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Treinamento de força rápida para goleiros

Entrenamiento de la fuerza rápida para arqueros

 

Especialistas em treinamento desportivo

pela Universidade Gama Filho

(Brasil)

Flávio Henrique Rangel Correa

fafa030@ig.com.br

Rafael Martins Cotta

rafael.cotta@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O treinamento de força rápida envolve a participação de várias capacidades físicas, entre elas vários componentes físicos que se manifestam de forma diferenciada no treinamento de goleiros, os principais fatores influenciados, da força do goleiro, são agilidade e mobilidade através do treinamento anaeróbio alático. Desta forma, é importante para os profissionais envolvidos com esta modalidade estarem atentos a estes aspectos. Há poucos estudos referentes ao treinamento de goleiros, inclusive pouca literatura. Através deste estudo procuramos demonstrar que através do trabalho científico juntamente com um ex-goleiro podemos chegar a um resultado significativo. Através de uma periodização científica para o goleiro comprovou-se um resultado positivo no trabalho de força rápida do grupo de controle. Neste estudo foi feita uma pesquisa experimental com oito atletas na faixa etária de 18 a 21 anos do sexo masculino da Seleção de Futebol de Pindamonhangaba, quatro atletas eram do grupo de controle e quatro atletas do grupo experimental. O grupo experimental treinava três vezes por semana em uma média de três horas por dia. Analisando os gráficos podemos constatar que no grupo experimental nos três meses do treino houve um aumento da força rápida nos membros inferiores dos atletas através de treinos com musculação, piques curtos, treinos específicos e pliométria. Conclui-se que o grupo experimental foi submetido a uma preparação física específica, apresentou ganho considerável em comparação ao grupo de controle. Desta forma acredita-se que através de estudos embasados cientificamente é possível melhorar muito a performance do goleiro.

          Unitermos: Treinamento. Força rápida. Goleiro.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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Introdução

    Arena (1998) defende a importância da renovação esportiva através da elaboração de sistemas para o desenvolvimento. Weineck (1991) coloca o grande envolvimento de pré-adolescentes em cargas rigorosas, visando rendimento, principalmente nos goleiros. O ideal é que estes realizem atividades que os motivem para a continuação da prática. Ele também afirma que o trabalho de força auxilia na profilaxia de lesões e melhora performance.

    A força é definida de vários tipos:

  1. Geral: Base, sendo foco na fase inicial do treinamento.

  2. Específica: limitada aos músculos, fase final da preparação.

  3. Força máxima: maior força que possa ser executada pelo sistema neuromuscular durante uma contração máxima.

  4. Potência: capacidade de aplicar a força máxima no menor tempo possível.

  5. Resistência muscular: capacidade do músculo para manter o trabalho por um período prolongado.

  6. Absoluta (FA): capacidade de um atleta para exercer força máxima, não importando seu peso corporal (PC).

    O treinamento sistemático da força resulta em alterações fisiológicas no corpo, onde o nível de adaptação é evidenciado pelo tamanho e definição muscular. Se o corpo recebe uma demanda maior do que aquela a que está acostumado, ele se adapta ao estressor, tornando-se mais forte. Quando a carga não desafia o limiar de adaptação do corpo, o treinamento não surtirá efeito ou seus resultados serão mínimos, não ocorrendo nenhuma adaptação.

    A coordenação neuromuscular para padrões de movimento de força leva algum tempo para desenvolver , sendo uma função de aprendizagem. A capacidade para coordenar seqüências específicas nas quais vários músculos estão envolvidos na execução de um levantamento. Um levantamento eficiente pode ser obtido apenas quando o atleta aprende a relaxar os músculos antagonistas de modo que contrações desnecessárias não afetem a força dos movimentadores primários. Um grupo de músculos altamente coordenados consome menos energia durante a contração, traduzindo-se em um desempenho superior.

