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Um olhar sobre o esporte nas aulas de Educação 

Física escolar: qual o modelo adotado pelo professor?

Una mirada sobre el deporte en las clases de Educación Física en la escuela. ¿Cuál es el modelo que utiliza cada profesor?

 

*Licenciado em Educação Física

pela Universidade estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

**Docente do curso de Educação Física

da Universidade estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

(Brasil)

Legítimo Sousa Mendes Júnior*

leginhojr@hotmail.com

Franck Nei Monteiro Barbosa**

francknei@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Na dinâmica da Educação Física escolar, o conteúdo que mais se evidencia nesta disciplina é o esporte. O presente trabalho tem como objetivo investigar qual perspectiva de esporte escolar os professores de Educação Física de duas escolas públicas de Ensino Fundamental da cidade de Jequié-BA elegem para referendar suas aulas. Para fundamentar a construção da pesquisa, optou-se por análise documental e estudo descritivo com abordagem qualitativa; a amostra foi constituída por quatro professores de duas Escolas Públicas Estaduais de Ensino Fundamental. Para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas, análise de documentos e observação simples. Foi possível observar que existe um equilíbrio quanto ao uso das perspectivas de esporte, pois se constatou que os professores entrevistados utilizam tanto o Esporte “na” escola como o Esporte “da” escola para referendarem as suas aulas. Portanto, o esporte é, sim, um importante componente a ser trabalhado no âmbito escolar, mas é preciso ter atenção com o paradigma de esporte escolhido, já que o mesmo pode servir para justificar um modelo social excludente e atroz ou possibilitar uma leitura ampliada da realidade servindo de base para uma mudança de postura frente aos desafios sociais.

          Unitermos: Educação. Educação Física. Escola. Esporte.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A escola é uma instituição específica de educação cujo papel deveria consistir em transformar os indivíduos de cada geração em “seres” sociais, assim tendo por função a construção do conhecimento e não somente a reprodução. A presença do esporte na escola é carregada de contradições e é notável a sua dominação sobre outros conteúdos nas aulas de Educação Física.

    A escola é entendida como um lugar de transmissão de um conhecimento produzido sempre fora dela, por outro sistema mais “influente”. Por outro lado a escola também é vista como uma instituição que possui a capacidade de produzir cultura, a cultura escolar, ou seja, a escola possui autonomia para produzir sua própria cultura, com seus códigos e critérios, e o esporte pode ser um dos meios para se alcançar esse propósito.

    Assim, vê-se o “Esporte na Escola”, como uma perspectiva que não dá chance ao aluno de inovar e de conhecer outros caminhos por onde o esporte poderia trilhar. Com essa perspectiva, o antigo modelo de ensino do esporte é mantido, onde o professor ensina as regras, técnicas, táticas de determinados esportes e o aluno apenas tem que reproduzir, e com perfeição.

    Em outra vertente tem-se o “Esporte da Escola” perspectiva que abre uma gama de oportunidades para que os alunos interfiram e interajam com as aulas, buscando sempre conhecer e construir o novo. Essa perspectiva de esporte escolar dá ao professor e aluno a autonomia para transformar as regras e algumas formas técnicas dos jogos tradicionais, sem necessariamente usar os mesmos materiais e instrumentos utilizados pelos esportes de alto-rendimento, ou seja, o enfoque das aulas é a criatividade.

    Fundamentando-se nessas realidades, este estudo buscou investigar qual perspectiva de esporte predomina nas escolas públicas pesquisadas, entrevistando os professores, analisando os planos de curso e observação das aulas.

    Foi constatado que os professores de Educação Física trabalham tanto na perspectiva do “esporte na escola” como com o “esporte da escola”. Contudo, a maioria dos professores não conhece ou não demonstraram conhecer as características e objetivos dessas perspectivas de esporte.

1.     Discussão teórica

1.1.     Educação Física, Escola e Esporte

    Na dinâmica da Educação Física, o conteúdo que mais se evidencia nesta disciplina é o esporte, devido ao grande repertório de possibilidades que estão associados a este conteúdo. Além do mais, é um campo amplo de ações, de vivências, e que pode ser usado para vários objetivos.

