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Imaginário enquanto fator de pluralidade cultural para graduandos

ingressantes no curso de Educação Física: uma abordagem reflexiva

El imaginario en tanto factor de pluralidad cultural para ingresantes al curso de Educación Física: un abordaje reflexivo

 

*Discente da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

** Discente da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

Licenciada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

***Co-orientador. Pós graduado em Elaboração

e Gestão de Projetos Sócio-Esportivos pela UCB/RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ

Diretor técnico do Instituto Muda Mundo

Pesquisador do LAPEM, da UCB/RJ; e do CUCA da UCB /RJ

****Orientador. Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB/RJ. Docente da UCB/RJ

Monique Camargo* | Carla Fernanda Belo*

Cristiane Dias** | Daniel Júnior*

Débora Taiane dos Santos* | Márcio Silva*

Diego Santos* | Maurício Fidelis***

mauriciofidelis@hotmail.com

Sérgio Ferreira Tavares****

sergiof.tavares@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          É inestimável a importância da temática transversal Pluralidade Cultural como componente da formação curricular de docentes da área de Educação Física, uma vez que essa figura cumpre junto à sociedade a função de expressão de produção cultural, em que pese o imaginário social e dos profissionais deste campo considerar constantemente o homem como ser exclusivamente biológico. Propondo a compreensão do imaginário dos graduandos ingressantes no curso em referência sobre tal esfera, bem como a importância deferida por eles à vertente Pluralidade Cultural, fundamentada em seus respectivos universos culturais, este ensaio busca a ampliação do repertório das manifestações multiculturais desse grupo focal, a partir de uma intervenção voltada à ótica do simbolismo para a produção do conhecimento.

          Unitermos: Pluralidade cultural. Educação Física. Imaginário. Simbolismo.

 

Abstract

          The importance of the cross-cultural plurality thematic is essential, as part of the curriculum of teacher training in the area of Physical Education, since that figure in society fulfills the function of expression and cultural production, suggesting the social imaginary and professionals from this field to constantly consider the man as being exclusively biological. Indicating the understanding of the undergraduates’s imaginary admitted to such course in this area, and the amount deferred by them to strand cultural Plurality, based on their own cultural background, this essay seeks to expand the repertoire of multicultural events of this group, bay starting from an intervention through the perspective of symbolism aimed to produce knowledge.

          Keywords: Cultural plurality. Physical Education. Imaginary. Symbolism.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Diversas são as vertentes que traduzem o conceito de Educação Física, desde uma prática tecnicista, higienista, até aquelas que abordam o elo em que esta faz com a prática cultural. Neste ensaio, buscamos compreender como esse conceito atua no imaginário dos graduandos ingressantes no curso de Educação Física e se os mesmos conseguem estabelecer uma relação do curso com dimensões culturais, afetiva, política e social.

    O presente artigo objetiva analisar a percepção do imaginário sobre a área em referência e a importância dedicada à vertente Pluralidade Cultural pelos graduandos ingressantes no curso de Educação Física na Universidade Castelo Branco, do campus Realengo, considerando seus respectivos universos, bem como apresentar-lhes conhecimentos pertinentes às diversas manifestações culturais, fazendo uso do simbolismo, de forma a desmistificar a visão tradicional do curso, e aumentar-lhes o repertório cultural, levando-os a uma reflexão crítica quanto à sua responsabilidade enquanto instrumentos de transformação social.

    A organização deste ensaio aborda inicialmente, as perspectivas sobre o imaginário e seus reflexos acerca da Educação Física. Abrange, inclusive, a influência do grau de conhecimento cultural para a confecção do imaginário. Em um segundo momento, trata da vinculação entre Educação Física e Pluralidade Cultural e a importância desta simbiose na formação acadêmica do estudante do curso superior em Educação Física. Por fim, propõe o emprego do simbolismo em diversas manifestações para a produção de conhecimento das muitas culturas, explicitando a utilização de fantasias e acessórios simbólicos.

Imaginário e Educação Física

    Ao longo dos anos, a Educação Física sofreu várias influências, constituindo-se de acordo com interesses alheios, sendo seus objetivos impostos de fora para dentro. Deste modo, mesmo com toda influência antropológica e social, até os dias de hoje é notória a pouca informação sobre o que a Educação Física e todas as suas vertentes podem oferecer. Essa incerteza possibilitou o desenvolvimento de um imaginário acerca dos conteúdos e abordagens desta esfera.

