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Hiperoxia: utilização ergogênica no exercício físico

Hiperoxia: uso ergogénico en el ejercicio físico

 

*Especialista em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde

Universidade Federal de Santa Maria.

(Brasil)

Bruno Prestes Gomes*

Bruno Cattelam Dell’Aglio | Kenji Fuke

Vanderson Luis Moro | Rodolfo Silva da Rosa

bruninhogomes_@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi trazer o que a literatura tem relatado sobre a utilização da hiperoxia (H) como recurso ergogênico nos esportes. O sistema respiratório possui associação direta com o desempenho atlético. Durante o exercício máximo realizados por atletas bem treinados, o consumo corporal total de oxigênio e a ventilação pulmonar aumentam cada um, cerca de vinte vezes ao nível do mar (pressão barométrica de 760 mm Hg). Recursos para atingir melhores resultados são utilizados com freqüência em competições de alto nível. Dentro destes recursos encontra-se a hiperoxia (aumento anormal na quantidade de oxigênio nos tecidos e órgãos), e este é denominado como recurso ergogênico no âmbito da fisiologia do exercício. A H busca melhorar a performance, partindo esta, de uma maior capacidade de transporte de oxigênio aos músculos e um retardo no início da produção de lactato.

          Unitermos: Hiperoxia. Performance. Recurso ergogênico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A hiperoxia, também conhecida como suplementação de oxigênio ou oxigenioterapia é utilizada na medicina á décadas, e está associada á tratamentos vinculados á patologias respiratórias.

    Na fisiologia do exercício a hiperoxia (aumento anormal na quantidade de oxigênio nos órgãos e tecidos) é considerada como recurso ergogênico a fim de melhorar o desempenho atlético.

    Recurso ergogênico é considerado tudo aquilo que aprimora o desempenho físico, no nosso caso, agentes fisiológicos que consistem em dois tipos: Dopagem Sanguínea e Oxigênio (FOSS, KETEYIAN & FOX 2000). Então a presença de um “ar” enriquecido com oxigênio tende ao favorecimento dos processos de combustão do organismo.

    Segundo Weineck (2000) na oxidação dos nutrientes, além da energia, são formados água e gás carbônico sendo que, absorção de O2 (oxigênio) e saída de gás carbônico está no centro do metabolismo de gases, e é descrito como respiração. Nesse sentido A hiperoxia é um recurso ergogênico, comprovadamente, capaz de aumentar o desempenho atlético (HOSSIÈRE et al., 2006) quando inserida, de forma oral, no sistema respiratório.

Hiperoxia

    Os benefícios provocados pela utilização da H em se tratando de exercícios físicos ainda não são concordantes. Segundo Powers & Howley (2000), a hiperóxia, antes, durante e após o exercício físico, produzem respostas diversas sendo que se uma pessoa possuir um volume sanguíneo total de 5 litros, podem ser “armazenados” cerca de 100 ml de oxigênio adicional.

    Nesse sentido estudos mostram que maior disponibilidade de oxigênio diminui a ventilação pulmonar e reduz o trabalho respiratório, uma alteração que deve levar a um aumento do desempenho. Conforme Astrand (1980), na ausência de oxigênio, os músculos esqueléticos podem trabalhar somente por curtos períodos de tempo, e a energia total disponível é muito limitada.

    A exposição à hiperoxia também é utilizada em muitos tratamentos patológicos, sendo esta também chamada de oxigenioterapia por muitos autores.

    Segundo Guyton (1977), a aplicação de oxigênio em tratamentos que possuem anormalidades pulmonares, está basicamente associada a disfunções do transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos. Este mesmo autor ainda nos traz algumas anormalidades pulmonares específicas como: hipoxia (baixa oferta de oxigênio), hipercapnia (excesso de dióxido de carbono), no qual a oxigenioterapia é recomendada, obtendo um grande valor em determinados tipos de hipoxia; na hipoxia atmosférica a oxigenioterapia pode, evidentemente, corrigir totalmente a diminuição do nível de oxigênio dos gases inspirados e, portanto, propiciar terapêuticas cem por cento eficazes; na hipercapnia a oxigenioterapia está contra indicada, pois o alívio da hipoxia às vezes faz a ventilação pulmonar diminuir tanto, que aparecem níveis letais de hipercapnia, como índice anormal ventilação-perfusão ou a atividade do centro respiratório.

    O tratamento e aplicação de oxigênio á 99,9% precisam ser cuidadosamente manipulados, pois algumas complicações sérias, á nível orgânico podem surgir. Conforme Houssay (1984), a inalação de oxigênio puro (PO2= 760 mm Hg) durante 12 horas ou mais ocasiona irritação dos tecidos broncopulmonares e, se a exposição for prolongada por mais de 24 horas, pode provocar broncopneumonia.

    Anomalias pulmonares como pneumopatia significativa ou ainda, que o individuo esteja exercitando-se em grandes altitudes, limitam consideravelmente o desempenho da resistência (POLLOCK & WILMORE, 1993).

    São inúmeras as variáveis a serem controladas para uma melhora na performance, pois se tratando de mecanismos de regulação corporal, a fisiologia respiratória está associada diretamente e deve ter relevância na âmbito da pesquisa. Embora possa existir um efeito psicológico, não dispomos de base fisiológica para a utilização de oxigênio durante a recuperação (FOSS, KETEYIAN & FOX 2000). Estudos mais atuais nos trazem a importância e utilização da hiperoxia.

