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A iniciação esportiva no basquetebol

La iniciación deportiva en el baloncesto

 

*Licenciado Plenamente em Educação Física

pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos

**Professor de Educação Física da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos

(Brasil)

Prof. Frederico Lima Gonçalves*

Prof. Ms. Fernando Edi Chaves**

Prof. Rudiard Anderson Dörr Vogt*

Prof. Matias Noll*

fredelima9@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo a analise bibliográfica da iniciação esportiva, onde analisei diversos autores das diferentes áreas envolvidas neste processo. O Esporte é uma das objetivações culturais expressas pelo movimento humano mais conhecidas e admiráveis, assim sendo, as crianças cada vez mais sedo entram nos esportes e a iniciação esportiva é o primeiro passo da criança dentro deste evento. Onde está criança desenvolverá os fundamentos, princípios, características, regras e movimentações do esporte neste caso o basquetebol. Junto com a iniciação sempre está vinculada a especialização esportiva precoce, não se confunda com especialização esportiva, a primeira é dada antes dos quatorze anos da criança, a segunda, e essa sim devemos incentivar, é dada por volta dos quatorze anos de idade no estagio de utilização permanente, quando já se encontra no ápice do seu desenvolvimento motor, porém não devemos esquecer que o desenvolvimento segue por toda vida. Outro aspecto importante neste processo de ensino-aprendizagem é a pedagogia do esporte, área está que vem crescente acintosamente por que o procedimento pedagógico trará futuramente vantagens motoras, psicológicas, técnicas e táticas além de não expor a criança a um processo que poderá acarretar em problemas à sua história de vida esportiva, como também a sua formação, e cabe ao professor a pedagogização do basquetebol. O professor deve, sobre tudo, preocupar-se com as questões educacionais, utilizando o basquetebol como alternativa educacional. Ensinar somente a técnica e a tática pode não ser suficiente; cada professor diferencia-se pela visão abrangente que tem do seu trabalho e mesmo possuindo sua própria filosofia, deve, contudo, adquirir os conhecimentos básicos da vida biológica e cultural dos seus praticantes.

          Unitermos: Iniciação esportiva. Basquetebol. Pedagogia. Criança.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O presente trabalho tem por finalidade investigar a importância da iniciação esportiva no basquetebol e analisar os aspectos que os autores consideram importante para a iniciação esportiva.

    Na construção desta monografia, tive que mudar a metodologia por motivos pessoais que acabaram atrasando o processo de pesquisa que eu tinha planejado no anteprojeto. Desta forma, acabei optando por uma revisão bibliográfica sobre o tema da iniciação esportiva no basquetebol.

    Segundo Weineck (2005), crianças e adolescentes não representam “adultos em miniatura” nem se pode notar, em suas atividades esportivas, a existência de um “programa reduzido de treinamento para adultos”.

    Já Ferreira (2001), define que a iniciação esportiva é o primeiro contato da criança com o esporte. Seus fundamentos, princípios, características, regras e movimentações devem ser aos poucos apresentados de maneira simples e num nível de exigência com as capacidades de uma criança que esta iniciando um novo processo. Dentro desta perspectiva será abordado as fases de iniciação esportiva, comparando-a com as fases de desenvolvimento motor citadas pelos autores da área. Também nesta proposta será abordado o assunto sobre a especialização precoce.

    A especialização esportiva precoce é a atividade esportiva desenvolvida antes da puberdade (antes dos 12 anos) e caracterizada por uma alta dedicação dos treinamentos, mais de 10 horas semanais, e principalmente por ter uma finalidade eminentemente competitiva (PERSONE apud VARGAS NETO, 1999).

    A iniciação esportiva no basquetebol deve ser estruturada com uma visão pedagógica do esporte e visando as fases de desenvolvimento do criança.

    O procedimento pedagógico trará futuramente vantagens motoras, psicológicas, técnicas e táticas além de não expor a criança a um processo que poderá acarretar em problemas à sua história de vida esportiva, como também a sua formação (FERREIRA, 2001). O professor terá papel fundamental neste processo de iniciação da criança no esporte, neste caso, no basquetebol. Paes e Oliveira propuseram a subdivisão da iniciação em três fases, onde será desenvolvido o desenvolvimento das capacidades físicas, aprendizagem tático-cognitiva e habilidades do jogo (técnicas). Já na especialização no basquetebol, os autores também subdividiram em três fases, onde ocorrerá à busca da especialização dos gestos motores (técnica), da capacidade estrategico-cognitiva, da tática e da capacidade física.

    Objetiva-se, portanto, a realização do levantamento teórico sobre o assunto, para analisar as perspectivas que os autores das diversas áreas envolvidas na iniciação esportiva citam, para assim, entender melhor este processo e futuramente entrar no campo de atuação.

2.     O esporte e a criança

    Neste capitulo abordarei o assunto Esporte e a Criança, onde irei realizar um levantamento bibliográfico sobre este assunto, procurando demonstrar a importância do Esporte na vida de uma criança e quais os benefícios que a prática correta proporciona à elas.

2.1.     o esporte

    Admitindo-se que existiu um esporte na antiguidade, cujas manifestações mais importantes foram os jogos gregos (olimpíadas gregas, jogos fúnebres, jogos piticos etc...), percebe-se que o chamado esporte moderno surgiu no século passado, criado por Thomas Arnold na Inglaterra, numa perspectiva pedagógica que em momento algum restringiu os aspectos agonísticos da competição (TUBINO, 1987). Não voltado para o bem estar social, uma vez que o conceito de esporte era praticamente competir, restringia e muito a participação da população nos esportes, sendo que só participava quem tinha o melhor potencial.

    Segundo Tubino (2001), o esporte moderno enfatizou inicialmente o associacionismo, que se constituiu na sua primeira referência ética e social. Com a mudança do movimento olímpico e a sua incorporação ao movimento esportivo, a ética esportiva também passa a se apoiar, na que hoje é chamado, fair play.

    O profissionalismo não era permitido e os casos surgidos eram exemplarmente punidos. Hoje em dia acredito que é quase ao contrário, o amadorismo que não é permitido. Hoje os esportes são fábricas de dinheiro, movimentando bilhões no mundo.

    Acrescenta-se ainda que o esporte incluía o preconceito contra a prática esportiva da mulher, que somente conseguiu disputar os jogos olímpicos mais tarde, e mesmo depois disso, permaneceu participando em termos bastante tímidos (TUBINO, 1987).

    Identifico que, com o passar do tempo, a mulher vem conquistando mais e mais o seu espaço no meio esportivo. Nos dias atuais, elas mostram o seu potencial, quebrando recordes, superando os preconceitos em determinadas modalidades, sem perder a feminilidade que é muito importante para o esporte.

    Tubino (2001) ressalta que o esporte não tinha a importância social que possui hoje, o que pode ser constatado pela reduzida dimensão dos jogos olímpicos, embora já fosse a maior manifestação esportiva internacional. A predominância de esportes individuais principalmente o atletismo e o remo é a explicação mais plausível para esta irrelevância social evidenciada.

    Hoje sabemos da importância do esporte na vida social da criança, sendo ele coletivo ou individual. Os esportes coletivos, um exemplo o basquetebol, induz a criança desde cedo a conviver, a trabalhar, a cooperar e a respeitar outras pessoas (convívio em sociedade) fora do laço familiar. Nos esportes individuais também podemos trabalhar a socialização da criança, aprendendo a respeitar regras, limites, horários, há ter responsabilidades.

    A movimentação no contexto esportivo do início dos anos sessenta provocou uma revisão conceitual do esporte, cujo processo pode ser demarcado por três conjunto de ações notáveis daquele período histórico: a) as manifestações dos intelectuais contra as exarcebações desportivas da época; b) os chamados documentos esportivos filosóficos internacionais; c) o surgimento e o desenvolvimento do movimento esporte para todos, a partir da concepção do programa “TRIM” (TUBINO, 1987).

    Segundo este mesmo autor, entre os intelectuais que se manifestaram contra as exarcebações desportivas da época, estão Cagigal e Clayer. Cagigal, como um grande humanista que foi, propôs a interpretação do fenômeno esporte em dois sentidos: o esporte espetáculo e o esporte práxis, sendo que neste último o fenômeno esportivo ganhava um grande alcance social ao aumentar a possibilidade de participação. Já Clayer só entendia a razão principal do esporte quando a prática esportiva pudesse chegar a um maior número de pessoas (TUBINO, 2001).

    Quanto aos documentos filosóficos internacionais que influenciaram a reconstituição do Esporte, citamos os dois mais importantes que são: O Manifesto Mundial do Esporte (1964), editado pelo Conseil Internationale D’ Education Physique et Sport (CIEPS). E a Carta Internacional de Educação Física e Desportos (UNESCO, 1978). O Manifesto Mundial do Esporte foi o primeiro manifesto que não reconheceu o Esporte através do rendimento, mostrando que também existia um Esporte na Escola e um Esporte do tempo livre, aberto para todos. A Carta Internacional de Educação Física, que serviu de marco para um novo conceito deste fenômeno, ainda lançou a perspectiva do direito à prática esportiva para todos, o que aumentou consideravelmente a significação social desde esporte reconceituado. E por sua vez, o Movimento Esporte para Todos, nascido no sentido contestatório do Esporte de alto rendimento, possibilitou grandes campanhas de valorização da prática esportiva, reforçando muito o aumento da abrangência do renovado conceito de Esporte (TUBINO, 2001).

    O conceito de Esporte evoluiu nas últimas décadas. Antigamente o conceito era voltado para o rendimento, não existia uma importância com a socialização das pessoas através do Esporte e nem de uma educação. (TUBINO, 2001)

    Hoje, com o conceito reformulado, partindo do pressuposto do direito de todos à prática esportiva, o Esporte acabou tendo maior abrangência na vida social do cidadão. É visto como um conceito compromissado com as suas perspectivas na educação, na participação das pessoas comuns, como direito de todos, e também no rendimento. O rendimento é muito importante, uma vez que este é a “vitrine” dos Esportes para a sociedade. (TUBINO, 2001)

    Conforme Tubino (2001), o Esporte após a sua revolução conceitual, passou a ser compreendido nas seguintes dimensões: Esporte Educação, Esporte Participação ou Esporte Popular e Esporte Performance ou de Rendimento.

