efdeportes.com

Afetividade na relação professor-aluno

La afectividad en la relación profesor-alumno

 

*Licenciado em Educação Física

pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educação Física pela Unicamp

Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

Eduardo Pedro Rodrigues *

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desta pesquisa foi analisar a influência da afetividade nas aulas de educação física tendo como foco, o papel do professor na relação com os alunos. A pertinência do estudo mostra-se necessário devido às freqüentes dúvidas com respeito ao coeficiente de influência das ações afetivas do professor sobre o processo de aprendizagem dos alunos no âmbito da escola. O presente trabalho trata na primeira parte de como se processa a afetividade no ensino aprendizagem e como o relacionamento entre discentes e docentes interferem no desenvolvimento do ensino e no processo de aprendizagem. Em seguida os assuntos discutidos são as facetas de apresentação da afetividade nas aulas de educação física e as manifestações mais visíveis da mesma. Por fim se apresenta os resultados e a análise de uma pesquisa de campo, que foi realizada com alunos do ensino fundamental I de uma escola particular do município de Hortolândia. Pretendeu-se com esse trabalho levar a uma reflexão sobre a importância das manifestações afetivas junto às relações professor-aluno nas aulas de educação física escolar.

          Unitermos: Afetividade. Educação Física. Relação professor-aluno.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Discutir o tema afetividade apresenta um amplo grau de dificuldades. Debatida ao longo de muitos anos das mais variadas formas, nos mais diversos âmbitos da sociedade, entre eles a educação, permanece o imutável dilema entre razão x emoção. Esta dualidade historicamente estabelecida preocupa-se em explicar a relação que estabelecida entre afetividade e o intelecto.

    A afetividade é uma condição indispensável de relacionamento do homem com o mundo, as relações humanas ainda que complexas são elementos fundamentais na concretização comportamental de um indivíduo. Desta forma, ao efetuarmos uma análise dos relacionamentos entre professor/aluno devemos nos atentar aos itens fazem essa relação uma relação tão significativa na construção do ser humano como ser social-afetivo. Apesar de não se tratar da única mediação relacional onde ocorre ensino e aprendizagem, a relação entre docente/discente é ou pelo menos deveria ser a que melhor revelasse a essência do que é educação.

    Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente o bastante para participar de maneira ativa nas aulas. O gosto pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois o conceito de aprender geralmente não é entendido como uma satisfação, sendo em algumas vezes entendido por obrigação.

    Sendo assim a relação entre professor-aluno depende fundamentalmente do ambiente estabelecido pelo professor, da relação de empática dele com seus alunos, da capacidade de se interessar por eles, dando carinho e atenção fazendo dessa relação pontes entre o seu conhecimento e o deles.

Afetividade no ensino aprendizagem

    De acordo o dicionário Bueno (2000, p.33) entende-se por afetividade, qualidade do que é afetivo; afeição; carinho. Segundo Andreazza (1997) etimologicamente “a palavra afetivo decorre do latim affectus, que significa capaz de sentimento ou emoção”. Para Cabral e Nick (1999), o afeto é qualquer espécie de sentimento e (ou) emoção associada à idéia ou a complexos de idéias. “A afetividade é o território dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transita os medos sofrimentos interesses, alegrias” (FREIRE, 1997, p.170).

    Quando falamos em afetividade devemos levar em consideração as emoções, elas são expressões da vida afetiva, são acompanhadas de reações breves e intensas do organismo em resposta de uma situação inesperado. Para Damásio (2000) é o “conjunto complexos de químicas e neurais determinadas biologicamente e dependentes de mecanismos cerebrais”. As emoções podem ser as mais diversas, raiva, medo, tristeza, alegria, entre outras. Podem ser fortes, fracas, passageiras duradouras e podem mudar com o tempo, fazendo com que uma coisa que nunca nos emocionou passe a nos emocionar. Uma mesma reação pode expressar emoções diferentes, exemplo: podemos chorar de tristeza ou de alegria. De acordo com as emoções que temos, diante de cada situação, podemos avaliar melhor o que nos acontece.

    As emoções têm uma função adaptativa e também podem ser entendidas como uma possibilidade de linguagem, na medida em que podemos dizer ao outro o que sentimos, através delas. Para Damásio (2000) as emoções usam o corpo como teatro. Desta forma, podemos entender emoção como um estado interno do organismo, e tem um papel regulador flexível no funcionamento do corporal e psíquico do ser humano. Emoções como alegria, raiva, angústia e culpa são elementos bioreguladores que bem desenvolvidos podem melhorar nosso bem estar e sobrevivência.

