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A influência do ‘jogo das mãos’ no desenvolvimento da

característica psicológica ‘concentração’ em alunos

com níveis mais elevados nesta característica

La influencia del ‘juego de manos’ en el desarrollo de la característica psicológica

‘concentración’ en estudiantes con niveles más elevados en esta cualidad

 

Universidade de Vigo

Estudo integrado no Doutoramento

Perspectivas actuais da Psicologia

da Actividade Física e do Desporto 2007-2009

Jorge Manuel Vanine Espada Olivares

paulicha6@hotmail.com

(Portugal)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo foi realizado no contexto escolar e pretende mostrar a influência do jogo das mãos no desenvolvimento da capacidade de concentração em alunos que possuem níveis reduzidos nesta característica psicológica. Uma amostra de 208 alunos pertencentes a escolas do Concelho de Cascais com uma média de idades 13,8, realizaram a Prova Perceptiva e de Atenção de E. Toulouse & H. Piéron (1986). Em cada grupo dos alunos com valores mais elevados, definiu-se aleatoriamente o grupo experimental (GE) e o grupo de controlo (GC). Participaram 107 alunos dos quais 49 pertencem ao GE e 58 pertencem ao GC. Após a intervenção, realizada durante 10 sessões, em grupos de 4 ou 5 alunos, quer ao nível dos resultados dos alunos, quer ao nível da análise do percentil, encontramos uma evolução nos dois grupos com um valor médio mais elevado do GC. Os alunos com níveis mais elevados e de escalões etários mais altos, parecem não sentir a influência da intervenção. Provavelmente, o nível de maturação dos mesmos no que se refere à variável concentração está muito desenvolvido necessita de uma técnica mais específica para uma maior rentabilização das suas performances nesta capacidade psicológica.

          Unitermos: Jogo das mãos. Concentração. Alunos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No contexto escolar, a concentração é uma das características psicológicas mais importantes para o sucesso dos alunos. Barrera (2009) considera que a atenção é fundamental para o reconhecimento e para o controlo da informação, assumindo-se como um mecanismo muito importante no processo de ensino - aprendizagem. Também para Olivares & Aguilar (1997) a falta de concentração é um dos factores que influencia o rendimento escolar. Os alunos são capazes de desenvolver uma concentração mais elevada com maior intensidade se a sua atenção estiver focalizada em algo que o faz estar atento durante mais tempo, conduzindo os seus pensamentos numa direcção e concentrando-se num objecto. Na realidade, os professores queixam-se repetidamente da falta de concentração dos seus alunos e do seu elevado nível de distracção. Os factores que condicionam os elevados níveis de concentração são inúmeros. Podemos referir a falta de motivação, a ansiedade, a falta de auto – confiança, os problemas familiares, os problemas monetários, a fadiga ou mesmo as dificuldades de aprendizagem. De uma forma geral, todos referem como fundamental que o aluno esteja motivado, o que responsabiliza profundamente o professor, que deverá realizar aulas criativas, sem que sejam monótonas. Por outro lado, se o aluno está motivado, teremos que perceber quais os verdadeiros motivos que condicionam os seus níveis de concentração.

    O nosso estudo procurou mostrar a influência de uma técnica proposta por nós, na elevação da característica psicológica da concentração. Desta forma, o seu objectivo é demonstrar a influência de um jogo realizado com as mãos, no seu incremento ao nível da capacidade de concentração/ atenção dos alunos, promovendo a possibilidade aos professores de possuírem uma nova técnica na rentabilização das capacidades psicológicas dos seus alunos.

Descrição do “Jogo das Mãos”

    Os alunos encontram – se sentados em forma de círculo na posição de pernas cruzadas. Colocam as suas mãos em cima dos joelhos dos colegas que estão à sua esquerda e à sua direita respectivamente. O jogo começa quando uma das mãos “bate” num joelho. De seguida, todas as mãos devem fazer o mesmo seguindo sempre um percurso de rotação ordenado, nunca permitindo que a mão que está posicionada depois, toque no joelho antes da mão que está posicionada anteriormente. Perde quem toca no joelho quando ainda não está na sua vez e perde quem toca não toca no joelho quando já está na sua vez. Se um dos jogadores tocar duas vezes consecutivas no joelho do colega, a direcção da rotação inverte-se.