    Esporte Educação – No Esporte Educação deve-se trabalhar principalmente, nestas três áreas de atuação pedagógica: integração social; psicomotricidade e atividades físicas educativas. A área de integração social visa assegurar uma participação autêntica, oferecendo aos alunos oportunidades de decisões na organização das atividades, visando chegar até a atuação na própria comunidade em que se situa o ambiente escolar. Na área de desenvolvimento psicomotor, deverão ser trabalhadas as necessidades de movimento, como também situações de juízo crítico, auto avaliação de tudo isto, livre de discriminação de qualquer tipo. Por fim, na área de atividades físicas educativas, a orientação deve direcionar-se para as concretizações das aptidões em capacidades e na aquisição de níveis superiores nestas capacidades (TUBINO, 2001).

    Na Escola, a criança muitas vezes tem o primeiro contato com o Esporte. Acredito que o Esporte na Escola pode levar a criança a níveis mais alto dentro do Esporte, porém, o Esporte na Escola tem um compromisso mais educacional do que de rendimento. Tubino cita o equívoco histórico do entendimento do Esporte Educação como um ramo do Esporte Performance, onde professores transformam as competições escolares em competições de alto nível. Sendo assim, o Esporte Educacional tem uma maior responsabilidade com a educação social, com a personalidade e com a própria emancipação da criança.

    Esporte Participação – Esta dimensão do Esporte esta relacionada com o prazer lúdico, e que tem como finalidade o bem estar social dos participantes. (TUBINO, 2001).

    Esta manifestação, que ocorre em espaços não comprometidos com o tempo e fora das obrigações da vida diária, de um modo geral, tem como propósitos a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas. Também oferece oportunidades de liberdade a cada praticante, a qual se inicia na própria participação voluntária. (TUBINO, 2001)

    O Esporte Participação, como a própria denominação sugere, ao promover a participação e ao obter sucesso neste seu objetivo principal, pode equilibrar o quadro de desigualdade de oportunidades esportivas encontrado na dimensão do Esporte Performance. Enquanto este último só permite sucesso aos talentos ou aqueles que tiveram condições, o Esporte Participação, ao contrário, favorece a prazer a todos que dele desejam tornar parte. (TUBINO, 2001)

    Desta forma, acredito que, nós profissionais da Educação Física, ao começarmos uma iniciação esportiva, devemos sempre pensar nas três dimensões do Esporte, pois estaremos conduzindo crianças a iniciar suas vidas esportivas, onde a maioria delas não serão talentos esportivos, o que reforça trabalharmos na busca de uma prática esportiva visando o lazer, saúde e bem estar destas crianças.

    Esporte Performance – Esta dimensão do Esporte, que permanece valendo pelo próprio conceito de Esporte até a década de sessenta, é socialmente importante pelos efeitos que exerce na sociedade. Ao exigir organização complexa e investimentos, o Esporte Performance ou de Rendimento, cada vez mais passa a ser uma responsabilidade da iniciativa privada. Traz consigo os propósitos de novos êxitos esportivos, a vitória sobre adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. Há uma tendência natural que seja praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos. É também a dimensão social que propicia os espetáculos esportivos, onde uma série de possibilidades sociais positivas e negativas podem acontecer (TUBINO, 2001).

    Esta dimensão do Esporte, por ser a mais difundida nos meios de comunicação, passa a ser a mais conhecida e a mais aceita pela população. Neste sentido, penso que os pais colocam seus filhos nas escolinhas esportivas ou mesmo em escolinhas no próprio colégio, e com o passar do tempo, sem notarem, estão incentivando os seus filhos à performance.

    Penso ainda que, algumas destas crianças começam a ser cobrada desde cedo pelos pais, que querem ver no filho aquilo que não conseguiram no Esporte. Que professor de escolinha não teve que aturar um pai na tela gritando, xingando-o para colocar seu filho para jogar? Nestas horas que o conhecimento do professor tem que falar mais alto, tem que pensar no desenvolvimento pessoal daquela criança, no bem estar que o Esporte pode trazer para vida dela e não no ego de um pai frustrado no Esporte.

    Também considero que o Esporte Performance ou de Rendimento, não é saudável. O fato de envolver muito investimento nesta dimensão do Esporte acaba incentivando a vitória a qualquer preço, desta forma, muitos atletas se utilizam de doping, usando remédios, anabolizantes entre outros, sem contar as inúmeras lesões e cirurgias que os atletas muita vezes se submetem ainda jovens.

    Segundo Tubino (1987), o Esporte constitui-se de relações entre grupos sociais urbanos e até nacionais, contribuindo para a existência biológica, para as combinações de trabalho e vida e para enriquecer a cultura humana. O Esporte conduz os homens a inúmeras virtudes sociais, levando–os à convivência, à coesão e identificação social. Portanto, se o professor não conseguir formar um talento esportivo, pode ter certeza que estará formando um talento social.

    Considero que o Esporte tem muita importância na construção e na manutenção da vida de crianças e adolescentes. Hoje ta mais que comprovado que, a prática de exercícios físicos além de melhorar a aptidão física, contribui muito com a saúde e a melhora de hábitos comportamentais de seus praticantes.

    A prática de Esportes, sem duvida alguma, requer elevado nível de atividade física e, portanto pode repercutir positivamente quanto às eventuais modificações nos índices de aptidão física quando realizada regularmente (MOREIRA; SIMÕES, 2000).

    Aparentemente, a adesão ao exercício aumenta se o individuo tiver a noção de divertimento e bem-estar, mais do que se tiver a preocupação de saúde (DISHMAN; SALLIS; ORESTEIN, 1985 apud MOTA, 2004). Este prazer, que nos profissionais da educação física devemos proporcionar a nossos alunos, para assim, conseguir que estes levem para suas vidas a pratica de exercícios físicos.

    Moreira e Simões (2000) conceituaram a atividade física, o exercício físico e o esporte desta forma:

  • Atividade física: qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resultam em gasto calórico;

  • Exercício físico: subcategoria da atividade física planejada, estruturada e repetitiva e que resulta na melhora ou manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física;

  • Esporte: atividade física que envolve competição e o seguimento de determinadas regras.

    Segundo Kunz (2001) o Esporte é uma das objetivações culturais expressas pelo movimento humano mais conhecidas e admiráveis, em cima desta citação e a partir da definição das dimensões do esporte, podemos ressaltá-lo também como produção de saúde e outros fatores benéficos para a vida adulta.

    Segundo Nieman (1999) a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual e não somente a ausência de doenças ou enfermidades.

    Na nossa sociedade podemos notar que, o entendimento de saúde está relacionado apenas à ausência de doenças. Porém, o que o autor nos relata é que devemos nos preocupar muito mais do que somente com as doenças e, sim nos preocupar num contexto geral, envolvendo físico, psicológico e o social.

    O Esporte é uma das ferramentas mais completas para ser usado como manutenção da saúde e prevenção de doenças metabólicas, cardíacas e etc. A prática do Esporte nos possibilita trabalhar todos quesitos que envolvem a saúde, melhorando a aptidão física, a interação social e o cognitivo do praticante.

    Nieman (1999, p. 6) cita a aptidão física relacionada com a saúde:

    “A aptidão física relacionada com a saúde é tipificada por uma capacidade de realizar as atividades diárias com um vigor e está relacionada a um menor risco de doenças crônicas. A resistência cardiorrespiratória, a aptidão músculo-esquelética (força e resistência muscular, flexibilidade) e uma composição corpórea ideal são os componentes mensuráveis da aptidão física relacionados com a saúde”.

    Já para Barbanti (1990), a aptidão física relacionada à saúde engloba componentes que afetam a qualidade da saúde, a resistência cardiorrespiratória, a composição corporal, a flexibilidade, força e a resistência muscular localizada

    Na prática do basquetebol é trabalhada todas as valências físicas que melhoram a aptidão física. Com isso podemos afirmar que a pratica do basquetebol ajuda na melhora e na manutenção da saúde e de bons hábitos.

    Segundo Leite (1985) a prática do basquetebol deve ser indicada para pessoas que já possuem uma certa aptidão física, caso não seja criança ou adolescente, e também não é recomendado para idosos, cardíacos, obesos e indivíduos com baixa aptidão física.

    Posso relatar devida minha experiência como praticante, de que, esportes coletivos como o basquetebol não só desenvolvem a aptidão física como promovem a integração entre os participantes, principalmente crianças, desenvolvendo valores morais de trabalho em equipe para obter sucesso em objetivos comuns.

    Nos dias atuais, as atividades físicas na infância, parecem que cada vez mais estão ficando escassas. Os brinquedos e os vídeo games de ultima geração, acabam ganhando das brincadeiras e jogos disputados nas ruas e praças.

    Com tanta tecnologia ao redor das crianças, o sedentarismo acaba sendo estimulado. O sedentarismo estimula a obesidade infantil e outros fatores de risco coronariano como hipertensão arterial, diabetes melitus, nível de triglicerideos séricos, distúrbios de comportamento e etc. (LEITE, 1985).

    O Esporte também é considerado um bom meio para a prevenção da obesidade, porém quando a criança já apresenta este distúrbio metabólico, nos profissionais de Educação Física temos que ter cuidados em ralação a iniciação destas no Esporte. Além dos cuidados com esforços físicos, também deveremos ter cuidado com a possível exclusão dos obesos por parte dos colegas, discutirei este assunto com maior embasamento no capitulo sobre a iniciação esportiva.

    È difícil que uma criança desenvolva o diabete melitus tipo II, porem os maus hábitos na infância e adolescência aumenta suas chances de ser desenvolvido na fase adulta. Mas é comum que crianças desenvolvam geneticamente o diabetes melitus tipo I ou insulino-dependente (LEITE, 1985).

