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Reflexões e projetos sobre a Educação Física na Educação Básica

Reflexiones y proyectos sobre Educación Física en Educación Primaria

 

*CEUCLAR – UFSCar – SEE/SP

**UFSCar – SEE/SP

www.ufscar.br/~defmh/spqmh/

(Brasil)

Fábio Ricardo Mizuno Lemos*

fabiomizuno@yahoo.com.br

Paulo César Antonini de Souza**

pauloantonouza@yahoo.com.br

Engels Câmara*

engels@iris.ufscar.br

Clayton da Silva Carmo**

spina002@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho apresenta reflexões e projetos relacionados com a Educação Física escolar para o ensino fundamental e para o ensino médio, a partir da perspectiva empírica do conhecimento. Assim, com o compartilhamento de experiências vividas na docência, pretendemos sinalizar possibilidades de desenvolvimento para as aulas desse componente curricular.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Projetos. Experiência.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O objetivo deste trabalho é a apresentação de reflexões e projetos advindos da experiência dos autores com o ensino na Educação Básica. A ênfase dada, sem dúvida, está na perspectiva empírica do conhecimento, o que não exclui o embasamento teórico das ações.

    A pretensão não é a de oferecer modelos “enquadrados” de ações, mas de compartilhar experiências e, com estas, sinalizar possibilidades de desenvolvimento para as aulas do componente curricular Educação Física no ensino fundamental e médio.

    Assim, o texto está estruturado a partir dos seguintes tópicos:

  • reflexões sobre procedimentos docentes;

  • reflexões sobre jogo e esporte;

  • considerações sobre o esporte na escola;

  • projeto envolvendo atividades desportivas em meio natural;

  • projeto para uma festa junina – rompendo com o estabelecido;

  • projeto envolvendo a expressão corporal;

  • projeto envolvendo o lazer;

  • projeto envolvendo reflexões sobre o corpo e a mídia.

    Vale salientar que a divulgação preliminar desses tópicos foi feita, entre os anos de 2006 e 2008, em um sítio (site) multimídia de uma escola estadual de ensino fundamental e médio do interior do estado de São Paulo.

Reflexões sobre procedimentos docentes

    Muitas vezes, se pensa em quais procedimentos docentes precisam ser adotados para incentivar o discente a se tornar, por exemplo, praticante, apreciador e produtor/transformador dos elementos da cultura de movimento, mas, além dos procedimentos docentes, o que remete à idéia de “didática” associada apenas às técnicas de ensino, se a busca é por um ensino realmente efetivo, a ponto de propiciar um contexto favorável para que os (as) discentes se tornem praticantes, apreciadores(as) e produtores(as)/transformadores(as) dos elementos da cultura de movimento, posturas docentes são necessárias. Para estas, a atenção aos seguintes pensamentos/ações, freireanas (FREIRE, 2005), é indispensável: a coerência para diminuir a distância entre o discurso e a prática; se recusar a silenciar a liberdade dos educandos e rejeitar a sua supressão do processo de construção da boa disciplina; se assumir como ser passível de não saber, mas se preparar ao máximo para não ter que repetir seguidamente que não sabe; perceber que minha prática exige de mim uma tomada de posição; não pensar que a partir da prática docente podem transformar o país, mas podem demonstrar que é possível mudar; saber escutar, pois somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele; usar os avanços tecnológicos mas, sobretudo, discuti-los; ter uma atitude sempre aberta aos demais, aos dados da realidade assim como, uma desconfiança metódica para não se tornar absolutamente certo das certezas; ter a consciência de que é pensando criticamente a prática de hoje ou ontem que se pode melhorar a próxima prática; ser a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade.

Reflexões sobre jogo e esporte

    Uma das reflexões que acompanham o campo da educação física escolar é a diferenciação entre jogo e esporte. Para se estabelecer uma comparação entre Jogo e Esporte, a partir das técnicas e táticas, é necessário o apontamento das principais características de cada um. O esporte é dotado de regras de caráter oficial e competitivo e envolvem condições espaciais e de equipamentos específicas. O jogo possui a característica mais cooperativa e recreativa, assim como, possibilita uma flexibilidade maior nas regulamentações, que podem ser adaptadas em função das condições de espaço e material disponíveis, do número de participantes, entre outros.