    A palavra “imaginação” origina-se do latim imaginare e significa “formar uma imagem ou representar”.

    Imagens se resultam a partir de informações obtidas pelas experiências visuais anteriores e são produzidas em razão das informações contidas em nosso pensamento serem de natureza perceptiva. Dessa forma, a imagem que temos de um objeto não é exatamente o que ele representa, mas uma faceta do que se sabe sobre este.

    Augras (1995) afirma que o imaginário está presente em nossa realidade em todos os momentos do dia a dia. Justifica-se então, a constante necessidade de sua utilização para representar conceitos que não podemos definir nem compreender por completo.

    Situando o imaginário como força criadora, ele pode ser pensado como a parte do psíquico responsável, exatamente, por provir e recriar um conjunto de símbolos fundamentados no já vivido, no herdado que caracteriza uma determinada cultura, o que institui certos modelos comportamentais, um processo sujeito à aprovação do grupo e às constantes transformações. Ele se tornou, assim, parte indispensável para o estabelecimento de uma cultura ao mesmo tempo em que participa dela.

    Partindo desse pressuposto surge a noção de imaginário como conjunto de alterações epistemológicas que evoluíram junto ao surgimento da História Cultural, possibilitando a busca de se obter aspectos relativos às formas de agir, de pensar e de sentir. Contudo, apesar do imaginário apresentar concepções semelhantes na perspectivas de diferentes autores, assim como qualquer classe de análise, possui controvérsias a respeito de seu conceito e emprego. Nesse cenário destacam-se as idéias de Jung (1964); de Le Goff (2003); a perspectiva de Baczko (1985); Marx e Engels (1998).

    Diante do exposto, levando-se em consideração a Educação Física, é necessário atentar-se para o perigo da criação e desenvolvimento de um imaginário que conduza a uma visão deturpada da real condição dessa área na contemporaneidade.

Educação Física e Pluralidade Cultural: concepções e simbiose

    Muito embora toda a mitologia acerca do conceito de Educação Física, em verdade, segundo Brasil (1997a), esta é entendida como uma cultura corporal. Assim, a Educação Física e a Cultura possuem temáticas pertinentes. De acordo com Daolio:

    Todas as manifestações corporais humanas são geradas na dinâmica cultural, desde os primórdios da evolução até hoje, expressando-se diversificadamente e com significados próprios no contexto de grupos culturais específicos. (DAOLIO, 2004, p. 9)

    Neste compasso, anelada à Educação Física, há a Pluralidade Cultural. Brasil (1997b) discorre que a Pluralidade Cultural associa-se à apreciação e valorização das diversas culturas e das muitas etnias, à compreensão das desigualdades socioeconômicas e à necessidade de abordagens de questões sobre o preconceito e a discriminação.

    A partir do repertório de manifestações culturais, a Educação Física deve considerar as características e especificidades de cada grupo, ou seja, sua identidade cultural. É trabalho de construção, no qual o envolvimento de todos se dá pelo respeito e pela própria constatação de que, sem o outro, nada se sabe sobre ele, a não ser o que a própria imaginação fornece.

    Sem dúvida a Pluralidade Cultural está envolvida em tudo o que tem relação aos diferentes signos e grupos sociais e amplia a contribuição da Educação Física para o pleno exercício da cidadania.

    Cabe, portanto, ao profissional de Educação Física o reconhecimento da realidade cultural e o respeito a tal, além da observação aos interesses dos grupos envolvidos, bem como oferecimento de manifestações da cultura do movimento, possibilitando a prática democrática, inclusiva e de cunho reflexivo sobre tais atividades, auxiliando a compreensão das diferenças, diminuindo conflitos e criando um conceito de coletividade. Para o alcance das referidas expectativas, é necessário que a formação deste docente contemple a abordagem dos conteúdos aqui destacados e embase-o quanto à importância desses conhecimentos, bem como as relações existentes entre Educação Física e Pluralidade Cultural.

