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Grau de incompetência cronotrópica em estudantes de 

Educação Física de uma universidade do município de Niterói, RJ

Grado de incompetencia cronotrópica en los estudiantes de educación física en una universidad de NiteróiRJ

 

*Especialista em Educação Física

pela Universidade Gama Filho (UGF/RJ).

**Mestre em Educação Física

pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/SP)

(Brasil)

Giovanni dos Santos*

giovannidossantos@yahoo.com.br

Rubem Machado Filho**

rubemfit@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução. A incompetência cronotrópica é definida como o inadequado aumento da freqüência ao exercício, pode ser responsável pela redução de aplicação dos testes não invasivos (acurácia), como ergometria, sendo também considerada como um marcador da presença de doença coronariana, com implicações prognósticas. Objetivos. Este trabalho tem como objetivo investigar grau de incompetência cronotrópica em estudantes de educação física de uma universidade do município de Niterói, pertencente ao estado do Rio de Janeiro. Metodologia. Foram selecionadas para amostra 22 indivíduos, aparentemente saudáveis e treinados. Para o teste de esforço máximo foi adotado o protocolo de Bruce em esteira ergométrica (Inbrasport – Brasil). para medidas das variáveis independentes (VO2máx e PSE) inter-grupos foi adotado o teste de Wilcoxon. Para todas as análises foi considerado o nível de significância, (p<0,05). Resultados. O teste de Wilcoxon não mostrou diferença significativa inter-grupos (G1 vs. G2) em relação as variáveis: =85%FCMP, >85%FCMP, Vo2max relativo, PSE (tabela 1). Contudo, não foi observado risco de IC em ambos os grupos. O estudo apresentou resultados de ausência do IC em ambos os grupos relativos à faixa etária.

          Unitermos: Incompetência cronotrópica. Freqüência Cardíaca. Educação Física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A incompetência cronotrópica é definida como o inadequado aumento da freqüência ao exercício, pode ser responsável pela redução de aplicação dos testes não-invasivos (acurácia), como ergometria, sendo também considerada como um marcador da presença de doença coronariana, com implicações prognósticas. Conforme foi demonstrado em alguns estudos, a sobrevida dos indivíduos parece estar diretamente relacionada com a capacidade de atingir a freqüência cardíaca-alvo, sendo considerada preditor de mortalidade importante e independente (ROCHA, STEIN, 2006).

    A incompetência cronotrópica é atribuída durante os testes de esforço físico como; a incapacidade de atingir 85% da freqüência cardíaca máxima prevista (FCMP) para a idade (SOARES et al. 2005).

    A freqüência cardíaca é de fundamental importância no teste ergométrico, relevância reconhecida na literatura há quase quarenta anos. Alcançar pelo menos a freqüência cardíaca máxima prevista é um dos objetivos ao se iniciar uma ergometria, para que tenha maior sensibilidade para detecção de isquemia e, também, porque a avaliação da resposta cronotrópica ao esforço tem implicações prognostica (ROCHA, STEIN, 2006).

    Para Herdy et al., (2003), a ergometria neste início de século experimenta um momento de transição. Após anos de relativa estagnação, o teste de esforço voltou a ocupar espaço nobre em periódicos médicos de circulação internacional. Na prática, a partir desses estudos, diferentes informações provenientes do teste de esforço têm sido utilizadas como instrumento de alto valor prognóstico. Desde então a ergometria passou a ser utilizada como método diagnóstico para detecção de doença coronariana obstrutiva. Por ser de fácil aplicabilidade e baixo custo, o que reforça a sua importância na prática clínica do cardiologista, o teste de esforço segue tendo o seu papel de destaque (HERDY et al., 2003).

    Através da medida do tempo de duração do teste, do número de METs atingidos e da determinação direta do consumo máximo de oxigênio através do teste cardiopulmonar integrado, os cardiologistas que utilizam o teste de esforço passaram a estratificar pacientes no sentido de maior ou menor risco de morte a médio e longo prazo. (HERDY et al. 2003).