    Atletas jovens ou iniciantes não possuem, com freqüência, capacidades motoras de força combinadas á coordenação muscular. Portanto, a hipertrofia não pode ser esperada imediatamente. Os atletas jovens expostos ao treinamento de força verão uma melhora sensível na força, sem um aumento correspondente no tamanho muscular em 4 a 6 semanas. A razão para o ganho de força sem hipertrofia muscular é a adaptação neural, um aumento na coordenação nervosa dos músculos envolvidos. Como um resultado do treinamento, esses atletas iniciantes aprenderam a usar seus músculos efetiva e economicamente.

    Os métodos de treinamento devem aumentar a ativação e excitação dos músculos motores primários. Exercícios selecionados devem ser específicos ao esporte e ativar os músculos motores primários. Eles devem aumentar a taxa de descarga de neurônios motores ou estimular os músculos a executarem uma ação atlética com força e alta velocidade. Os neurônios motores inervam, estimulam e excitam os músculos. Quanto mais específicos os métodos de treinamento e exercícios, melhor o treinamento muscular para a execução de movimentos atléticos rápidos e fortes.

    O recrutamento da unidade motora e a taxa de ativação aumentam com cargas mais altas e contrações mais rápidas. Os métodos de treinamento que melhoram a força máxima e a potência são os únicos que aumentam a taxa de ativação das unidades motoras e a solicitação das fibras musculares. (HAKKINEM, 1989).

    A seleção dos exercícios deve ser tal que as contrações sejam realizadas na mesma direção que a estimulação nervosa. Se um exercício não simula realisticamente ou não é específico para uma habilidade técnica, a contração muscular não se dá ao longo do trajeto neural, resultando em uma menor eficiência do exercício no treinamento.

    A seqüência na qual os músculos são contraídos durante um exercício é crucial para a adaptação. Os exercícios, especialmente exercícios com múltiplas articulações (isto é, agachamentos envolvendo três articulações), devem simular a seqüência na qual eles se contraem. Durante a realização de uma habilidade técnica específica, a adaptação neural resultante da especificidade do treinamento de força aumenta o número de unidades motoras ativas. Métodos de treinamento bem selecionados, como métodos de força máxima e treinamento da potência, ativam mais unidades motoras. Assim, um atleta tem a capacidade para executar um exercício com maior velocidade de contração e mais potência.

    Segundo Weineck (1991) o ponto de vista da física, força é a capacidade de um corpo alterar o seu estado de movimento ou de repouso, criando uma aceleração ou deformação do mesmo. De acordo com dados, pode-se concluir que o treinamento de velocidade deve ocorrer o mais precoce possível, pois há um risco de crianças e jovens perderem velocidade por começarem a treinar tardiamente. A freqüência e a velocidade dos movimentos têm os seus mais altos incrementos durante a faixa etária de 6 a 10 anos. Entretanto, na infância, a velocidade e a força rápida devem ser treinadas quase exclusivamente por meio de formas de jogo. No final da pubescência, os tempos de latência e reação atingem os valores adultos. O aumento da força máxima e rápida, condicionadas pelos hormônios (aumento da testosterona nos meninos e os aumentos da capacidade anaeróbica), resultam em altos ganhos de velocidade nessa faixa etária. Nesse período, os treinamentos anaeróbicos podem ser introduzidos para uma melhora de performance. Devem ser utilizados por meio do treinamento dos componentes da velocidade, ou seja, da força rápida. Os principais métodos utilizados para crianças e adolescentes são métodos de repetição e intervalos curtos. Deve-se observar a escolha de cargas e distância que garantam uma obtenção de energia alática. As crianças e os adolescentes devem iniciar um trabalho sempre partindo dos exercícios mais simples e de formas técnicas – táticas de jogos específicos, do futebol, Weineck (1986) considera que o método repetitivo é o melhor para; o desenvolvimento e aperfeiçoamento da velocidade acrescentam ainda que a dosagem correta dos componentes, as sobrecargas têm importância fundamental na utilização do método de repetição.

