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A importância da prática de exercícios 

físicos por indivíduos portadores de escoliose

A importancia de la práctica de ejercicios físicos por parte de portadores escoliosis

 

*Programa de Mestrado em Educação Física

da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT)

Especialista em Educação Física com ênfase em Natação para Bebês (FACIMAB)

Professora de natação Infantil da Academia Pelé Club

Professora de Ginástica da Academia Viva Fitness

**Programa de Mestrado em Educação Física

da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT)

Especialista em Fisiologia do Exercício (FIBRA)

Especialista em Educação Física com ênfase em Obesidade (FACIMAB)

Coordenador de Educação Física do Colégio Ipiranga

Supervisor Técnico da Academia da Assembléia Paraense

Paloma Aguiar Ferreira da Silva Raiol*

palomaraiol@gmail.com

Rodolfo de Azevedo Raiol**

rodolforaiol@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O crescimento tecnológico tem propiciado a sociedade como um todo executar tarefas com auxílio de instrumentos tecnológico (escadas rolantes, carros, controles remotos, etc.) o que tem contribuído para o aumento do número de sedentários no mundo. Doenças ósteo-mio-articulares, entre elas a escoliose, tem sido associadas à inatividade física. Este estudo busca explicar a etiologia da escoliose e o papel do exercício físico como fator adjuvante no tratamento da mesma. Para isso foi feita uma revisão de literatura em artigos e livros com trabalhos entre os anos de 1979 até 2010. Concluímos ao final da revisão que os exercícios físicos têm papel fundamental na estabilização dos sintomas da escoliose, tanto impedindo o agravamento da doença quanto melhorando a qualidade de vida do portador de escoliose.

          Unitermos: Exercícios físicos. Escoliose. Doenças.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Com o advento da Revolução Industrial, transformações tecnológicas, sociais e econômicas foram implantadas na sociedade moderna. Esta se caracteriza por estabelecer relações trabalhistas ainda mais proeminentes, tornando-se uma sociedade eminentemente produtiva de força de trabalho, que perdura até os dias atuais. Ao passo que percebemos nossa sociedade engajada no universo trabalhista, há evidências de que a maior parte da população dos países industrializados é sedentária e apresenta baixo nível de condicionamento físico. O sedentarismo acabará tornando-se um problema com a continuidade do desenvolvimento e urbanização, pois percebemos uma sociedade acomodada, cuja cultura de prática de exercícios físicos é esquecida propiciando o aparecimento de inúmeras doenças.

    Diversas pesquisas mostram que a carência de movimento provoca o aparecimento de doenças músculo-esqueléticas, o que está relacionado também com o processo de envelhecimento. “(...) enquanto as crianças realizam uma quantidade de atividade física no decorrer do dia, os adultos reduzem de forma crescente o número de atividade física (...)” Weinneick (2003, p. 40).

    Segundo Weinneick (1999), a falta de movimentação, numa vida muito sedentária, também têm um papel relevante no desenvolvimento de doenças, pois um órgão ou membro se desenvolve à medida que é exercitado. Aliado a fatores endógenos e exógenos (hábitos de vida e alimentação inadequada), houve uma maior incidência de doenças na sociedade.

    O estilo de vida ativo contribui significativamente para a integridade física, mental e social do indivíduo. A adoção de hábitos saudáveis tais como a prática regular de exercícios físicos, alimentação adequada, sono bem distribuído, controle de peso e uso moderado de álcool ou cigarros; são comportamentos ímpares à manutenção e promoção da qualidade de vida. Segundo Allsen, Harrison e Vance (2001, p. 8): “(...) em um estudo de 5 anos e meio conduzido pela School of Public Health da UCLA, em Alameda County no norte da Califórnia, indica que algumas práticas de saúde básica são encontradas entre pessoas que vivem mais tempo e de maneira mais saudável; e as pessoas que não realizam essas práticas sofrem de doenças degenerativas mais cedo (...)”.

    O presente estudo teve como objetivo verificar o papel dos exercícios físicos no tratamento e controle da Escoliose.