    Segundo Nieman (1999) com um apoio médico e educacional, as crianças, adolescentes e adultos com diabetes melitus tipo I ou insulino-dependente podem se desenvolver esportivamente. Um cuidado especial deve ser dado à monitoria da glicemia no contexto de um programa cuidadosamente planejado e regular de medicação, treinamento e alimentação.

    Estudos recentes têm demonstrado que os programas com exercícios regulares causam redução nos níveis sanguíneos tanto de colesterol quanto de triglicerideos. (LEITE, 1985).

    Nieman cita a influência do exercício sobre o colesterol sanguíneo:

    “A prática de exercícios, especialmente quando freqüentes e intensos, demonstrou diminuir os níveis de triglicerídeos sanguíneos e aumentar o nível de HDL-colesterol enquanto teve pouco efeito ou nenhum efeito independente sobre o colesterol e o LDL-colesterol sanguíneo”. (NIEMAN, 1999, p. 187).

    A hipertensão arterial pode surgir, na criança, através da obesidade. O exercício aeróbico regular demonstrou ser uma ferramenta poderosa tanto na prevenção quando no tratamento da hipertensão arterial, pois a prática de exercícios pode diminuir a pressão arterial pelos efeitos benéficos e aditivos das sessões regulares de atividade física (NIEMAN, 1999).

    O Esporte como exercício físico alem de combater e prevenir doenças metabólicas e coronarianas, também ajuda na melhora, na manutenção da massa óssea e no combate a osteoporose.

    Moreira e Simões (2000) comparam a osteoporose em atletas e sedentários:

    “A osteoporose é uma das doenças que mais afeta a qualidade de vida; dados obtidos em atletas e indivíduos fisicamente ativos mostram o efeito benéfico do exercício na densidade óssea, já que se observa que esses indivíduos possuem porcentagem maior de óssea, em relação aos indivíduos sedentários”. (MOREIRA; SIMÕES, p. 66 2000).

    A atividade física, dependendo da época de seu inicio, duração e intensidade, tem-se mostrado capaz de incrementar pico de massa óssea, manter a massa óssea que o individuo tem e diminuir a perda no decorrer dos anos. (MOREIRA; SIMÕES, 2000).

    Nieman (1999, p. 273) cita que é na adolescência que se tem o maior pico de aumento de massa óssea:

    “A grande maioria do aumento da massa óssea ocorre durante a adolescência. Um dos mais valiosos benefícios à saúde, decorrentes do exercício vigoroso e regular realizados precocemente na vida, é que ocorre um pico mais elevado de densidade mineral óssea, reduzindo o risco de osteoporose precoce no período tardio da vida”.

    Portanto, quanto mais cedo iniciar a prática de exercícios físicos ou esportivos, maior é a chance deste participante melhorar a sua constituição óssea evitando, assim, maiores complicações com osteoporose em idades mais avançadas.

    Nessa perspectiva, fica evidente que o estado de ser saudável não é algo estático; pelo contrário, é necessário adquiri-lo e reconstruí-lo de forma individualizada e constantemente ao longo de toda vida, oferecendo indícios de que saúde também é de domínio comportamental e por sua vez, deva ser tratada não apenas com base em referenciais de natureza biológica, mas sobre tudo em um contexto psico-socio-cultural. (MOREIRA; SIMÔES, 2000).

    Assim, a prática desportiva não é seguramente a solução para todos os males da sociedade e do sujeito, mas é, com certeza, um dos meios mais acessíveis e menos dispendiosos a que todos nos podemos recorrer com benefícios razoavelmente comprovados nas dimensões biológicas, psicológicas e sociais do individuo. (MOTA, 2004).

    Acredito, que a prática desportiva, no caso o basquetebol, é essencial na vida de uma criança. Com a prática desportiva, a criança vai criando hábitos saudáveis que será levado para a vida inteira.

    Com as mudanças de hábitos, o indivíduo poderá prevenir-se de varias doenças, como disse Moreira e Simões (2000) de que o estado saudável não é algo estático. Desta forma, o exercício físico e os bons hábitos comportamentais e alimentares têm que se tornarem constantes em nossas vidas.

    O papel do profissional de educação física é proporcionar para o aluno vivências esportivas, tendo cuidado na sua iniciação esportiva, para que não acabe excluindo a criança, mas sim fazendo que o exercício físico se torne rotina para estas crianças.

    No próximo subcapitulo abordaremos o assunto referente à criança, aonde iremos nos apegar o seu desenvolvimento motor.

2.2.     A criança

    Quando estamos trabalhando com crianças temos que levar em consideração, que estas, estão na fase de crescimento estrutural E para um melhor desenvolvimento motor, físico, técnico psicológico e social, os profissionais ministradores dos treinamentos, neste caso o basquetebol, devem ter o conhecimento das fases do desenvolvimento humano. Neste trabalho me apegarei ao desenvolvimento motor das crianças.

    Segundo Gallahue e Ozmun (2005) o desenvolvimento motor é a continua alteração no comportamento motor ao longo do ciclo da vida. Proporcionada pela interação entre a necessidade da tarefa, a biologia do individuo e as condições do ambiente.

    Segundo Hayhood e Getchell (2004) o desenvolvimento é uma mudança seqüencial. Um passo leva ao passo seguinte de maneira irreversível e ordenada. Essa mudança é o resultado de interações dentro do individuo (hereditárias) e de interações entre o individuo e o ambiente.

    As interações internas do individuo são, a hereditariedade, a biologia e os fatores intrínsecos, que ordenaram o seu aprendizado sendo em alguns mais rápidos e em outros mais lentos. E as interações do ambiente estão relacionadas com a experiência, o aprendizado, encorajamento e os fatores extrínsecos. (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Como as características hereditárias são determinantes e limitantes, certamente um ambiente excitante e rico de oportunidades levará a criança a um bom desenvolvimento. De acordo com este pensamento verifica-se que o intercâmbio é o responsável pela qualidade do desenvolvimento, pois esta deriva da oportunidade para a prática, do encorajamento e da instrução, que deve ser adequada ao nível de maturidade da criança (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

    Citado por Gallahue e Ozmun (2005, p. 44), Piaget apresenta a teoria desenvolvimentista em fases distintas, separadas por idades. O desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget, ocorre pelo processo de adaptação. A adaptação requer que o individuo faça ajustes às condições ambientais e intelectuais e esses ajustes por processos complementares de acomodação e assimilação.

    A acomodação é a adaptação que a criança deve fazer ao ambiente quando informações novas são acrescentadas ao seu repertório motor. O individuo ajusta a reação para corresponder às exigências do desafio específico (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Por exemplo, no basquetebol a altura da tabela para crianças iniciantes (menores de 12 anos) é menor, em torno de 2,6 metros, ao ensinar o arremesso para a criança ela estará se acostumando com o peso da bola, ao gesto mecânico, ao tempo e arco da trajetória do arremesso desde sua mão até ao aro, mas ao passar para uma tabela de 3,05 metros a criança deverá considerar a força à ser aplicada, a maior trajetória da bola até o aro e outros fatores. Gallahue e Ozmun (2003) afirmam que uma nova realidade indicara um novo comportamento.

    A assimilação é o termo de Piaget para a interpretação de novas informações, baseada nas interpretações presentes. Tais interpretações advindas do meio externo e incorporando-as as estruturas cognitivas existentes no individuo. (GLLAHUE; OZMUN. 2005). Como exemplo para o basquetebol, uma criança pode aprender a realizar a bandeja pelo lado direito e pelo lado esquerdo dando os dois passos permitidos pela regra, mas utilizando-se do ato de realizar uma bandeja somando outros movimentos, como realizar-la com giro entre outros. A criança já tem a informação do movimento da bandeja, o giro é uma nova informação, que está, deve ser incorporada com que já existe.

    Porem nos professores devemos ter cuidado ao adicionar demasiadas informações em tempo não adequado à sua capacidade de incorporação motora, não a fará evoluir para antecipadamente efetuar uma projeção completa de uma técnica do basquetebol, o movimento devera apropriar-se à sua maturidade cognitiva.

    O quadro 1 mostra as fases de desenvolvimento proposto por Piaget.

Fase

Características

Faixa etária

Evento definidor

I Sensório-motora

O bebê constrói o significado do seu mundo pela coordenação de experiências sensoriais com o movimento

Do nascimento aos 2 anos

Assimilação básica e formação do esquema através do movimento

II Do pensamento

pré-operacional

A criança pequena demonstra crescente pensamento simbólico pela ligação de seu mundo com palavras e imagens

De 2 a 7 anos

Assimilação avançada usando a atividade física para realizar os processos cognitivos

III Das operações concretas

A criança raciocina logicamente sobre eventos concretos e consegue classificar objetos de seu mundo em vários ambientes

De 7 a 11 anos

Reversibilidade com experimentação intelectual através da brincadeira ativa

IV Das operações formais

O adolescente é capaz da raciocinar logicamente de maneira mais abstrata e idealista

De 11 anos em diante

Raciocínio dedutivo através da formulação de hipóteses abstratas

Quadro 1. Fases do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 45).

    Cada fase determina a relação de maturidade cognitiva, a grau de inteligência da criança e como ela suporta os estímulos dados no seu cotidiano. Os estudos realizados por Piaget são muito importantes para nós professores entendermos melhor o desenvolvimento intelectual das crianças (MIRANDA, 2004).

    Gallahue e Ozmun (2005, p. 55) apresentam a teoria de desenvolvimento motor que parte desde os movimentos reflexos do bebê, em relação ao desenvolvimento motor-perceptivo e os diferentes estágios de maturidade separados por idade estudada e proposta anteriormente por Gallahue. Existe uma seqüência de desenvolvimento separada por fases e que reflete a idade cronológica aproximada.

    O quadro 2 mostra as fases e os estágios demonstrado por Gallahue.

