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Variáveis da aptidão física de indivíduos 

deficientes mentais com e sem síndrome de Down

Variables de la aptitud física de personas con discapacidad mental con y sin síndrome de Down

 

*Licenciado em Educação Física. Universidade Tiradentes

Especialista em Educação Especial. Faculdade São Luís de França

Professor substituto da Rede Estadual de Ensino de Sergipe

**Licenciada em Educação Física. Universidade Tiradentes, Sergipe

***Licenciado em Educação Física. Universidade Federal de Sergipe

Mestre em Saúde e Ambiente. Universidade Tiradentes

Professor efetivo da Rede Estadual de Ensino de Sergipe

Jorge Rollemberg dos Santos*

Thaise Alves Oliveira**

Arley Santos Leão***

jorge_rollemberg@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Poucas são as informações científicas que trazem dados fisiológicos da resposta que indivíduos deficientes mentais com e sem Síndrome de Down apresentam ao serem submetidos à prática de exercícios. O objetivo da pesquisa foi avaliar os níveis de aptidão física, antropometria e composição corporal de indivíduos deficientes mentais com e sem Síndrome de Down e realizar a comparação entre tais indivíduos. Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, além de quase experimental com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada com alunos deficientes mentais, do sexo masculino. Nos testes de avaliação antropométrica foram coletadas informações sobre IMC (peso e estatura). A coleta de dados que avaliaram a aptidão física baseou-se em uma bateria de testes segundo o Protocolo da Rede CENESP, sendo realizados os seguintes testes: a) Flexibilidades através do teste de sentar e alcançar, b) Força de Resistência Abdominal, c) medida de envergadura, d) agilidade, e) velocidade de deslocamento, e f) capacidade de força explosiva dos membros inferiores. Observou-se que nos resultados as variáveis correspondentes a estatura, massa corporal, envergadura e IMC dos deficientes mentais com Síndrome de Down apresentaram-se superiores aos outros deficientes, como também superiores ao Projeto Esporte Brasil. Os deficientes sem síndrome de Down, apresentaram um quantitativo analisando na escala do PROESP como inferiores aos pontos de corte, enquanto os resultados para os alunos com síndrome de Down segundo protocolo da PRODOW, os enquadram na escala como ótimos. Foi possível observar que os alunos que não possuíam Síndrome de Down apresentaram resultados mais significativos, porém quando comparados aos protocolos da PROESP (2007) visualizou-se que os com Síndrome de Down se enquadraram dentro das escalas de aceitabilidade proposto pelo Projeto Esporte Brasil. Conforme foi proprosto no estudo, é possível concluir que alunos que não possuíam síndrome de Down apresentaram resultados  superiores aos indivíduos  com síndrome de Down em todos os testes: aptidão física, antropometria e composição corporal. Quando submetidos  a comparativos nas escalas do instrumento utilizados (PROESP) a aceitação deu-se dentro dos índices propostos para os indivíduos deficientes com Síndrome de Down. O objetivo de comparar o nível de aptidão física em indivíduos deficientes com e sem síndrome de Down, foi alcançado. Pode-se verificar com relação ao estado nutricional, que o IMC dos grupos pesquisados apresentaram-se superiores ao proposto pela literatura.

          Unitermos: Deficientes mentais. Aptidão física. Antropometria. Composição corporal.

 