    Na concepção de Capelatto (2006) “a afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar”. O autor ainda complementa afirmando que a afetividade é a mistura de todos esses sentimentos e aprender a cuidar adequadamente de todas essas emoções é que vai proporciona ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada.

Relações professor-aluno no processo de ensino aprendizagem

    Segundo Simões (2003), a atividade de docente é magnânima. O professor do terceiro milênio exige-se muito mais do que em qualquer época, vocação, competência e aptidões emocionais, habilidade e consciência pessoal e relacional para possibilitar o desenvolvimento cognitivo de seus alunos.

    A escola é um ambiente facilitador de bons relacionamentos e conseqüentemente promotora do sucesso de aprendizagem. Para Delval (2001) a escola possibilita que a criança interaja com outra criança, “essa interação é muito importante para o desenvolvimento infantil, pois promove a cooperação, a possibilidade de colocar-se no ponto de vista do outro”, a criança aprende muito com a interação com outras crianças e com os adultos (os professores). Para haver uma boa interação, é necessária a união de dois pólos (professor e aluno), e são justamente estes dois componentes que definirão o ambiente deste relacionamento.

    Para Seixas (2004), quem se decide por ser um educador, a ele é imposta uma enorme responsabilidade ao estar frente dos alunos, como professores e como pessoas que exercem influência, visto que desta forma seremos seguidos e imitados por eles. A qualidade dessa relação irá influenciar de forma positiva ou negativa o processo de ensino-aprendizagem, bem como as vivências pessoais que se constituirão nas bases da identidade pessoal dessa criança em formação.

    O professor está incumbido de estabelecer uma mediação entre o aluno e o conhecimento de maneira atuante e prazerosa, pois é nessa relação que o aluno deve adquirir a maior gama de conhecimento de forma que possa aplicá-la na sua vida futura. Para tanto o professor, segundo Antunes (1996), precisa se comprometer com as mudanças em suas ideologias e formas de pensar ultrapassadas, que traz vestígios de uma pedagogia que apenas deposita conhecimento nos alunos, desconsiderando os aspectos afetivos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

Influências da afetividade na aprendizagem

    Toda criança desde o início de seu desenvolvimento sofre influência do meio onde estão inseridos, mas em especial de três instituições ou grupos sociais que são: a família, a igreja e a escola. Segundo Delval (2001), desde o princípio a criança aprende através da observação de indivíduos mais velhos, podendo ser seus pais, professores outra pessoa. Essa característica de aprendermos e ensinar de maneira sistêmica e exclusiva do ser humano, o que o torna-nos seres sociais. Esse atributo nos permite apropriarmos de conhecimento de gerações anteriores e não iniciarmos do zero. Compactuando com essa ideologia Freire e Scaglia (2003, p.15) “aprender seria a condição fundamental para a vida. Considerando que o meio em que vivemos não é natural, mas cultural, e que a cultura humana se altera a cada instante, precisamos, dar conta de viver nele e aprender permanentemente”.

    Temos duas divisões básicas da educação, são elas: A educação formal que é ministrada em instituições de ensinos, escolas etc. E a educação informal que pode ocorre em ambiente os mais variados possíveis a igreja, o lar, a rua. Sendo que ambas tem sua importância, suas responsabilidades e peculiaridades intransferíveis. (CHALITA, 2001, p.17) afirma que “por melhor que seja uma escola, por mais bem preparados que estejam seus professores, nunca a escola suprir a carência deixada por uma família ausente [...]”

    A família tem a função de sociabilizar e estruturar os seus filhos, proporcionando experiências a fim de estabelecer relações com a sociedade de modo geral por meio de sua vivência afetivas.

    Segundo Almeida (1999), a inserção da criança no ambiente escolar marca o começo de uma nova etapa ciclo de vida, que exigirá uma série de adaptações, semelhante ao ocorrido no momento do nascimento no fim do ciclo fetal.

    No ambiente escolar a criança sofre uma transformação radical na sua forma de pensar antes o conhecimento era assimilados de modo espontâneo, a partir das experiências diretas das crianças. Em sala de aula, ao contrário, existe uma intenção previa de organizar situações que propiciem ao aprimoramento dos processos de pensamentos e da própria capacidade aprender.