Cronologia aproximada (idade)

Fases e estágios seqüência do desenvolvimento

0 a 6 meses

Fase motora reflexa

- estágio de codificação

- estágio de decodificação

6 a 12 meses

Fase motora rudimentar

– estágio de inibição dos reflexos

1 a 2 anos

Fase motora rudimentar

– estágio de pré-controle

2 a 4 anos

Fase motora fundamental

- estágio inicial e elementar

4 a 6 anos

Fase motora fundamental

- estágio maduro

7 a 10 anos

Fase motora especializada

- estágio de transição

11 anos a 13 anos

Fase motora especializada

- estágio de aplicação

14 anos em diante

Fase motora especializada

- estágio de utilização permanente

Quadro 2. As fases e estágios propostos por Gallahue (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 100)

    Neste ultimo quadro podemos visualizar as quatro fases e seus estágios correspondente para o desenvolvimento motor de uma criança, sugerido por Gallahue. Muito importante o conhecimento dessas fases e estágios, principalmente para aquelas pessoas que venham a trabalhar com a iniciação esportiva em escolas ou mesmo em clubes, veremos agora o que o autor fala sobre as fases e estágios.

    Fase motora reflexa – os reflexos são movimentos involuntários, controlados subcorticalmente, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor, através dos reflexos o bebê obtém informações do ambiente imediato (GALLAHUE; OZMUN, 2005). A fase reflexa do desenvolvimento motor pode ser dividida em dois estágios sobrepostos. Estagio de codificação de informação – é caracterizado por atividade motora involuntária observável no período do fetal até aproximadamente o quarto mês de vida. Estagio de decodificação de informação – este estágio começa no quarto mês de vida. Nesse período existe a inibição de muitos reflexos, com o córtex motor mais desenvolvido, ocorrendo que atividades sensório-motora são substituído por habilidades perceptivo-motora (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

    Fases de movimento rudimentar – as primeiras formas de movimentos são os rudimentares, observado do nascimento até dois anos. A seqüência de aquisições de habilidades motora é fixa, porem o ritmo é varia de criança a criança e depende de fatores biológicos, ambientais e de tarefa. Esta fase pode ser dividida em dois estágios. Estagio de inibição de reflexos – inicia-se no nascimento, com o desenvolvimento do córtex, os reflexos acabam sendo inibindo gradualmente até desaparecerem, com isso os movimentos intencionais começam a aparecer, mesmo que descontrolados e grosseiros. Estagio de pré-controle – por volta de um ano de idade as crianças começam a ter precisão e controle de seus movimentos. Neste estagio a criança aprende a obter equilíbrio, a manipular objetos e a locomover-se pelo ambiente (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

    Fase de movimentos fundamentais – esta fase do desenvolvimento motor representa um período no qual as crianças pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seu corpo. Os padrões de movimento fundamentais são, as atividades locomotoras (correr e pular), manipulativas (arremessar e apanhar), estabilizadoras (andar com firmeza e o equilíbrio em um pé só). Estagio inicial – o movimento é caracterizado por elementos que faltam ou que se apresentam em uma seqüência imprópria, marcadamente uso limitado ou exagerado do corpo e fluxo rítmico e coordenação deficiente. Estagio elementar – envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos fundamentais. Aprimora-se a sincronização temporais e espaciais do movimento, mas os padrões ainda são geralmente restritos ou exagerados embora mais bem coordenados. Muitos indivíduos não vão alem do estagio elementar em muitos padrões de movimento. Estagio maduro – é caracterizado por desempenho mecanicamente eficientes, coordenados e controlados. Muitas crianças e adultos não chegam até o estagio maduro. Embora algumas crianças possam chegar nesse estagio pela maturação com o mínimo de influências ambientais, a grande maioria precisa de um ambiente rico e estimulador para o seu desenvolvimento e aprendizado. Sem essas influencias torna-se muito difícil alguma criança atingir este estagio, o que vai inibir a aplicação e o desenvolvimento na fase anterior (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Nesta fase as crianças já estão freqüentando a escola, então, cabe ao professor saber estimular o desenvolvimento dessas crianças, a final de contas, no próximo estagio estas crianças estarão iniciando-se nos esportes e quanto maior for a bagagem de experiências motoras melhor será seu desempenho nos esportes.

    Fase de movimentos especializados – o movimento torna-se uma ferramenta que se explica a muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos. As habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinados e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes. Estágio transitório – o individuo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho das habilidades motoras especializadas no esporte e em ambientes recreacionais. O objetivo de pais, professores e treinadores, neste estagio, deve ser o de ajudar as crianças a aumentar o controle motor e a competência motora em inúmeras atividades. Estagio de aplicação – a sofisticação cognitiva crescente e certa base ampliada de experiências tornam o individuo capaz de tomar inúmeras decisões de aprendizado e de participação baseadas em muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais (GALLAHUE; OZMUN, 2005), por exemplo, uma criança com 12 anos e com 1,80 de altura, que goste de jogos coletivos, pode optar por especializar-se no basquetebol devido suas características. Neste estagio os indivíduos começa a buscar ou a evitar a participação em atividades especificas. Esta é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividade de liderança e em esportes escolhidos. (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Estagio de utilização permanente – representa o auge do processo de desenvolvimento motor e é caracterizado pelo uso do repertorio de movimentos adquiridos pelo individuo por toda vida (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Neste estagio o seu repertório de movimentos esta bastante completo, porém não podemos esquecer que esta continua desenvolvendo-se durante toda a vida, por isso entendo que o professor deve compreender todo este processo de desenvolvimento, neste estagio a criança já esta pronta para especializar-se numa determinada modalidade esportiva, mas nunca devemos esquecer que a criança não é um adulto em miniatura, portanto não devemos ministrar treinamentos de adulto minimizados para elas. (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

    Desta forma, entendo que, com um embasamento teórico sobre as fases cognitivas citadas por Piaget e as fases e estágios sugeridos por Gallahue, nós profissionais de Educação Física teremos melhores condições de atender as necessidades das crianças e com isso ter um melhor aproveitamento nas aulas.

    No capitulo seguinte discutiremos sobre os conceitos que geram a iniciação esportiva e especialização precoce no esporte.

3.     Iniciação esportiva

    Neste capitulo apresentaremos um levantamento teórico sobre a iniciação esportiva, onde iremos relacionar a iniciação com as fases de desenvolvimento motor, apresentando o que os autores da área falam sobre este assunto e também sobre a especialização esportiva precoce.

3.1.     Iniciação esportiva. Conceitos

    Segundo Weineck (2005), crianças e adolescentes não representam “adultos em miniatura” nem se pode notar, em suas atividades esportivas, a existência de um “programa reduzido de treinamento para adultos”.

    Crianças e adolescentes encontram-se em fase de crescimento, sendo que, devido a isso, surgem inúmeras alterações e particularidades de desenvolvimento no aspecto físico, psicológico e psicossocial, que determinam conseqüências para a atividade física ou esportiva (WEINECK, 2005).

    Já Vargas Neto (1999), afirma que para tratar deste tema de forma profunda é necessário analisar multidisciplinarmente os aspectos biológicos e fisiológicos, educativos e pedagógicos, como também aspectos políticos e éticos que envolvem a questão.

    Como Vargas Neto e Weineck, acredito que, a iniciação esportiva é um tema multidisciplinar, uma vez que aborda temas como a sociologia, psicologia, pedagogia, biologia. Desta forma, o profissional responsável por uma escolinha, não está apenas iniciando a criança a um determinado esporte, mas sim, quebrando paradigmas, introduzindo novos hábitos na vida desta criança. Contudo, os professores têm que estarem a par dos conhecimentos destas áreas de estudo.

    Vargas Neto (1999) ainda considera que a iniciação esportiva pode-se compreender como o processo que leva uma pessoa, normalmente a criança, desde sua chegada a uma escolinha até a prática esportiva competitiva. O autor ressalta a importância do aprendizado e posterior treinamento progressivo, necessário ao ótimo rendimento do esporte escolhido.

    Já Ferreira (2001), define que a iniciação esportiva é o primeiro contato da criança com o esporte. Seus fundamentos, princípios, características, regras e movimentações devem ser aos poucos apresentados de maneira simples e num nível de exigência com as capacidades de uma criança que esta iniciando um novo processo. Portanto, penso que o professor de uma aula de basquetebol que esteja iniciando uma criança no Esporte, deve ter em mente que a criança está na sua fase de crescimento e que deve respeitar as fases de desenvolvimento motor.

    Desta forma, se estará evitando a especialização precoce que acarreta uma série de implicações como lesões prematuras, físicas psicológicas e sociais, e normalmente levando ao abandono da criança pelo esporte (PAES; OLIVEIRA s/d).

3.2.     O trabalho de iniciação esportiva

    Segundo Ferreira (2001), pode-se dizer que aprenderá mais rapidamente aquela criança que tiver um número maior de experiências motoras, uma melhor formação multilateral e um alto nível de qualidades físicas básicas.

    Para isso, torna-se importante todo um trabalho visando um completo desenvolvimento das habilidades motoras de base, assim como da capacidade motora da criança, proporcionando-lhe um domínio corporal através de atividades orientadas de forma progressiva.

    Como já foi abordado anteriormente, o desenvolvimento motor é resultante da interação entre hereditariedade e ambiente (GALLAHUE e OZMUN, 2005). Segundo estes autores, as características hereditárias são determinantes e limitantes, porém com um ambiente estimulante e rico de oportunidades levará a pessoa a um bom desenvolvimento. De acordo com esta idéia, certifica-se que a interação é fundamental para um melhor desenvolvimento, pois esta decorre da oportunidade para a prática, do encorajamento e da instrução, que deve ser adequada ao nível de maturidade da criança. (GALLAHUE e OZMUN, 2005)

    Paes e Oliveira no seu estudo “Pedagogia do basquetebol: novos conceitos do ensino e do treinamento em duas fases distintas: fase de iniciação ao jogo e fase de treinamento especializado”, propôs o desenvolvimento das capacidades físicas, aprendizagem tático-cognitivas e habilidades do jogo subdivididas em três fases.