Revisão de literatura

    Diversas pesquisas mostram que a carência de movimento provoca o aparecimento de doenças músculo esquelética o que está relacionado também com o processo de envelhecimento. “(...) enquanto as crianças realizam uma quantidade de atividade física no decorrer do dia, os adultos reduzem de forma crescente o número de atividade física (...)” Weineck (2003, p. 40).

    Algumas doenças são tidas como doenças do século XXI, pois sua maior predominância de incidência se deu nos dias atuais. Lombalgias são típicas do contexto da sociedade sedentária moderna. Uma das enfermidades que mais acomete a população de forma grave, quase sempre benigna, antiestética, provocando deformidades torácicas, que compromete a qualidade de vida é a escoliose. Vista como uma morbidade notável que pode se agravar, comprometendo as funções cardiorrespiratórias, acrescentando-se um custo econômico das reduzidas capacidades de trabalho ou até mesmo a invalidez, que afeta toda a sociedade. Além disso, a escoliose é uma condição potencial progressiva que afeta crianças durante a fase de crescimento (TIBÚRCIO et al, 2008).

    Define-se escoliose como curvamento lateral não fisiológico em relação à linha mediana; devido aos ligamentos vertebrais mecânicos das articulações posteriores, e das restrições ligamentares e musculares da coluna vertebral. Esse encurvamento lateral é gradualmente acompanhado da rotação simultânea dos corpos vertebrais no sentido do lado convexo da curva (HERNANDEZ et al, 1998).

    Segundo Perdriolle (2006) existem inúmeras alterações e doenças na coluna que podem causar escoliose:

  1. Alterações congênitas nas vértebras.

  2. Alterações congênitas no sistema nervoso (paralisia cerebral, siringomielia, etc.).

  3. Doenças dos músculos (distrofia muscular, paralisia infantil, etc.).

  4. Doenças complexas (Marfan, neurofibromatose, etc.).

  5. Tumores, traumatismos (pancadas), irradiações, etc.

    Para Moraes (2007), a postura é caracterizada pelo arranjo relativo das diversas partes do corpo, sendo avaliada através de diversos protocolos quase sempre subjetivos e pouco quantitativos e raramente são feitos para serem utilizados nas áreas de educação física e esportes. Existem ainda fatores que podem desencadear má postura, atuando direta ou indiretamente no aparecimento de uma postura inadequada ou de uma alteração postural: dentre esses, podem ser mencionados aos quadros emocionais, secundários à patologia traumática, alteração da força e resistência muscular, hábitos de postura, hereditariedade e vestuário (HERNANDEZ et al, 1998).

    A melhor postura é aquela que preenche todas as necessidades mecânicas do aparelho locomotor, permitindo que o indivíduo mantenha a posição ereta com esforço muscular mínimo. Todas as posturas da coluna vertebral sejam estáticas, sejam dinâmicas, estão em constante equilíbrio para determinado estado funcional a que se encontra submetido, sem nenhuma sintomatologia referida ou sinal observado, decorrente naturalmente da perfeita atividade muscular consciente e inconsciente (LIANZA, 1982).

Exercício físico e escoliose

    No decorrer da nossa evolução, o homem se transformou em um ser intelectual e sedentário, uma vez comparado ao homem da Idade da Pedra cujas necessidades de alimentação e sobrevivência, o fazia praticar regularmente a atividade física.

    Em um período de cem anos diminuiu a cota de energia despendida através da atividade física de noventa por cento para um por cento. Essa queda brusca da atividade física não permaneceu sem conseqüências para o organismo humano. Uma variedade de doenças conhecidas como doenças hipocinéticas representam uma expressão típica para um estilo de vida unilateral, pobre em movimento e com comportamento passivo durante o tempo livre (televisão, computador, etc). (WEINNECK, 2003, p. 36-37).