    Especificamente, no que tange as técnicas e táticas, as diferenças estão no rigor do desempenho, visando a melhor eficiência e eficácia, que o esporte requer. O jogo, devido ao seu caráter mais lúdico acaba sendo isento dessas tensões. Em comum, a existência, apesar da flexibilidade possível aos jogos, das táticas e técnicas, afinal, regulamentações têm que ser estabelecidas para que seja viável o andamento das atividades.

    Não é porque a flexibilidade seja possível, que os jogos são desorganizados, sem normas e/ou maneiras mais adequadas para o seu desenvolvimento.

Considerações sobre o esporte na escola

    O ser humano se desenvolve, como ser social, a partir de suas relações com os outros e o mundo.

    Nestas inter-relações, estão presentes as atividades corporais, como o esporte.

    Porém, para o esporte poder ser considerado uma prática social que possibilita o desenvolvimento global dos indivíduos, uma mudança de em foque é necessária.

    A óptica meramente técnica (ou seja, o fazer por fazer) tem que ceder espaço para reflexões (pensar o fazer) acerca das sensações experienciadas num espetáculo esportivo, por exemplo.

    Isto porque, elas podem ir, desde embates entre torcedores, até demonstrações de “fair-play”, ou seja, jogo limpo, sem trapaças, sem más intenções.

    Assim, na qualidade de expectadores ou jogadores, esta ampla gama de possibilidades podem influenciar os seus atores, pois refletem as tramas vividas na sociedade.

    Estabelece-se, desta maneira, um grande jogo social, no qual o esporte ganha, ou melhor, retoma sua função de, também, contribuir para que os indivíduos (seres pensantes e não, somente, seres fazedores) se auto-conheçam e compreendam a realidade.

Projeto envolvendo atividades desportivas em meio natural

    Na tentativa de superar a visão de que Educação Física se restringe aos conteúdos esportivos “clássicos” (futebol, voleibol, handebol e basquetebol) foi desenvolvido um projeto pedagógico envolvendo Atividades Desportivas em Meio Natural (ADMN), mais especificamente, a escalada e o trekking com uma turma do 3º ano do ensino médio.

    O Projeto consistiu em quatro momentos: No primeiro, foi discutido entre os estudantes quais eram as ADMN que eles conheciam e quais as modalidades que poderiam ser vivenciadas em um ambiente escolar, bem como foram expostas, a partir da apresentação de slides na SAI, as compreensões de educadores sobre as ADMN.

    Também foram apresentados alguns equipamentos utilizados nas ADMN, como: cadeirinha, corda, fitas de segurança, mosquetões, capacetes e alguns tipos de descensores. Juntamente com a apresentação dos materiais discutiu-se a importância que a segurança possui neste tipo de atividade, bem como o conhecimento necessário de como utilizá-los da maneira correta, pois a não observância dos mesmos pode acarretar em acidentes fatais.

    O segundo momento consistiu em uma oficina para confecção de alguns nós utilizados em atividades como: rappel, escalada, canyoning, entre outros e a experienciação em uma atividade que consistia em andar sobre uma corda presa entre as colunas de sustentação da quadra poliesportiva (falsa baiana).

    No terceiro momento, foi realizada uma ascensão utilizando uma corda fixada na estrutura metálica de sustentação da cobertura da quadra e posteriormente um rappel da arquibancada para a quadra com altura de aproximadamente três metros.

    Para finalizar a intervenção pedagógica, realizou-se uma visita, à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com os alunos interessados em conhecer os aspectos que permeiam este tipo de atividade.

    Aproveitando a inserção no espaço Universidade Pública, também foi realizado o projeto Vivências em uma Universidade Pública Federal, o qual teve por objetivos:

  • Aproximar os alunos da Universidade Pública, desmitificando-a;

  • Apresentar as estruturas e o funcionamento da Universidade Pública;

  • Apresentar, a partir de graduandos, alguns cursos oferecidos pela Universidade;

  • Motivar os alunos a intentarem o acesso à Universidade Pública.

    Alunos de Matemática, Engenharia, Imagem e Som, Física, Psicologia e Ciências Sociais, conversaram informalmente com nossos alunos, relacionando seus cursos com as matérias escolares do Ensino Público e também oferecendo uma perspectiva sobre planos de carreira e futuro.

    A apresentação dos cursos teve dois momentos diferenciados quando os alunos conheceram o laboratório de Engenharia, sanando dúvidas em relação a este curso, e também no encontro com um professor que leciona no Curso de Educação Física e no Programa de Pós-Graduação em Educação, orientando um pequeno debate/reflexão com o grupo a respeito das atividades em meio natural.