    É importante citar que o desenvolvimento da instituição esportiva não se dá independentemente do da educação física: condicionam-se mutuamente. A esta é colocada a tarefa de fornecer a “base” para o esporte de rendimento. A escola é a base da pirâmide esportiva. É o local onde o talento esportivo vai ser descoberto. Esta relação, portanto, não é simétrica. Por outro lado, a instituição esportiva sempre lançou mão do argumento de que o esporte é cultura, é a educação para legitimar-se no contexto social, e principalmente para consegui apoio e financiamento oficial. (BRACHT, 1989, p. 29 apud CAPARROZ, 2007, p. 177)

    Alguns autores, dentre eles BRACHT (1992), chegam a afirmar que a Educação Física subordinou-se ao sistema esportivo, na visão desses autores, a Educação Física acabou por se tornar uma verdadeira iniciação esportiva.

    Infelizmente o esporte ainda é trabalhado muitas vezes extraído e copiado de manuais técnicos, dessa forma o esporte é colocado na escola como forma de iniciação esportiva destinada para o desempenho, busca de talentos individuais que possam ser utilizados no alto nível (VAGO 1996).

    Contudo, o esporte tem grande importância para as aulas de Educação Física, já que os alunos podem aprender por meio do esporte, valores essenciais que levam para a vida, por exemplo, a amizade, o respeito, a união, etc.

    A escola pode, por exemplo, problematizar o esporte como fenômeno sociocultural, construindo um ensino que se confronte com aqueles valores e códigos que o tornaram excludente e seletivo, para dotá-lo de valores e códigos que privilegiam a participação, o respeito à corporeidade, o coletivo e o lúdico, por exemplo. Agindo assim, ela produz uma outra forma de apropriação do esporte, produz um outro conhecimento acerca do esporte. Enfim, produz uma outra prática cultural de esporte. (Ibid, 1996, p. 12)

    Segundo o COLETIVO DE AUTORES (1992), o esporte, como pratica social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se delineia em uma dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso deve ser estudado nos seus variados aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente.

1.2.     Esporte na escola x Esporte da escola

    De acordo com VAGO (1996), percebe-se que o esporte na escola é um prolongamento da própria instituição esportiva.

    Os códigos da instituição esportiva podem ser resumidos em: princípio do rendimento atlético-desportivo, competição, comparação de rendimentos e recordes, regulamentação rígida, sucesso esportivo e sinônimo de vitória, racionalização de meios e técnicas (BRACHT, 1992, p. 22).

    A Educação Física ao fazer do esporte de rendimento seu objeto de ensino e abrindo o espaço escolar para o seu desenvolvimento, acaba por promover um tipo de educação que contribui para que os indivíduos introduzam valores normas de comportamento não questionadores da sociedade.

    E isto porque o esporte de rendimento traz na sua estrutura interna, os mesmos elementos que estruturam também as relações sociais de nossa sociedade: forte orientação no rendimento e na competição, seletividade via concorrência, igualdade formal perante as leis ou regras, etc. (BRACHT, 1999, p. 15)

    De acordo com OLIVEIRA (1984) citado por CAPARROZ (2007), nas escolas, a procura de campeões e especialização antecipada, prejudica o desenvolvimento do potencial psicomotor das crianças. Os alunos passam a ser vistos como futuros atletas e não, simplesmente, como estudantes. Portanto, os menos habilidosos, que seriam os maiores beneficiados do esporte, são excluídos e desprezados em “benefício” dos talentosos.

    No esporte de rendimento as ações são avaliadas pelo seu resultado final, o desempenho esportivo valorizado em função da relação da vitória-derrota. Os meios empregados no treinamento, o próprio treinamento, tudo é medido pelo resultado final, e todo esse processo tem um fim maior que é o lucro; “assim, a educação física que tem como objetivo exclusivo formar atletas acirra as diferenças sociais.” (CAPARROZ, 2007, p. 133).

