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Aptidão física relacionada à saúde em adolescentes com deficiência

Aptitud física relacionada con la salud en adolescentes con discapacidad

 

*Especialista em Desenvolvimento Infantil - UERN

**Doutora / Professora do Curso de Especialização

em Desenvolvimento Infantil / UERN

(Brasil)

Ednaide Gomes de Paiva*

Paola Terescova Negreiros Cavalcante*

Maria Irany Knackfuss**

ednaidegp@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, os quais determinam e são determinadas pelo estado de saúde. Nos adolescentes com deficiência, os níveis de aptidão física devem ser encarados como elemento promotor de estilos de vida futuros, vida com prazer e resistência às adversidades. Objetivo: analisar a aptidão física relacionada à saúde em adolescentes com deficiência. Metodologia: a população foi constituída por usuários do Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência, na cidade de Mossoró/RN. A amostra foi constituída de 33 adolescentes de ambos os sexos, com deficiência (retardo mental, déficit de atenção, síndrome de Down e depressão), entre 11 a 17 anos de idade. Utilizou-se os testes preconizados no Manual Brockport (Caminhada de uma milha, Índice de Massa Corporal, Levantamento de tronco e Sentar e alcançar com proteção das costas). Para verificar a normalidade das variáveis utilizou-se o teste de Shapiro – Wilk e estatística descritiva através das medidas de tendência central (mínimo, máximo, média e mediana) e o desvio padrão. Para os testes paramétricos se usou o teste t Student e para os não paramétricos o teste de Mann – Whitney para um nível de significância de p≤0,05 através do programa SPSS 16.0. Resultado: a estatura foi a única variável antropométrica com diferença significativa (P<0,05) = 0,002. Na classificação para o teste aeróbico, Masc. = (50%) fracasso, (50%) sucesso; Fem.= (10,6%) Fracasso, (89,4%) Sucesso; SAPC, Masc. = (7,14%) fracasso, (92,80%) sucesso; Fem.= (15,79%) Fracasso, (84,21%) Sucesso e LT, Masc. = (50%) fracasso, (50%) sucesso; Fem.= (31,5%) Fracasso, (98.42,%) Sucesso; Conclusão: a única variável antropométrica que apresentou diferença significativa entre os sexos foi à estatura. Nos testes SAPC, LT e Aeróbico as meninas superaram os meninos.

          Unitermos: Aptidão física. Saúde. Adolescentes com deficiência.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Aptidão Física Relacionada à Saúde (AFRS) refere-se àqueles componentes da aptidão afetadas pela atividade física habitual e relacionadas às condições de saúde. É definida como um estado caracterizado pela capacidade de realizar e sustentar atividades diárias e demonstração de traços ou capacidade associados com baixo risco de desenvolvimento prematuro de doenças e limitações relacionadas a movimentos (PATE, 1988 apud WINNICK,SHORT, 2001).

    O conceito que engloba AFRS é o de que um melhor índice em cada um dos seus componentes está associado com um menor risco para o desenvolvimento de doenças e/ou incapacidades funcionais (ACSM, 1996). Os componentes de AFRS incluem função aeróbica, composição corporal e função musculoesquelética. A função aeróbica envolve a capacidade aeróbia (consumo máximo de oxigênio ou VO² máximo) e o comportamento aeróbio (capacidade de realizar atividade aeróbia em níveis específicos de intensidade e duração). A composição corporal indica o grau de magreza ou adiposidade do corpo. A função musculoesquelética é um componente que combina medidas de força, resistência muscular e flexibilidade ou amplitude de movimento (WINNICK, SHORT, 2001).

    No paradigma Brockport, a AFRS se refere à saúde fisiológica e funcional. Saúde fisiológica está relacionada ao bem-estar orgânico do indivíduo, ausência de doenças ou limitações e baixo risco de desenvolver uma doença ou uma limitação. O índice de saúde funcional inclui a capacidade de executar tarefas de maneira independente e sustentar o desempenho dessas.

    Segundo Nieman, (1999); Nahas, (2001), a saúde passa a ser vista como decorrência de um “continuum”, com pólos positivo e negativo. Para o indivíduo a saúde positiva deve-se a capacidade de identificar e realizar suas aspirações, de satisfazer suas necessidades e de mudar ou adaptar-se ao meio ambiente, a negativa está relacionada à morbidade e, no extremo, à mortalidade prematura. A saúde é capacidade de realizar trabalho muscular satisfatoriamente que também pode ser entendido como possuir uma aptidão física satisfatória (BARBANTI,1990).

    Para o Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPSi) a realização da AFRS deve detectar os possíveis riscos de problemas para a saúde o mais precocemente possível e dar subsídios aos tratamento terapêuticos à desenvolver ações que possam auxiliar na promoção do bem-estar do adolescente com deficiência. Conforme Melo (2008) cada tipo de deficiência possui singularidades e necessidades próprias. Fato este de responsabilidade competente também ao educador físico, que sem dúvida alguma é de suma importância e indispensável nesta instituição. É por meio do desenvolvimento da AFRS que os adolescentes com deficiências específicas, das formas e das capacidades de movimento, realizarão capacidade para sustentar atividades diárias, proporcionar baixo risco de desenvolvimento de doenças e ampliar os movimentos (WINNICK; SHORT, 2001).

Metodologia

    O presente estudo foi constituída de 33 usuários de ambos os sexos, entre 11 e 17 anos, da instituição CAPSi, pertencente ao município de Mossoró/RN. Com a participação de dois educadores físicos, uma psicóloga e um enfermeiro, treinados para a realização das medições antropométricas e administração dos testes de aptidão física.

