado á uma saúde indicada, pelo que pode-se concluir que as práticas não interferiram diretamente na perda da gordura infra-abdominal.

          Unitermos: Relação cintura-quadril. Ginástica localizada. Power Jump. Saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Com a virada para o século XXI, a preocupação estética em busca do “corpo perfeito” tem se tornado cada vez mais presente principalmente entre as mulheres, porém, a relevância deste junto à saúde faz com que aumente cada vez mais a busca por atividades aeróbicas nas academias; lotando as aulas de Ginástica Localizada e de Power Jump afim de perder peso e delinear o corpo; compondo uma silhueta bem definida e correspondente aos padrões de beleza impostos pela sociedade.

    Segundo De Paoli (2002), o gasto médio de uma aula de Ginástica Localizada, medido por meio de calorimetria indireta, vai depender diretamente das seguintes variáveis: intensidade da aula, carga utilizada, ritmo (em BPM), e peso corporal do praticante. Porém, com o uso de um analisador metabólico, chegou-se a uma média entre 350 a 500 kcal/hora. Enquanto, Power Jump é um programa de ginástica em grupo que utiliza o mini-trampolim como equipamento para realizar o trabalho cardiovascular. Caracterizado por movimentos motivadores, de execução simples e muita descontração com gasto calórico de até 700 K/cal por hora de prática.

    Segundo Guedes e Guedes (1998), a monitorização da quantidade de gordura corporal e da prática da atividade física tem recebido grande notoriedade em aspectos relacionados à promoção da saúde, não apenas por suas ações isoladas na prevenção e no controle das doenças cardiovasculares, mas também, por induzirem alterações desejáveis em outros fatores de risco, sobretudo, nos níveis de lipídios plasmáticos e de pressão arterial.

    Ainda citando De Paoli (2002), “toda atividade física de alta intensidade proporciona queima calórica. Entretanto, a fonte energética predominante durante a aula de Ginástica Localizada é a glicolítica. Portanto, esta atividade proporciona grande queima calórica, mas não necessariamente grande queima de gordura, devido ao fato de estar diretamente dependente da dieta alimentar”. Baseado nisso, o objetivo deste estudo foi evidenciar em qual atividade há maiores indícios de promoção de saúde; para tal se faz necessária a análise da distribuição da gordura corporal (GC).

    A antropometria é um dos métodos de avaliação da composição corporal, sendo definida como: “a ciência que estuda a mensuração do tamanho, peso e das proporções do corpo humano” (POLLOCK et al, 1986). Já a Organização Mundial de Saúde indica o uso da antropometria para a vigilância dos fatores de risco das doenças crônicas. Além do peso e da altura, recomenda a medida da cintura e do quadril como forma de avaliar a deposição da gordura abdominal (WHO, 1995). Para avaliar a distribuição de gordura corpórea, estudos epidemiológicos utilizam, desde a década de 70, a relação cintura-quadril (RCQ), obtida pela divisão dos perímetros da cintura (cm) e do quadril (cm) (MACHADO & SICHIERI, 2002), obtendo assim a quantificação da gordura abdominal, fator determinante em doenças viscerais, já que está muito próxima de órgãos cruciais para o ser humano; “... Estudos prospectivos mostram que a gordura localizada no abdômen é fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cânceres, como o de mama, de ovário e de endométrio (FOLSON ET AL, 1990). A distribuição de gordura corporal tem forte determinação genética, mas fatores como sexo, idade, e outros comportamentais, como tabagismo e atividade física, podem ser determinantes. A menopausa tem sido também associada a maior acúmulo de gordura no abdômen, assim como a escolaridade (MACHADO & SICHIERI, 2002).

    Segundo Björntorp (1997), a medida da cintura é o melhor indicador da massa adiposa visceral, estando fortemente relacionada com as doenças cardiovasculares ateroscleróticas, enquanto que a relação cintura/quadril, que contém a medida da região glútea com numerosos tecidos musculares, principais reguladores da sensibilidade à insulina sistêmica, está mais fortemente associada à resistência à insulina.

    O objetivo presente nesse estudo foi determinar através de uma análise antropométrica em 22 mulheres, sendo 14 praticantes de Ginástica Localizada e 08 de Power Jump com pelo menos um ano de prática em uma academia de musculação de Irati – PR com média de idade de 36,07 ± 10,8 anos para as praticantes de Ginástica Localizada e 26,87 ± 5,57 anos para as praticantes de Power jump; quem tem os melhores índices de Relação Cintura-Quadril (RCQ), relacionados á saúde.

Metodologia

    O estudo realizado foi do tipo quantitativo, experimental de corte transversal realizado com mulheres adultas, praticantes de Ginástica Localizada e de Aerojump em uma academia de musculação com sessões as segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras, no turno vespertino na cidade de Irati/Paraná. Levando em conta os tais critérios, obteve-se um total de 26 participantes (n = 26). O estudo é um comparativo com 13 mulheres que praticam Ginástica Localizada, com média etária de 36,07 anos com outras 13 praticantes de AeroJump, com média de 26,87 anos. Todas as participantes da pesquisa começaram suas práticas á pelo menos um ano, cada grupo pratica uma três vezes por semana.