Abstract

          There are few scientific information that bring physiological data of the response that individuals mentally disabled with and without Down´s syndrome have to be submitted to the practice of financial years. Objectives - assess the levels of physical fitness, anthropometry and body composition of individuals mentally disabled with and without Down´s syndrome and carry out the comparison between such individuals. This search characterized as a descriptive research, in addition to almost experimental with a quantitative approach. The research was performed with students mentally disabled, male. In the evaluation tests anthropometric were collected information on IMC (weight and stature). The collection of data that evaluated the physical fitness based in a battery of tests according to the Protocol of the Network CENESP, being carried out the following tests: a) Flexibilities through the test seat and achieve, b) the running resistance force Abdominal, c) measurement of scale, d) agility, and e) displacement speed, and f) capacity explosive force of the lower limbs. Found that results in the corresponding variables height, body mass, scale and BMI of the mentally disabled with Down´s syndrome presented-higher than other handicapped persons, as well as greater than the Project Sports Brazil. The disabled syndrome without, showed a quantitative analyzing the scale of PROESP as below the cutoff points, while the results for pupils with Down syndrome second protocol to the PRODOW, the fall in optimal scale. Conclusions – it was possible to observe that the students who had not had syndrome presented results more significant, however when compared to the protocols of PROESP (2007) saw that with Down syndrome fitted within the scales of acceptability proposed by the Project Sports Brazil. As was suggested in study, it is possible to conclude that students who did not have down syndrome showed results superior to those individuals with Down syndrome in all tests: fitness, Anthropometry and body composition. When subjected to comparative on the scales of device of the used (PROESP). The acceptance gave-within the indices proposed for the disabled individuals with Down Syndrome. Can be checked with regard to nutritional status, that IMC of groups surveyed appeared higher than proposed by literature.

          Keywords: Mentally disabled. Physical fitness. Anthropometry. Body composition.

 

 
http://www.efdeportes.com/ EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente estudo busca, neste momento, avaliar os níveis de aptidão física de indivíduos deficientes mentais com e sem síndrome Down. Em um segundo momento, buscar-se-á realizar a comparação entre tais indivíduos, tendo em vista a escassez de estudos fazem esta comparação. Através desta pesquisa buscou-se subsidiar as comprovações científicas a respeito da compreensão da relação com a saúde e bem estar dos jovens deficientes, assim como esta associada ao desempenho desportivo e motor.

    Poucas são as informações científicas que trazem dados fisiológicos da resposta que estes indivíduos apresentam ao serem submetidos à prática de exercícios. Importantes investigações surgem na década de setenta, as quais se reportam apenas a população com deficiência mental com Síndrome de Down. Estas pesquisas mostraram que os indivíduos com Deficiência Mental com Síndrome de Down comparados com outras populações tiveram resultados menores nos níveis de aptidão física, destacando-se maiores dificuldades quando submetidos a atividades prolongadas e de estarem sujeitos a variações das condições da prática da atividade física (MAIA, 2002).

    É necessário assinalar alguns pontos no que diz respeito à comparação entre indivíduos deficientes mentais com e sem síndrome de Down, pois este primeiro grupo apresenta maiores déficits em alguns aspectos, como por exemplo: na capacidade de discriminação visual e auditiva (principalmente quanto à discriminação da intensidade da luz), no reconhecimento tátil em geral e de objetos a três dimensões, na cópia e reprodução de figuras geométricas e na rapidez perceptiva (tempo de reação). Já as pessoas com síndrome de Down têm tendência a desenvolverem uma menor habilidade no nível motor que a maioria das pessoas com deficiência mental, porém estes se destacam obtendo melhores resultados é no ritmo (MAIA, 2002).

    A deficiência mental ou intelectual é considerada como uma situação em que o indivíduo apresenta uma condição deficitária envolvendo um conjunto de fatores: psicológico, motor, comportamental, social, afetivo, entre outros, em que as habilidades intelectuais, o comportamento adaptativo, a participação na sociedade, as condições etiológicas e de saúde, além dos aspectos ambientais, culturais e contextuais são afetadas (BACCIOTTI, 2007).

    A deficiência mental deve ser analisada a partir das suas mais diversas especificidades, nas quais são possíveis verificar os aspectos que se referem a sua base conceitual, em suas características específicas da deficiência intelectual apontadas pelo próprio conceito, e sua múltipla dimensionalidade, da Associação Americana de Retardo Mental – AAMR (2006) irá considerar cinco dimensões de análise:

    A primeira dimensão de análise diz respeito às Habilidades Intelectuais, que pode ser entendida como a capacidade geral de planejar, raciocinar, solucionar problemas, exercer o pensamento abstrato, compreender idéias complexas, apresentar rapidez de aprendizagem e aprendizagem por meio da experiência (AAMR, 2006).