    Em todos os estados brasileiros, considerando-se o conjunto de todas as faixas etárias, as doenças cardiovasculares são responsáveis pelo maior contingente de óbitos, decorrentes de doença arterial coronariana, doenças cerebrovasculares e insuficiência cardíaca, constituindo-se, atualmente, na principal causa de gastos em assistência médica pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    Para Silva et al., (2005), cerca de 75 a 80% dos portadores de doença arterial coronariana (DAC) apresentam fatores de risco convencionais ou clássicos, representados por hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, diabetes mellitus, idade avançada, sexo masculino e antecedentes familiares, sendo acrescentados, posteriormente, sedentarismo, estresse emocional e obesidade. Há evidências de que o processo aterosclerótico inicia-se na infância, progride com a idade e exibe gravidade diretamente proporcional ao número de fatores de risco apresentados pelo indivíduo, razão pela qual se acredita que a prevenção primária das doenças cardiovasculares deve começar na infância, principalmente pelo processo de educação para a promoção da saúde cardiovascular com ênfase na importância da dieta e da manutenção de uma prática regular de atividade física para toda a vida. (SILVA et al., 2005).

    A saúde e atividade física são qualidades positivas que estão relacionadas com o bem estar, a qualidade de vida e prevenção de doenças cardiovasculares e crônicas degenerativas, consideradas as principais causas de mortes (MOREIRA, 2001).

    De acordo com as mais extensas revisões na relação entre atividade física, aptidão física e longevidade, as evidencias sugerem que os sujeitos com altos níveis de atividade física e aptidão física, assim como aqueles que decidiram adotar um estilo de vida ativo, experimentam menor risco de doenças cardiovasculares e vivem mais (em torno de dois anos). Outros estudos analisados mostraram que a atividade física também tem um impacto positivo em outros fatores de risco,como a pressão arterial,o perfil de lipoproteínas e a tolerância à glicose, que influenciam a saúde e a longevidade (MATSUDO 2006).

    Isto posto, este trabalho tem como objetivo investigar grau de incompetência cronotrópica em estudantes de educação física de uma universidade do município de Niterói, pertencente ao estado do Rio de Janeiro.

Matérias e métodos

Sujeitos

    Foram selecionadas para amostra 22 indivíduos, aparentemente saudáveis e treinados. Os indivíduos foram separados em dois grupos relacionados as faixas etárias (abaixo de 25 anos= G1 – n=11 e acima de 25 anos= G2 – n=8). Antes da coleta de dados foram verificados os valores antropométricos de cada indivíduo (G1= 23±1,7anos; 24,7±4,6 kg/m²; 175,8±7,4cm; 76,8±16,3 kg e G2= 27,5±1,5 anos; 24,9±3,3 kg/m²; 177,5±6 cm; 79,1±14,9 kg) e responderam negativamente ao ParQ.

    Todos assinaram o termo de consciência para pesquisa com seres humanos de acordo com o protocolo Nº 196/96 do Ministério da Saúde.

    O questionário, a seguir, deve ser respondido apenas como SIM ou NÃO.

Alguma vez o seu médico alertou que você é portador de alguma doença cardíaca e que você deve fazer somente atividade física supervisionada?

( )SIM ( )NÃO

Você sente dor no peito quando faz atividade física?

( )SIM ( )NÃO

No último mês você teve dor no peito, quando não estava fazendo atividade física?

( )SIM ( )NÃO

Você apresenta tonturas com freqüência, ou alguma vez já perdeu a consciência? (Apresentou desmaios?)

( )SIM ( )NÃO

Você é portador de algum problema osteoarticular, que lhe impeça de praticar atividade física?

( )SIM ( )NÃO

Você sabe de alguma outra razão pela qual você não deveria praticar atividade física?

( )SIM ( )NÃO

Questionário de parQ

Procedimentos de coleta de dados

    Para o teste de esforço máximo foi adotado o protocolo de Bruce em esteira ergométrica (Inbrasport – Brasil). A FC máxima prevista para a idade (FCMP) foi calculada apartir da equação FCMP =220 - idade em anos. Entretanto, seu percentual foi calculado para cada indivíduo através da fórmula: %FCMP=[(FC máxima atingida / FCMP)x100 ]. As medidas da FC foram realizadas através de um freqüencímetro Polar MZ1 (Finlândia) e mensuradas ao final de cada estágio do protocolo de teste. Contudo, foi tida como FC máx. para o esforço a mensurada no estágio máximo que o indivíduo alcançou. A incompetência cronotrópica (IC) foi atribuída aos indivíduos que obtiveram %FCMP<85%. Os indivíduos foram encorajados a responderem ao final do protocolo do teste de esforço a PSE baseada na escala de Borg.

Tabela 1. Tabela de percepção subjetiva de esforço.

Análise estatística

    Os resultados foram expressos em média e desvio-padrão (análise da amostra). Para verificação do coeficiente de relação entre os grupos (G1 Vs. G2), na análise da FC durante o esforço, foi adotado o procedimento de regressão linear. Entretanto, para medidas das variáveis independentes (VO² máx e PSE) inter-grupos foi adotado o teste de Wilcoxon. Para todas as análises foi considerado o nível de significância, (p<0,05).