    O objectivo geral deste estudo é provar a influência de um jogo na elevação dos níveis de concentração dos jovens, dando a possibilidade aos professores de possuírem uma nova técnica na rentabilização das capacidades psicológicas dos alunos.

As hipóteses que estudámos são as seguintes

  • Os alunos do nosso estudo que apresentaram valores mais elevados de concentração, após a intervenção vão elevar esses mesmos valores para um percentil superior.

  • Os alunos do grupo experimental, após a intervenção, apresentam diferenças significativas com valores mais elevados, em relação àqueles pertencentes ao grupo de controlo.

Método

Amostra

    Neste estudo 107 alunos dos quais 49 pertencem ao GE e 58 pertencem ao GC.

Procedimentos

    Os alunos da nossa amostra realizaram a Prova Perceptiva e de Atenção de E. Toulouse & H. Piéron. (1986). Este teste foi aplicado a turmas de diferentes escolas, pelo que definimos 10 grupos/ equipa que pertencem a 10 turmas diferentes. Foram seleccionados os alunos que apresentaram valores inferiores aos valores médios do seu grupo. Em cada grupo foram seleccionados aleatoriamente os alunos que pertencem ao grupo experimental e os alunos que pertencem ao grupo de controlo. Procurámos apenas que a média de cada grupo fosse a mais semelhante de forma a não existirem diferenças significativas antes da aplicação da nossa técnica de concentração. Os alunos foram sujeitos a 10 sessões de intervenção através da aplicação do jogo das mãos. O grupo experimental realizou o jogo das mãos sempre em grupos de 4 ou de 5 alunos.

Variáveis

Variáveis Independentes

  • Alunos pertencentes às escolas do ensino básico e secundário do Concelho de Cascais.

Variáveis Dependentes

  • A variável conceptual é a concentração: resultados obtidos antes e após a intervenção.

Instrumento

    O instrumento utilizado para avaliar a influência do jogo das mãos é a Prova Perceptiva e de Atenção de Toulouse & Piéron (1986). Este teste foi validado com três amostras de nível escolar e tem como objectivo avaliar a atenção concentrada em duas componentes – a velocidade e a exactidão. Tem sido muito utilizado em diferentes estudos, alguns dos quais, realizados na área da psicologia desportiva (Veiga, 1987; Veiga & Brito, 1988; Ferreira, 1990; David, 1991; Colaço, 1992; Brandão, 1993).

Análise dos dados

    Após a aplicação dos instrumentos, realizámos a cotação dos mesmos para efectuarmos o tratamento estatístico; recorreremos à utilização da estatística de inferência comparativa (prova paramétrica ou, o seu equivalente não paramétrico). Foi considerada uma probabilidade de erro de 0.05 (habitual em estudos desta natureza). Recorremos às tabelas de referência de correcção deste instrumento e ao programa SPSS 16 (Statistical Package for Social Sciences). Foi utilizado o teste paramétrico “Independent-Samples T-Test”. Nos casos em que a distribuição não é normal, utilizámos o teste não paramétrico”Wilcoxon-Mann-Whitney”.

Apresentaçao dos resultados

    O GE obteve no Pré PIP um valor de 172,4, enquanto o GC alcançou um valor de 171,8. Após a intervenção, o GE obteve um valor de 216,8, enquanto que o GC obteve um valor de 224,2. A evolução do grupo do GE foi menor do que a evolução do GC, apesar das diferenças não serem significativas.

    Em relação ao percentil, existiu uma evolução por parte dos dois grupos muito semelhante, pois o GE apresenta uma evolução de 16,9 e o GC apresenta uma evolução de 17,3. Também aqui, não encontramos diferenças significativas pois a significância é de 0,478.