    O passeio ainda contou com o almoço no Restaurante Universitário, visita à Pista da Saúde/UFSCar; ao serrado (mirante e tablado) e Biblioteca Comunitária.

    No final da visita, a fim de exercitar em um espaço próprio as atividades iniciadas na escola, os alunos puderam experienciar a escalada em ambiente artificial, a partir da utilização das agarras instaladas em uma das Caixas de Água da Universidade.

    A participação do universitário Flávio Idalírio de Lima Leite, na realização do projeto, estudante de Educação Física na UFSCar e monitor do projeto Vivências em Escalada da UFSCar foi muito importante para a plena realização do projeto.

Projeto para uma Festa Junina: rompendo com o estabelecido

    Antes da especificidade da disciplina Educação Física, os docentes desta são educadores e o educador é responsável pela formação total/global dos discentes.

    Por ser assim, deve haver a busca por não permanecer apenas nos movimentos físicos e corporais. Essa concepção também foi estendida para a elaboração de atividades desenvolvidas para a festa junina da escola.

    Muitos estranharam que em meio a danças cowntry, músicas sertanejas e coreografias regionais em um “Arraia” da escola, um grupo de alunos “invadisse” o palco (a quadra escolar) dançando maculelê.

    Embora no Brasil, historicamente, pra maioria das coisas, se leva tudo “com a barriga”, o melhor momento sempre é o momento de agora, então... não se pode deixar de abordar a inserção dessa apresentação entre as “tradicionais” (ou importadas), que usualmente fazem parte das festas juninas.

    Essas concepções do que deve ser apresentado nos arraiás da vida não satisfazem a todos... satisfazem apenas a uma minoria sempre favorecida... e não se pode compactuar com a idéia de uma educação segregadora...

    Muito se fala atualmente de africanidades (ou, infelizmente, quase nada se fala!) e de propostas afirmativas em relação a esta temática. Mas na prática, vemos muito pouco.

    Projetos elaborados para obter resultados instantâneos e meramente expositivos, ou uma e outra atividade apoiada de maneira efêmera na cultura africana.

    Esquece-se que para se “afirmar” algo ou “valorizar” questões, é necessário vivenciar esses momentos.

    Mais que uma apresentação supérflua desenvolvida especificamente para um evento escolar, o maculelê apresentado pelos alunos foi parte de um processo educativo muito intenso.

    Os estudantes pesquisaram movimentos, discutiram ações e valores, interagiram com colegas de outras turmas, períodos e idades e também utilizaram recursos teóricos e práticos encontrados por eles mesmos, até na construção dos objetos usados na apresentação.

    A festa junina da Escola, não se prendeu apenas à pipoca, à quadrilha e ao quentão.

    Esse arraial reafirmou valores e heranças que muitos sequer se dão ao trabalho de querer saber.

Projeto envolvendo a expressão corporal

    Com o objetivo principal de iniciar reflexões, com os alunos, sobre a possibilidade de diversas leituras de um jornal, entre elas, a leitura das imagens dos movimentos/gestos corporais, foi iniciado o projeto “A Linguagem das Imagens” com as 7ª séries do Ensino Fundamental.

    As etapas do projeto direcionaram-se para a realização de leituras de imagens de movimentos/gestos corporais, bem como, para o desenvolvimento da percepção (“do olhar”) para a interpretação dos mesmos. Também, especificamente, se objetivou construir seqüências de movimentos/gestos corporais, a partir da percepção de uma construção harmônica (ou não) das imagens.

    Síntese das etapas: leitura “ampliada”, de jornais, em busca de imagens significativas (corpo humano em movimento) para cada discente; reprodução das imagens escolhidas em papel sulfite; organização, em grupos, das imagens em uma seqüência harmônica, ou não, dos movimentos/gestos corporais (em painéis); apresentação das seqüências de movimentos/gestos corporais; reflexões, em conjunto com os alunos, sobre o cumprimento dos objetivos do projeto; exposição dos painéis em mural da escola.

    No decorrer das etapas, o estranhamento inicial, gerado pela proposta de realização de uma leitura não escrita (palavras), ou seja, a partir de outro referencial (imagens corporais), se amenizou. Isto se deu pelas reflexões e aprendizagens relacionadas à mudança de foco, olhar.

Projeto envolvendo o lazer

    Alunos de 8as séries do ensino fundamental do 1o ano do ensino médio desenvolveram o Projeto Lazer, envolvendo práticas e/ou ações de lazer da população do município.