    A fase de iniciação I – marca os primeiros contatos da criança da primeira à quarta série do ensino fundamental, com idades entre 7 e 10 anos. Nesta fase o aprendizado dos fundamentos e o desenvolvimento das capacidades podem se dar de maneira recreativa, por meio de jogos com alterações nas regras, e nos objetivos, adaptando-os à realidade de cada cenário e as necessidades dos alunos, observando a disponibilidade de recursos materiais e humanos.

    Esta fase identificada por Paes, representaria a fase motora especializada - estágio de transição, que, segundo Gallahue e Ozmun (2005), onde o movimento torna-se uma ferramenta que se enquadra a muitas atividades motoras complexas presentes na vida diária. Como visto no capítulo anterior, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho das habilidades motoras especializadas no Esporte e em ambientes recreacionais. O objetivo neste estágio, deve ser o de ajudar as crianças a aumentar o controle motor e a competência motora em inúmeras atividades.

    Os jogos reduzidos, pré-desportivos, e as brincadeiras podem ser utilizados como facilitadores do ensino, pois possibilitam adequar as atividades à vivência motora dos alunos ou praticantes e podem ser realizados na Escola, no clube ou em qualquer lugar, em função da sua ação recreativa. Esta é a fase onde a criança, além de ter o primeiro contato com o esporte, será o ponto de integração e de desenvolvimento do gosto pelo esporte (PAES, s/d).

    A fase de iniciação II – o processo de desenvolvimento, deve ocorrer aproximadamente aos 11 e 12 anos de idade; os pré-adolescentes deverão estar cursando a quinta e a sexta séries do ensino fundamental, corresponde ao aprendizado inicial dos sistemas técnico e tático do jogo associados aos conteúdos da fase anterior do aprendizado.

    Para Gallahue e Ozmun (2005), nesta fase a criança encontra-se na fase de aplicação, onde, a sofisticação cognitiva crescente e certa base ampliada de experiências tornam o indivíduo capaz de tomar inúmeras decisões de aprendizado e de participação baseadas em muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. Esta é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividade de liderança e em esportes escolhidos.

    A fase de iniciação III – tem como alvo os alunos da sétima e oitava séries do ensino fundamental, com idade aproximada de 13 a 14 anos. Nessa fase, reitera-se os conteúdos assimilados anteriormente, automatizando-os e refinando-os obtendo novos conceitos os quais contemplam as situações de jogo formal. A execução desses princípios deixa de ter um caráter individual, transformando-se em ações coletivas, nas quais o movimento realizado por um jogador/ aluno traz benefícios aos companheiros de equipe. Os fundamentos individuais são constituídos coletivamente, realizados no tempo e espaço e deverão ser adequados as ótimas capacidades do jogo moderno (PAES; OLIVEIRA).

    Segundo Gallahue e Ozmun (2005), neste estágio o seu repertório de movimentos esta bastante completo, porém não podemos esquecer que esta continua desenvolvendo-se durante toda a vida, por isso entendo que o professor deve compreender todo este processo de desenvolvimento. Neste estágio, a criança já esta pronta para especializar-se numa determinada modalidade esportiva. No caso deste estudo, seria o basquetebol.

    Contudo, além das fases de iniciação sugerida por Paes, devemos estar atentos para outros fatores que influenciam na iniciação esportiva que são, os fatores físicos, psicológicos, técnicos e táticos, e que devem ser trabalhados nas determinadas fases citadas acima.

    Dante e Tricoli (2005), discorrem sobre os aspectos físicos e psicológicos na iniciação:

  • Físico: englobam-se as capacidades físicas e as habilidades motoras básicas e específicas. Em relação às capacidades físicas, leva-se em conta o ambiente e a idade dos alunos, devendo-se proporcionar vivências motoras e o desenvolvimento das capacidades físicas, tais como: coordenação, resistência, velocidade, força e flexibilidade. Deve-se também procurar trabalhar estas capacidades físicas de uma forma recreativa e lúdica. Quanto às habilidades motoras, se consideram duas situações: básicas e específicas. A importância das habilidades motoras básicas em função da faixa etária em questão. Dessa forma, andar, correr, saltar e lançar são ações indispensáveis nessa fase do processo. Nas habilidades específicas, fica óbvio a necessidade de proporcionar ao aluno o aprendizado dos fundamentos do esporte praticado.

  • Psicológico: a auto-estima e a liderança devem ser desenvolvidas. Estabelecer um ambiente para nutrir a percepção de identidade é fundamental para estimular o desenvolvimento do mundo interno do indivíduo. A auto-estima torna-se importante na medida em que os indivíduos acreditam em si mesmos e em suas capacidades. A liderança exercida na perspectiva de fortalecer exemplos de comportamentos positivos – dirigidos a privilegiar o sucesso do grupo, estimulando o conhecimento do contexto de atividades.

    Já Paes (1989), cita no seu trabalho de dissertação de mestrado a parte técnica e tática da iniciação:

  • Técnico: resume-se no processo de aprendizagem dos fundamentos básicos dos esportes praticados. O trabalho deve ser desenvolvido de maneira recreativa, adaptando-se a necessidade de cada cenário e as necessidades dos alunos.

  • Tático: deve ocorrer o aprendizado das regras básicas do esporte praticado, dos sistemas defensivos e ofensivos, bem como utilizá-lo como alternativa educacional, integrando e desenvolvendo o gosto pelo jogo.

    Portanto acredito que, na iniciação esportiva o objetivo principal é oferecer a criança uma prática desportiva, sempre respeitando os limites do publica alvo, iniciação pode ser dada na forma de brincadeiras lúdicas, de jogos adaptados, sempre pensando na pluralidade de movimentos e na diversificação de esportes para um maior repertório motor, tendo como parâmetro o desenvolvimento psicomotor da criança. A partir dos 13 ou 14 anos a criança já pode se especializar no basquetebol, mas discutiremos melhor sobre a iniciação esportiva no basquetebol, no próximo capitulo.

    A seguir será abordado a especialização esportiva precoce, suas causas e prejuízos na formação de uma criança.

3.3.     Especialização esportiva precoce

    A especialização esportiva precoce é a atividade esportiva desenvolvida antes da puberdade (antes dos 12 anos) e caracterizada por uma alta dedicação dos treinamentos, mais de 10 horas semanais, e principalmente por ter uma finalidade eminentemente competitiva (PERSONE apud VARGAS NETO, 1999).

    Já Kunz apud Vargas Neto (1999), entende que este ocorre quando crianças são introduzidas antes da fase pubertária a um processo de treinamento planejado e organizado a longo pazo, que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais com o objetivo do gradual aumento do rendimento, alem da participação periódica em competições.

    Weineck (2005) definiu a especialização esportiva precoce desta maneira:

    A especialização precoce atinge principalmente modalidades esportivas que possibilitam desempenhos de alto nível muito precocemente, como, por exemplo, ginástica artística, patinação artística no gelo e natação. Nessas modalidades esportivas existe o perigo de que a concepção do programa de treinamento, com seu foco em uma modalidade esportiva especifica e com o seu inicio precoce (inicio já na idade pré-escolar ou na idade escolar-inicial), não considere de maneira adequada os aspectos do treinamento adaptados a cada faixa etária e cada nível de desenvolvimento, ou seja, à capacidade fisiológica e psicológica da criança de tolerar uma carga determinada de exercícios (WEINECK, 2005, p.360).

    Segundo Ferreira (2001), não há duvidas que a especialização precoce em uma modalidade esportiva, logo no primeiro momento do processo ensino-aprendizagem, poderá acarretar problemas na história de vida esportiva das crianças, como também a sua formação. Acredito que, uma especialização precoce nos primeiros anos da criança em contato com o esporte, acarreta sérios danos ao seu desenvolvimento, inibindo a criança de ter um maior repertório motor e diminuindo a sua participação em atividades recreativas do mundo infantil.

    Inúmeros autores (VARGAS NETO, 1999; FERREIRA, 2001) citam a busca da plenitude atlética em crianças e adolescentes ainda em formação, a competição exarcebada, a cobrança de resultados, as pressões psicológicas exercidas pelos pais e técnicos, como sendo as causas da especialização esportiva precoce.

3.3.1     A influência dos pais

    Dentre todas as causas acima, considero que os pais são as figuras de maior influência para o ingresso da criança no Esporte, se comparado a outras pessoas da família e da própria Escola. Segundo Becker Jr (2000), um fator importante para a qualidade da participação da criança nos programas esportivos, é a conduta dos pais.

    Porém os pais, freqüentemente, buscam uma compensação por meio dos filhos, das vitórias e títulos esportivos não conseguidos por eles mesmos (VARGAS NETO, 1999).

    Grande parte dos pais, ainda que bem intencionada, colocam os filhos no Esporte e fomentam o sonho de que sejam os atletas que eles nunca foram ou algo parecido. Alguns acham que o filho tem mesmo um dom, crêem que isso os diferencia dos outros e esperam que os leve ao esporte profissional (SANTANA apud LEITE, 2007).

    As ansiedades dos pais, submetendo crianças a terríveis pressões, fazem com que poucas se tornem atletas, mas muitas percam a infância (NISTA-PICCOLO apud LEITE, 2007).

    Concordo com Gervis apud Becker Junior (2000) de que alguns pais deveriam ser conscientizados que a grande maioria dos jovens que praticam Esporte nunca serão campeões ou atletas olímpicos, mesmo que eles (pais) e treinadores desejem isso.

3.3.2.     A influência dos técnicos

    Outro exemplo de pressão é a exercida pelo técnico. Inúmeros conflitos entre o técnico e as crianças, geralmente ocorre após competições com derrotas e fracassos individuais entre os membros da equipe derrotada.

    Neste momento em que o técnico deveria ser aquela pessoa com equilíbrio para providenciar apoio aos seus atletas derrotados, vários perdem o equilíbrio emocional e agridem verbalmente os seus comandados (BECKER JR, 2000).

