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Aprendizagem motora, conceitos e 

especificidades para a deficiência auditiva e surdez

Aprendizaje motor, conceptos y especificidades para la discapacidad auditiva y sordera

 

Acadêmicos do sétimo período vespertino de Educação Física

da Universidade Estadual de Goiás, UEG

Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia, ESEFFEGO

(Brasil)

Pollyana Villela

Thiago Fernandes de Paula

efueg007@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Neste estudo realizado nas bases de dados científicos buscamos discutir e apresentar concepções a cerca da aprendizagem motora, a deficiência auditiva e/ou surdez e seus aspectos específicos. Chegou-se a conclusão de que o aprendizado para o surdo ou deficiente auditivo é igual ao de pessoas normais, mas que deve se ter uma maior ênfase na comunicação através da demonstração ou de dicas visuais.

          Unitermos: Aprendizagem motora. Educação Física. Deficiência auditiva e surdez.

 

Resumen

          En este estudio llevado a través en las bases de datos científicas buscamos para discutir y para presentar conceptos sobre aprender de motor, la deficiencia auditiva y/o la sordera específica y sus aspectos. Era conclusión llegada de eso el aprender para la persona sorda deficiente auditiva o es igual a la que está de gente normal, pero que un énfasis más grande en la comunicación con la demostración o de extremidades visuales debe ser tenido.

          Palabras clave: Aprendizaje motor. Educación Física. Discapacidad auditiva y sordera.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Como seres vivos, estamos sujeitos a constantes mudanças sejam elas internas ou externas, pertinente a essa idéia estamos inseridos num contínuo processo de aprendizagem.

    Para Palafox (2009) a aprendizagem ocorre da interação entre aluno e professor, ela é objeto central do processo, e depende da estrutura ou do ambiente. Segundo ele para a sua compreensão, ela acontece numa perspectiva desenvolvimentista e a sua classificação é da seguinte forma: cognitiva, afetiva e motora.

    Segundo Vila (2009), existem tipos diferenciados de aprendizagem e que os sujeitos aprendem de maneira diferente, considerando que cada indivíduo é único.

    Neste estudo focaremos a atenção na parte motora, sua aprendizagem, conceitos e especificidades quanto aos deficientes auditivos e/ou surdos.

Aprendizagem motora

    Pellegrine (2000) diz que a aprendizagem motora é uma melhora significativa no desempenho, tem sua inferência na capacidade do indivíduo executar uma determinada tarefa, melhora essa que ocorre em função da prática.

    A maioria dos autores relatam que a aprendizagem motora como a associação de um conjuntos de processos com a experiência, entenda-se experiência como uma prática que conduz a mudanças significantes na execução do desempenho da habilidade.

    Segundo Cidade et al (sd) define aprendizagem motora, enfatizando os seguintes aspectos: a) a aprendizagem resulta da prática ou da experiência; b) a aprendizagem não é diretamente observável; c) as mudanças na aprendizagem são observadas nas mudanças na performance; d) a aprendizagem envolve um conjunto de processos no sistema nervoso central; e) a aprendizagem produz uma capacidade adquirida para a performance; f) as mudanças na aprendizagem são relativamente permanentes. A aprendizagem motora, portanto, dá-se por meio de uma combinação complexa de processos cognitivos e motores.

    Para Martins & Ivanov (2009) é através da interação do indivíduo com o meio ambiente que são desenvolvidas as modalidades sensoriais.

    Para trabalhar com indivíduos portadores de necessidades especiais, é preciso ter o conhecimento necessário para lidar com os desafios e esforços que esses grupos apresentam. Será abordada a deficiência auditiva, como instrumento de estudo, e como o aprendizado motor ocorre nessas situações.

    O aprofundamento acerca da aprendizagem motora para portadores de deficiência auditiva é preciso que se tenha o conhecimento de seus conceitos, classificações e implicações.

Desenvolvimento motor

    Segundo Gallahue e Ozmun (2003, p.03), “o desenvolvimento motor é a continua alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do individuo e as condições do ambiente”.

    É o estudo do comportamento motor em pessoas normais ou não, abrangendo diferentes faixas etárias, onde estabelece conceitos básicos que fundamente a sua ação pedagógica. (PALAFOX, 2009, p.03).

Deficiência auditiva e/ou surdez

    Conforme Margall et al (2006), apud Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), relata que no último senso realizado no ano de 2000 o número de deficientes físicos é de aproximadamente 14,5% da população dando um total de 25 milhões de pessoas, sendo que deste total 5,7 milhões são de surdos e que 70% destes são causadas pela rubéola contraída da mãe nos primeiros três meses de gestação.

    A audição se faz perceber os sons, através de mecanismos pré-estabelecidos. O processo normal é iniciado com a captação das ondas sonoras pela estrutura denominada orelha externa, prosseguindo pela condução até a orelha média. “Ao chegar à orelha interna, as ondas sonoras são transformadas em impulsos elétricos, que são enviados ao cérebro. No cérebro se dá a decodificação dos sons, o que caracteriza a audição propriamente dita” (FILHA, 2005, p.03).