    Tal projeto objetivou identificar os locais e as práticas e/ou ações de lazer da população local, bem como refletir sobre os dados encontrados (possibilidades/impossibilidades de/para o lazer; responsabilidades na oferta do lazer; lazer atividade e lazer contemplação) e vivenciar algumas práticas e/ou ações de lazer.

    Em uma primeira etapa, os estudantes realizaram pesquisas com moradores da cidade e se reuniram em grupos para divulgação e organização dos dados obtidos. Após, elaboraram um trabalho por série, agrupando os dados obtidos pelos grupos.

    No total, foram pesquisadas 340 pessoas, a maior parte destas com faixa etária entre 13 e 16 anos.

    Os locais de lazer mais indicados foram: a própria casa, praças, um rio que atravessa a cidade e clube.

    As ações/atividades mais indicadas foram: passear/caminhar, nadar e jogar futebol.

    Na segunda etapa do projeto, de posse desses dados, os estudantes foram levados para os locais, dentro do possível, com maior número de indicações, para vivenciarem as práticas/ações, também dentro do possível, com o maior número de indicações.

    Durante a ocorrência do projeto, incluindo as vivências, discussões foram propostas a fim de gerar reflexões conjuntas a respeito da temática.

    Algumas reflexões: “os locais de lazer estão concentrados na área central da cidade”; “os bairros também deveriam ter locais para o lazer”; “os locais de lazer dos bairros poderiam ser conservados melhor, assim como os do centro da cidade”; “os locais do centro da cidade são mais importantes porque são os que os turistas vêem”; “sentar na praça também é lazer, não precisa fazer algo físico”.

    Ao final do projeto, relatórios foram compostos pelos estudantes a fim de avaliá-lo.

    O projeto, na avaliação dos discentes: “ficamos sabendo quais eram os principais lugares que algumas pessoas gostam de passar o tempo”; “trabalhamos juntos, aprendemos a nos organizar e nos divertimos muito”; “inovou bastante, tirando as aulas da mesma rotina de sempre, adorei”; “tivemos aula, mas também nos divertimos”; “foi legal trabalhar o projeto lazer, entrevistar as pessoas”; “o bom do projeto lazer foi sair da escola”; “os pontos positivos foram os passeios, debates e pesquisas sobre lazer”; “saber valorizar o que é nosso, como por exemplo, passar a ser e a ver as coisas não apenas como hoje o jovem vê, mas passar a freqüentar como lazer”; “nós fomos incentivados a sairmos mais e conhecer alguns lugares de lazer que podemos estar freqüentando”; “foi ruim porque foram poucos lugares e muito pouco tempo”.

Projeto envolvendo reflexões sobre o corpo e a mídia

    As mídias estão em toda parte, e nos bombardeiam diariamente com milhares de imagens, palavras e sons. Cada vez mais parte integrada ao cotidiano, por intermédio do seu discurso apoiado numa linguagem audiovisual, elas não transmitem informações “neutras”, mas alimentam nosso imaginário e constroem uma interpretação do mundo (BETTI, 2003, p.92).

    A partir do questionamento “A Mídia condiciona/determina padrões estéticos corporais?”, foi desenvolvido com os discentes do 1º ano do Ensino Médio um projeto sobre o corpo e a mídia.

    Após um debate inicial para apresentação do tema, os alunos e as alunas assistiram ao filme Tootsie (TOOTSIE, 1982), que gerou uma discussão sobre a função da televisão, sua influência e força na construção de uma imagem e as “verdades” e “mentiras” veiculadas por ela.

    Em seguida, foi abordado o texto de Rosalía (ROSALÍA, 1997) sobre as pessoas “comuns” de uma tertúlia literária, que em relações opressoras não seriam consideradas no que tange suas falas, seus posicionamentos, ficando a impressão de que alguns detêm o direito de “dizer”/impor algo. Em resposta, há o posicionamento de que não faltam nem sentidos, nem compreensão; “nós não somos idiotas culturais”. A partir dos dois “instrumentos” foram geradas reflexões, bem como posicionamentos distintos entre os estudantes.

    Os alunos e alunas também tiveram acesso a textos de gêneros diferentes sobre a questão do corpo: coluna/matéria de jornais (SAMPAIO, 2010), “posts” de “blogs” (HERMANN, 2010; INAGAKI, 2010), história em quadrinhos (BARKS, 2010), artigos acadêmicos-científicos (ANZAI, 2000) e livro de literatura (ALVES, 1999).