Simbolismo enquanto instrumento cultural

    O corpo, além de compreender-se como objeto de estudo da Educação Física, é um elemento de expressividade cultural, conforme destaca Medina (2005) em sua obra “O brasileiro e seu corpo”, porquanto, irá se apresentar conforme os signos sociais participantes do perfil da sociedade em que está inserido. Desta feita, tal corpo sintetiza a cultura vigente e passa então a utilizar elementos capazes de condicionar tais manifestações, como, por exemplo, adereços e vestimentas que vão traçar-lhe uma identidade.

    Mauss (2003) destacou a importância do simbolismo para a vida social. Nesta linha, “o simbolismo não constitui um território balizado, mas uma terra de exploração; trata-se de um continente a descobrir e a rememorar, algumas vezes uma terra a exumar, como o dom” (Tarot, 1998, p. 25).

    Este rito pode ser melhor explicado através de manifestações culturais populares, com destaque para as festas em que há a utilização de fantasias como argumento. O carnaval, por exemplo, além de ser um dos primeiros eventos a considerar o uso de vestimentas ou acessórios expressivos, é um desses eventos transculturais em que o imaginário se manifesta por intermédio do simbolismo e liberta o indivíduo da crítica social, moral e religiosa.

    Neste evento social, os corpos fazem uso deste aliado para desempenhar papéis diversos, os quais os possibilitam sonhar, dentro de variações culturais, permitindo a omissão quanto à classe social e ao gênero. Neste compasso, Merlo e Tavares argumentam:

    Os corpos-marginais que outrora foram demasiadamente explorados, no carnaval ocupam posições privilegiadas como reis, rainhas, mestres-salas, porta-estandartes, fazendeiros e super-heróis. Enquanto os corpos-dominadores se vestem como colombinas, pierrôs, palhaços e mendigos, signos das discrepâncias sociais. (MERLO; TAVARES, 2006, p. 75)

    Segundo Da Matta (1981), o carnaval reproduz o mundo, sendo marcado por uma momentânea troca das hierarquias, a fim de mantê-las. Essa inversão dualista é considerada um meio para escapar às tensões do cotidiano, fugir à sociedade normativa e por este motivo evidencia o contágio às massas, possibilitando a ampliação do repertório cultural.

    Barbosa et al, citam que “as máscaras têm, em sua origem, um caráter religioso e espiritual, derivando tanto do catolicismo quanto do candomblé” (BARBOSA, 2010, p. 118).

    O simbolismo está constituído nos aspectos considerados verdadeiros à visão dos demais; demarca a diferença; permite o reconhecimento de uns em face aos outros; capacita a exteriorização das representações do mundo interno do homem, as quais permitem a retirada das máscaras sociais e torna possível a vivência de um novo sentir, de uma nova cultura. Possibilita o conhecimento de um mundo novo, atuando, neste compasso, como égide. Nesse cenário, o simbolismo constitui um elemento facilitador para uma proposta culturalmente enriquecedora e sensibilizadora.

Metodologia

    O presente estudo se baseia em um modelo descritivo qualitativo e quantitativo, com delineamento ex-post-facto.

    Richardson (1999, p. 80) cita que “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. Corrobora que podem “contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos”. No que tange à pesquisa quantitativa, este autor expõe:

    Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples (...) às mais complexas. (RICHARDSON, 1999, p. 70)

    No modelo ex-post-facto (expressão latina com significado “a partir do fato passado” (GIL, 2008, p. 49)), o grupo pesquisado forma certa amostra do universo da pesquisa, devendo ser seguido por um período específico, a fim de que se investigue por observação e análise comparativa, o que lhe ocorre.

    A pesquisa apresenta como principal elemento de investigação de pluralidade cultural o imaginário acerca do que é a Educação Física, tal qual o simbolismo visualizado mediante uma proposta intervencionista pedagógica, a qual objetiva a ampliação de tal diversidade.

    O grupo focal foi graduandos ingressante no curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco (campus Realengo, Rio de Janeiro), com N de dezoito alunos, instituído por ambos os sexos.

    Dois protocolos foram aplicados como instrumentos para diagnose, contendo em cada um deles uma questão fechada, duas questões abertas e uma mista, pretendendo a medição de pluralidade cultural do público alvo. Os instrumentos utilizados em ambas as fases foram adaptados do “Questionário Pluralidade”, exposto no artigo “Pluralidade Cultural: colonização e aprendizado na dança” (SANTIAGO et al, 2010), sendo elaborado pelos autores dessa pesquisa e validado por três mestres, docentes do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco (Rio de Janeiro).

