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Jogos de oposição aplicados à esgrima

Juegos de oposición aplicados a la esgrima

 

*Graduanda em Educação Física

**Professor Adjunto do Departamento de Educação Física

Universidade Federal do Paraná

(Brasil)

Suellen Senna*

Dr. Sérgio Luiz Carlos dos Santos**

ub_santos@yahoo.com

 

 

 

 

Resumo

          Na prática da Educação Física na escola, há ainda notável dificuldade dos professores em se desvincularem do uso dos quatro esportes mais populares em suas aulas e em todas as turmas. A busca por novas práticas que sejam exploradas pelos alunos de forma a serem conteúdos significativos para o seu aprendizado e prazerosos pela metodologia empregada deve ser constituinte de uma educação continuada do profissional, preocupado com uma formação integral do aluno. Neste sentido, a proposta diversificada do ensino de luta, a esgrima, através da estratégia lúdica dos jogos de oposição, tema do trabalho, é exemplo de uma maneira diversificada de trabalho da Educação Física Escolar.

          Unitermos: Jogos de oposição. Educação Física escolar. Lutas. Esgrima.

 

Abstract

          In the practice of physical education at school, there are still notable difficulty for teachers in the break from the use of the four most popular sports in their classes and in all classes. The search for new practices that are operated by students in order to be meaningful content for learning and enjoyable by the method used should be a component of a continuing education professional, concerned with education of the student. In this sense, the proposal diverse school of wrestling, fencing, the strategy of opposition play games, theme of work, is an example of how diverse the work of physical education.

          Keywords: Games opposition. School Physical Education. Wrestling. Fencing.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Os diversos tipos de luta existem desde o início das civilizações, com objetivos desde ataque e defesa a outros grupos, como para preservar instintos de sobrevivência, ou conquistar territórios de caça. Na sociedade atual, não estamos distantes de qualquer movimento de luta, pois, de um lado, negativo, se tornou comum o uso da violência física nas ruas, em todas as instâncias, e de outro lado, devido também ao aumento de demanda e procura por diversas modalidades de luta, repercutindo na cultura da sociedade. Na escola, ambiente cultural, estas manifestações também são disseminadas - já que a habilidade de lutar é algo instintivo, as crianças têm muito mais contato com componentes da luta, muito além dos ideais pregados pelas diversas lutas existentes.

    No cenário atual, ainda se observa muita dificuldade no ensino da Educação Física para além dos quatro esportes de bola que estão a muito inseridos na escola. Esta dificuldade deve-se por vezes ao despreparo dos profissionais da área em lidar com outros tipos de práticas corporais, por exemplo as lutas, neste conhecimento escasso que se tem durante a formação que não dá base sólida para que o conteúdo seja explorado na escola, ou pela maneira de transmissão do conteúdo que não é válida para determinadas modalidades não dominadas socialmente, assim não apreendidas facilmente.

    Este trabalho tem por meio, discutir sobre uma nova forma que seria mais apropriada e prazerosa de se trabalhar a modalidade de lutas, especificamente a esgrima no ambiente escolar - os jogos de oposição.

2.     A inserção das lutas na escola

    Nos documentos formais sobre a Educação, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s 1997), Diretrizes Curriculares Estaduais (do Paraná, em 2006) e nos Projetos Políticos Pedagógicos de diversas escolas, pode-se observar que as lutas, apontadas como um dos elementos da cultura corporal, representa um importante instrumento pedagógico na formação da criança, adolescente e jovem, devendo assim ser trabalhadas como conteúdo da Educação Física, tanto escolar como treinando desportivo.

    Desta forma, conforme citam Santos e Souza Júnior (2010), as lutas devem ser trabalhadas na escola, como forma de estratégia metodológica, assim como os demais conteúdos da Educação Física, abordando um caráter reflexivo que não vise apenas abranger desenvolver capacidades e potencialidades físicas, mas que busque a aquisição de valores e princípios essenciais para a formação do ser humano em um aspecto mais ampliado, visto que “não visem apenas à técnica pela técnica, mas sim que a criança possa vivenciar os aspectos corporais das lutas de uma maneira que lhes proporcione prazer e respeite suas características de crescimento”.

    De acordo com WEINECK (1999 citado por RUFONI, 2007) a criança não é um adulto em miniatura; seu crescimento tem proporções diferentes referentes ao adulto que podem provocar conseqüências para a atividade corporal ou esportiva. Portanto seu treinamento deve ocorrer de forma diferenciada respeitando seu processo de amadurecimento, assim, a prática de atividade física e esportes na infância demandam um trabalho específico, no qual a atenção deve estar voltada aos processos de crescimento físico, maturação biológica e desenvolvimento fisiológico das crianças.

    Além disto, autores como Brum e Campos (2004) apontam uma interligação entre o desenvolvimento da cognição e a execução de habilidades motoras, sendo ambos necessários para a performance desportiva das crianças, pois o ato motor tem importância na evolução dos estágios de desenvolvimento da inteligência (KNIJNIK et al, 2002). Neste sentido, a prática de atividade física para as crianças, seja nas aulas de Educação Física ou como iniciação desportiva, deve propiciar o gosto da criança pela prática. As estratégias iniciais para este aprendizado devem utilizar-se de recursos lúdicos, já que a brincadeira como componente da cultura corporal da criança, não pode deixar de ser usada como estratégia metodológica do ensino da Educação Física e das lutas, ou seja, a ludicidade, como fator motivacional, torna-se a ponte facilitadora da aprendizagem.

