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Educadores Físicos: reconhecimento na área da saúde

Educadores Físicos: reconocimiento en el área de la salud

 

Licencianda em Educação Física pela

Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO BH

(Brasil)

Alessandra Quintal Aguiar

lecalingbh@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo tem por objetivo despertar nos Profissionais da Educação Física (PEF), o interesse em atuar na área da saúde. Quase não se houve falar de Educadores físicos trabalhando em hospitais, sendo que são considerados profissionais da saúde, assim, temos que buscar por direito a aceitação neste meio onde ainda não somos regularmente bem vindos. O SUS – Sistema Único de Saúde não reconhece o PEF como profissional da saúde, dessa forma como podem dizer que somos, se não nos reconhecem como tal? Cabe a cada um de nós, dessa classe, exigir o que nos é de direito e poder trabalhar com qualidade e competência em todas as áreas que nos diz respeito.

          Unitermos: Educação Física. Reconhecimento na área da saúde. Atuação na área hospitalar.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é o estado mental de completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. A legislação brasileira declara que saúde é um direito de todos e um dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços, para sua promoção, proteção e recuperação. (Art. 196 da Constituição Brasileira, 1988).

    De acordo com Tambellini (1988), saúde pode ser vista como um bem coletivo que é compartido individualmente por todos os cidadãos. Comporta duas dimensões essenciais - a dimensão do indivíduo e a dimensão da coletividade. Essas dimensões devem ser respeitadas em suas contradições e preservadas enquanto formas de expressão das maneiras de viver possíveis num dado momento, ROUQUAYROL (1999).

    Em pesquisa realizada sobre a atuação dos Profissionais da Educação Física (PEF) em Hospitais, Mataruna dos Santos (1999) comprovou que os exercícios físicos são necessidade da natureza humana e são indispensáveis, para a conservação da saúde, a atuação dos PEF nos hospitais da UFRJ, contribuiu de forma somatória ajudando na recuperação da saúde, motivando e estimulando corpo e a mente, entendendo que é muito melhor prevenir doenças a curá-las, e a Educação Física hospitalar tem essa visão, de auxiliar na prevenção de doenças através de atividades específicas.

    Mataruna dos Santos (2000) nos abre um leque de opções, que a área hospitalar concede ao profissional da educação física, no entanto, é escassa a presença dos mesmos nesta área de atuação. Quando falamos de Educação física, lembramos logo de escolas, academias, clubes, enfim, tudo que está relacionado a movimento e força nos faz lembrar da EF, no entanto esquecemos completamente da saúde hospitalar.

Editorial

    Normalmente, não é comum para o Educador Físico trabalhar nesta área e por esse motivo, estão cedendo seu lugar de direito para outros profissionais da saúde como o fisioterapeuta, por exemplo. Como relatado, precisa-se de reconhecimento no SUS para trabalhar na área hospitalar e o PEF não é reconhecido. Como podem dizer que, o Educador Físico é da área da saúde se o mesmo não tem reconhecimento para atuar na mesma?!

    O papel do PEF está sendo substituído pelo fisioterapeuta, por acharem que, a atividade física executada pelo Educador Físico, pode ultrapassar as etapas de tratamento hospitalar, preferem que os fisioterapeutas trabalhem com os pacientes utilizando métodos tradicionais com movimentação passiva nos tratamentos de reabilitação, massagens e aparelhos tecnológicos, e os fisioterapeutas mais modernos, utilizam o método de RPG, hidroterapia e atividade física, exercendo uma função que caberia a execução ao Educador Físico.

    O atual problema, é que, não somente em hospitais, mas também em academias, vemos o direito do Educador Físico transferido ao fisioterapeuta na execução de atividades que seriam de responsabilidade do PEF, temos um exemplo simples no Pilates, se for observar a maioria dos Estúdios de Pilates, senão todos, são comandados por fisioterapeutas, sendo que a gama de atividades físicas que é relacionada a esta modalidade deveria ser atribuída ao Educador Físico. Atividades com peso, com bola, esteira, aparelhos de alongamento tudo isso é utilizado e para instruir nas atividades não são os educadores físicos quem encontramos.

    Contudo, se o PEF não se posicionar enquanto há tempo, sua função será substituída por outros profissionais, não somente em hospitais, mas dentro das próprias academias. Algo tem de ser feito o quanto antes, esta imagem de “oba, oba” que fazem da Educação Física tem que ser mudada. Muitos acham que, a maioria dos estudantes de Educação Física, estão na área porque não conseguiram entrar em outra. Isso é uma falta de respeito! Tanto o PEF, quanto qualquer outro profissional formado em sua área específica, tem que ser respeitado e a eles atribuído o devido lugar e responsabilidade.