Resultados

Figura 1. A regressão linear (r=0,50) mostra os valores obtidos em freqüência cardíaca máxima 

durante o esforço entre os indivíduos abaixo de 25 anos (Fcmáx) e acima de 25 anos (Fcmáx1).

 

Tabela 2. Valores expressos em média e desvio-padrão relacionado análise estatística inter-grupos (G1 vs. G2)

Conclusão

    A avaliação da resposta cronotrópica durante o teste de esforço, por ergometria convencional, tem implicações no desempenho diagnóstico dos exames. O valor arbitrário de 85% da freqüência cardíaca máxima prevista vem sendo utilizado para considerar um teste ergométrico apropriado para fins de diagnóstico de doenças relacionadas do coração. Recentemente, a avaliação da resposta cronotrópica no teste ergométrico tem se mostrado de grande valor prognóstico.

    A resposta de freqüência cardíaca ao teste de esforço depende de vários fatores e é modulada pelo sistema nervoso autonômico. Durante o exercício dinâmico, com aumento progressivo de cargas, a freqüência cardíaca aumenta linearmente mediante a retirada da influência parassimpática e do aumento da ação do sistema simpático sobre o nó sinusal. Esse aumento é proporcional à carga de trabalho, sendo influenciado por outros fatores, como idade, nível de condicionamento físico, doenças concomitantes e envolvimento com o exame.

    A resposta da FC durante o TE se mostra como um instrumento de grande importância na análise prognostica de um teste funcional.

    Devemos olhar com mais atenção para as evidências científicas relacionadas à resposta cronotrópica durante o esforço e àquela que ocorre nos primeiros minutos da recuperação. Pois trazem informações acessíveis de alto valor prognóstico que complementam a avaliação diagnóstica tão amplamente utilizada.

    A prática de atividade física regular reduz o risco de mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular cerebral, câncer de cólon e mama e diabetes tipo II. Atua na prevenção ou redução da hipertensão arterial, previne o ganho de peso (diminuindo o risco de obesidade), auxilia na prevenção ou redução da osteoporose, promove bem-estar, reduz o estresse, a ansiedade e a depressão e contribui para o combate do sedentarismo. Em crianças e jovens a atividade física interage positivamente com as estratégias para adoção de uma dieta saudável, desestimula o uso do tabaco, do álcool, das drogas, reduz a violência e promove a integração social.

    O teste de Wilcoxon não mostrou diferença significativa inter-grupos (G1 Vs. G2) em relação as variáveis: =85%FCMP, >85%FCMP, Vo²max relativo, PSE (tabela 1). Contudo, não foi observado risco de IC em ambos os grupos. O estudo apresentou resultados de ausência do IC em ambos os grupos relativos à faixa etária. Talvez seja por se tratarem de indivíduos saudáveis, ativos e estudantes de educação física. Este fato mostrou que, talvez, a hiperatividade do sistema autônomo simpático contribui na elevação da resistência vascular periférica e da Freqüência cardíaca.

Referências bibliográficas

  • HERDY, A H.; FAY, C. E.; BORNSCHEIN, C.; STEIN R. Importância da análise da freqüência cardíaca no teste de esforço. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 9, nº 4, Jul/ Ago, 2003.

  • MATSUDO, S. M. Atividade física na promoção da saúde e qualidade de vida no envelhecimento Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v. 20, p.135-37, Set. 2006. Suplemento n.5. • 135.

  • MOREIRA, C. A, Atividade Física na Maturidade. Rio de Janeiro: Shape, 2001.

  • ROCHA, G. R.; STEIN, R. Resposta cronotrópica ao teste cardiopulmonar após o uso de cimetidina. Arq. Bras. Cardiol., v.86, nº.3,  São Paulo, Mar. 2006.

  • SILVA, M. A. M.; RIVEIRA, I. R. Prevalência de fatores de risco cardiovascular em crianças e adolescentes da rede de ensino da cidade de Maceió. Arq. Bras. Cardiol., v. 84, nº. 5,  São Paulo, Mai., 2005.

  • SOARES, A J, LORENZO, A, LIMA, R S L, Correlação entre a Recuperação da Freqüência Cardíaca no 1 Minuto após o Esforço Físico e os Marcadores de Risco Obtidos no Teste Ergométrico e na Tomografia Miocárdica de Perfusão. Revista da SOCERJ, v. 18, nº 1, p. 41-49, Jan/Fev 2005.

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