    A segunda dimensão de análise é o Comportamento Adaptativo, que leva em consideração um conjunto de diversas habilidades: a) práticas, que analisam o exercício da autonomia no desenvolvimento das atividades de vida diária, ocupacionais e de segurança pessoal; b) conceituais que estão relacionadas aos aspectos acadêmicos, cognitivos e de comunicação; c) sociais que abordam aspectos da responsabilidade, auto-estima, habilidades interpessoais, credulidade e ingenuidade, observância de regras e leis (AAMR, 2006).

    A terceira Dimensão traz relação e consideração da participação do sujeito na vida no contexto social, sendo avaliado a partir interações sociais e dos papéis vivenciado pelas pessoas. A quarta Dimensão faz jus a fatores relacionados à Saúde, as condições de saúde física e mental nos fatores etiológicos e de saúde física e mental (AAMR, 2006).

    A quinta e última dimensão de considerada pela Associação Americana de Retardo Mental, faz uma relação ao ambiente sócio-cultural em que a pessoa com deficiência intelectual esta inserido, observando como estes interagem. Três pontos devem ser considerados: o microssistema – ambiente social imediato - família e os que lhe são próximos; o mesossistema – a vizinhança, a comunidade e as organizações educacionais e de apoio; o macrossistema – o contexto cultural, a sociedade e os grupos populacionais (AAMR, 2006).

    É interessante ressaltar que as diferenças entre as pessoas com deficiência intelectual e pessoas sem deficiência não deve ser vista através de uma diferença quantitativa, mas qualitativa, sendo este o principal aspecto que devemos apreender ao lidar com a deficiência mental (FERREIRA e FERREIRA, 2004).

    ... a pessoa com deficiência não tem algo ‘a menos’ que a normal [...]. A peculiaridade do desenvolvimento do deficiente não está no desaparecimento de funções que podem ser observadas na pessoa ‘normal’, mas nas novas formações que se constroem como reação ante a deficiência. [...] as funções intelectuais, não estando igualmente afetadas, conferem uma forma qualitativamente peculiar à deficiência mental (DE CARLO, 2001, p. 74 -75).

    A história da pessoa com deficiência durante muito tempo esteve ligada a paradigmas de uma sub-raça humana, algo que não tinha dado certo, que não possuía valor, por isso inválida para uma sociedade globalizada e com preceitos de perfeição. Como sempre formaram a minoria, que de uma forma ou de outra estão incapacitadas de lutar pelos seus direitos, foram excluídas do todo ao qual pertenciam: julgavam-se até que eram feitas de matéria inferior, diferente da matéria humana superior, da qual se imaginava que eram feitas as pessoas ditas “normais” (ROSA, 2006).

    Diante das dificuldades encontradas no desenvolvimento das capacidades físicas e neurológicas do deficiente mediante ao histórico de seu desenvolvimento, é importante analisar a necessidade de estímulos especiais ao desenvolvimento motor e funcional através da prática de atividade física orientada na função de melhoria da condição física, que reflete nos benefícios das funções fisiológicas, neuro-motoras e somáticas voltadas à saúde destes indivíduos (FRANÇA et al, 2000).

    O desempenho físico segundo estudo de Watson (1986) apud Barros et al (2000) está relacionado ao conjunto de todas as características físicas e mentais dos indivíduos, e para que se possa obter um resultado efetivo é necessário que conhecer todos os fatores que influenciam o crescimento, a maturação e aprendizagem.

    Por aptidão física podemos entender através da definição de Matsudo (2000) como a capacidade de um indivíduo desempenhar suas funções cotidianas sem prejuízo ao equilíbrio biopsicossocial, onde há diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais atuando.