    Realizou-se um evento na instituição supracitada, o qual abordou, sobretudo, a temática Pluralidade Cultural e o simbolismo. Inicialmente foi aplicado um primeiro protocolo (pré-teste). O destaque do workshop foi um baile à fantasia, que, dentre outros, contou com a participação do público alvo, alguns caracterizados como personagens os quais os próprios imaginavam, segundo suas concepções culturais, refletir a Educação Física. Diante dessa perspectiva, ilustres convidados expuseram questões pertinentes ao tema. Dentre as manifestações culturais apresentadas: expressões de artes, como por exemplo: danças e músicas, utilizando-se sempre da representação do simbolismo. A ornamentação, igualmente, expunha materiais atrelados a elos simbólicos culturais. Ao término da mostra fora administrado o segundo protocolo (pós-teste), a fim de quantificar o grau de impacto do evento. Por conseguinte à coleta de dados, foram gerados gráficos que contemplam uma melhor exposição do estudo, os quais serão discutidos no próximo tópico.

Primeiro protocolo

  1. Escreva uma palavra que possa representar sua idéia sobre Educação Física.

  2. Como profissional de Educação Física e com o objetivo de ampliar o repertório cultural de seus alunos, em quais desses locais abaixo você os levaria? Enumere as opções, de 1 a 3, considerando o número 1 como aquela que julgar mais importante.

    1. ( )bibliotecas / museus / exposições de arte

    2. ( )teatro / cinema / espetáculos de dança

    3. ( )escola de samba / baile funk / feira de São Cristovão

  3. Você consegue relacionar uma festa à fantasia ao curso de Educação Física?

    1. ( )não

    2. ( )sim

        3.1) Justifique sua resposta.

  4. Quando se fala em Pluralidade Cultural, o que vem na sua cabeça?

Segundo Protocolo

    Crie sua própria definição para Educação Física.

  1. Selecione um dos locais abaixo onde, como professor de Educação Física, levaria seus alunos para que pudessem compreender e perceber claramente a presença da Pluralidade Cultural.

    1. ( )teatro municipal

    2. ( )grupo de cultura afro-brasileiro

    3. ( )feira de São Cristovão

  2. Justifique sua resposta.

    1. Acredita que o simbolismo (expressão ou interpretação através de símbolos) pode ser um instrumento de enriquecimento cultural e pode estar presente nas aulas de educação física?

      1. ( )não

      2. ( )sim

  3. Justifique sua resposta.

    1. Qual das alternativas abaixo melhor define a pluralidade cultural?

      1. ( )Ter conhecimento dos diversos ambientes culturais como música, teatro, religiões, danças, exposições, museus, etc.

      2. ( )Conjunto de padrões de comportamentos, crenças, conhecimentos, costumes de um povo e todas suas manifestações culturais.

      3. ( )Respeitar os diferentes grupos e culturas, incentivando o convívio entre estes e fazendo dessa característica um fator de engrandecimento cultural.

    Os scores foram distribuídos conforme tabela abaixo:

Questão 1

Visão voltada somente para o esporte (vale 1 ponto)

Vê na Educação Física inúmeras possibilidades de ensino (vale 2 pontos)

 

Questão 2

Atribuição de maior valor às opções “a” e “b” (vale 1 ponto)

Atribuição de maior valor à opção “c” (vale 2 pontos)

 

Questão 3

Resposta negativa (vale 0 ponto)

Resposta negativa ou positiva e justificativa não esclarecedora de como o simbolismo pode ser utilizado como instrumento de ensino (vale 1 ponto)

Resposta positiva e justificativa esclarecedora de como o simbolismo pode ser utilizado como instrumento de ensino (vale 2 pontos)

Questão 4

Resposta não relacionada com o tema Pluralidade Cultural ou proximidade com o conceito, ainda que incompleta (vale 1 ponto)

Entendimento de que o convívio e a valorização dos diferentes grupos e culturas é um fator de enriquecimento cultural (vale 2 pontos)

 

Tabela 1. Critérios de avaliação e pontuação dos pesquisados

    Realizada a contagem total de pontos, os valores obtidos foram classificados segundo os parâmetros abaixo em ambos os questionários:

Categorias / Média de pontos:

Justificativas:

Pouco Plural (De 3 a 4 pontos)

Dentre as respostas apresentadas, o indivíduo apresentou pouco conhecimento acerca das questões levantadas, demonstrando, desta forma, possuir uma pequena bagagem cultural.