    Segundo Galvão (apud Silva 2007) existem cinco estágios do desenvolvimento em fases com predominância afetiva e cognitiva, onde o ritmo de desenvolvimento é descontínuo e deslinearmente, caracterizado por ruptura, retrocessos e mudança repentina, provocando profunda mudança a cada etapa passada. Os cinco estágios são:

  1. Impulsivo-emocional. Vai do nascimento até o primeiro ano de vida. Marcado principalmente pela predominância afetiva que norteia as primeiras reações do bebê com as pessoas, as quais intercedia sua relação com o mundo;

  2. Sensório-motor e projetivo. Até os três anos. A aquisição da marcha e da prensão, dão à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. No mesmo, período ocorre o surgimento da linguagem e o desenvolvimento da função simbólica. (O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento necessitar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental “projeta-se” em atos motores);

  3. Personalismo. Dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;

  4. Categorial. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior;

  5. Predominância funcional. Ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às mutações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são forte e evidente nesse estágio.

    Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de atividades e de interesses da criança, denominada de “alternância funcional”, onde cada fase dominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e diferenciação.

Educação Física, afetividade e aprendizagem

    Existe um grande desafio ao docente no que diz respeito ao seu encargo com os elementos imprescindíveis envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A faceta de ensinar deveria ser analisada de duas formas “o que se ensinar” e “de que maneira se ensinar”, essa forma de se entender o processo ensino-aprendizagem tem feito o sistema educacional agir de forma mais coerente ao desenvolvimento de seu público alvo.

    Para Freire e Scaglia (2003), é necessário respeitar as particularidades específicas de cada faixa etária, tratar a criança da forma que ela é.

    Freire e Scaglia (2003), referindo-se ao ser humano e suas característica afirmam que:

    Somos, portanto, animais com extremo talento para aprender. [...] a herança genética ao contrário do que ocorre com outro animal não dá conta de prover o ser humano de todo o conhecimento necessário à vida. Não é instinto que nos guia, mas o conhecimento que podemos construir e acumular ao longo de nossa existência. Tudo indica que nascemos para aprender. Considerando que o meio em que vivemos não é natural, mas cultural, e que a cultura humana se altera a cada instante, precisamos, dar conta de viver nele, aprender permanentemente (FREIRE e SCAGLIA, 2003, p.15)

    Então aprender seria uma condição fundamental para a vida humana, e sendo assim como tornar a educação eficiente e prazerosa? Nista-Piccolo (1995), diz que o professor deve sempre ter em mente a intenção de promover atividades, que possibilite experiências desafiantes e motivadoras que permita interação, sempre encorajando aluno a participar. Desta forma o aprendizado será mais intenso e efetivo. Apropriando-se de tais estratégias para a aplicação das atividades, podemos ampliar o desempenho individual dos alunos.

    Se aprender é uma necessidade do ser humano, e se aprendizagem organiza-se por um sistema dinâmico onde ocorrem interações e interpelações humanas, qual seria e como seria a forma mais eficiente de alcançar o nível satisfatório de aprendizagem?

    Freire e Scaglia (2003), respondem essa indagação afirmando que a apropriação do lúdico como estratégia de ensino é forma mais eficiente de aprendizagem para criança.

    Girardi (1995), afirma que o corpo é uma unidade na qual não há fragmentação nem secção de partes […], “não há corpo separado da mente e não existe mente sem que houvesse corpo” (NISTA-PICCOLO, 1995, p.77). No entender Freire (1997, p.13), “o corpo e a mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo”. E Girardi (1995), completa afirmando que “Viver o corpo sem separá-lo da mente é vier intensamente, por completo” (p.76).

    Mattos e Neira (1999) defendem uma educação pelo movimento, desta forma integram-se os fenômenos motores, intelectuais e afetivos. Uma forma diferente de se ver o movimento, não mais uma ação harmoniosa com sincronismo entre músculos, tendões e nervos, mas também e principalmente pensar e sentir o movimento com o “coração e a cabeça”. Nessa maneira de se entender a educação e o corpo como objeto educável, o movimento passa a ser pensando, estudado refletido e planejado, deixa de ser apenas uma ação realizada sem fundamentação. Movimento se constitui a forma fundamental de expressão e as mais utilizadas pelas crianças nas séries inicias.

    Desta forma não podemos negligenciar a importância da corporeidade como conteúdo a ser trabalhado no âmbito escolar. Freire e Scaglia (2003) acreditam em uma educação de corpo inteiro, que possibilite integrar ao processo educacional as ações corporais. Se assim não fora a colocação um tanto quanto irônica de Freire (1996), tem a plena razão ao afirmar que os alunos matriculam a cabeças nas escolas e não seu corpo. Se fosse desta forma deveria haver duas matricula uma direcionada ao corpo e outra a cabeça.