    Quanto ao treino da velocidade, Weineck (1986) coloca que deve ser conduzido de diferentes formas em diferentes idades, pois a velocidade e as capacidades que a condicionam têm manifestações prioritárias em períodos sensíveis distintos durante o processo de formação desportiva. A freqüência de movimentos apresenta um período particularmente satisfatório de treinos entre os 7 e 15 anos, e tem seu ponto máximo situado dos 13 aos 15 anos e após isso mal será modificada. Bosco (1983) observa que na puberdade e início da adolescência deve existir uma preocupação maior sobre a força de explosão assim como os tempos de latência e reação, os quais atingirão seus valores de adulto no final deste período.Os ganhos acentuados nas capacidades de velocidade observados no final da adolescência devem-se ao aumento da capacidade anaeróbica e força de explosão. Consideram-se apenas a velocidade de reação que apresenta um período sensível entre os 6-7 até os 11-12 anos de idade. Segundo o autor, as capacidades de velocidades acíclicas e velocidade cíclica devem ter seu desenvolvimento iniciadas o mais precocemente possível, porém detecta uma fase Sensível entre 8 e 11-12 anos nas meninas e entre 8 e 14-15 anos nos rapazes. De acordo com o autor, após estes períodos, os progressos observados serão devidos mais ao aumento da eficiência e controle do movimento e dos gestos desportivos, bem como devido ao aumento da força do que a melhora dos processos de transmissão de estímulos de velocidade pelo sistema Nervoso Central. Para Zatsiorsky (1992), a maior influência do treino sobre a velocidade verifica-se na idade de 9 a 12 anos e entre 13 e 15 anos quando atinge os níveis máximos.

Objetivo

    O objetivo deste trabalho é buscar o melhor aproveitamento da capacidade de performance dos goleiros, dentro do esporte, através da organização científica dos conteúdos de treinamento, através das teorias de periodização do treinamento obtendo referencias que nos permitam realizar a classificação da importância dos diferentes conteúdos nas fases do treinamento e suas respectivas quantidades (volume) e intensidades (sobrecargas).

Materiais e métodos

    A amostra desta pesquisa foi composta por oito atletas de futebol de campo, sendo todos eles goleiros, do sexo masculino, com idade média +/- 18 anos da seleção de futebol de Pindamonhangaba/SP, que foram divididos em 4 atletas do grupo de controle e 4 atletas do grupo experimental. Participaram deste estudo oito atletas com idade entre 16 e 21 anos, praticantes de futebol na posição de goleiro.

    Foi solicitada a participação através de um termo de consentimento dos atletas.

    Neste estudo foram utilizados para coleta de dados: trena e fita crepe.

    As capacidades que foram testadas no estudo foram as seguintes: força rápida através de saltos horizontal e vertical, utilizando o componente contrátil e o outro além do componente contrátil, o componente elástico da musculatura envolvida nos testes. Foram avaliados os saltos dos atletas, como coordenação, elasticidade e força, através de um teste horizontal e vertical que consiste no salto vertical o atleta faz a medida total, em pé com os braços estendidos, e em seguida tentar alcançar o ponto mais distante. Essa medição é feita 3 vezes por sessão com três minutos de intervalo. Foram feitas as mesmas avaliações no salto vertical. Foram realizadas 3 sessões de treino por semana que eram divididas em três sessões semanais: musculação, trabalho anaeróbio e treino específico.

    Diante dos resultados obtidos esta pesquisa de caráter experimental apresentou resultados positivos. Sua hipótese o treinamento de força rápida melhora a força, elasticidade e a coordenação dos atletas de futebol de Campo devido às adaptações fisiológicas ocorridas durante o treinamento foi confirmada e o objetivo apresentado pelo aluno pesquisador foi plenamente atingido.

Resultados e discussões

    Os resultados apresentaram aumento nos níveis de força rápida do grupo experimental e do grupo de controle para o teste de salto vertical conforme o gráfico 1.

Gráfico 1. Resultado das Médias dos sujeitos para 3 tentativas em cada uma das 3 condições do salto vertical, sem auxilio dos braços e sem deslocamento

    Gráfico 1 mostra o inicio do treinamento, e o gráfico 2 mostra o final do treinamento.