    Para a análise e coleta da AFRS utilizaram-se testes do manual Brockport 2001: Função Aeróbica (teste de uma milha), Composição Corporal (Índice de Massa Corporal - IMC), Função Musculuesquelética (Sentar e Alcançar com Proteção das Costas e Levantamento de Tronco. A estatura (cm) foi aferida com uma fita métrica, com escalas de 0,1 cm, fixada à parede nivelada, admitindo-se uma variação máxima de 0,5 cm entre duas medidas e para avaliar o peso corporal uma balança digital marca Caumak modelo Eb 103.70 com escalas de 100g. Os testes foram realizados durante o mês de novembro a dezembro de 2009 no âmbito da instituição CAPSi – Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência. Os dados foram classificados conforme critérios estabelecidos do manual Brockport 2001.

    A estatística utilizada para estudo foi a descritiva através das medidas de tendência central (Mínimo,Máximo, Média e Mediana) e de dispersão (Desvio padrão) . Para verificar a normalidades das variáveis utilizou-se o teste de normalidade de Shapiro – Wilk, considerando para as variáveis paramétricas o teste t Student e para os não paramétricos o teste de Mann – Whitney para um nível de significância de p≤0,05. Os dados foram analisados através do programa SPSS 16.0.

Resultados e discussão

    Na tabela 01, analisando as variáveis entre os sexos nos resultados constatou-se que as variáveis diferem estatisticamente somente em relação à estatura, (p = 0,002) tal diferença supõe-se da investigação do impacto da menarca nas variáveis antropométricas e neuromotoras da aptidão física, onde em um estudo longitudinal, evidencia os maiores aumentos no início da puberdade, onde os meninos demonstram ganho bastante acentuado com relação a capacidades de aptidão física, enquanto as meninas, em razão do menor nível de andrógeno, tendem a apresentar ganhos inferiores. (BIASSIO, 2004).

    Segundo Nobre (2006), o hormônio do crescimento humano (STH) é o de maior importância por controlar o crescimento longitudinal do nascimento a adolescência. No sexo feminino a associação do STH ao andrógeno produzido no ovário, ato em nível de epífises óssea o que pode explicar a interrupção do crescimento mais precoce no sexo feminino. Portanto em relação à estatura média entre os sexos, a diferença entre seus valores deve-se às características constitucionais inerentes a cada sexo. As meninas, em relação à maturação aceleram o crescimento do esqueleto e o fechamento é mais precoce dos discos de crescimento (WEINECK e ASIMOV apud PONTES, 2000;SENA, 2000; Ferreira, 2000).

Tabela 01. Variáveis antropométricas e motoras para testes não paramétricos e paramétricos entre os sexos

Tabela 02. Classificação dos testes motores em fracasso e sucesso dos grupos masculino e feminino

    Em consonância com os resultados apresentados (Tabela 2), constatou-se que, na classificação dos testes SAPC e LT as meninas superaram o resultado dos meninos, isto porque estes fatores são influenciados pela flexibilidade, idade e o sexo, onde a flexibilidade é uma característica mais marcante nas meninas (DANTAS, 1999). No teste aeróbico houve significância de sucesso para o feminino em relação ao masculino, supondo-se que este resultado está correlacionado com o índice superior a massa corporal que os meninos apresentam. Em geral os diferentes aspectos da constituição física influenciam a capacidade de desempenho motor, porém, em graus que variam consideravelmente de acordo com o sexo, faixa etária, característica antropométrica analisada e tarefa motora testada (FERREIRA; BOHME, 1998).

Conclusão

    Por fim, a única variável antropométrica que apresentou diferença significativa entre os sexos foi à estatura, confirmando a influência da associação do hormônio do crescimento ao andrógeno no sexo feminino.

    Nos testes SAPC e LT as meninas superaram os meninos devido à flexibilidade e no teste aeróbico por motivo dos índices superiores de massa corporal que os meninos apresentaram.

Referências

  • ACSM. American College of Sports Medicine. Manual para teste de esforço e prescrição de exercício. 4.ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1996.

  • BARBANTI, Valdir José. Aptidão física: um convite à saúde. São Paulo: Manole, 1990. p. 109-115.

  • BIASSIO, L. E.; Impacto da Menarca nas Variáveis Antropométricas e Neuromotoras da Aptidão Física, Analisado Longitudinalmente. R Bras Ci e Mov., Brasília, v. 12, n. 2, p. 97-101, jun. 2004.

  • DANTAS, E. H. M. Flexibilidade: Alongamento e Flexibilidade, 4ª edição. Rio de Janeiro/RJ, Shape, 1999.

  • FERREIRA, M.; BÖHME, M.T.S.- Rev. Paul. Educ. Fis. São Paulo, 12 (2): 181 – 92,jul/dez 1998.

  • MELO, R.L.V. Pessoas com deficiência na Universidade: como devemos nos comportar e ajudá-las, 2008.

  • NAHAS, M. V. Atividade física, Saúde e Qualidade de Vida. Londrina: Midiograf, 2001.

  • NIEMANN, D. C. Exercício e Saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. Ed. Manole: São Paulo, 1999.

  • NOBRE, F.S.S. Hábitos de Lazer, Nível de Atividade Física e Característica Somatoras de Adolescentes. Dissertação de Mestrado, Florianópolis/SC, 2006.

  • PONTES, L.M.; SENA, J.E.A.; FERREIRA, U. M. G. Perfil Antropométrico e da Composição Corporal de Garis de Ambos os Sexos que Trabalham em Setores Diferenciados. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 13 - N° 120 - Mayo de 2008. http://www.efdeportes.com/efd120/perfil-antropometrico-e-da-composicao-corporal-de-garis.htm

  • WINNICK, J.P. SHORT, F.X. Teste de Aptidão Física para jovens com necessidades especiais. 1ª edição brasileira, 2001, Ed. Manole.

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