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A inteligência lingüística e sua manifestação na cultura Hip Hop

La inteligencia lingüística y su manifestación en la cultura Hip Hop

 

*Professora de Licenciatura Plena em Educação Física

*Acadêmica do oitavo período de Educação Física

Universidade Estadual de Goiás, ESEFFEGO

(Brasil)

Diana Benfica*

diana_lima2103@hotmail.com

Pollyana Villela**

polly_university@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo irá tratar do conceito da Teoria das Inteligências Múltiplas, dando ênfase na Inteligência Lingüística, inserindo-a no contexto social da dança, mais precisamente dentro da cultura Hip Hop, tendo o Rap como principal representante desta linguagem.

          Unitermos: Inteligências Múltiplas. Inteligência Lingüística. Rap. Hip Hop.

 

Abstract

          The following article refers to the concept of the Theory of Multiple Intelligence, emphasizing the Linguistic Inteligence inside the social context of Dance, necessarily inside the Hip Hop culture, using the rap as main representing of this language.

          Keywords: Multiple Intelligence. Linguistic Intelligence. Rap. Hip Hop.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 150, noviembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A capacidade de aprender, analisar e questionar é natural do ser humano. Estas elaborações mentais nada mais são do que representações simbólicas processadas pela inteligência. Neste contexto surge então a teoria das Inteligências Múltiplas, as quais são de suma importância para a melhor compreensão da estruturação e funcionamento da estrutura cognitiva do individuo.

    As Inteligências Múltiplas se dividem em oito; Lógico-matemática, Cinestésica-corporal, Musical, Espacial, Interpessoal, Intrapessoal, Ecológica, e Lingüística a qual será abordada e desenvolvida neste artigo. A Inteligência Lingüística como o próprio nome diz, envolve a capacidade de se lidar com diferentes tipos de linguagem, como oral, escrita, gestual etc.

    A dança, como forma de expressão corporal, tem sua característica marcante na musicalidade, ritmo e criatividade. Possui várias formas, estilos e técnicas, alem de expressar nas mais diferentes formas de acordo com as regiões. É universal e ao mesmo tempo individual levando aqueles que a praticam as mais diferentes expressões e sentimentos.

    Na dança são revelados sentimentos e a expressão de atitudes interiores. Transformam-se e se retransformam seus praticantes, produzindo sentidos para essa prática e para a continuação dela, transmitindo uma linguagem nos movimentos e um modo de ser. (RIBEIRO 2008).

    A partir destas definições, podemos então inserir a Inteligência Lingüística no contexto da Dança, tratada aqui através da cultura Hip Hop, a qual possui vários elementos, dentre eles o street dance (break) que é a expressão corporal e o Rap que é a expressão lingüística, os quais nortearão a nossa pesquisa.

A Teoria das Inteligências Múltiplas e a Inteligência Lingüística

    A Teoria das Inteligências Múltiplas foi desenvolvida pelo psicólogo Howard Gardner. Na sua visão, a inteligência é “a capacidade para resolver problemas ou elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários” (Gardner, 1995, p.14). Tais elementos como, a criatividade e o trabalho em equipe na elaboração de projetos, também fazem parte desse conceito.

    Assim essa teoria contribui de forma a demonstrar que todos os indivíduos são inteligentes, porem de forma diferente, estas inteligências são desenvolvidas de acordo com os estímulos, ambientes e cultura. Um mestre da musica, por exemplo, desenvolveu sua linguagem musical até o ponto de ler partitura e compor melodias. Desta forma não se pode considerar se um individuo é ou não inteligente, mas sim como ele é inteligente.