    Entretanto diversos estudos enaltecem com maior freqüência aos fatores biológicos, que estão subdivididos em antropométricos, metabólicos, neuromotores, nutricionais e maturacionais. A aptidão física caracteriza-se como um produto voltado ao dimensionamento das capacidades para a realização de trabalho muscular (GUEDES et al, 2002).

    Segundo Luz et al (2008) a aptidão física classifica-se e entre dois conteúdos de análise e estudos, a aptidão física relacionada à saúde tendo como componentes: a força muscular, a resistência muscular localizada (RML), a flexibilidade, a resistência aeróbia e a composição corporal, já a aptidão física relacionada ao rendimento esta associada à agilidade, ao equilíbrio, a velocidade e a resistência anaeróbia.

    A força segundo Nahas (1989) apud Luz et al (2008) pode ser definida como a capacidade de movimentar um corpo, através da habilidade de dominar ou reagir a uma resistência muscular. Caracteriza-se como o fator de maior relevância do desempenho motor, destacando sua importância na necessidade de manter a postura e executar movimentos desde os mais simples aos mais complexos. Entretanto baixos níveis de força podem trazer como conseqüências uma gama de problemas musculares, articulares e posturais, dores lombares e um maior risco de quedas.

    A Resistência Muscular Localizada esta associada à criação de condições fisiológicas nas estruturas musculares, proporcionando uma adaptação primária nas estruturas musculares, a resistência muscular localizada deve ser o primeiro trabalho de força a ser desenvolvido (VRETAROS, 2002 apud LUZ et al 2008). Por flexibilidade entende-se como a qualidade baseada na mobilidade articular, extensibilidade e elasticidade muscular que permitem a máxima amplitude nas articulações em diferentes posições, que proporciona a possibilidade da execução de ações que exijam grande destreza e agilidade. (LUZ et al, 2008).

    A Resistência Aeróbia é a capacidade que o organismo tem de captação, transporte e utilização do oxigênio para produzir energia, porém uma baixa aptidão cardiorrespiratória pode estar associada a algumas implicações à saúde, como por exemplo, a baixa capacidade de realizar trabalho, a fadiga prematura e um maior risco de doenças cardiovasculares (NAHAS, 1989 apud LUZ et al, 2008). A composição corporal esta relacionada aos dois componentes da aptidão física, tanto para a saúde quanto para performance devido às relações existentes entre a quantidade e a distribuição da gordura corporal com alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde das pessoas (LUZ et al, 2008).

    Contudo, o objetivo do estudo foi comparar variáveis da aptidão física de indivíduos deficientes mentais com e sem síndrome de Down.

Materiais e métodos

Tipo de estudo

    Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, que segundo Thomas e Nelson (2002) é o meio pelo qual o pesquisador utiliza-se para estudar determinadas práticas presentes ou opiniões de uma população especifica, sendo bastante utilizados na área da educação e das ciências comportamentais. Andrade (2001) acrescenta que pode existir a observação dos fatos, onde os mesmos serão registrados, analisados, classificados e interpretados sem que haja a interferência dos pesquisadores.

    O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa quase experimental com abordagem quantitativa. (THOMAS; NELSON, 2002).

População e amostra

    A pesquisa foi realizada com alunos deficientes mentais, do sexo masculino, na faixa etária de 15 anos, todos matriculados, provenientes de uma Escola Estadual de Educação Especial, localizada no município de Aracaju – SE.

    Devido à dificuldade de pessoas que se enquadrassem no perfil para a realização da pesquisa, a população foi composta apenas por 10 indivíduos, com idade de 15 anos, regularmente matriculados em Unidades de Ensino. Deve-se ressaltar a pesquisa foi realizada em duas escolas, escolhida a partir do critério de oferta de ensino para a população estudada, a Educação Especial.