    As avaliadas foram submetidas á uma avaliação antropométrica considerando as medidas de circunferência da cintura (cm) e do quadril (cm) dividindo a primeira pela segunda, obtendo-se assim a Relação Cintura – Quadril (RCQ) e classificando-a de acordo com a tabela Applied Body Composition Assessment (1996) de referência desta medida quanto á saúde, tomando por base o patamar Moderado como relativo á manutenção desta.

    Na verificação do perímetro da cintura, utilizou-se o procedimento descrito por Callaway et al. (1991), a saber, o avaliado em pé com abdômen relaxado, os braços descontraídos ao lado do corpo, a fita colocada horizontalmente no ponto médio entre a borda inferior da última costela e a crista ilíaca; as medidas foram realizadas com a fita firme sobre a pele; todavia, sem compressão dos tecidos. Foi utilizada uma fita métrica flexível com precisão de 01 mm. Para perímetro do quadril, foram seguidos os mesmos passos descritos por Callaway et al. (1991); onde a fita métrica foi colocada horizontalmente em volta do quadril na parte mais saliente dos glúteos. Os perímetros de cintura e quadril possibilitaram a construção do RCQ, obtido pelo quociente entre o CC e o perímetro do quadril.

    Foi garantido ás alunas, o direito de não participarem ou a possibilidade de abandono em qualquer momento da pesquisa. O nome das pessoas que participaram da amostra será mantido em sigilo. Durante a realização dos testes foram tomados todos os cuidados previamente necessários para a sua realização.

Resultados e discussões

    Os resultados obtidos entre as praticantes de Ginástica Localizada (tabela 01) apresentam média de idade entre as participantes de 36,07 ± 10,8 anos um índice de RCQ de 0,87 ± 0,1 apresentando dados preocupantes, já que apenas 14,2%, ou seja, 02 mulheres estão exatamente no índice moderado, deixando 85,6% em estado de risco, estando em níveis prejudiciais á sua saúde; enquanto isso, as praticantes de power jump apresentaram (tabela 02) 26,87 ± 5,57 anos, colocando 100% das avaliadas no grupo de risco já que apresentam média de 0,87 ± 0,13 (RCQ), sendo que 80% delas encontra-se no patamar “Muito alto” apresentando graves indícios de propensões á doenças cardiovasculares de acordo com a Applied Body Composition Assessment (1996) (tabela 03).

Tabela 01. Índices de RCQ obtidos em praticantes de Ginástica Localizada

Indivíduo

Idade (anos)

CC (cm)

CQ (cm)

RCQ

Classificação

01

35

90

107

0,84

Alto

02

40

78,5

102

0,77

Moderado

03

36

91,5

104

0,88

Muito alto

04

23

88

102,5

0,86

Muito alto

05

45

95

123

0,77

Moderado

06

20

83,5

98,5

0,85

Muito alto

07

20

79,5

97

0,82

Alto

08

28

89,5

104,5

0,85

Muito alto

09

50

99

110

0,90

Muito alto

10

35

104

113,5

0,91

Muito alto

11

43

89,5

104

0,86

Alto

12

28

96

82,5

1,16

Muito alto

13

55

81

102

0,79

Moderado

14

47

105

103

1,02

Muito alto

Média

36,07

90,64

103,82

0,87

-

CC = Circunferência da cintura; CQ = Circunferência do quadril e RCQ = Relação Cintura - Quadril

 

Tabela 02. Índices e classificação da RCQ em praticantes de Power Jump

Indivíduo

Idade (anos)

CC (cm)

CQ (cm)

RCQ

Classificação

01

20

84

100

0,84

Muito alto

02

24

77

94

0,82

Alto

03

35

90

101

0,89

Muito alto

04

28

94,5

106

0,89

Muito alto

05

20

78

93

0,84

Muito alto

06

23

101

111

0,91

Muito alto

07

33

77

93

0,83

Alto

08

32

98,5

105

0,94

Muito alto

Média

26,87

87,5

100,4

0,87

-

CC = Circunferência da cintura; CQ = Circunferência do quadril e RCQ = Relação Cintura - Quadril

 

Tabela da Relação entre  a Cintura e o  Quadril classificação de riscos para mulheres

Idade  

Baixo  

Moderado  

Alto  

Muito Alto

20 á 29  

  < 0,71  

0,71 á 0,77  

  0,76 á 0,82  

  > 0,82  

30 á 39  

< 0,72

0,72 á 0,78  

  0,79 á 0,84  

> 0,84

40 á 49  

< 0,73

0,73 á 0,79  

0,80 á 0,87

  > 0,87  

50 á 59  

 < 0,74  

0,74 á 0,81  

0,82 á 0,88

> 0,88

60 á 69  

 < 0,76  

0,76 á 0,83  

  0,84 á 0,90  

> 0,90

    Pelo fato de que existem poucos trabalhos na área já que são práticas recentes, a discussão fica um tanto defasada, porém em relação à busca pela estética, pode-se buscar referenciais históricos como Tubino (1992) apud Perrotto (2005), que cita como “é importante destacar os egípcios, que segundo o historiador grego Heródoto praticavam ginástica, porém foi na civilização grega, entretanto, que as atividades físicas foram reconhecidas como historicamente importantes”. Para Perretto (2005), os métodos utilizados na Ginástica Localizada sofrem influência da proposta metodológica calistênico. A importância desta prática segundo Pereira (1988), tem a ver com “a manutenção da capacidade funcional por mais tempo, atrasando o relógio biológico” usufruindo ainda mais de tudo de bom que a vida cotidiana oferece.

