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Perfil antropométrico e maturação sexual de jovens 

atletas do sexo masculino, do município de Chapecó, SC

Perfil antropométrico y maduración sexual de deportistas juveniles de sexo masculino, del municipio de Chapecó, SC

 

*Mestre em Ciências do Movimento Humano

Docente do Curso de Educação Física

*Núcleo de Iniciação Cientifica Crescimento Físico,

Antropometria, Nutrição e Desempenho Motor, UNOCHAPECÓ

Maria Elizete Pozzobon*

Carla dos Reis Rezer*

pozzobon@unochapeco.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar o perfil antropométrico e maturação sexual de jovens atletas do município de Chapecó/SC. A amostra contou com a participação de 63 jovens atletas do sexo masculino, pertencentes a 3 modalidades esportivas (atletismo, futsal e futebol) das equipes de categorias de base do município de Chapecó/SC, com idade média de 14,09 anos. As variáveis antropométricas estudadas foram: massa corporal (MC), estatura (ES), dobra cutânea subescapular (SE), dobra cutânea do tríceps (TR), circunferência do braço e diâmetro femural. Para estimar o % gordura utilizou-se a equação de Lohman (1987 apud PETROSKI, 2007). A maturação sexual foi avaliada através do instrumento proposto por Tanner (1962, apud MALINA e BOUCHARD, 2002) para avaliar o estágio de desenvolvimento genital (G). Para análise estatística foi utilizada a análise descritiva dos dados. Os principais resultados demonstram que estatura média do grupo é 166,91±10,04 cm, a massa corporal é de 58,48±10,58 kg, o IMC é igual a 20,79±3,49 Kg/m2. O percentual de gordura corporal do grupo é 16,19±5,95. Na variável maturação sexual constatou-se que 87,3 % da amostra estudada apresentam-se no estágio púbere. Pode-se concluir que tanto para as variáveis antropométricas, quanto para a maturação sexual, o grupo estudado apresenta-se dentro dos parâmetros indicados como normal na literatura utilizada como parâmetro para realização do presente estudo.

          Unitermos: Antropometria. Maturação sexual. Jovens atletas.

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A vida dos praticantes esportivos parece estar relacionada a todo um processo de crescimento e desenvolvimento particular, levando em consideração as diferenças individuais. A iniciação à pratica de atividades esportivas e físicas é um processo de longo prazo, que não pode ocorrer desconsiderando as fases de desenvolvimento do aprendiz. Em relação ao gênero, existem algumas similaridades, sendo que com o passar dos anos acontecerão mudanças de caráter irregular, diferenciado e descontínuo nas estruturas e funções do organismo humano, que determinam transformações qualitativas e quantitativas. Em função dos ritmos diferenciados no crescimento e desenvolvimento das estruturas locomotoras, orgânicas e perceptivas, infere-se que o indivíduo evolui com diferenciadas fases e características. Assim, a prática esportiva pelas suas características pode ser considerada um processo naturalmente seletivo, no qual aqueles que apresentam maior aptidão colocarão em evidência suas capacidades perante os seus pares (VIEIRA, 2004).

    Durante a adolescência, ocorrem inúmeras transformações (biológicas, psicológicas e sociais) na vida dos indivíduos, proporcionando mudanças no tamanho e na forma do corpo, nos músculos, nos ossos, no sistema nervoso, nas funções orgânicas e na velocidade com que o indivíduo atinge a maturidade biológica. O aparecimento da adolescência é marcado por um período de aumento acentuado tanto no peso quanto na estatura, compreendendo-se que a idade, a duração e a intensidade desse impulso de crescimento têm base genética e varia consideravelmente de indivíduo para indivíduo (GALLAHUE; OZMUN, 2001).

    As mudanças físicas do ser humano que ocorrem de forma mais significante nas duas primeiras décadas de vida, fomentam muitos pesquisadores a estudar as reações simultâneas que ocorrem no período da segunda década de vida, compreendendo a fase da maturação. Caracterizada por mudanças estruturais e morfológicas aparentes, acompanhadas de alterações químicas, a fase de maturação sofre intervenções de fatores climáticos, sociais, econômicos, étnicos, nutricionais, nível de atividades físicas, hormonais entre outros; sendo considerado um dos mais marcantes fenômenos do desenvolvimento físico da vida do ser humano. Estudos comprovam que a participação de crianças e adolescentes em atividades esportivas é parte importante do processo de crescimento e desenvolvimento. Além da prevenção de diversas patologias, tais como obesidade, diabetes, hipertensão, o exercício também oferece à criança a oportunidade para o lazer, para a integração social e o desenvolvimento de aptidões que levam a uma maior auto-estima e confiança (GUEDES E GUEDES, 1995).

    Malina & Bouchard (2002) salientam que durante as primeiras décadas da vida, a principal atividade do organismo humano é crescer e se desenvolver, esses fenômenos ocorrem simultaneamente dependendo do nível maturacional, e em alguns momentos, das experiências vivenciadas pela criança e pelo adolescente.