    Desta forma, acredito, que toda essa pressão exercida pelos pais e técnicos acabam abalando psicologicamente e emocionalmente a criança, uma vez que esta começa a ter medo de errar, medo de frustrar os pais e os técnicos, tornam-se inseguros e muitas vezes acabam abandonando a pratica esportiva.

3.3.3     A influência das competições

    Segundo Vargas Neto (1999), observa-se que uma das causas da especialização precoce é o atual sistema esportivo infantil, basicamente competitivo, que não está de acordo com as autênticas necessidades das crianças, pois é simplesmente um sistema adaptado do modelo adulto.

    Muitas dessas competições espelham-se em modelos pouco recomendados para as diferentes faixas etárias e outras variáveis importantes como o sexo, o estágio de desenvolvimento e o nível de habilidade dos praticantes, entre outras (DE ROSE JR, 2002).

     A verdadeira natureza da competição é que ela cria mais perdedores do que vencedores. Nesse ponto, a competição passa a ser tanto desencorajadoura quanto ameaçadora àqueles que não possuem capacidades e habilidades suficientes para desempenhar adequadamente e obter o desejado sucesso (DE ROSE JR, 2002).

    É inaceitável o Esporte entrar na vida de uma criança apenas com os referencias de competição e rendimento, fazendo-a persegui-las a qualquer preço. Fomentar entre crianças a idéia de que só a vitória é importante, é incoerente. A criança precisa perceber a importância de saber lidar com as diferenças, e quem aprende que só a vitória tem valor, poderá não saber lidar com as derrotas, valorizar a busca, o esforço próprio, respeitar o outro, interagir, cooperar, rever pontos de vista (SANTANA apud LEITE, 2007).

    Assim, entendo que a competição mal aplicada nesta faixa etária acaba não trabalhando o desenvolvimento total da criança – motor, físico e social – podendo tornar-se excludente ao em vez de ser prazerosa para o praticante. Uma vez que, a criança que frustra-se acaba abandonando o Esporte e a prática de exercício físico para sempre.

    Segundo Vargas Neto (1999), pode-se concluir e entender alguns dos prejuízos que a prática intensiva de um Esporte competitivo iniciado precocemente na infância pode ocasionar. Neste sentido, o autor dividiu os possíveis riscos em: risco do tipo físico, psicológico, esportivo e motriz.

    Nos riscos do tipo físico, foram detectados problemas ósseos, articulares musculares e cardíacos dependendo da especialidade esportiva. O autor ainda ressalta os Esportes que tem um alto numero de impactos, saltos, como ginástica olímpica, voleibol e podemos dizer também do basquetebol, como Esportes de riscos de lesões articulares e ósseas.

    As cargas de treinamentos pouco variadas e repentinamente elevadas podem levar a sobrecarga inadequada e excessiva dos sistemas atingidos, levando na maior parte dos casos a uma rápida estagnação do desempenho, já que a ampla base de desenvolvimento necessária ao desempenho de alto nível não está disponível (WEINECK, 2005).

    Na parte do psicológico, foram encontrados em crianças competidoras, níveis anormalmente altos de ansiedade, estresse e frustração; são conhecidos casos de talentos esportivos com futuro promissor que hoje se sentem martirizados internamente por fracassos e desilusões resultante de maus resultados em competições.

    A alta dedicação aos treinamentos exigidos em algumas modalidades esportivas, que pode chegar a várias horas do dia durante todos os dias da semana, pode provocar uma deformação escolar deficiente, e pior, parece ser que a criança esportista participa menos das brincadeiras e jogos do mundo infantil, atividades estas que são indispensáveis ao pleno desenvolvimento de sua personalidade.

    Nos riscos do tipo motriz, evidenciamos que, a especialização precoce busca o rendimento em um aspecto concreto da execução motriz no modelo competitivo, ignorando geralmente os outros importantes objetivos educacionais que o esporte pode oferecer.

    Esta “pobreza motriz”, ocasionada pela especialização precoce, pode inclusive impossibilitar a prática de um Esporte diferente daquele praticado durante a infância. É normal observarmos atletas de alto nível que adquiriram “automatismos motores extremamente rígidos” que lhe impedem de executar movimentos novos e diferentes; é um paradoxo do Esporte, a plena e total habilidade em uma modalidade esportiva, impedindo neste mesmo individuo sua disponibilidade motriz generalizada. (VASQUEZ apud VARGAS NETO, 1999).

    No Esporte de alto nível, torna-se necessária uma especialização em momento adequado, e não em idade precoce, e que sejam considerados os diferentes princípios básicos do treinamento de categoria de base. A especialização deveria ocorrer o mais tarde possível e ser baseada numa evolução do desempenho, de acordo com o nível de desenvolvimento e considerando-se aspectos individuais desse desempenho, a elevação das cargas no âmbito de um treinamento básico diversificado e, principalmente, garantindo-se o desenvolvimento ótimo de capacidades coordenativas gerais e a aquisição em tempo hábil de capacidades motoras esportivas (WEINECK, 2005).

    Para o bem da criança e para o próprio Esporte, todos os envolvidos na iniciação esportiva da criança (pais, técnicos, diretores) devem evitar o investimento de suas aspirações, interesses e desejos pessoais, pois muitas crianças param de praticá-lo, devida tamanha pressão, no melhor momento, na hora que está amadurecendo quantitativamente e qualitativamente (LEITE, 2007).

    Este mesmo autor ainda considera que, quem foi criança e parou de jogar (ou jogou) por sentir-se pressionada, rotulada, insegura, lesionada, não esquece a terrível experiência. E, pior do que isso, passa anos no Esporte e depois o abandona. Sai do mesmo desgastada emocionalmente, fragmentada, insegura, lesionada, levando, vida afora, as possíveis conseqüências.

    Já para Pini e Carazzatto apud Leite (2007) algumas crianças param de praticar algum Esporte, pois sentem-se desgastadas, desmotivadas em conquistar mais aquele título, aquele campeonato (pois em alguns anos de prática intensiva já conquistaram títulos municipais, estaduais, prêmios individuais) e preferem freqüentar outros ares. É a tal da saturação esportiva.

    Desta forma, acredito que devemos ter muito cuidado com a idéia de especialização esportiva precoce, porque existem inúmeros prejuízos a saúde física, mental e social da criança envolvida neste processo. Conforme citado pelos autores acima, a especialização precoce pode estagnar o desenvolvimento físico da criança, portanto, quando esta chegar na idade de se especializar numa modalidade, não conseguirá os resultados desejados a cargo de uma má preparação nas idades iniciais.

    Neste sentido, a especialização esportiva poderia ser dada o mais tarde possível, quando a criança tiver desenvolvido amplamente o seu repertório motor, e por conta própria escolher o seu Esporte para se especializar.

    No capitulo seguinte será abordado o tema sobre iniciação esportiva no basquetebol e a atuação do professor nas aulas de basquetebol.

4.     Iniciação esportiva no basquetebol

    O objetivo desse capitulo é abordar uma discussão teórica sobre a iniciação esportiva na modalidade basquetebol levando em consideração seus locais de prática, como: escolas, clubes, praças, entre outros. Devemos considerar ainda a idade, como já abordado no terceiro capitulo, de 14 anos para a especialização em tal modalidade, que será ponto de referência para discussão deste capitulo.

4.1.     pedagogia da iniciação no basquetebol

    A pedagogia esportiva é um campo de conhecimento que também vem cada vez mais crescendo na área esportiva e que muito tem cooperado para a valorização e a prática do esporte, buscando ajustar situações às condições de ordem sociológicas, psicológicas, motoras, educacionais e morais no desenvolvimento do aluno (FERREIRA, 2001). Acredito que, uma iniciação esportiva estruturada pedagogicamente, será de tamanha importância para o desenvolvimento do praticante. Diferentemente do que era proposto no passado, em que, o foco central da iniciação esportiva era o gesto técnico do basquetebol.

    Hoje, segundo Ferreira (2001) o procedimento pedagógico trará futuramente vantagens motoras, psicológicas, técnicas e táticas além de não expor a criança a um processo que poderá acarretar em problemas à sua história de vida esportiva, como também a sua formação.

    Já segundo Dainto (1983), o problema da técnica de ensino não pode se separar do problema da técnica de aprendizagem, pois são aspectos de um mesmo processo, que devem ser abordados conjuntamente. O autor ainda ressalta que:

    “Ensinar quer dizer, estimular, guiar, orientar o processo de aprendizagem”.

    “Aprender é adquirir uma nova forma de conduta ou modificar uma forma de conduta anterior”

    “Aprender é adquirir hábitos” – eis um conceito da velha pedagogia, que aparece algumas vezes entre os modernos, apenas expresso de forma diversa.

    Ainda na perspectiva do conceito de aprendizagem, Almeida (1998), cita que, para haver uma aprendizagem, seja qual for o conteúdo, o método ou as técnicas, três condições básicas são necessárias: a existência de elementos que incidem sobre o organismo, chamados de estímulos; a capacidade dos organismos de reagirem a esses estímulos, sob a forma de resposta; a faculdade dos organismos de reagirem a estes estímulos e respostas.

    No desenvolvimento da aprendizagem, o aluno deve sentir que “formou-se”, e não que foi “feito”. Ele deve ser conduzido a modo aumentar o seu nível de aspirações, através do seu conceito real de suas possibilidades e limitações (DAINTO, 1983). Desta forma entendo, que o simples fato de apenas ensinar os movimentos considerados básicos para a pratica do basquetebol, vem contra a idéia deste estudo, devemos ensinar ao aluno “o que” e “para que” ele está realizando tais movimentos, devemos nos preocupar com seu desenvolvimento humano, a final de contas, em primeiro lugar estamos formando homens para a vida adulta.

    Depois de uma breve discussão sobre pedagogia do esporte, ensinamento e aprendizagem, iremos nos aprofundar nas teorias a cerca do treinamento no basquetebol desde sua iniciação a sua especialização.