    Ainda citando Perretto (2005): “A melhoria da condição física durante a prática da ginástica localizada é inegável. Todos os autores são unânimes em afirmar que sob todos os aspectos a ginástica localizada ou o exercício físico é favorável”.

    Porém, os resultados não foram satisfatórios; os dados obtidos expuseram um alto índice geral de RCQ em ambas às práticas (tabela 04), ainda que a amplitude de idade entre as participantes seja de 35 anos (<55; >20) os resultados apresentaram coesão o que se torna preocupante principalmente nas adultas jovens; já que a predisposição de gordura é gradativa, o que sugere um futuro com possíveis patologias relacionadas a esta variável.

Tabela 04. Dados estatísticos, referentes á RCQ entre as duas práticas

Prática

μ idade

DP idade

μ RCQ

DP RCQ

Ginástica Localizada

36,07 anos

10,80 anos

0,87

± 0,10

Power Jump

26,87 anos

5,57 anos

0,87

± 0,13

    Estes dados vão ao encontro dos resultados obtidos por Perrotto (2005) que relata: “que as mulheres mesmo praticando atividade física regularmente, não obtiveram resultados relevantes nesta variável de extrema importância”; do mesmo modo as avaliadas do presente estudo apresentam índices preocupantes já que o RCQ é o apontador considerado na predição de doenças coronárias.

Conclusão

    Após mensurar a Circunferência da Cintura (CC) e do Quadril (CQ) calculando assim a Relação Cintura – Quadril (RCQ); para assim poder predizer qual prática física, Ginástica Localizada ou Power Jump proporciona melhores níveis desta variável, pode-se dizer que apesar da prática regular das duas atividades; as mulheres que as freqüentam não apresentaram bons índices de acúmulo da gordura abdominal estando predispostas á patologias como afirma Heyward (2000) propondo que “essas medidas estão fortemente associadas à gordura visceral e parecem constituir-se em índices aceitáveis de gordura infra-abdominal”. Porém, como afirma Costa e Rodrigues (2008), as mulheres querem alcançar certo padrão que para algumas é inatingível; isso sugere estudos longitudinais que controlem não só a prática física enquanto perda de peso, como também a nutrição e o histórico clínico das avaliadas.

Referências bibliográficas

  • Applied Body Composition Assessment, 1996 em www.saudeemmovimento.com.br, acessado em 27 de novembro de 2009, as 23:03 horas.

  • BJÖRNTORP P. Body fat distribution, insulin resistance, and metabolic diseases. Nutrition; 13:795-803, 1997.

  • CALLAWAY CW et al. Circumferences. Anthropometric standardization reference manual. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R, editors. Champaign: Human Kinetics Books; p. 44-5, 1991.

  • COSTA RMS & RODRIGUES AMS. Técnicas corporais e mídia: a mulher em busca da beleza. In. Anais do III Encontro de Educação Física e Áreas afins, Universidade Federal do Piauí, 2008.

  • DE PAOLI, M.: O Custo Energético de uma aula de ginástica localizada avaliada por meio de calorimetria indireta. Dissertação (Mestrado em aspectos morfofuncionais relacionados à atividade física e saúde) - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2002.

  • FOLSON AR et al. Increased incidence of carcinoma of the breast associated with abdominal adiposity in postmenopausal women. Am J Epidemiol; 131:794-803, 1990.

  • GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Body fat distribution, blood pressure and plasma lipids and lipoprotein levels. Arq. Bras. Cardiol; vol.70, no.2, p.93-98, Feb. 1998.

  • HEYWARD VH, STOLARCZYK LM. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole, 2000.

  • PEREIRA, FM. Dialética da cultura física. São Paulo. Ed.: Ícone, 1988.

  • PERRETTO, TM. Análise Comparativa das variáveis na composição corporal em mulheres praticantes de ginástica localizada. Uniandrade Rev. Eletrônica de Educ. Física, v. 2, 2005.

  • POLLOCK, M.L.; WILMORE, J.H.; FOX III, S.M. Exercícios na Saúde e na Doença – Avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. Editora MEDSI, Rio de Janeiro, RJ, 1986; pp. 213, 229, 235-240.

  • WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO. Report of a WHO Expert Committee. WHO Report Series 854; 1995.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 153 | Buenos Aires, Febrero de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados