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Nível de atividade física habitual entre usuários do 

programa de Saúde da Família do município de Itabuna, Bahia

Nivel de actividad física habitual entre usuarios del programa de Salud de Familia del municipio de Itabuna, Bahía

Level of habitual physical activity among users of the program of Family Health of the city of Itabuna, Bahia

 

*Bacharel em Educação Física, UNIME, Itabuna

**Núcleo de Estudos em Saúde da População

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

***Faculdades Montenegro

(Brasil)

Keyla Alves de Farias*

Saulo Vasconcelos Rocha**

Luiz Otavio Silva Costa Junior**

Cristiano Araújo Dias***

saulosaudecoletiva@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar o nível de atividade física habitual de usuários de uma Unidade de Saúde da Família do Município de Itabuna Bahia discutindo possibilidades e vantagens da prestação assistencial do profissional de educação física nos PSFs (Programa Saúde da Família) do município. Realizou-se um estudo epidemiológico, do tipo corte transversal, com 65 usuários de uma Unidade de Saúde da Família do município de Itabuna-BA, na faixa etária de 14 a 85 anos, selecionados por amostragem sistemática e entrevistados individualmente. Para a análise utilizaram-se procedimentos da estatística descritiva (média, freqüência, percentagem) por meio do Programa SPSS – Statistical Package for Social Science – versão 9.0 for Windows. Os resultados indicam que em relação ao nível sócio-econômico, 58,4% (n=38) são da classe D, ou seja, de baixo nível econômico. No que se refere ao nível de atividade física, 71% (n=46) foram considerados sedentários e 29% (n=19) ativos. Verificou-se que 6% dos indivíduos do sexo masculino e 40% dos indivíduos do sexo feminino classificaram-se como sedentários. Os dados não revelaram associação estatisticamente significante entre o nível de atividade física e as patologias referidas pelos participantes. Concluiu-se que a intervenção do profissional de educação física nos PSFs possibilita o desenvolvimento de programas de orientação e prescrição de atividades físicas direcionados a seus usuários, estimulando a adoção de um estilo de vida mais ativo fisicamente.

          Unitermos: Atividade física. Saúde. SUS.

 

Abstract

          The objective of this study was to assess the level of habitual physical activity of users of a Health Unit of the Family in the city of Bahia Itabuna discussing possibilities and rewards of providing care of the physical education professionals in PSFs (Family Health Program) in the city. Carried out an epidemiological study, transversal, with 65 users of a Health Unit in the city of Family Itabuna-BA, the age of 14 to 85 years, selected by systematic sampling and interviewed individually. For the analysis we used descriptive statistics procedures (mean, frequency, percentage) using the SPSS - Statistical Package for Social Science - version 9.0 for Windows. The results indicate that in relation to socioeconomic status, 58.4% (n = 38) are class D, ie, low economic level. As regards the level of physical activity, 71% (n = 46) were considered sedentary and 29% (n = 19) active. It was found that 6% of males and 40% of female subjects were classified as sedentary. The data revealed no statistically significant association between the level of physical activity and diseases reported by participants. It was concluded that the intervention of physical education professionals in PSFs allows the development of guidance programs, and limitation of physical activities directed at its users, encouraging the adoption of a lifestyle more physically active.

          Keywords: Physical activity. Health. SUS.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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Introdução

    A atividade física, definida como qualquer movimento corporal realizado pela musculatura esquelética, que tenha como resultado gasto energético (CARPERSEN, POWEL E CHRISTENSON, 1985), apresenta-se como uma importante ferramenta dentro dos programas de atenção a saúde.

    A prática de atividades de intensidade moderada contribui na redução de taxas de mortalidade e de risco de desenvolvimento de doenças degenerativas, como as enfermidades cardiovasculares, hipertensão, osteoporose, diabetes, enfermidades respiratórias, dentre outras. São relatados, ainda, efeitos positivos da atividade física no processo de envelhecimento, no aumento da longevidade, no controle da obesidade e em alguns tipos de câncer (POWELL et al.,1985; apud GONÇALVES,1996).