    Para a amostra foram selecionados um total de 10 alunos, sendo todos do gênero masculino, escolhidos de forma proposital, tendo como requisito se enquadrarem como deficientes mental com e sem síndrome de Down, e estarem na faixa etária de 15 anos e não possuir nenhuma restrição quanto a prática de atividade física.

    Foram incluídos os portadores de deficiência mental leve e moderada que realizavam algum tipo de atividade física, incluído as aulas de Educação Física. Foram excluídos os deficientes mentais classificados como severos em virtude da necessidade de preservar a individualidade mediante as limitações apresentadas e incapacidade de assimilar e executar os testes. A amostra final desta pesquisa contou com 10 adolescentes com deficiência mental, sendo 05 com e 05 sem Síndrome de Down.

Procedimentos de coleta dos dados

    A coleta de dados foi realizada durante os meses de março a Abril de 2010, onde foi aplicado um questionário para identificar as variáveis de aptidão física de indivíduos com e sem Síndrome de Down.

    A primeira fase da coleta de dados correspondeu a uma carta de enviada a uma determinada instituição de ensino que presta serviço especializado na área de ensino para pessoas com necessidades especiais da cidade de Aracaju – SE, a qual tinha em seu contexto autorização para a participação dos alunos no presente estudo.

    Na segunda fase foram aplicados os testes de avaliação antropométrica no qual foram coletadas informações sobre IMC (peso e estatura). Para analise das características referente à composição corporal, foram utilizadas as medidas de massa corporal (MC), estatura (EST), índice de massa corporal (IMC). Essas medidas foram coletadas na própria escola dos participantes do estudo, com participação do pesquisador e de um auxiliar na mensuração de peso e altura. Foram usados como procedimentos da coleta das características da composição corporal foram os seguintes: Massa corporal, os indivíduos foram medidos descalços.

    A massa corporal foi conseguida através da utilização de balança digital de marca Tanita, com capacidade de 150 quilogramas com escala de 100 gramas. A estatura foi mensurada utilizando-se de uma fita métrica fixada na parede da sala de avaliação física, com o ponto zero da fita no nível do solo, com o avaliado na posição ortostática (em pé, de costas para a fita), pernas unidas, braços ao longo do corpo e cabeça em plano de Frankfurt alinhado ao solo, sendo a medida obtida com o avaliado em apnéia inspiratória. Foi utilizada uma régua escolar colocado no vértex do avaliado para a marcação da estatura (COSTA, 2001).

    A terceira fase correspondeu à coleta de dados que avaliaram a aptidão física sendo aplicada a bateria de testes segundo o Protocolo da Rede CENESP (Rede de Centros de Excelência Esportiva do Ministério dos Esportes) desenvolvido pelo Projeto Esporte Brasil – PROESP-BRA (2007) Para coleta dos dados foram utilizados os seguintes testes: a) Flexibilidades através do teste de sentar e alcançar, b) Força de Resistência Abdominal, c) medida de envergadura, d) agilidade, e) velocidade de deslocamento, e f) capacidade de força explosiva dos membros inferiores PROESP-BRA (2007).

    Antes da realização de todos os testes foi realizada uma explicação a respeito dos procedimentos, os movimentos eram inicialmente exemplificados pelos responsáveis pela pesquisa, verificando a assimilação dos indivíduos, em seguida eram aplicados os testes.

Procedimentos para análise dos dados

    A classificação do grupo quanto à aptidão física, foi utilizada a tabela em percentis do PROESP-BR (2007), registrando-se o número de ocorrências em cada categoria.

    Para analise dos dados foi utilizado a Estatística descritiva na forma de tabelas e gráficos.

Resultados e discussão

    Este capítulo refere-se aos resultados obtidos na pesquisa, serão apresentadas tabelas e gráficos representando os dados obtidos através da coleta, analisando e relacionando-os com a literatura ao qual está associado, visto que a poucos são os estudos que fazem a relação entre deficientes mentais com e sem síndrome de Down.

    O universo da pesquisa foram 10 alunos, todos do gênero masculino, com idade de 15 anos, apresentando como característica a deficiência mental, dentre eles 05 indivíduos com síndrome de Down e 05 indivíduos sem.

Tabela 1. Resultado da verificação dos dados antropométricos de indivíduos deficientes mentais com e sem síndrome de down do gênero masculino (média ± d.p.)

    A tabela 1 apresenta dados referentes às variáveis que correspondem aos indivíduos com deficiência mental, com ou sem síndrome de Down, outras variáveis também são apresentadas. Observa-se que nos resultados as variáveis correspondentes a estatura, massa corporal, envergadura e IMC oferecem diferenças significativas em seus resultados, nota-se que indivíduos deficientes mentais com Síndrome de Down apresentam-se superiores aos outros deficientes.

    Dado importante que foi observado refere-se ao estado nutricional, obtido através do I.M.C, onde mostrou os indivíduos sem síndrome de Down (IMC = 25,2±2,3), enquanto os com síndrome de Down (IMC = 29,94±3,9), a indicação feita pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP, 2007), ressalta que indivíduos do sexo masculino, com idade na faixa etária de 15 anos deve apresentar resultados no índice de massa corporal igual a 23, diferentemente dos dados obtidos, mostrando que os valores superiores aos pontos de corte surte como possíveis indicadores de risco à presença de níveis elevados de colesterol e pressão arterial, além da provável ocorrência de obesidade (PROESP, 2007).

    Poucos estudos científicos apresentam dados que possam servir de discussão com a presente pesquisa, levando-nos a compará-la com outras pesquisas do mesmo grupo, porém com uma disparidade na faixa etária, a exemplo do estudo de Marques e Nahas (2003) cujo objetivo foi verificar a qualidade de vida de pessoas com Síndrome de Down, com mais de 40 anos, do Estado de Santa Catarina, os resultados obtidos mostraram que IMC médio para os homens foi de 26,8 kg/m2, com 40% sendo obesos (IMC>30). Observa-se uma certa similaridade com os dados apontados nesta pesquisa.

    Os resultados que se referem ao estado nutricional mostram a importância do incentivo à prática da atividade física, sejam atividades simples, como os movimentos que caracterizam exercícios básicos da rotina diária, como forma de evitar o sedentarismo que este associado a inúmeras doenças crônicas degenerativas: como diabetes, hipertensão, obesidades entre outros.

    Guedes e Guedes (2002) ressaltam que o aumento de gordura e de peso corporal esta associado a maiores índices de suscetibilidade de aquisição de uma variedade de disfunções crônico-degenerativas que elevam de forma significativa os índices de morbidade e mortalidade.

    A tabela 2 refere-se aos resultados da avaliação da aptidão física de indivíduos deficientes mentais, observando os valores de referencia adotado pelo Projeto Esporte Brasil (2007), para os indivíduos deficientes sem síndrome de Down foi utilizados a padronização para crianças e jovens, porém para os que apresentam síndrome de Down foram utilizados para avaliação da aptidão física na faixa etária de 10 a 20 anos, o PRODOWN, pois este procedimento adota um sistema referendado em normas de referências.  As tabelas são estratificadas por idade e sexo, definindo-se cinco categorias (PROESP, 2007).

Tabela 2. Resultado da avaliação da aptidão física de indivíduos deficientes mentais com e sem síndrome de down do gênero masculino (média ± d.p.)

    Os resultados referentes ao teste de sentar e alcançar mostrou certa similaridade nos resultados, onde o percentual apresentados para as duas variáveis pesquisadas enquadraram-se na média de 33 cm, os valores de referência para avaliação da flexibilidade no sexo masculino voltado a pessoas com síndrome de Down, mostra que os resultados obtiveram um desempenho correspondente a escala de Razoável, enquanto os deficientes sem síndrome de Down apresentam-se como índices médios 33,5 cm, sendo superiores ao ponto de corte como padrão de normalidade que é de 24,3 cm.

    Em relação à força de resistência abdominal, os participantes com síndrome de Down apresentaram como resultado a média de 16 repetições por minuto, o que os enquadraram segundo escala de referencia do o PRODOW, como Bom. Já os deficientes sem síndrome de Down, apresentaram um quantitativo médio de 24 repetições por minuto, o que analisando na escala do PROESP (2007) os enquadrou com resultados inferiores aos pontos de corte, indicando a probabilidade aumentada de Indicadores de Risco à presença de desvios posturais e queixa de dor nas costas. Ainda no que tange a força de resistência abdominal, é perceptível analisar que os deficientes sem síndrome, apresentaram um desenvolvimento superior no número de repetições em relação ao que possuem síndrome de Down.

    O teste do quadrado mostrou resultados semelhantes para as duas variáveis da pesquisa, onde os alunos com síndrome de Down obtiveram média de 6,83 segundos, enquadrando-os segundo protocolo da PRODOW, como ótimos, os resultados obtidos pelos alunos sem síndrome de Down obtiveram um valor médio de 6,12 segundos, enquadrando-os como Razoáveis. Porém, verifica-se que mesmo enquadrados em escalas diferentes, os alunos sem síndrome de Down, apresentados dados significativamente inferiores aos alunos com síndrome de Down.

    Na corrida de 20 metros, é possível observar um desempenho maior nos resultados dos indivíduos deficientes sem síndrome de Down (média 3,17’) sobre os indivíduos deficientes com síndrome de Down (média 5,37’). Comparando esses resultados com as escalas propostas pela PROESP, verifica-se que os deficientes sem Síndrome de Down obtiveram um desempenho como Bom, e os com síndrome de Down numa escala de Muito Bom.

    O último teste de aptidão física aplicado foi o do salto horizontal, através do qual se pode obter como resultados certa diferença no desempenho dos sujeitos pesquisados, visualizou-se um performance maior nos alunos deficientes sem síndrome de Down, que saltaram uma média de 1,58 metros, estando na escala da PROESP como Franco, enquanto os alunos deficientes com síndrome de Down, saltaram uma média de 1,20, que os comparando segundo protocolo da PRODOW, os enquadraram como ótimos.

    Esses testes mostraram através de seus resultados que mesmo associados a escalas de protocolos diferentes, onde há um voltado exclusivamente para pessoas com Síndrome de Down, enquanto os deficientes mentais sem síndrome de Down foram enquadrados para pessoas sem deficiência, que os valores mostrados favoreceram a clientela deficiente sem síndrome de Down.

Conclusão

    Em conclusão, foi possível observar que os alunos que não possuíam síndrome de Down apresentaram resultados mais significativos, porém quando comparados aos protocolos da PROESP (2007) visualizou-se que os com síndrome de Down se enquadraram dentro das escalas de aceitabilidade proposto pelo Projeto Esporte Brasil. É necessário ressaltar que, em virtude do referido projeto não apresentar protocolos voltados para pessoas com deficiência, o outro grupo estudo (deficientes sem síndrome de Down) foram utilizados comparativos as escalas indicadas para pessoas sem deficiência.

    O objetivo de comparar o nível de aptidão física em indivíduos deficientes com e sem síndrome de Down, foi alcançado.

    Através desse estudo pode-se verificar o estado nutricional, que mostrou de forma insatisfatória os níveis em que se encontram os grupos pesquisados, com os Índices de Massa Corporal superior ao proposto pela literatura, sugerindo assim uma maior eficácia nos programas voltados a prática da atividade física.

    Sugere-se que novas pesquisas voltem-se para os indivíduos com deficiência em suas mais diversas características, surgindo assim um banco de dados científico mais amplo e diversificado.

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