    O compartilhamento das compreensões obtidas dessas leituras motivou outras discussões em torno da percepção do corpo como bem precioso e sua invasão praticada pela obsessão imposta pela sociedade consumista em busca de “status”.

    As definições obtidas pelos estudantes em seus debates e a exposição que fizeram de suas compreensões demonstraram que a abordagem desse assunto foi acertada e o interesse dos alunos e alunas por algumas novas questões surgiu espontaneamente, como por exemplo, em relação à origem da fixação por corpos magros e malhados.

    Na seqüência estão alguns trechos dos registros efetuados pelos discentes, os quais sintetizam as compreensões coletadas:

    “ressaltou a importância de não nos deixarmos levar pelos padrões que a mídia impõe, pois isso pode custar até mesmo a nossa vida, como no caso de muitas modelos que morrem de anorexia. (...) pudemos conversar entre nós e chegar a conclusões que não podemos deixar, sermos levados pelas influências que o mundo exerce sobre nós”; “as aparências enganam”; “eu acho que as pessoas tem que se aceitar do jeito que elas são, ou seja, gorda, magra, alta, baixa, feia, bonita, pobre, rica, etc...”; “existem diversos tipos de se obter um corpo bonito, mas que exige muito sacrifício, e a maioria é pura mentira”; “começamos a ver as coisas pelo outro lado. E começamos a pensar me nós e não no que o próximo pensa da gente”; “Por que temos que ter um padrão de beleza?”; “do que adianta termos beleza para seguir a mídia e conseqüentemente a moda, e não termos caráter.”; “no final, quem se dá muito bem são os capitalistas, que tiram um grande lucro de tudo isso”; “o corpo da gente é muito importante e devemos cuidar e amar ele mais que tudo, em ligar para aparências”; “como isso pode ser maléfico e prejudicial no sentido de desenvolvimento do indivíduo como um ser”.

    Mais uma vez, a ênfase dada aos conteúdos esteve pautada no olhar analítico e leitura crítica da realidade, o que tem sido uma constante no desenvolvimento da aprendizagem pelos docentes da escola.

Considerações

    A partir de nossas práticas, neste trabalho exemplificada com os tópicos apresentados, acreditamos que estamos na trajetória em busca da superação das adversidades que cercam a docência, principalmente, os componentes curriculares Educação Física e Arte, pensados, em nível senso-comum, na sua simples dimensão “técnica”, ou seja: professor de Educação Física tem que, exclusivamente, “deixar” os alunos praticar esporte e, professor de Arte tem que, simplesmente, “deixar” os alunos desenhar livremente.

    Consideramos, finalmente, que a busca pela superação deve mover uma prática docente comprometida com a mudança, afinal, “É muito importante que o homem (ser humano) tenha ideais. Sem eles, não se vai a parte alguma.” (O DALAI-LAMA, 2007, p.14).

Referências

  • ALVES, R. Coitado do corpo... In: ALVES, R. O amor que acende a lua. 2.ed. Campinas: Papirus, Speculum, 1999. p.45-50.

  • ANZAI, K. O corpo enquanto objeto de consumo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 21 n. 2/3, jan./mai. 2000. p. 71-76.

  • BARKS, C. Sansão e Dalila. In: DISNEY, W. O Melhor da Disney: As Obras Completas de Carl Barks. Vol. 19. São Paulo: abr 2006. p. 60-69.

  • BETTI, M. Imagem e ação: a televisão e a educação física escolar. In: BETTI, M. Educação física e mídia: novos olhares, outras práticas. São Paulo: Hucitec, 2003. p. 91-137.

  • FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

  • HERMANN, R. Por um mundo diet e uma vida light. Disponível em: http://farofa.com.br/por_um_mundo_diet.htm. Acesso em: 04 out. 2010.

  • INAGAKI, A. Entre o Moderno e o Eterno. Disponível em http://www.interney.net/blogs/inagaki/2006/08/24/entre_o_moderno_e_o_eterno/. Acesso em: 04 out. 2010.

  • O DALAI-LAMA. 365 mensagens de sabedoria e compaixão. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.

  • ROSALÍA. Investigação Dialógica. In: FLECHA, R. Compartiendo Palabras: el aprendizaje de las personas adultas a través del diálogo. Barcelona: Paidós, 1997.

  • SAMPAIO, P. Anoréxica, modelo morre aos 21 com 40 Kg. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u128220.shtml. Acesso em: 04 out. 2010.

  • TOOTSIE. Columbia Pictures, 1982.

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