    Até o momento são oito as inteligências verificadas, porém, trataremos aqui apenas da Inteligência Lingüística, que consiste na “capacidade em adquirir, compreender e dominar as expressões da linguagem, colocando em ação a semântica e a beleza na construção da sintaxe”. (Antunes, 2006, p. 20)

    Podemos identificar a utilização mais profunda desta inteligência nos contadores de historia, oradores, políticos, poetas, dramaturgos, editores e jornalistas. O uso desta inteligência pode se dar de diversas formas, como por exemplo, por meio da retórica, que consiste no uso da linguagem como forma de convencer os outros a seguirem um curso de ação especifico; da mnemônica, a lembrança de informações por meio da linguagem; da explicação, uso da linguagem para informar e por meio da metalinguagem, a explicação da linguagem por meio dela mesma.

Cultura Hip Hop: história e elementos

    Desde quando emergiu nos EUA, na década de 70, o Hip Hop expandiu-se para o mundo, atingindo os interesses, principalmente, da juventude urbana, negra e periférica (HERSCHMANN, 2000 apud RIBEIRO 2008). Para Ribeiro (2008) esse acontecimento foi resultado da diáspora africana e das condições de vida de uma raça oprimida, o movimento se constituiu para além do modismo, e defende, há mais de trinta anos, a resistência à opressão, proporcionando caminhos que visam à conscientização de direitos e oportunidades: social, econômica e cultural. Não com armas; uma batalha de diferentes (e melhores) estilos, para transformar a violência insensata em energia positiva.

    O Hip Hop começou a se destacar nos anos 70, em meio à era disco, partindo do gueto nova yorkino do Bronx para Harlem e Brooklin e, futuramente, para o mundo. A chamada cultura Hip Hop, em 1974, ganha vida e é fundado o Zulu Nation, criam-se então os quatro elementos (ALVES et al 2004, apud VANDERRAMA e HUNGER 2007).

    O termo Hip Hop foi criado em meados de 1968 por Afrika Banbaataa. Sua inspiração para o nome originou-se de dois movimentos cíclicos, um deles na forma pela qual a cultura dos guetos americanos era transmitida e a outra na forma de dançar popularmente na época, que era movimentando os quadris (hip) e saltando (hop).

    Porém, o termo Hip Hop é uma forma generalizada de se tratar desta cultura, pois esta é formada de vários elementos como o Break, que representa o corpo através da dança; o MC, a consciência, o cérebro; o DJ, a alma, essência e raiz e o Grafite, a expressão visual da arte.

    BREAK: na década de 60 a onda da música negra assolou os Estados Unidos, estes artistas tinham uma maior proximidade com a população das cidades, principalmente pelo fato de demonstrarem de forma verdadeira a alma em suas canções. O Break foi influenciado então pela cultura negra, e esta denominação se dá pelo fato de nas block parties ou festas de quarteirões, o famoso Dj Kool Herc brincar com as batidas das músicas. Essas brincadeiras eram denominadas de Breaks (intervalos de compasso) e davam origem aos beats, então os dançarinos que realizavam suas performances nestes breaks foram denominados de B. Boys (break boys), ou seja, aqueles que dançavam nos intervalos da música.

    MC: ou mestre de cerimônias, também conhecido como o “rimador”. A denominação não importa, pois com o crescimento e desenvolvimento do Rap o MC passou a se chamar Rapper (pessoa que canta e faz o rap). O MC é responsável pela letra incorporada às melodias marcantes que constituem o rap, e a maioria deles tem o espirito underground, ou seja, fazer rimas sem mostrar a cara, apenas o reconhecimento do talento e não de um corpo.

    DJ: segundo Juny Kp (2001), “Dj é a pessoa que manipula os toca-discos”. Em uma abordagem histórica citamos que tudo iniciou durante a trajetória dos disk jóqueis (DJ), Jonh Cage na década de 30 manipulavam os fonógrafos, antiga vitrola antes dos toca-discos, com a mistura de trechos abstratos criando um clima modernista. Os djs inovavam as melodias usadas pelos Mc faziam sons novos e revolucionavam as músicas nas festas. Alguns nomes como Kool Herc foram de grande importância para esse elemento.