    Perry et al. (2007) submeteu nove sujeitos (seis homens e três mulheres) a seis semanas de treinamento no ciclo ergômetro a 90% do VO2Máx, três sessões por semana, hiperoxia de 60% de oxigênio e normoxia de 21% de oxigênio, analisando as variáveis: VO2Máx, tempo de ciclismo, biópsia muscular e produção de potencia, pré e pós-treino. Embora a potência muscular tenha aumentado sob condições de hiperoxia em 8%, os autores concluíram que o treinamento adicional em hiperóxia não é suficiente para proporcionar um aumento na capacidade aeróbia, musculatura esquelética, VO2Máx, e na performance do exercício. O mesmo autor em outra pesquisa submeteu oito homens e três mulheres a um tempo maior de exposição ao treinamento no ciclo ergômetro (12 semanas), realizando estes, pré e pós-treino sob condições de H: 60% O2 e N: 21% O2. A metodologia usada nesta pesquisa é parecida com a que foi utilizada no artigo citado anteriormente, sendo assim os autores encontraram um aumento na produção da potência em 8,1% em situação de hiperoxia.

    O uso de oxigênio tem sido difundido nos esportes por possuir um efeito ergogênico e também para aqueles atletas que se deslocam para a altitude, embora alguns autores associem a melhora do desempenho a um efeito psicológico, novas pesquisas apontam em direção a uma nova perspectiva, na qual se associa a melhora no desempenho atlético com efeitos fisiológicos concretos.

Hiperoxia e exercício físico

    Pesquisas têm mostrado resultados onde existe uma associação entre exercícios de alta intensidade e a capacidade de obsorção de oxigênio, sendo que, volumes fisiológicos e mensurações anatômicas variam de acordo com a idade, sexo, dimensão corporal e especialmente com a estatura. Portanto os volumes pulmonares somente devem ser avaliados em relação a padrões estabelecidos que levem em conta esses fatores (McARDLE, 1998 & WEST, 2005).

    Com a prática de exercícios extenuantes, mecanismos fisiológicos se alteram demasiadamente provocando mudanças orgânicas. Segundo Levitzky (2004), acima de 60% da capacidade máxima de trabalho do indivíduo, a ventilação minuto torna-se mais rápida que o consumo de O2, mas ela continua a crescer proporcionalmente ao aumento da produção de CO2 (dióxido de carbono). Esse aumento da ventilação acima do consumo de O2 em níveis altos de trabalho é causado pelo aumento da produção de ácido lático que ocorre em conseqüência do metabolismo anaeróbio. A ventilação (VE) aumenta durante as cargas de trabalho progressivas até o nível máximo. Partindo de um valor em repouso de aproximadamente 6 litros-minuto, a ventilação aumenta até 100, 150 e, nos casos extremos, até 200 litros-minuto (ASTRAND, 1980).

    Assim como mecanismos respiratórios, toda a fisiologia corporal se ajusta com o exercício físico intenso. Astrand (1980) ainda nos mostra algumas alterações de ordem sanguínea durante exercícios muito árduos, onde a saturação de oxigênio do sangue arterial pode, porém, cair para menos de 95% sem uma redução correspondente na pressão de oxigênio (PO2). Numa grande altitude, onde a PO2 alveolar é mais baixa, a saturação arterial é influenciada ainda mais numa direção negativa, por uma queda do pH e por um aumento na pressão de dióxido de carbono (PCO2) e na temperatura.

    A PO2 alveolar, respirando O2 puro ao nível do mar, alcança cerca de 650 mm Hg, e na PO2 arterial é um pouco menor. Os volumes de oxigênio transportados pelo sangue arterial aumentam em 2,2 ml (0,5 ml por maior saturação de Hb, e 1,7 ml em solução) (HOUSSAY, 1984). Outro importante fator na administração de oxigênio puro é a redução da pressão total dos gases no sangue venoso (WEST, 2005).

    Stellingwerff et al. (2006) submeteu sete homens ativos com idade: 22;3 ± 1,2 anos; altura: 180 ± 5cm; peso: 76.1 ± 4,3 Kg e VO2 de pico: 52.8 ± 3,0 ml . kg.min. a um treinamento no ciclo ergômetro onde foram mensurados em 10, 20 e 40 minutos de exercício a 70% do VO2 de pico em condições de H: 60% O2 e N: 21% O2. Os resultados da pesquisa mostram que os efeitos da hiperoxia resultaram em uma diminuição da produção total de lactato no final de 40 minutos de exercício no ciclo ergômetro, sendo assim tais resultados enriquecem as pesquisas nesta área com outros parâmetros norteadores da fisiologia do exercício.

    A associação do retardamento ou diminuição da produção de lactato com a melhora da performance talvez seja um de muitos fatores que possam explicar e fundamentar o uso do recurso ergogênico denominado hiperoxia, sendo assim, a relação de variáveis imprescindíveis na fisiologia com o uso de um ar enriquecido de oxigênio terá uma atenção especial em se tratando da busca incessante de aperfeiçoamento e rendimento atlético.

Conclusões

    Artigos científicos têm relatado uma redução e retardamento na produção de lactato sanguíneo, o que nos indica melhora na capacidade aeróbia e anaeróbia assim como retardamento da fadiga muscular, proporcionando aumento da capacidade de desempenho físico.

    A H contribui na melhoria do desempenho humano nos esportes, proporcionando aumento na capacidade aeróbia e anaeróbia, assim como aceleração dos processos de recuperação orgânica.

Referências bibliográficas

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