    No estudo feito em Hospitais Universitários, realizado por Mataruna dos Santos (1999), com os PEF atuando na reabilitação, mostra que os pacientes comuns eram cardiopatas, pneumopatas e obesos mórbidos, o tratamento era seguido por etapas como vemos, cada especialista em sua função determinada.

    Primeiro passo era o preenchimento do questionário sobre detalhes diários do paciente, segunda etapa, a consulta médica para análise de riscos, e a terceira etapa era a avaliação funcional feita pelo PEF, todos os profissionais trabalharam em conjunto, cada um respeitando suas funções e áreas de conhecimento. Interessante que o PEF trabalhou com uma equipe formada por médicos, enfermeiro, nutricionista e estagiários de EF, e pelo decorrer do estudo vê-se que essa parceria foi satisfatória.

    Algo interessante é que a OMS – Organização Mundial da Saúde declarou que, saúde não é só a ausência de doenças e sim o bem estar físico, mental e social, e mais, diz que o Estado é responsável por garantir a saúde da população brasileira. Já que a saúde abrange esses três estados do cidadão, e como o Estado é o responsável por garantir isso, então porque não desenvolver em hospitais uma área que seja usada para a prevenção de doenças através de atividades físicas?

    Já que a Atividade Física previne doenças, porque não criar um espaço reservado para que a população possa utilizar, onde encontre atividades físicas, desenvolvidas pelo PEF que vá garantir um nível de condicionamento físico para várias idades como medidas preventivas de doenças?

    Está mais que na hora, da saúde pública reconhecer a Educação Física como parte fundamental na prevenção de doenças e na reabilitação de pacientes. As pessoas precisão de acompanhamento médio, nutricional e físico também.

    Quantas crianças hoje são obesas pela má alimentação e pela vida sedentária que levam? Já perdemos a conta! Cada dia mais os meios tecnológicos invadem as casas, crianças trocam o futebol, pelo vídeo game, deixam de fazer uma refeição saudável e balanceada para ingerir gorduras saturadas. Vida moderna, pais ausentes, tudo isso faz com que a geração de hoje possa desenvolver algum tipo de doença no futuro, como doenças cardiovasculares, colesterol alto, doenças do coração, etc.

    Como meio de prevenção, quanto a essas questões, é que seria útil uma unidade de saúde pública formada por PEF e nutricionistas para o desenvolvimento e promoção de saúde através de atividades físicas específicas por faixa etária, para isso cabe ao SUS o reconhecimento da nossa área em seu sistema.

    Cabe ao Profissional da Educação Física, reivindicar os seus direitos e reconhecimentos, desenvolver projetos na área da saúde, apresentar suas propostas, mostrar força e capacidade para atuar dentro desta área também. Não deixar que outros profissionais façam a parte que lhes cabem.

    O comodismo e a falta de visão da classe, talvez, é o que faz com que hoje o espaço para eles (PEF) venha se afunilando. A visão que a maioria das pessoas tem do Educador físico, é que o mesmo só ensina “correr atrás de bola” ou apenas “levantamento de peso” para fins estéticos. Talvez, esses sejam alguns dos fatores que fazem os responsáveis pela área da saúde ignorar a capacidade do PEF para atuar com pacientes em reabilitações nos setores hospitalares.

Conclusão

    Está mais que na hora, do conceito que se tem da Educação Física mudar! O Educador Físico tem que ser respeitado e reconhecido como profissional da saúde e poder de fato exercer a função, trabalhando com a saúde física e mental seja em academias, hospitais, como em todas as áreas que a EF contempla. Capacidade para isso é o que não falta, o que falta é uma mobilização para exigir reconhecimento e aceitação completa do seu trabalho em todas as áreas que abrange, principalmente a área da saúde.

Referências

  • Mataruna dos Santos, Leonardo José (1999) A Atuação dos Profissionais de Educação Física nos Hospitais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 14. http://www.efdeportes.com/efd14b/hospitai.htm

  • Mataruna dos Santos, Leonardo José (2000) A Educação Física Hospitalar em desenvolvimento: uma breve apresentação das 32 sub-especialidades de atuação profissional no campo da saúde. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 27. http://www.efdeportes.com/efd27a/hosp.htm

  • Rouquayrol, M.Z. (1999) Epidemiologia & Saúde. Rio de Janeiro: MEDSI.

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