    Freire e Scaglia (2003), afirmam que é necessário pensar uma educação de corpo inteiro, “para tanto a educação não deve voltar-se só à inteligência racional, mas também às emoções aos sentidos estéticos, à moralidade, à motricidade, à sociabilidade e à sexualidade e continua outra proposta é incorporar a necessidade de se educar os sentidos [...] ensinar a ouvir, cheirar, saborear e tocar é tão possível como ensinar química” (FREIRE e SCAGLIA 2003, p. 9).

Materiais e métodos

    Essa foi uma pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição cientifica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno. A pesquisa de campo teve caráter qualitativo e descritivo.

Características da amostra

    Foram entrevistadas 58 crianças, 23 meninos 35 meninas, aluno do 5º ano do ensino fundamental I de uma escola particular da Cidade de Hortolândia.

Objetivo

    O objetivo principal foi analisar o grau de influência exercido pelas manifestações afetivas, nas aulas de educação física escolar.

Instrumentos de avaliação

    Como instrumento de coleta foi aplicado um questionário contendo sete perguntas abertas para os 58 alunos. Foi obtido o Consentimento Livre e Esclarecido com a devida autorização dos respectivos responsáveis para a realização da pesquisa, que concordaram em participar livremente na realização da mesma.

Coletas de dados

    Para a coleta de dados utilizamos um instrumento próprio, um questionário elaborado para esta pesquisa. O questionário foi formulado partindo de inquietações próprias e necessidade de obtenção de dados referentes ao objetivo proposto, para sabermos se os elementos afetivos estavam sendo utilizados nas aulas.

Apresentações dos resultados

    A seguir apresentaremos os gráficos contendo as informações obtidas através do questionário aplicado:

Figura 1. De todos os professores(as) que você tem, qual você mais gosta?

    Nesta questão podemos visualizar que a maioria dos alunos gosta mais da professora de sala, seguidos pela professora de musicalização e depois pelas professoras de inglês e educação física.

Figura 2. Por que você gosta mais deste(a) professor(a)?

    Aqui podemos ver as qualidades do professor que as crianças mencionaram como sendo significativas a ponto de elas o escolherem como professor preferido. Qualidade de cunho afetivo como: amiga, amorosa, carinhosa, boazinha, legal teve a maior predominância, seguida pela qualidade de ensino.

Figura 3. Você gosta do (a) professor (a) de educação física?

    Esta pergunta foi criada para mensurar se as crianças gostavam do professor de educação física, e os resultados mostram que a grande maioria dos alunos gostava do professor de educação física.

Figura 4. O que você mais gosta no (a) professor (a) de educação física?

    Observamos que neste gráfico o que é mais ressaltado nos dados para as crianças em relação ao profissional de educação física é seu jeito de ser, que podemos interpretar como a forma que esse se expressa e trata seus aluno acompanhado pelo item brincadeiras, e os termos tudo e nada ficaram com a mesma pontuação.

Figura 5. O que você mais gosta nas aulas de educação física?

    Observamos nessa questão o que as crianças relataram que elas mais gostam nas aulas de educação física são as atividades lúdicas, depois os esportes (as modalidades esportivas que compõem a opção esportes estão: Natação, futebol, basquetebol e voleibol), e com um número bem menor aparece em terceiro lugar a opção outros, dentro desta opção encontra-se: os exercícios, a didática e as aulas livres (quando é atribuída a oportunidade dos alunos exercitarem seu direito de escolha, elegendo o que eles vão fazer naquela aula específica).

Figura 6. O que você não gosta nas aulas de educação física?

    Neste gráfico as respostas apresentaram variações menores em seus resultados, sendo as maiores incidências os ensaios de coreografias, logo em seguida aparecem quando a professora fica brava e como o terceiro mais citado aparece os esportes (dentro da opção esportes encontramos as modalidades esportivas de basquetebol, futebol e voleibol).

Considerações finais

    Diante desta pesquisa podemos considerar que a afetividade é elemento indispensável no processo de desenvolvimento humano, na constituição do ser humano como ser social, onde se processam as mais variadas relações entre o homem e o ambiente e o homem com ele mesmo.

    No vasto e complexo universo das relações, o relacionamento familiar ocupa um lugar de destaque, pois é a família, ou pelo menos deveria ser, o alicerce afetivo para relações posteriores. Não por se tratar da primeira inter-relação, mas pelo grau e proximidade afetiva que está inserida neste grupo, tamanha afabilidade que em alguns casos, quando se amplia a teia relacional com outros elementos que não pertencem ao contexto família, pode levar a um desconforto, algumas vezes conseqüências decorrentes do processo descentralização da atenção, outros pela redução ou insuficiência de manifestações afetivas. Esse processo ocorre com uma grande freqüência quando a criança entra no ambiente escolar. A ausência de carinho e atenção da família muitas vezes não são supridas nem mesmo amenizadas com o envolvimento na inter-relação com o professor. No entanto o educador deve não preocupar-se em realizar as funções que estão destinadas a família, por outro lado, não deve se eximir da responsabilidade de inserir afetividade como elemento indispensável em sua prática pedagógica, pois educar é um ato de amor.