    De acordo ao COLETIVO DE AUTORES (1992) a extensão do esporte no sistema escolar é de tal proporção que se tem, então, não o esporte da escola, mas sim o esporte na escola. Isso indica a subordinação da educação física aos códigos-sentidos da instituição esportiva.

    No “esporte na escola” há a reprodução de regras já existentes e rígidas, a busca pela melhoria do gesto técnico, sempre há um campeão, acontece à exclusão dos não aptos ou menos habilidosos, os jogos já existem pré-determinados, existe um profissional tecnicista, necessidade de materiais específicos, não há criatividade na construção das atividades, ocorre à separação por sexo, e o aumento da complexidade das habilidades motoras. (MENEZES, CAPISTRANO, SOUSA, 2007, p. 97)

    Já o esporte da escola tem por fundamento a abordagem da compreensão de jogos, onde todos e cada um dos alunos podem participar na tomada de decisões. O ensino dos esportes progride por meio da tática de jogo, ao invés das habilidades técnicas esportivas; baseia-se em argumentos táticos, onde os alunos reconhecem que os jogos podem ser interessantes, agradáveis, quando auxiliados e encorajados a tomar decisões baseados na consciência tática (MENEZES, CAPISTRANO, SOUSA, 2007, p. 96);

    A concepção de Educação Física que deveria estar sendo desenvolvida na escola encarregar-se-ia, principalmente, da formação da atitude do educando, ajudando-o a se conhecer, a se dominar, a se relacionar com o mundo e a buscar a sua autonomia pessoal, completando o processo de educação geral por meio de atividades físicas (FERREIRA, apud CAPARROZ, 2007, p. 129).

    Com a perspectiva de esporte da escola, abre-se uma gama de oportunidades para que os alunos interfiram e interajam com as aulas, buscando sempre conhecer e construir o novo, transformar as regras e técnicas dos jogos tradicionais. Conforme KUNZ (1991) a mudança didática dos esportes pretende principalmente que todos os alunos possam participar em igualdade de condições, com prazer e com sucesso na realização de tais esportes.

    O esporte é um importante conhecimento a ser trabalhado no âmbito escolar, mas é preciso ter atenção com a perspectiva escolhida e qual o tipo de sociedade que se deseja referendar.

2.     Procedimentos metodológicos

    Este trabalho classifica-se como uma pesquisa descritiva, pois “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2008 p. 44); com uma abordagem qualitativa, visto que “Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado” (MINAYO, 2007, p. 21).

    Como instrumentos para a coleta de dados foram aplicadas entrevistas semi-estruturada contendo oito questões e estabelecimento de categorias para que as respostas fossem adequadamente analisadas; Também foi utilizada a análise de documentos, como os planos de curso da disciplina Educação Física; Como também, foram feitas observações das aulas, já que:

    (...) entende-se por observação simples aquela em que o pesquisador, permanecendo alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem. Neste procedimento, o pesquisador é muito mais um espectador que um ator. (GIL, 2008, p. 111)

    Os locais escolhidos para a realização desta pesquisa foram duas Escolas Públicas Estaduais do município de Jequié-Ba, aqui identificadas como Escola X e a Escola Y. A primeira situada no bairro Jequiezinho, contendo 1.566 alunos e 66 professores, dos quais 5 são professores de Educação Física. A segunda situada no bairro Campo do América, contendo 2.230 alunos e 87 professores, dos quais 6 são professores de Educação Física. Amostra feita por conveniência, com quatro professores (A, B, C e D) da disciplina Educação Física que assinaram termo de conhecimento livre e esclarecido, sendo dois de cada escola.

3.     Apresentação dos resultados

3.1.     Analisando os Planos de Curso

    A análise documental apresenta-se como uma importante fonte de informações a cerca da realidade; de acordo com Gil (2008) fontes documentais são capazes de proporcionar ao pesquisador dados em quantidade e qualidade suficiente.

Tabela 1. Análise dos Planos de Curso da disciplina Educação Física

    Ao analisarmos os planos de curso podemos perceber que apenas um professor (Professor D) planeja trabalhar na perspectiva de Esporte na escola. Essa forma de pensar o esporte na disciplina Educação Física de acordo com BRACHT (1999) está baseado no esporte de alto rendimento, com o qual se maximiza a competitividade, a seletividade e a forte orientação para o rendimento ou a performance.