    O estilo de vida ativo contribui significativamente para a integridade física, mental e social do indivíduo. A adoção de hábitos saudáveis tais como a prática regular de exercícios físicos, alimentação adequada, sono bem distribuído, controle de peso e uso moderado de álcool ou cigarros; são comportamentos ímpares à manutenção e promoção da qualidade de vida (RAIOL; RAIOL, 2010). Segundo Allsen, Harrison e Vance (2001, p. 8):

    (...) em um estudo de cinco anos e meio conduzido pela School of Public Health da UCLA, em Alameda Country no norte da Califórnia (EUA), indica que algumas práticas de saúde básica são encontradas entre pessoas que vivem mais tempo e de maneira mais saudável; e as pessoas que não realizam essas práticas sofrem de doenças degenerativas mais cedo (...).

    O exercício físico traz benefícios à maior parte dos componentes estruturais e funcionais do sistema músculo-esquelético, aumentando a capacidade funcional e conseqüentemente, melhorando a qualidade de vida. Boa parte do declínio da capacidade funcional relacionado à idade deve-se mais à atividade física insuficiente do que propriamente a idade (RAIOL; RAIOL, 2010).

    Neste contexto que se fundamenta a necessidade da detecção e intervenção precoce nas alterações da coluna vertebral. Sabe-se que o diagnóstico tardio pode implicar o aparecimento de graves complicações estruturais, funcionais, estéticas e psicológicas. Por isso mesmo, a prevenção e o tratamento fisioterápico desenvolvido de forma sistemática e adequado, ou seja, um treinamento muscular periodizado e organizado nos casos de escoliose, hipercifose e má postura trazem resultados benéficos para a maioria dos indivíduos (SOMAZZ; TEODORI; CORTELLAZI, 2000).

    Ao longo dos anos, alternativas de tratamento para a escoliose têm sido propostas. A intervenção cirúrgica, o uso de aparelhos externos e a execução de exercícios físicos são medidas terapêuticas (ARAÚJO et al., 2010).

    O objetivo do tratamento é proporcionar o portador de escoliose idiopática o equilíbrio e a estabilidade da coluna. Em uma pequena escoliose, diagnosticada precocemente, queremos alcançar com o tratamento a prevenção da evolução da deformidade. Já nos casos mais avançados, os objetivos são a correção da curvatura lateral e da deformidade rotatória ao mais alto grau possível, e a manutenção da correção conseguida pelo restante do tempo possível (ALLSEN; HARRISON; VANCE, 2001).

    A ação profilática ou corretiva da escoliose possui como terminologia a conservadora versus cirúrgica e cabe a nós apenas elucidar o tratamento conservador através de exercícios, entretanto sabemos que somente o exercício não evitará a progressão de uma coluna escoliótica, nem o exercício isolado corrigirão qualquer escoliose existente (CAILLIET, 1987). Apesar do fato de que somente o exercício não evitará a progressão de uma curvatura escoliótica, nem que este corrigirá uma curvatura de escoliose já instalada; os exercícios têm valor porque melhoram a postura, aumentam a flexibilidade e melhoram o tônus em geral, tanto muscular quanto ligamentoso. O exercício também tem valor psicológico, porque aumenta o sentimento de auto-estima do homem (CAILLET, 1979). A utilização de exercícios para profilaxia e conservação da escoliose se faz necessária ao longo da vida.

    Nos casos em que as deformidades da coluna não forem causadas por doenças nos ossos (ex: osteoporose) ou deformações nas vértebras, é provável que o tratamento deva conduzir a coluna à posição normal e, através de exercícios terapêuticos, desenvolver a musculatura interessada para mantê-la na posição corrigida como afirma Somazz, Teodori e Cortellazi (2000). A recondução da coluna para sua posição normal poderá ser feita facilmente com o emprego de uma força de tração do lado convexo da escoliose. A utilização da tração aumenta os espaços entre as vértebras e, além disso, reduz a curvatura nos pontos críticos.