    A puberdade é um período de transição entre a pré-adolescência e a idade adulta, incluindo o surgimento das características sexuais secundárias, a maturação do sistema reprodutivo e o crescimento acelerado do indivíduo, além das demais alterações psicológicas e comportamentais (MALINA; BOUCHARD & BAR-OR, 2009).

    Avaliar e monitorar o estado nutricional, os componentes antropométricos e a composição corporal na fase de transição da infância para a adolescência é uma das formas de identificar o início da puberdade, e assim acompanhar o estágio de desenvolvimento puberal que o adolescente se encontra. Com este acompanhamento, torna-se possível interferir, se um adolescente com baixa estatura iniciou ou não seu estirão de crescimento, e partindo desta informação, intervir quando necessário com exames mais detalhados.

    Neste sentido, o objetivo deste estudo foi analisar o perfil antropométrico e maturação sexual de jovens atletas do município de Chapecó/SC. Entende-se que estas informações contribuam para um melhor esclarecimento acerca das variáveis estudadas, possibilitando aos profissionais da área um melhor entendimento sobre estes aspectos.

Procedimentos metodológicos

    A amostra contou com a participação de 63 jovens atletas do sexo masculino, na faixa etária de 11 a 16 anos, pertencentes a 3 modalidades esportivas (atletismo, futsal e futebol) das equipes de categorias de base do município de Chapecó/SC. A participação dos jovens atletas na pesquisa foi autorizada através de termos de consentimento assinados pelos pais ou responsáveis. O projeto recebeu parecer favorável a sua execução, pelo comitê de ética em pesquisa da Unochapecó sob o registro 083/08.

    A antropometria foi avaliada através das variáveis de massa corporal (MC), estatura (ES), dobra cutânea subescapular (SE), dobra cutânea do tríceps (TR), circunferência do braço e diâmetro femural. Para mensurar utilizaram-se os procedimentos descritos por Harrison et al. (1991 apud PETROSKI, 2007). O % de gordura dos atletas foi estimado pela equação de Lohman (1987 apud PETROSKI, 2007), %G= 1,35(TR+SE)-0,012(TR+SE)2 - Constante. A estimativa da circunferência do braço foi calculada segundo Malina e Bouchard (2002). Destaca-se que o erro técnico de medida para as medidas de dobras cutâneas foi inferior a 5%.

    A avaliação da maturação sexual foi baseada nos estágios propostos por Tanner (1962, apud MALINA e BOUCHARD, 2002) para o estágio de desenvolvimento genital (G). As avaliações foram realizadas em sala apropriada, individualmente, através da auto-avaliação.

    Para análise estatística foi utilizada a análise descritiva dos dados.

    Os dados foram coletados de agosto de 2009 a maio de 2010.

Resultados e discussão

    Na tabela 1 está apresentada a distribuição amostral por idade em valores absolutos e percentual.

Tabela 1. Distribuição amostral por idade

    A tabela 2 indica que a amostra estudada possui idade média de 14,09 anos, onde o mais jovem atleta possui 11,25 anos e o mais velho possui 16,70 anos. O estágio de maturação sexual do grupo classifica-se como púbere. Porém, este grupo é composto por meninos pré-púberes, púberes e pós-púberes.

Tabela 2. Valores médios e desvios padrão, para idade e estágio de maturação sexual da amostra estudada

    Através da tabela 3, pode-se constatar que 7,9 % da amostra estudada encontram-se no estágio de desenvolvimento genital 1 (G1); 23,8 % encontram-se estágio de desenvolvimento genital 2 (G2); 20,6 estão no estágio de desenvolvimento genital 3 (G3); 42,9 % fazem parte do estágio de desenvolvimento genital 4 (G4); e somente 4,8 % estão no estágio de desenvolvimento genital 5 (G5).

Tabela 3. Distribuição amostral por estágio de desenvolvimento genital

    De acordo com a Tabela 4, constata-se que a estatura média do grupo é 166,91±10,04 cm, a massa corporal é de 58,48±10,58 kg, o IMC é igual a 20,79±3,49 Kg/m2, estes valores indicam que a estatura, a massa corporal e o IMC são adequados para meninos com idades semelhantes ao grupo estudado, conforme parâmetros indicados pelo CDC (2000).

    A soma das dobras cutâneas tríceps e subescapular resultaram no valor médio de 20,59±9,61 mm. Já o percentual de gordura corporal do grupo foi 16,19±5,95. Tanto o valor encontrado para o somatório das dobras, quanto o percentual de gordura indicam que o grupo possui nível ótimo de gordura corporal (LOHMAN,1987 apud PETROSKI, 2007, p. 113).