Parcialmente Plural (De 5 a 6 pontos)

O indivíduo apresentou um conhecimento razoável acerca dos conteúdos propostos, fazendo-se assim um sujeito com uma bagagem cultural razoável.

Muito Plural (De 7 a 8 pontos)

O indivíduo mostrou em suas respostas muito conhecimento sobre temas ligados à cultura, sendo possuidor de uma ampla bagagem cultural.

Tabela 2. Categorias de acordo com a média de pontos obtidos

Análise dos dados da pesquisa

    A análise dos dados da pesquisa obteve resultados expressos em gráficos. No primeiro, grande parte dos entrevistados mostrou possuir um considerável conhecimento cultural que sugere uma postura plural, o que foi considerado surpreendente aos pesquisadores, pois os mesmos esperavam que a quantidade de estudantes plurais seria menor.

    No decorrer da intervenção, os autores desta pesquisa observaram que o público alvo aderiu à proposta de trabalho, participando ativamente das atividades, com entusiasmo, o que propiciou inicialmente um resultado positivo.

    Ao final do evento, observou-se o claro acréscimo de cultura, como visto no segundo gráfico, uma vez que o percentual de educandos considerados “muito plural” aumentou sensivelmente. No entanto, infelizmente não foi possível atingir o conhecimento dos entrevistados classificados como “pouco plural”, tendo em vista que os mesmo continuaram com tal classificação.

Pré-teste

Gráfico 1. Percentual obtido para cada categoria

 

Pós-teste

Gráfico 2. Percentual obtido para cada categoria

Conclusão

    O senso comum imagina que a prática da Educação Física baseia-se apenas em uma visão tecnicista e higienista, oriunda de investigações biológicas, sem a valorização das diversidades culturais acumuladas por várias etnias, o que acaba por homogeneizar os indivíduos, desconsiderando a subjetividade humana.

    A possibilidade de utilizar vestimentas concernentes às diversas culturas pode ser uma estratégia utilizada pelo e para o profissional de Educação Física, a fim de enriquecer e ampliar o seu repertório cultural, tal qual do seu educando. As festas populares e o folclore brasileiro são exemplos práticos dessa condição.

    Há uma infinita possibilidade de se trabalhar com o simbolismo na Educação Física para a construção desse alargamento cultural. Adquirir informações sobre as diversidades de gêneros, culturas, opções sexuais, raças, biótipos, de classes sociais, de culturas, idades, de religiões, dentre outros, é papel fundamental do profissional dessa área. Assim, pode-se afirmar que este recurso, contém uma ampla diversidade cultural inserida a serviço da Educação Física.

Referências bibliográficas

  • AUGRAS, Monique. Psicologia e cultura. Rio de Janeiro: Nau, 1995.

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  • BARBOSA, Sarah de Deus. TEIXEIRA, Marcelo Geraldo. ROSAS, Carine de Freitas C. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997a.

  • _____­­__. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997b.

  • Da Matta, Roberto. Carnavais malandros e heróis. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

  • DAOLIO, Jocimar. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores Associados, 2004.

  • GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

  • JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964.

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  • MARX, Karl; ENGELS, Freidrich. A ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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  • MERLO, Thiago Elias; TAVARES, Sérgio Ferreira. Cultura Corporal e pensamento social brasileiro: modelo contemporâneo e dialéticas. Conexões, 2006.

  • RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

  • Santiago, Felipe; Christello, Eduardo; Lima, Thuanny; Emiliano, Adriana; Bruggüer, Carine; Ricardo, Paulo; Fidelis, Mauricio; Valladão, Rafael; Tavares, Sergio. Pluralidade cultural: colonização e aprendizado na dança. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 146, 2010. http://www.efdeportes.com/efd146/colonizacao-e-aprendizado-na-danca.htm

  • TAROT, Camile. Marcel Mauss et l’invention du symbolique. La Revue du MAUSS semestrielle: Plus réel que le réel, le symbolisme, nº 12, 1998.

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