    GRAFITE: utilizado hoje para caracterizar a arte de rua com desenhos de expressões corporais através da pintura de muros, afrescos, outdoors, usando a tinta em spray. O grafite é a arte das ruas, no entanto e totalmente diferente do ato de pichar, que é considerado como um vandalismo, e que não faz parte dessa cultura.

    A partir desta breve exposição à cerca da cultura em geral, podemos então inseri-la no contexto da inteligência lingüística, dando ênfase no rap e na dança como expressões desta.

O Rap e a Inteligência Lingüística

    Pretendemos agora identificar no Rap e na Dança de Rua características da Inteligência Lingüística.

    O Rap significa Rhythm and Poetry (ritmo e poesia), é a revolução através das palavras e uma forma de mostrar a realidade social que é ainda desconhecida pela sociedade. Diante desta definição podemos identificar a presença marcante da inteligência lingüística que segundo Antunes (2006, p.19), “é a capacidade de algumas pessoas em “brincar” com as palavras, escolhendo e arrumando-as de maneira harmoniosa para expressar pensamentos e, dessa forma cumprir um papel, alcançar um objetivo”.

    Isto pode ser verificado em várias músicas populares que tem cunho social-revolucionário, denunciando a exploração que é imposta pelo sistema capitalista.

    A polícia matou o estudante, falou que era bandido, chamou de traficante. A justiça prendeu o pé-rapado, soltou o deputado... e absolveu os PMs de vigário![...] A polícia só existe pra manter você na lei, lei do silêncio, lei do mais fraco: ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco. A programação existe pra manter você na frente, na frente da TV, que é pra te entreter, que é pra você não ver que o programado é você. (Trecho música Até Quando? Gabriel O Pensador).

    Os Rappers conseguem desenvolver uma habilidade lingüística de tal maneira que brincam com as palavras utilizando figuras de linguagens, comparações, e outros elementos da língua. As rimas são bastante utilizadas nessas composições, e estas dão ênfase nas letras e facilitam sua compreensão e assimilação.

    Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda à gente anda pra frente. E quando a gente manda ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura. (Trecho música Até Quando? Gabriel O Pensador).

    No trecho supracitado podemos perceber a presença da aliteração que é uma figura de linguagem que consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais e a presença marcante da rima, elementos que fazem parte da inteligência lingüística.

    Além do Rap a dança também possui uma função social muito importante, e na cultura Hip Hop muitas das performances são executadas ao som das batidas do rap. Algumas danças que representam esta cultura como o Break, Popping, Locking e o Hip Hop Freestyle, possuem características de suma importância, pois apresenta movimentos e ritmos diferentes, o que dá inspiração para os sons do Rap.

    Assim podemos compreender que a dança também possui sua linguagem própria, como o Break, que possui movimentos estilizados e derivados da ginástica olímpica e da capoeira, como o moinho de vento, os top rocks e o freeze. Já o popping, se caracteriza por movimentos de contração formando diferentes imagens e semelhantes a um robô. O Locking significa trancar, e possui movimentos que expressam figuras como o point (apontar), o clap (bater palmas) e o próprio locking (trancar). E finalmente o Hip Hop Freestyle, que se caracteriza por movimentos livres e improvisados.

    Podemos perceber então que a cultura Hip Hop possui sua linguagem própria, e que esta possui seus elementos específicos que foram com o passar dos tempos desenvolvidos por seus adeptos, e hoje é uma poderosa influência na formação de milhares de jovens, independentemente de fatores como raça ou condição social. A cultura Hip Hop transcendeu fronteiras e revolucionou a música popular, tornando-a mais sensível aos problemas das grandes cidades.

Considerações finais

    O Rap juntamente com as Danças de Rua possui grandes marcas da Inteligência Lingüística, tanto na montagem e estruturação das músicas, que são verdadeiras poesias da rua, quanto à composição de uma coreografia, que é a representação corporal. Assim essa cultura que é rica em significados tem papel fundamental na sociedade e consegue estabelecer uma conexão entre a arte escrita e a arte corpórea

Referências

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