    Já o professor A e o professor B, de acordo com os seus planos de curso, elegem o Esporte da escola para referendarem as suas aulas. Conforme MENEZES, CAPISTRANO e SOUSA (2007) no Esporte da escola as regras são flexíveis e transformáveis de acordo com a necessidade dos alunos, almejando a participação coletiva, sem dar ênfase ao gesto técnico.

    Vale salientar que o professor C, não apresentou o plano de curso.

3.2.     Observações das aulas

    Achamos importante observar as aulas, pois, são nas aulas que se materializam as propostas pensadas pelos professores. Foi observada uma aula de cada professor.

Tabela 2. Observações das aulas da disciplina Educação Física

    Depois de realizada as observações das aulas, verificamos que os professores B e D referendam suas aulas a partir do Esporte na escola, em virtude de tomarem por referência o esporte de alto-rendimento ou o esporte performance, como modelo para avaliar a participação e o aprendizado dos alunos, promovendo assim a exclusão e a seletividade. Segundo BRACHT (1992) os valores da instituição esportiva resumem-se nos princípios do rendimento, na competição, na regulamentação rígida, na busca acirrada pela vitória e ênfase nas técnicas, o que não se consegue com poucas aulas, conseqüentemente, os menos habilidosos não terão oportunidade e acesso a esse tipo de esporte dentro da escola.

    Já os professores A e C trabalham com o Esporte da escola, priorizam as atividades que promovam à inclusão, a não seletividade, a coletividade, o lúdico, a socialização, a flexibilidade quanto às regras; de acordo com KUNZ (1991) a variação didática dos esportes tem por objetivo que todos participem, com as mesmas condições e com satisfação em vivenciar o esporte.

    Uma questão relevante para nossas análises foi que o professor B, que no seu plano de curso propõe trabalhar com o Esporte da escola, se contradisse no seu ato pedagógico, pois, durante a aula, demonstrou dar muita importância para o desempenho físico-esportivo dos alunos durante a realização dos fundamentos, tomando como base para avaliação o modelo dos movimentos apresentados no esporte midiático.

3.3.     Entrevistas com os professores

    Diante das respostas obtidas por meio da entrevista semi-estruturada, foram estabelecidas três categorias a fim de permitir uma melhor análise e organização dos dados.

Categoria 1.     Método de ensino

    Buscamos investigar qual método de ensino os professores de Educação Física estavam usando nas aulas de esporte: o método global (este que parte do todo para as partes), o método analítico (das partes para o todo) ou o método misto (este que utiliza os dois métodos).

  • Professor A: (...) Global, porque trabalho com grandes jogos e brincadeiras.

  • Professor B: (...) Misto, há situações que se precisa utilizar o método analítico, mas na maioria das atividades opto pelo método global.

  • Professor C: (...) Misto, já que terei um leque de possibilidades para desenvolver um trabalho produtivo.

  • Professor D: (...) Misto, pois fraciono e trabalho também de forma global.

    Notou-se que um professor (Professor A) afirmou trabalhar com o método global, três professores (Professores B, C e D) com o método misto, e nenhum professor afirmou trabalhar com o método analítico.

Categoria 2.     Grau de importância para o desempenho dos alunos

    Nessa categoria procuramos averiguar qual o grau de importância os professores dão para o desempenho dos alunos durante a execução dos fundamentos dos esportes: Muito importante, importante ou pouco importante.

  • Professor A: (...) Pouco Importante, pois o que vale é a participação de todos.

  • Professor B: (...) Importante. Mesmo entendendo que o principal objetivo das aulas não é a execução dos movimentos, a performance não pode ser negligenciada.

  • Professor C: (...) Importante. Em se tratando de turmas de esporte a performance é importante.

  • Professor D: (...) Pouco importante, porque o intuito é dar aula de Educação Física e não formar atletas.

    Constatou-se que dois professores (A e D) julgaram pouco importante avaliar a performance ou o desempenho dos alunos, dois professores (B e C) definiram como importante.