    Segundo Paes e Balbino (2005), a iniciação na modalidade basquetebol, em uma visão da prática esportiva mais abrangente, deve ser norteada por uma proposta pedagógica que leva em conta quatro pontos fundamentais para sua sustentação: diversidade, inclusão, cooperação e autonomia.

    A iniciação esportiva no basquetebol contrapõe-se a especialização, expõe-se nesta idéia a diversificação na especialização, ou seja, mesmo discutindo especificamente o ensino do basquetebol, a proposta tem como base a pluralidade de movimentos e a diversificação de situações-problema para quem inicia-se na prática da modalidade (PAES; BALBINO, 2005). Assim entendo que, uma diversificação na aprendizagem o aluno terá benefícios na área de habilidades motoras, e também aumentará suas possibilidades de percepção e elaboração das respostas aos problemas apresentados. Desta forma, o aluno encontrará na modalidade um meio de crescimento e desenvolvimento dentro de um processo educativo.

    No campo da inclusão torna-se um retrocesso oferecer à criança o acesso ao basquetebol através de exercícios, jogos ou brincadeiras excludentes. Os autores ressaltam que em alguns momentos da aula será necessário que busquem intervenções no plano individual. Entretanto, um fator de diferenciação de competência profissional é o recurso que o visando professor utiliza promover as transformações desejadas.

    O basquetebol, por ser um esporte coletivo, constitui-se em prática e ambiente favoráveis para a melhor compreensão do significado da cooperação, bem como para tê-la como um princípio no processo de educação das crianças (PAES; BALBINO, 2005).

    Apesar de o termo autonomia ser aparentemente inadequada, a iniciação deve priorizar a instrumentalização do aluno, no sentido de proporcionar-lhe está autonomia para convivência com a modalidade aprendida. Pois o objetivo na iniciação no basquetebol é possibilitar a autonomia para que a criança possa conviver com a modalidade da forma que desejar (PAES; BALBINO, 2005).

    Paes e Balbino (2005) elaboraram cinco aspectos à prática pedagógica da iniciação esportiva no basquetebol, voltadas à criança, nesse caso crianças de até doze anos, e não no movimento da modalidade. Compõe os cinco aspectos, movimentos humanos, inteligências múltiplas, aspectos psicológicos, princípios filosóficos e aprendizagem social.

    No aspecto. Movimento humano, os autores citam que, para tratar deste subtema no contexto da pedagogia do esporte é preciso considerar duas dimensões: capacidades físicas e habilidades motoras básicas e especificas. Com relação às habilidades levando em conta o ambiente e a idade dos alunos envolvidos.

    Mesmo não sendo o foco principal, devem-se proporcionar vivências motoras permitindo o desenvolvimento das capacidades físicas (coordenação, resistência, velocidade, força e flexibilidade).Considerando duas situações: básicas e especificas. Na aquisição de habilidades motoras básicas devemos desenvolver nos alunos as habilidades de andar, correr, saltar, lançar. Já nas habilidades especificas proporcionaremos ao aluno o aprendizado dos fundamentos do basquetebol (PAES; BALBINO, 2005).

    Já nas inteligências múltiplas, os autores ressaltam, que o ambiente diversificado e imprevisível do basquetebol remte à dimensão e busca dos procedimentos pedagógicos que valorizem o individuo em suas varias dimensões, pela multiplicidade do seu potencial de habilidades para resolução de problemas. Oferecer ao individuo múltiplas maneiras de se relacionar com o ambiente, estimulando essas inteligências por meio do contexto formado pelo basquetebol.

    Os aspectos psicológicos, citados pelos autores, devem estabelecer um ambiente para nutrir a percepção de identidade é fundamental para estimular o desenvolvimento do mundo interno do individuo. Assim é importante reconhecer as características que alimentam a auto-estima e o desenvolvimento do espírito de liderança, voltados para o sucesso do grupo.

    A auto-estima torna-se importante na medida em que os indivíduos acreditam em si mesmos e em suas capacidades. Dessa forma, os indivíduos formam grupos indiscriminadamente, e existe a transferência para o aspecto social do que se aprende, ao valorizar a atuação do cidadão, e não somente o futuro atleta (PAES; BALBINO, 2005).

    Os princípios filosóficos. É evidente que a iniciação esportiva no basquetebol deve ter como objetivo geral e principal o desenvolvimento integral do ser humano. Portanto, promover a relação entre ensino e aprendizagem de conteúdos técnicos e táticos, Por meio de estratégias e recursos metodológicos, entre outros jogos, exercícios e brincadeiras, mas, sobretudo, deverá ensinar, na essência da proposta, princípios visando trabalhar com os alunos valores e modos do comportamento infantil.

    A aprendizagem social é um ponto fundamental na articulação entre os aspectos apresentados. Seguramente, o ambiente de iniciação esportiva deverá facilitar o estabelecimento de novas relações de amizade, bem como o fortalecimento de outras relações já existentes (PAES; BALBINO, 2005).

    Portanto na estamos apenas ensinando um esporte, fazendo crianças se divertirem ou ocupando o tempo de meninos e meninas com a prática esportiva e sim, estamos criando homens mulheres, que irão comandar a sociedade no futuro. Desta forma, a pedagogização do esporte é fundamental para está formação, assim conseguiremos criar grandes homens e mulheres.

    Agora iremos abordar a iniciação e a especialização no basquetebol o treinamento de seus fundamentos e capacidades físicas e habilidades motoras.

4.1.1.     Fase de iniciação no basquetebol

    Paes e Oliveira (S/D) propuseram para o ensino do basquetebol, o desenvolvimento das capacidades físicas, aprendizagem tático-cognitiva e habilidades do jogo (técnicas) tanto para o ensino formal (escola) quanto para o ensino não formal (outras agências desportivas). Os autores denominaram na sua proposta de iniciação esportiva no basquetebol a subdivisão em três fases: I, II e III.

    O quadro 3 demonstra a proposta de Paes e Oliveira para a iniciação no basquetebol com suas respectivas fases, categorias, idades cronológicas, idade biológica e os objetivos para cada fase.

Fases

I

II

III

Categorias

Pré-mini

Mini e mirim

Mirim e infantil

Idade cronológica

7-10

11-12

13-14-15

Faixa escolar

1° a 4° série

5° e 6° série

7° e 8° série

Idade biológica

Primeira e segunda Infância

Primeira idade puberal

Pubescência

Objetivos para cada fase

Primeiros contatos com o jogo de basquetebol – o mini-basquete

Aprendizagem diversificada dos conteúdos do basquetebol

Automatização e refinamento da aprendizagem inicial e vivência de novos conteúdos do basquetebol

    Na primeira fase dos 7 aos 10 anos, (olhar capitulo 2 para ver as fase de desenvolvimento motor) a aprendizagem dos fundamentos e das capacidades físicas e motoras, podem ser dados de formas recreativas, de jogos pré-desportivos ou adaptados, de maneira que respeite cada realidade e as necessidades dos alunos.

    Já Coutinho (2003) ressalta que, os jogos pré-desportivos possuem uma série de características que os tornam fundamentais, principalmente na fase de iniciação esportiva, pois eles proporcionam uma série de vantagens aos seus praticantes: eles são motivadores; podem ser realizados em pequenos ou em grandes grupos; não exigem a utilização de muitos materiais na sua organização e são excelentes para se praticarem os fundamentos em fase de aprendizagem.

    Corroborando com a idéia, Almeida (1998) cita que a utilização de aulas eminentemente recreativas, lúdicas, prazerosas, neste contexto, fazem a criança “tomar gosto” pelo desporto, evitando-se, assim, o abandono precoce.

    Segundo Paes e Oliveira (S/d) nesta fase deve-se trabalhar nas capacidades físicas os conteúdos de; coordenação, saída rápida, parada brusca, mudança de direção e flexibilidade. Já nas técnicas deve-se trabalhar a manipulação e receção da bola, passe e drible. Nas táticas; primeiro jogos de noções de organização e domínio dos espaços livres.

    Na segunda fase dos 11 aos 12 anos, nesta fase busca-se a aprendizagem diversificada dos conteúdos do basquetebol, conteúdos como; finalizações, arremessos, ao rebote ofensivo e defensivo associados aos conteúdos da fase anterior de aprendizagem, enfatizados na pratica pedagógica.

    Segundo De Rose Jr. e Tricoli (2005) finalizações, arremessos e rebotes defensivos ou ofensivos, são caracterizados como fundamentos de defesa e fundamentos de ataque.

    Os fundamentos de defesa caracterizam-se pela execução sem a posse de bola, com exceção do rebote de devesa, que tem uma fase de contato com a bola (durante sua recuperação), mas que imediatamente imprime a equipe defensora à condição de atacante.

    Os fundamentos de ataque são executados coma posse de bola e têm funções variadas que vão desde o deslocamento de um jogador com bola (drible), lançamentos entre dois ou mais companheiros de time (passes) e lançamentos à cesta (arremessos), até a recuperação da posse de bola após um arremesso não convertido pela própria equipe (rebote ofensivo).

    Nesta fase Paes e Oliveira (S;D) citam que, nas capacidades físicas deve-se priorizar inicio da resistência da rapidez, inicio a resistência aeróbia. Nas técnicas; finalização e fundamentos sincronizados. Táticas; inicio dos sistemas defensivos e de ataque.

    Na terceira fase dos 13 aos 14 anos reiteram-se os conteúdos assimilados anteriormente, automatizando-os e refinando-os obtendo novos conceitos, os quais contemplam as situações de jogo, transição e sistemas táticos (PAES; OLIVEIRA s/d). é neste período que o aluno estará pronto para a especialização no basquetebol. Prioriza-se nas capacidades físicas; inicio da resistência de força rápida inicio da força explosiva. Nas técnicas; situações de jogo 1x1, 2x2, 3x3, 3x2, 4x3. Já na parte tática; sistemas defensivos e ofensivos por posicionamento;

    As fases I e II correspondem ao estimulo e aprendizagem dos conteúdos do basquetebol. Torna-se imperativo, na fase III, a continuidade do ensino dos conteúdos das fases anteriores, praticando os fundamentos em situações próximas do jogo formal. (PAES; OLIVEIRA, s/d).