    Dados obtidos em um experimento da capacidade de salto vertical – Grupo Experimental.

Gráfico 2. Valores para o salto vertical do grupo de controle em centímetros

    O grupo experimental apresentou uma melhora de agosto até o final da pesquisa em outubro. Para o teste de salto horizontal os resultados apresentaram um aumento nos níveis de força rápida para o grupo experimental e para o grupo de controle conforme tabelas:

    Os goleiros do grupo experimental tinham um nível melhor, pois já vinham treinando algum tempo. Os goleiros do grupo de controle foram convidados somente para avaliar a diferença do atleta treinado e não treinado.

Gráfico 3. Valores para o salto horizontal do grupo experimental em centímetros

 

Gráfico 4. Valores para o salto horizontal para o grupo de controle em centímetro

    O grupo experimental apresentou uma média no mês de agosto no teste 1 e um valor maior no teste 2 no mês de outubro, após o treinamento. O grupo de controle apresentou valor médio no mês de agosto no teste 1 no teste 2 no mês de outubro. Comparação dos valores individuais da altura de impulsão verticais máximas e horizontais, médias entre o inicio e o final do processo de treinamento.

    O primeiro passo para o inicio do treinamento foi verificar qual o nível de condicionamento dos atletas sendo esta avaliação realizada através de testes específicos para a modalidade. No inicio do treinamento objetiva-se um restabelecimento da condição física dos goleiros. Após um inicio de aprimoramento, busca-se a manutenção das capacidades físicas adquiridas (BOSCO 1993). Analisamos a adaptação que cada atleta sofre ao longo do processo de treinamento. O mês de agosto representa o 1º mês de trabalho e o mês de outubro o termino do mesmo. Pode-se observar os ganhos entre os dois momentos da avaliação. Temos a possibilidade de fazer uma comparação individual de cada goleiro, de um goleiro com o outro até mesmo entre o desempenho médio do grupo durante o processo. Em função do grande significado da força Rápida para o goleiro, o controle dela pelos respectivos testes representa tema de grande importância para a avaliação do treinamento.

    Existe um perfil de força rápida diferente seguindo a posição ocupada em campo já que em geral, os goleiros são jogadores com melhores valores em esta qualidade. Essa diferença já é esperada, uma vez que os goleiros utilizam basicamente o metabolismo Anaeróbico Alático como fonte de energia em treinamento e jogos. Podemos, através das médias, traçar um perfil de força rápida em goleiros de futebol.

Conclusões

    Conclui-se que o grupo experimental foi submetido a uma preparação física específica, apresentou ganho considerável em comparação ao grupo de controle. Desta forma acredita-se que através de estudos embasados cientificamente é possível melhorar muito a performance do goleiro.

Referências

  • ARENA, S. S. Especialização esportiva; aspectos biológicos, psicossociais e treinamento em longo prazo. Santo André, Ver. Corpoconsciência 1º semestre, 1998.

  • BOMPA, T. A Periodização no Treinamento Esportivo. São Paulo: Manole, 2001.

  • BOSCO, C. Aspectos Fisiológicos de la Preparación Física del Futbolista. Barcelona: Paidotribo, 1993.

  • FRISSELI, A. Futebol teoria e pratica.Guarulhos: Phorte, 2002.

  • MANTOVANI, M.A. A formação do atleta de futebol. In: Treinamento Desportivo, Futebol, teoria e pratica. Guarulhos: Phorte, 2002.

  • MATVEEV, L. P. Fundamentos do treino desportivo. São Paulo. Phorte, 1989.

  • WEINECK, J. Manual do Treinamento esportivo. São Paulo: Manole, 1986.

  • WEINECK, Biologia do Esporte. São Paulo: Manole, 1991.

  • ZATSIORSKY, V. Ciências e Pratica do treinamento de Força. São Paulo: Phorte, 1999.

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