Categoria 3.     Esporte “na” escola ou esporte “da” escola?

    Procuramos investigar nessa última categoria qual perspectiva de esporte escolar os professores consideravam que suas aulas se enquadravam.

  • Professor A: (...) Para o esporte da escola, pois acredito que os alunos devem vivenciar todas as modalidades esportivas.

  • Professor B: (...) Considero que minhas aulas se aproximam mais do esporte da escola, mas não nego a influência da instituição esportiva.

  • Professor C: (...) Para o esporte da escola, pois tento trabalhar com os meus alunos de forma que todos participem.

  • Professor D: (...) Ambos. Apesar de trabalhar os esporte pré-estabelecidos, não levo em conta a performance.

    Três professores (A, B e C) afirmaram trabalhar com o Esporte da escola, um professor disse que utiliza as duas perspectivas como referência, e, nenhum professor alegou trabalhar com o Esporte na escola.

    Analisando as justificativas das respostas de cada professor, verificou-se que o professor A, apesar de afirmar que trabalha com o Esporte da escola, mostrou não ter um conhecimento mais amplo de quais seriam realmente os objetivos da perspectiva de esporte escolar voltados para o Esporte da escola.

    Embora o professor B afirme utilizar o Esporte da escola como embasamento teórico-prático, acaba negando sua fala no ato pedagógico, já que permite a influência da instituição esportiva e seus códigos em suas aulas.

    Já o professor C demonstrou conhecimentos sobre os objetivos pedagógicos esperados com a utilização do Esporte da escola, por trabalhar a coletividade, a inclusão, não seletividade.

    O professor B e D também se contradisseram na justificativa, já que alegaram trabalhar com as duas perspectivas de esporte, mas deixaram claro que julgam a performance como instrumento de avaliação e indispensável nas suas aulas.

    Observamos que houve um equilíbrio quanto ao uso das perspectivas de esporte escolar, pois parte (50%) dos professores utiliza o Esporte “na” escola nos seus atos pedagógicos e a outra parte (50%) elege o Esporte “da” escola para referendarem suas aulas.

    Os professores que usam o “esporte na escola” como métodos de ensino perpetuam os valores e códigos do esporte de alto nível, como a competitividade, a seletividade, a busca desenfreada pela vitória e a exclusão como também os valores da sociedade vigente capitalista e competitiva. Em contrapartida, os professores que utilizam o “esporte da escola” como embasamento teórico-prático pretendem promover a inclusão de todos, a não seletividade, a socialização, o lúdico, procurando desenvolver nos alunos a tomada de decisões, já que no “esporte da escola” os alunos dialogam com o professor sobre as atividades que irão realizar.

Considerações finais

    Constatou-se que não existe a predominância de uma perspectiva de esporte escolar nas escolas investigadas. No entanto observou-se um avanço na educação Física escolar quanto à preocupação de formar cidadãos críticos, formadores de opiniões e cientes de suas responsabilidades sociais.

    Foi verificado que os professores se contradizem em sua prática pedagógica, já que no “papel” afirmam que irão trabalhar com os métodos do “esporte da escola”, mas na prática acabam materializando outra proposta, promovendo assim o “esporte na escola”.

    Desta forma, é preciso que continue havendo uma constante reflexão dos professores de Educação Física escolar sobre o conteúdo esporte, pois o esporte deve ser trabalhado pela Educação Física com o intuito de formar cidadãos que saibam relacionar-se com o mundo e não permitir que a Educação Física seja trabalhada por meio do esporte, se isso não acontecer, os códigos advindos do esporte de alto nível ou o esporte de alto-rendimento se perpetuarão e reproduzirão os valores da atual sociedade individualista, competitiva e seletiva.

    Percebemos que este estudo não da conta de desvelar toda a realidade do esporte educacional nas escolas públicas do Município de Jequié-BA, mas em virtude de sua importância do tema para a Educação Física, necessita-se que mais estudos sejam feitos a fim de contribuir para o melhor entendimento da relação existente entre a Educação Física e o esporte e a sua materialização na escola.

Referencias bibliográficas

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