4.1.2.     Fase de iniciação especializada no basquetebol

    Paes e Oliveira S/D sugerem para a etapa de iniciação especializada em basquetebol, uma proposta que atenda ao ensino formal e não formal, na qual elegeram três fases para seu desenvolvimento. Ressaltam ainda que, a proposta para a iniciação especializada no basquetebol vise as fases de especialização I e II, à busca da especialização dos gestos motores (técnica), á capacidade estrategico-cognitiva, á tática e á capacidade física. Segundo os autores é nesse período que os atletas, ano a ano, aperfeiçoam e aprofundam suas capacidades e qualidades, aproximando-se do profissionalismo, almejando a obtenção e manutenção dos resultados.

Fases

I. E fase I

I.E fase II

I.E fase III

Categorias ensino não formal

Infanto e cadete

Juvenil e sub 21

Adulto

Idade cronológica

15 aos 17 anos

18 aos 20 anos

Acima de 20 anos

Faixa escolar do ensino formal

1º ao 3º ano do ensino médio

Universitário

Universitário e profissional

Idade biológica

Segunda idade puberal

Adolescência

Adulta

Objetivos para cada fase

Aperfeiçoamento e aprofundamento

Direcionamento e aproximação

Resultados superiores

    Paes e Oliveira (s;d) citam que o sucesso dos jogadores de basquetebol, em nível estadual, nacional e internacional, depende de múltiplos fatores; um deles é o sistema de treinamento, o qual visa, nas fases de especialização, à busca de resultados.

Fases

Idade

Capacidades físicas

Técnica

Tática

Iniciação especializada (fase I)

15 a 17

Resistência de força, resistência aeróbia inicio da força explosiva máxima

Aperfeiçoamento dos fundamentos individuais de grupo e coletivo

Aperfeiçoamento nas funções especificas e nos sistemas de ataque e defesa

Iniciação especializada (fase II)

18 a 20

Desenvolvimento da foca máxima, velocidade máxima e resistência aeróbia máxima

Aprofundamento dos conteúdos individuais, de grupo e coletivos

Aprofundamento nas funções especificas e nos sistemas de ataque e defesa

Iniciação especializada (fase III)

Acima de 20

Melhores resultados da força máxima, velocidade máxima, resistência aeróbia e anaeróbia máxima

Perfeição máxima na execução dos fundamentos individuais de grupo e coletivo

Capacidades ótimas de decisão: individuais, em grupo e coletivamente sem necessidade de ter jogadas pré-determinadas

    No quadro 4 – os autores demonstram de forma sistemática nossas sugestões para a iniciação especializada no basquetebol. Espera-se que, a partir do momento que os adolescentes optem pela dedicação exclusiva nos treinamentos e competições no basquetebol, o técnico conduza o processo de treinamento, valorizando as competências básicas dos atletas, aprimorando-se desenvolvendo novas competências de forma continua.

    Podemos concluir a respeito da iniciação especializada no basquetebol, segundo os autores citados acima, que esta deve ser dada acima dos quatorze anos e devemos sempre buscar o aprimoramento e aperfeiçoamento dos conteúdos trabalhados em fases anteriores.

    No próximo subcapitulo será abordado o papel do professor no ambiente de iniciação no basquetebol, suas condutas e deveres à serem empregadas.

4.2. O papel do professor

    O professor deve conceber o ensino do basquetebol como uma pratica pluralista e desenvolvê-lo de acordo com suas manifestações, seus significados, seus ambientes, e em conformidade com os comportamentos dos personagens que o praticam, independentemente da faixa etária destes (PAES; OLIVEIRA S/D). Desta forma, o professor tem que desenvolver formas para tornar o ambiente de pratica motivador, fazendo com que crianças e adolescentes aprendam, gostem e não abandonem a pratica do basquetebol.

    Segundo Daiuto (1983) cabe ao professor, o dever de despertar e manter o interesse pelos fundamentos do jogo desde o primeiro dia até o ultimo dia de prática. Deve planejar e pôr em prática um método para tornar as suas aulas suficientemente atrativas, para manter assim o interesse e a concentração dos alunos.

    O professor deve estimular seus educandos a comparar, a julgar as diferentes soluções oferecidas, enquanto os alunos aprendem a descobrir as formas de movimento correspondentes as diversas técnicas. Assim entendo que o papel do professor não é apenas simplesmente largar a bola para a criançada jogar, e sim despertar um lado critico do aluno, onde este consiga a partir da sua própria percepção melhorar a sua conduta e de seus colegas.

    O professor deve, sobre tudo, preocupar-se com as questões educacionais, utilizando o basquetebol como alternativa educacional. Ensinar somente a técnica e a tática pode não ser suficiente; cada professor diferencia-se pela visão abrangente que tem do seu trabalho e mesmo possuindo sua própria filosofia, deve, contudo, adquirir os conhecimentos básicos da vida biológica e cultural dos seus praticantes (PAES, 1996).

    Outra questão muito importante de ser levantada nesse subcapitulo é o relacionamento do aluno com o professor.

    Segundo Almeida (1998) o relacionamento entre professor - aluno ou treinador – atleta é um dos pontos mais importantes do processo de formação do indivíduo. O professor se torna amigo, irmão mais velho, confidente, conselheiro, etc. baseado nisto, seus hábitos são tomados como exemplo. Se você fuma ou bebe na frente deles, criara neles a vontade de imitá-lo. Há alguns casos em que o professor passa mais tempo com o aluno do que os próprios pais, por isso exerce uma influência muito maior em sua vida nesta fase. Alem disso, depois de algum tempo, quando o professor ganha a confiança dos pais, há certas coisas que só o professor consegue fazer com que os alunos obedeçam, como estudar ou se alimentar. Os próprios pais se encarregam de pedir.

    Segundo Coutinho (2003) para haver um excelente processo de ensino/ aprendizagem, se faz necessário que o profissional que esteja atuando diretamente com esses alunos possua algumas qualidades para te uma atuação destacada.

  • Conhecimento especifico geral;

  • Ser paciente;

  • Ser alegre e de espírito positivo;

  • Manter sempre uma boa aparência;

  • Utiliza um bom vocabulário;

  • Ser criativo;

  • Planejar seu curso e suas aulas;

  • Manter-se sempre atualizado.

    O mesmo autor faz referências a atuação que devem ser evitadas pelos professores na condução de uma aula.

  • Adotar uma formação imprópria para a boa execução do exercício;

  • Colocar os alunos com o rosto voltado para o sol;

  • Pronunciar as informações sem clareza ou com baixo tom de voz;

  • Colocar-se em uma posição onde não possa dominar todo o grupo;

  • Manter-se imóvel e calado;

  • Não descrever e demonstrar bem o exercício;

  • Na demonstrar interesse pelos alunos que possuam menor habilidade;

  • Escolher exercícios inadequados às possibilidades técnicas dos alunos;

  • Descuidar-se das preocupações para se evitarem acidentes;

  • Deixar de aproveitar todas as oportunidades para educar integralmente.

    Com o que oi exposto pelo autor, podemos concluir que nós professores de Educação Física, devemos ter inúmeros cuidados ao ministrar uma aula de basquetebol, pelo fato, de que, um erro nosso pode acarretar na exclusão de um aluno do basquetebol e da prática esportiva. Contudo, devemos nos apegar nas qualidades citadas pela autor que nos ajudará a conseguir der um grande êxito em nossas aulas de basquetebol.

    Segundo Daiuto (1983) um professor de Educação Física tem que ter:

    Um professor de educação física, um educador, será tanto melhor, quanto maior for a riqueza de elementos que possuir para ajudar outra pessoa a dialogar de modo correto com a vida e realizar, assim, o objetivo para o qual existe. Não bastam, repetimos conhecimentos, cultura, erudição. É necessário intuição pedagógica, tato, tino, algo indefinível que se nota em toda vocação profissional e que e muito mais exigível quando se trata de educar. É necessário possuir “espírito de educador”, ter fé e entusiasmo pela obra a ser cumprida, desenvolver a qualidades essenciais do pedagogo, que são: amor aos alunos, dedicação, sentido de responsabilidade social e ética profissional (DAIUTO, 1983, p. 68).

    Não se pode pretender que o professor seja perfeito, mas é imprescindível que ele faça todos os esforços para viver com dignidade. Concluo que o papel do professor na escola, no clube ou em qualquer lugar que atue, sempre será o exemplo, o mestre, e não importa, se não construir um atleta, mas pode ter certeza que o professor estará construindo homens e mulheres para a vida, esse é o primeiro ideal que o professor tem que ter em mente. A construção do ser humano.

5.     Conclusão

    A iniciação esportiva é o primeiro contato da criança com o esporte. Onde ela aprenderá os fundamentos básicos do basquetebol. Na iniciação ao esporte deve-se optar por uma pratica de ensino pluralista, onde um maior número de movimentos deve ser oferecido, para um maior repertorio motor. O professor tem que ter um cuidado especial ao lidar com a iniciação, tentando sempre conciliá-la com as fases de desenvolvimento motor e cognitivo citados por Gallahue. Concordo com os autores, quando eles citam a idade de quatorze anos para uma especialização esportiva, antes disso estaremos, nos profissionais de Educação Física, colocando em risco a integridade física e mental dos alunos, além do que, poderemos estar excluindo estes das praticas esportivas e das atividades físicas que serão benéficas para a saúde delas.

    A pedagogia esportiva é uma área que vem crescendo muito, desta forma concluo que, para podermos carregar o titulo de professor de basquetebol, teremos que em nossos aulas pedagogizar o basquetebol, afinal de contas não estaremos apenas ensinando movimentos desportivos e sim criando homens e mulheres para viver em sociedade, e para isso, nós profissionais da área, devemos ter um conhecimento dos nossos alunos, do nosso ambiente de trabalho, para desta forma chegar nos objetivos almejados, tanto como na formação de atletas, ou como na formação de cidadãos para a vida.

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