    Para Teixeira (2009), a deficiência auditiva é considerada genericamente como a diferença existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI - 1989).

    Já Souza (2006), apud Northern & Downs (1991) afirma que na criança, a perda auditiva seria relacionada a qualquer grau de audição que reduza a inteligibilidade de uma mensagem de fala a um grau inadequado que não permite interpretar ou aprender de forma adequada.

    Com relação a sua classificação, de acordo com Souza (2006) apud Russo e Santos (1994), “as deficiências auditivas podem ser classificadas basicamente de duas maneiras: quanto à localização da alteração no ouvido e quanto ao grau de comprometimento.

    A classificação da deficiência auditiva quanto à localização da alteração no ouvido pode ser subdividida em quatro tipos: condutiva, neurossensorial, mista e central.

    A deficiência auditiva condutiva se caracteriza quando há interferência na transmissão do som no conduto auditivo externo e ouvido médio para o ouvido interno. (SOUZA, 2006, p.13).

    “A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro.” (TEIXEIRA, 2009).

    O segundo tipo de deficiência auditiva é a sensório-neural ou neurossensorial, que ocorre quando o som fica impossível de ser recebido, devido a uma lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. (TEIXEIRA, 2009).

    A deficiência auditiva mista, segundo Souza (2006, p. 14) ocorre quando há um componente condutivo associado a um neurossensorial..

    Por fim, há também a deficiência auditiva central, que segundo Teixeira (2009), decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central) até as regiões subcorticais e córtex cerebral.

    Com relação ao grau de comprometimento, encontramos algumas divergências com relação aos valores e faixas audíveis, nesse sentido, por questão de confiança adotamos os dados referentes ao estudo de Souza (2006).

    “Considerando que o nível de audição normal de uma criança varia de 0 a 15dBNA (nível de audição), as alterações auditivas podem obter a seguinte classificação: Perda auditiva leve, quando o limiar tonal está entre 15 e 30 dBNA; Perda auditiva moderada, quando o limiar tonal está entre 31 e 60 Dbna; Perda auditiva severa, quando o limiar tonal está entre 61 e 90 dBNA e perda auditiva profunda, maior que 91 Dbna”.(SOUZA, 2006 apud NORTHEN E DOWNS, 1991, p.05).

Especificidades

    O deficiente auditivo necessita de certas habilidades para se adaptar na sociedade, e consequentemente desenvolver-se da melhor forma possível.

    Para Palma (SD) uma dessas habilidades é a comunicação, ele a define como:

    [...] um processo complexo onde estão interligados diferentes elementos, culminando na troca mútua e num inter-relacionamento entre as pessoas, comunicando-se a todo instante, através de uma complexidade de fatores presentes em cada momento, que buscam a interação e a troca mútua de conhecimentos, de informações, de emoções, além de ser uma necessidade fundamental do ser humano.

    Rector & Trinta (1990, p.21), fala que:

    “O homem é um ser em movimento e, ao mover-se, põe em funcionamento formas de expressão completas e complexas, que são, de resto, socialmente partilhadas”. e é desta forma que " o corpo, pois comunica, e esta comunicação confunde-se com a própria vida. É ela uma necessidade básica da pessoa humana., do homem social.”

    Tendo-se como seqüência mais apropriada para a atenção na aprendizagem são as orientações verbais e a demonstração. (Tonello, 1998 p.01, apud NEWELL, 1981)

    Durante as instruções verbais Tonello (1998) diz que:

    [...] o professor deve suplementar [...] com a demonstração (modelo), videoteipe, filme ou fotografia da ação a ser aprendida. É preciso também que o professor dirija a atenção do aluno aos aspectos importantes da “performance” que observa. Esse autor indica ainda que se deva alternar curtos períodos de prática com demonstrações, permitindo descanso enquanto nova informação é enfatizada a partir do modelo. A demonstração facilita a instrução, pois dizer simplesmente “faça isso” e em seguida demonstrar, minimiza instruções complexas. Assim, o motivo principal do emprego da demonstração é a transmissão de informações acerca da meta a ser atingida na ação. A demonstração mostra particularidades úteis para a aprendizagem de uma habilidade, reduzindo dessa forma a incerteza sobre como deve ser realizada.

    Outra especificidade importante no processo de ensino aprendizagem do desenvolvimento de habilidades motoras é a informação visual. (TONELLLO, 1998)

    O poder da constituição da imagem conforme Reily (2003) é de importante compreensão para o professor de Educação Física, pois a aprendizagem do aluno surdo será predominantemente visual.

    Fundamental para que o surdo possa compreender e apreender sobre o que está sendo ensinados, os recursos visuais promove uma maior conexão no processo ensino-aprendizagem motora, entre o conteúdo, o aluno e o professor. (PASETTO, 2004)

    O desenvolvimento motor em pessoas surdas geralmente está nos padrões da normalidade, já que a surdez afeta apenas o aparelho auditivo, então poucas ou quase não há restrições quanto à prática de atividades física, a não ser que seja acompanhada de algum comprometimento ou deficiência.