    No ensino das lutas, o lúdico é proposto como fator motivacional nos jogos de oposição. Nestes, aspectos como ganhar e perder não são primordiais, pois propicia um trabalho corporal, com aquisição de valores e princípios essenciais para a formação do ser humano, inerentes das lutas, onde o professor deve questionar-se quanto a sua postura e conduta em relação ao objetivo prioritário de proporcionar aos praticantes de lutas um desenvolvimento globalizado e não apenas físico-técnico, transformando-os não em grandes campeões, mas em verdadeiros homens.

    Os Jogos de Oposição é uma pedagogia diferenciada para inserção das lutas no ambiente escolar, tendo por objetivo não só o ensino dos movimentos da determinada modalidade, mas que através do lúdico, possibilita o tocar e ser tocado entre os alunos, o respeito por si e pelo próximo, criação de estratégias para se proteger e atacar simultaneamente, uso de capacidades físicas específicas para o jogo, aperfeiçoamento de habilidades físicas etc, “durante a vivencia dos jogos a criança estará sendo estimulada a trabalhar os aspectos cognitivo, sócio-afetivo e motor” (SANTOS; SOUZA JÚNIOR, 2010). Os jogos de oposição podem ser divididos em 3 categorias: jogos que aproximam os combatentes (judô, luta olímpica, jiu-jitsu, sumô etc.), jogos que mantêm o adversário á distancia (karatê, boxe, muay thay, taekwondo) e jogos que utilizam um instrumento mediador (esgrima e kendo).

3.     A esgrima na escola através de jogos de oposição

    A Esgrima surge por meio dos Gregos e Romanos com a utilização das armas e se configura na Idade Média com as regras de cavalarias e com as grandes batalhas, portanto a utilização das armas pelo homem é antiga.

    São três as armas da esgrima: espada, florete e sabre, cada qual é específica para ataque em determinada parte do corpo do adversário de acordo com suas características para luta e, fazendo com que o uso da roupa também faça parte de cada especificação, compondo as regras do jogo.

    Não é por ser um esporte que utilize de materiais (roupas e armas) sofisticados que não se pode estar inserido no currículo escolar. Tendo nos jogos de oposição um aliado ao ensino das lutas, é que a esgrima pode ser inserida na escola. Todos os conhecimentos escolares devem ser criados na escola, com os alunos como agentes deste processo, assim, eles poderão participar deste o início com a criação de materiais alternativos para utilizarem como armas e roupas na esgrima: utilizando de jornal velho, varinha de bambu, garrafas pet, entre outros materiais do dia-a-dia da escola. A partir da criação de seus meios, os alunos têm maior cuidado consigo e com o outro, constroem coletivamente os significados do jogo, tornando a aprendizagem mais prazerosa.

    Dentre os jogos de oposição para o ensino da esgrima, com a utilização dos materiais por eles criados, os alunos divididos em duas equipes criem uma história com o tema “A ruptura da princesa”, no qual participa todos, contendo diversos personagens, por exemplo: princesa, bruxa, soldados, guarda do castelo, príncipe etc., que se enfrentaram jogando a esgrima e assim praticando os movimentos apreendidos.

4.     Considerações finais

    A proposta metodológica para o ensino das lutas como parte integrante do currículo em Educação Física Escolar, com o nome de Jogos de Oposição, vem a quebrar com o modelo tradicionalista de educação, no qual objetiva o aprendizado técnico dos movimentos. Neste novo trabalho, objetiva não principalmente os movimentos precisos da modalidade, visto que a luta é componente inato do ser humano, mas, mais que isto e principalmente, procurar trabalhar integralmente o aluno, desenvolvimento cognitivo, social-afetivo e motor, formando um indivíduo autônomo e reflexivo, explorador de sua corporeidade e autoconhecimento, pois nos jogos de oposição ele deve explorar seu corpo em seus limites com o do outro, por estratégias de contato corporal. Desta forma, o aluno dá significado ao seu aprendizado, pois é ele o criador deste processo, de maneira motivada pelo componente lúdico do jogo.

Referências

  • CAMPOS, W. de; BRUM, V. P. da C. Criança no esporte. Curitiba: Os Autores, 2004.

  • KNIJNIK, J. D.; PIRES, R. N.; FRESSATO, M. S. O jogo, a educação física e a escola: é possível falsear as implicações da teoria piagetiana? In: Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, Barueri, v. 1, n. 1, p. 95-105, 2002.

  • RUFFONI, R; MOTTA, A. Lutas na infância: uma reflexão pedagógica. Disponível em: http://www.equiperuffoni.com.br/artigos/A060212_02.pdf. Acesso em: 03/01/2010.

  • SANTOS, S. L. C. et all. Jogos de oposição, com ênfase em lutas, como proposta pedagógica para redução da violência no projeto Gralha Azul. Projeto Social como divisor de águas – Os valores transmitidos pelo PEE na formação humana, Curitiba, Ed Coração Brasil, p. 27-33, 2008.

  • SOUZA JÚNIOR, T. P. de; SANTOS, S. L. C. Jogos de oposição: nova metodologia de ensino dos esportes de combate. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 141. http://www.efdeportes.com/efd141/metodologia-de-ensino-dos-esportes-de-combate.htm

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