    Ao observarmos na tabela 4 os resultados para variável dobra do tríceps constata-se que o grupo apresenta 11,69±5,25 mm e para variável circunferência do braço o grupo obteve 25,04±3,45 cm, a circunferência do ponto médio estimado do braço foi 23,87± 3,12 cm. Segundo Malina e Bouchard (2002) estes valores indicam que o grupo estudado encontra-se em um bom estado nutricional.

Tabela 4. Valores médios e desvios padrão, valores mínimos e máximos das varáveis antropométricas

    A circunferência do ponto médio do braço, juntamente com a dobra cutânea do tríceps, medidas no mesmo nível, no ponto médio entre o processo do acrômio e do olecrano, são utilizados para realizar o cálculo de circunferência muscular. O músculo é a principal reserva de proteína e a estimativa da massa muscular é referencia do estado nutricional de indivíduos (MALINA e BOUCHARD, 2002).

    Na variável diâmetro biepicondiliano do fêmur o grupo obteve a média de 9,61±0,63 cm. Os resultados apresentados são semelhantes aos encontrados por Glaner (2002), em estudo realizado com jovens da região oeste do estado de Santa Catarina.

    A figura 1 apresenta informações referentes à estatura corporal conforme estágio de desenvolvimento genital. Nesta, podemos evidenciar uma relação positiva entre as duas varáveis, exceto para G3. Valores semelhantes aos encontrados neste estudo são apresentados por Malina & Bouchard (2002).

Figura 1. Estágios de desenvolvimento genital (G) e estatura (cm) dos jovens atletas do sexo masculino

    Na figura 2 encontramos os resultados referente à gordura corporal (%G) por estágio de desenvolvimento genital. Esta figura indica que os meninos possuem ótima gordura corporal relativa, em todos os estágios de desenvolvimento genital. Percebe-se ainda, que há um acréscimo na gordura corporal do estágio G1 até o estágio G3, e quando atinge o estágio G3 há decréscimo na gordura corporal dos meninos. Estes resultados vão ao encontro dos estudos apresentados por Malina & Bouchard (2002).

Figura 2. Gordura corporal (G%) e estágios de desenvolvimento genital (G) dos jovens atletas do sexo masculino

 

Figura 3. Valores médios do estágio de desenvolvimento genital (G) e idade (anos) dos jovens atletas do sexo masculino

    Através dos resultados apresentados na figura 3 constata-se que conforme a idade dos meninos avança, o estágio de maturação genital se eleva, porém isto não ocorre para idade de 15 anos. Este fato certamente ocorre devido à maturação tardia de dois atletas. Diferentemente da curva apresentada no presente estudo, Malina et all (2009) indicam que as curvas tanto para o desenvolvimento genital quanto para o desenvolvimento de pelos pubianos possuem formato de S. Com aumento da idade um maior número de meninos deveria ter atingido cada estágio de característica em questão.

Conclusão

    Os resultados encontrados indicam que o perfil antropométrico dos jovens atletas está dentro dos parâmetros esperados, para idade e sexo. O IMC do grupo apresenta valores considerados adequados; o % de gordura do grupo classifica-se com ótimo; e as demais varáveis estão dentro dos parâmetros normais estabelecidas pela literatura utilizada como parâmetro para realização do presente estudo.

    A variável maturação sexual demonstra através dos resultados obtidos, que a amostra estudada encontra-se no estágio púbere. Resultados considerados adequados para faixa etária estudada.

    Vale destacar a importância da realização de estudos com jovens atletas possibilitando ampliar informações sobre variáveis antropométricas e de maturação sexual, e desta forma, contribuir para esclarecer aspectos sobre as relações destas variáveis com os efeitos do treinamento sobre o organismo do praticante, neste ciclo tão importante da vida.

Referências

  • CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. National Center for health statistic CDC Growth Charts: United States. //www.cdc.gov/nchs/data/series/sr_11/sr11_246.pdf. 2000. Acesso em 04 de julho de 2010.

  • GALLAHUE, David. L.; OZMUN. John. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2001.

  • GLANER, M.F..Crescimento físico e aptidão física relacionada à saúde em adolescentes rurais e urbanos. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2002.

  • GUEDES, Dartagnan Pinto, GUEDES, Joana E. P. Exercício Físico na Promoção da Saúde. Londrina: Ed. Midiograf, 1995.

  • MALINA, R. M.; BOUCHARD, C. Atividade Física do Atleta Jovem: do Crescimento à Maturação. São Paulo: Roca, 2002.

  • MALINA, R.M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O.. Crescimento Maturação e Atividade Física. São Paulo: Phorte, 2009.

  • PETROSKI, E.L. Antropometria: técnicas e padronizações. 3a. Ed. Blumenau, SC: Nova Letra, 2007.

  • VIEIRA,J.L.L. Desenvolvimento motor e Esporte. In: VIEIRA,J.L.L(Org.) Educação Física e Esportes: estudos e proposições. Maringá: Eduem, 2004.

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