    Respeitando os requisitos iguais de pessoas sem deficiência Filha (2005, p.03) afirma que:

    As atividades aeróbicas são muito importantes, pois as pessoas que não se utilizam da fala costumam ter uma respiração “curta”, isto é, não enchem completamente os pulmões deixando, com isto, de expandir a caixa torácica e de exercitar os músculos envolvidos na respiração. Assim sendo, além de todos os benefícios cardiovasculares já conhecidos, no caso dos surdos, as atividades aeróbicas também podem contribuir, indiretamente, para o aprendizado da emissão de sons da fala.

    O acréscimo de habilidades motoras se da como um processo contínuo, através da flexibilização e da reorganização das estruturas, ocorrendo uma adaptação a novas situações que surgem diante do erro, da instabilidade e da incerteza constituindo-se numa característica positiva. (JUNIOR. 2005, p.19).

Metodologia

    O presente trabalho consiste numa revisão bibliográfica realizada nas bases de dados científicos do LILACS (Literatura Latino americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online), CBCE (Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte), GEASE (Grupo Avançado de Estudos em Saúde e Exercício), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Revistas, Livros, Portarias e Editais do Ministério da Saúde, utilizando como palavras-chave: Educação Física e Saúde, Educação Física e Aprendizagem Motora, Desenvolvimento Motor em Surdos, Atividade Física para Deficientes Auditivos.

    Não foram estabelecidos períodos específicos como método de seleção de referências bibliográficas e os textos obtidos foram organizados por afinidade de assuntos e utilizados na elaboração de uma análise crítica dos conceitos sobre Aprendizagem motora e sua especificidade para a deficiência auditiva (surdez).

Conclusão

    Encerramos dizendo que diante do contexto da aprendizagem que se afirma a importância do profissional de Educação Física no desenvolvimento motor, promovendo uma melhora na qualidade de vida de seus alunos através de conteúdos que envolva a expressão e o movimento.

    A Educação Física é fundamental na transposição das barreiras causadas pela deficiência auditiva e/ou surdez, gerando uma grande contribuição para a vida dessas pessoas através do desenvolvimento nos níveis motor, perceptivo, sócio-cultural e cognitivo. Suas aulas são de características diferenciadas permitindo ao aluno maior liberdade, o que faz a espontaneidade e a criatividade vir à tona.

    Cabe a Educação Física através de sua área a Educação Física Adaptada a promoção, o trabalho e a pesquisa com as pessoas portadoras de deficiência física, contribuir em seu desenvolvimento e promover uma melhora na qualidade de vida, contudo são poucas as produções cientificas acadêmicas que abordam essa temática diante de tamanha necessidade.

Referências

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  • FILHA, Dalva A. dos Santos. Atividades físicas para surdos. In: Prefeitura de São Paulo. 2005. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br, Acesso em: 20/11/2009.

  • GALLAHUE, David L. OZMUN, Jhon C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Bebes, crianças e adultos. 2ª ed. São Paul: Phorte, 2003.

  • MARGALL, S.A.C; et al. A reabilitação do deficiente auditivo visando qualidade de vida e inclusão social. O Mundo da Saúde. São Paulo, SP. Jan/març. 2008.

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  • NORTHERN, J.L.; DOWNS, M. Hearing in children. 4th Ed. Baltimore, The Williams and Wilkins Co., 1991.

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  • PALMA, L.E. Comunicação: um jogo de movimentos entre o surdo e a educação física. Disponível em: http://www.sj.ifsc.edu.br, acesso em: 20/11/2009.

  • PASETTO, S.M.; ARAUJO, P.F. Dicas visuais na aprendizagem motora para aprendizes surdos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 79. http://www.efdeportes.com/efd79/dicas.htm

  • PELLEGRINE, A.M. A aprendizagem de habilidades motoras I: O que muda com a prática? Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.3, p.29-34, 2000.

  • RECTOR, M., TRINTA, A,R. Comunicação do Corpo. Série Princípios. Editora Ática. São Paulo, SP. 1990.

  • REILY, L.H. As imagens: o lúdico e o absurdo no ensino de arte para pré-escolares surdos. In: SILVA, I.R.; KANCHAKJE, S. & GESUELI, Z.M. (orgs) Cidadania, Surdez e Linguagem: desafios e realidades. São Paulo, SP: Plexus, 2003, p. 161-192.

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  • SOUZA, Aneliza M, Monteiro de. Avaliação da coordenação Motora global e no equilíbrio em portadores de deficiência auditiva. In: UNB. 2006. Disponível em: http://www.bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado, Acesso em: 20/11/2009.

  • TEIXEIRA, Luzimar. Deficiência Auditiva. Desenvolvimento Motor e Aprendizagem das habilidades Motoras. In: UNB. S/D. Disponivel em: http://www.tiphe.com.br, Acesso em: 24/11/2009.

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  • VILA, C; et al. Aprendizagem. Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: http://www.psicologia.com.pt, acesso em: 24/11/2009.

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