    A aplicação de tração na coluna é uma forma engenhosa para promover seu endireitamento sem que seja necessário manusear vértebras e discos. A literatura relata vários recursos fisioterapêuticos que têm sido utilizados para melhorar a escoliose: método Schort, estimulação elétrica dos músculos, reorganização tônica, reeducação postural global (RPG), iso-stretcheing e os exercícios físicos (SOMAZZ; TEODORI; CORTELLAZI, 2000). Esses exercícios físicos devem ser Resistidos (Musculação, Pilates ou hidroginástica), Coordenativos (Mat Pilates, Yoga ou Funcionais) e de alongamentos para propiciar ao praticante aumento da força muscular, estabilidade articular, coordenação intramuscular e descompressão das estruturas (RAIOL; RAIOL, 2010, ARAÚJO et al., 2010, FLECK; KRAEMER, 2006).

Conclusão

    De acordo com a fundamentação teórica revisada na presente pesquisa, conclui-se que o exercício físico se apresenta como meio bastante eficaz na ação profilática e coadjuvante no tratamento da escoliose. Uma vez que o maior determinante causador das escolioses idiopáticas são os desequilíbrios musculares, os exercícios físicos que reforçam a musculatura fraca da curvatura são de ordem primordial para evitar o agravamento da deformidade e para manutenção de uma boa postura, entendida como equilíbrio entre as partes do corpo, com o mínimo de exigência de esforço muscular estabilizador.

    O programa de exercícios físicos direcionado ao indivíduo escoliótico deve conter Exercícios Resistidos, Coordenativos e de alongamento melhorando assim a força muscular, a estabilidade articular, a coordenação intramuscular e descomprimindo as estruturas que causam dor.

    Estes fatores aliados a hábitos posturais saudáveis, tratamentos fisioterápicos e medicamentosos, contribuem para que não haja agravamento dos desvios posturais e, ainda com identificação e reconhecimento precoce da escoliose existente, evitam o desenvolvimento à deformidade para um maior grau propiciando uma melhor qualidade de vida para o indivíduo.

Referências bibliográficas

  • ALLSEN, P.; HARRISON, J.; VANCE, B. Exercício e qualidade de vida: uma abordagem personalizada. 6ª Ed. São Paulo: Manole, 2001.

  • ARAÚJO, M. E. A. et al. Redução da dor crônica associada à escoliose não estrutural, em universitárias submetidas ao método Pilates. Motriz. Rio Claro, v. 16, n. 4, p. 958-966, 2010.

  • CAILLIET, R. Compreenda sua dor na coluna. São Paulo: Manole, 1987.

  • CAILLIET, R. Escoliose: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Manole, 1979.

  • FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  • HERNADEZ, J.; BENITO, D. O. Musculação: montagem de academia, gerenciamento de pessoal e prescrição de treinamento. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.

  • LIANZA, S. Medicina de reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara, 1982.

  • MORAES, R. Atuação do educador físico no ambiente escolar perante a postura da coluna vertebral de crianças e adolescentes. TCC. São Paulo, Jacareí, 2007.

  • PERDRIOLLE, R. A Escoliose: Um estudo Tridimensional. São Paulo: Summus, 2006.

  • RAIOL, R. A.; RAIOL, P. A. F. S. Prevenção do Risco de Quedas do Idoso: O papel da Estabilidade Articular e dos Exercícios Físicos. Pesquisa em Saúde. Belém, v. 5, n. 1, p. 27-29, 2010.

  • SOMAZZ, M. C; TEODORI, R. M; CORTELLAZI, L. M. J. Triagem escolar em alterações posturais: prevenção e intervenção corretiva nas alterações posturais de jovens em idade escolar. Saúde em revista. Piracicaba, v. 2, n. 4, p. 49 – 53, 2000.

  • TIBÚRCIO, N. S. et al. O impacto dos exercícios de estabilização central na qualidade de vida de pacientes com lombalgia crônica. Revista de terapia manual fisioterapia manipulativa. Londrina, v. 6, n. 26, p. 229-234, 2008.

  • WEINECK, J. Atividade física e esporte: para quê? São Paulo: Manole, 2003.

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