    Adicionalmente à apresentação destes resultados globais, consideramos importante apresentar os resultados dos 10 grupos individualmente. As turmas 1, 2, 3, 4, 7, 8 e 9 e 10, após a intervenção, apresentam valores mais elevados do GC quando comparados com o GE. Por sua vez, as turmas 5 e 6 apresentam valores mais elevados no GE do que no GC. Os 10 grupos não apresentam diferenças significativas. Todos os grupos apresentam diferenças elevadas com excepção do GC da turma 8 que apresenta uma ligeira diferença. Em relação ao escalão etário, encontramos para o escalão 11-12 anos, a evolução do GE é muito mais elevada com de 46,8 valores do que no GC com 36,8 valores, apesar de não existirem diferenças significativas. Em relação ao escalão etário 13 – 15 anos temos uma evolução maior no GC do que no GE, igualmente sem diferenças significativas. No escalão etário 16 – 21, após a intervenção, voltamos a encontrar uma evolução mais elevada no GC. Neste grupo temos uma significância de 0,036 o que determina a existência de diferenças significativas.

Discussão dos resultados

    Os resultados gerais obtidos pelos alunos do GE após a intervenção são muito elevados sendo os resultados do GC superiores àqueles encontrados para o GE. Isto pode significar que os alunos a partir de um determinado patamar necessitam de técnicas com objectivos diferentes e provavelmente mais específicas para cada situação. Quando analisamos os 10 grupos observamos que 8 GC conseguem um valor médio mais elevado que os GE confirmando o referido. Esse resultado parece ser demonstrativo do nível elevado de concentração que ambos os grupos tinham e parece-nos mostrar que o jogo das mãos não influencia a rentabilização dos níveis de concentração em alunos com resultados superiores à média. Quando analisamos os valores ao nível dos escalões etários, apenas no escalão etário 11 – 12 anos, a evolução após a intervenção, é superior no GE em 10 valores, o que poderá traduzir a influência da mesma. Nos escalões etários 13 – 15 e 16 – 21 o GC tem uma evolução superior em 14 valores e 29 valores, respectivamente. Parece-nos que, em alunos de escalões etários mais altos, a intervenção também não teve influência.

    Quando analisamos os grupos em relação ao percentil, encontramos igualmente uma evolução nos dois grupos com um valor médio mais elevado do GC. Os grupos apresentam após a intervenção percentis de 80 o que são muito elevados para alunos da escola.

    Assim o que nos parece necessário é encontrar estratégias e técnicas adequadas a estes alunos, que permitam alcançar rendimentos muito elevados. Esta uma tarefa que pode ser mais difícil para o professor pois tem de ter a capacidade para analisar cada aluno e propor a realização de técnicas muito específicas. Por sua vez a tarefa pode ser menos complexa porque estamos perante alunos que anulam grande parte das variáveis que interferem na sua concentração.

Referências bibliográficas

  • Barrera, M. (2009). La enseñanza- aprendizaje de las tareas motrices y la atención: una propuesta práctica. www.psicoaching.net/nodel/163.

  • Olivares, C. & Aguilar, A. (1997). La falta de concentración como uno de los factores que influyen en el bajo rendimiento académico en los estudiantes de primero básico del colegio Bilingüe Sam Juan y la Escuela La Sagrada Familia. Universidad de San Carlos de Guatemala. Escuela De Ciencias Psicológicas. Guatemala, 1997.

  • Vanine Espada Olivares, J.M. (2010) A influência do ‘jogo das mãos’ no desenvolvimento da ‘concentração’ em alunos com níveis reduzidos nesta característica psicológica. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 150. http://www.efdeportes.com/efd150/a-influencia-do-jogo-das-maos-da-concentracao.htm

  • Vanine, J. (2005). “Estudo das características psicológicas (área personalística) das atletas de futebol feminino nos contextos escolar e federado” Tese de mestrado, publicada. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa- Faculdade de Motricidade Humana.

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