    O tema apresentado neste trabalho tendo por respaldo a opinião de diversos autores e também as respostas obtidas através da pesquisa realizada mostra evidências que a afetividade tem uma grande influência no estabelecimento de um ambiente agradável, e de que modo a ausência das manifestações afetivas podem tornar o ambiente educacional muito frio e desinteressante.

    As respostas articuladas pelos alunos deixaram essa questão muito explícita, eles gostavam de brincar, jogar e de participar, mas entre o gostar e o realizar havia uma espessa barreira relacional que tornava a prática, por vezes vazia e sem motivação. A educação física é uma disciplina que gera prazer e na pesquisa realizada a grande maioria afirmou gostar de educação física, por outro lado a incidência dos alunos que gostava da professora de educação física foi bem menor.

    Na escolha da professora que os alunos tinham maior afinidade, a docente de sala pontua muito a frente dos demais professores, temos que considerar como ponto relevante que o tempo que permanece em contato é muito superior em comparação ao dos outros professores, conseguindo esta ter maior vínculo afetivo com seus alunos.

    Algumas observações interessantes feitas pelos alunos quanto a forma como a professora de educação física se dirigia ao adverti-los por algum incidente ocorrido. Os alunos relataram que ela falava muito alto com eles ou que a professora gritava muito. Essas ações vêm opor aos conceitos pregados por esses autores citados no decorrer do trabalho. O educador deve ter um olhar especial para com educando, pois os educandos constituem a razão pelo que recebemos o nome de educadores, e é para eles que trabalharemos dedicaremos tempo faremos esforços e boa parte de nossa curta vida. Quando o ensino tem por objetivo formar um cidadão completo, analisando o ser humano de corpo inteiro, alcança a forma mais complexa e perfeita que o ensino pode alcançar. Para tanto é preciso mudar a forma de pensar o homem, a maneira de se pensar o ensino e o modo de contextualizar o ensino a prática.

    É preciso repensar a prática educacional. Já é tempo de se estudar as relações existentes no âmbito da educação física com o olhar de um homem holístico, completo e de corpo inteiro. Pensar como empregar de maneira mais produtiva toda a complexidade do homem sócio-afetivo e cultural.

Referências bibliográficas

  • ANDREAZZA, Julio. Uma abordagem da afetividade entre professor e aluno nas aulas de educação física em escola de 2º grau. 1997. 97 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 1997.

  • ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional. 2. ed. São Paulo: Terra, 1996.

  • BUENO, Francisco da Silveira. Mini Dicionário Língua Portuguesa. São Paulo: FDT, 2000.

  • CAPELATTO, Ivan Roberto. O que é a afetividade. Disponível em: http://www.facaparte.org.br/new/download/capelato.pdf, Acesso em: 19 de outubro, 2006.

  • DAMÁSIO, António R. O mistério da consciência. São Paulo: Companhia das letras, 2000.

  • DELVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola . 1. ed. Porto Alegre, RS: ARTMED, 2001.

  • FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e pratica da educação física. São Paulo: Scipione, 1997.

  • FREIRE, João Batista; SCAGLIA Alcides José. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.

  • FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

  • MATTOS, Mauro G. de; NEIRA, Marcos G. Educação física infantil: Construindo o movimento na escola. Guarulhos: Phorte Editora, 1999.

  • NISTA-PICCOLO, Vilma L. (Org.). Educação física escolar: Ser... Ou não ter?. Campinas: Editora da Unicamp, 1995.

  • SEIXAS, Roberta Rodrigues de Oliveira Guimarães. O trabalho real com a afetividade na educação física: desafios e possibilidades. 67 f. Monografia (Graduação) - Curso de Educação Física, Departamento de Faculdade Adventista de Educação Física, Centro Universitário Adventista São Paulo, Hortolândia, 2004.

  • SILVA, Cassiane Schmidt. Afetividade e Cognição: A dicotomia entre “o saber” e o “sentir” na escola. Disponível em: http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/TL0013.PDF, Acesso em: 20 de Abril, 2007.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 153 | Buenos Aires, Febrero de 2011
© 1997-2011 Derechos reservados