    Os principais benefícios à saúde advindos da prática de atividade física referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos. De acordo com Matsudo & Matsudo (2000), os efeitos antropométricos e neuromusculares compreendem a diminuição da gordura corporal, o incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade. Com relação aos efeitos metabólicos, verificam-se o aumento do volume sistólico, da potência aeróbica, da ventilação pulmonar, a melhora do perfil lipídico e da sensibilidade à insulina, a diminuição da pressão arterial e da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. O aspecto psicológico está relacionado com o aumento da auto-estima dos praticantes.

    O levantamento do nível de atividade física da população tem se tornado alvo de pesquisas em muitos países, pois o sedentarismo apresenta-se como sendo o principal fator de risco para doenças crônico-degenerativas (MATSUDO et al, 2002).

    Portanto, percebe-se a importância de identificar os determinantes da atividade física para que se possa discutir, propor e desenvolver programas de saúde voltados para a promoção da atividade física nos vários espaços (escola, trabalho, unidades de saúde), propiciando ações direcionadas sobre tudo à educação para saúde.

    Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar o nível de atividade física habitual de usuários de uma Unidade de Saúde da Família, no município de Itabuna, Bahia, discutindo possibilidades e vantagens da prestação assistencial de educadores físicos em PSFs (Programa Saúde da Família) do município.

Metodologia

    Realizou-se um estudo epidemiológico do tipo corte transversal, entre usuários do Programa de Saúde da Família do município de Itabuna. O município de Itabuna localiza-se na região litoral sul da Bahia, apresentando uma população de 196.675 habitantes, com um grau de urbanização de 97,2% (IBGE, 2000). Conforme dados mais recentes do DATASUS (Banco de dados do Sistema Único de Saúde, 2010), cerca de 28% da população do município eram atendidas pelos PSFs no ano de 2001.

    Na escolha da Unidade de Saúde para a coleta dos dados consideraram-se critérios: unidade mais antiga como primeiro critério; em caso de igualdade, a que atendesse o maior número de famílias.

    A amostra do estudo foi constituída de 65 pessoas entre a faixa etária de 14 a 85 anos, selecionados de forma sistemática. Foram conduzidas entrevistas individuais no âmbito da USF (Unidade de Saúde da Família) no período de novembro a dezembro de 2008. O instrumento de coleta de dados possuía informações sociodemográficas, nível de atividade física (IPAQ, versão curta).

    Na analise dos dados foram utilizados procedimentos da estatística descritiva (média, freqüência, percentagem) por meio do Programa SPSS – Statistical Package for Social Science – versão 9.0 for Windows.

    Este estudo seguiu as recomendações da lei nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os sujeitos entrevistados assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, onde constavam todas as informações relevantes sobre sua participação no estudo.

Resultados e discussão

    A amostra do estudo foi constituída de usuários da USF com idade entre 14 e 85 anos, sendo que 84,6% (n = 55) são do sexo feminino, 50,8% (n=33) solteiros, 41,5 % (n = 27) tinham o primário incompleto. Com relação ao nível socioeconômico, 58,4% (n=38) são da classe D, ou seja, de baixo nível econômico (Tabela 1).

Tabela I. Características sociodemográficas dos usuários de

Unidade de Saúde da Família do município de Itabuna-Ba, 2008

    Com relação ao nível de atividade física dos usuários 71% (n=46) são sedentários e 29% (n=19) são ativos, conforme expresso no Gráfico I. Foram considerados ativos os indivíduos que acumulam mais de 150 minutos de atividade físicas leves, moderadas ou intensas por semana, já os sedentários são aqueles que não acumulam mais de 150 minutos de atividades físicas leves, moderadas ou intensas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1998).

Gráfico I. Nível de Atividade Física Habitual dos usuários de

Unidade de Saúde da Família do município de Itabuna-Ba, 2008

    De acordo com o estudo foram considerados sedentários 6% dos indivíduos do sexo masculino e 40% dos indivíduos do sexo feminino, revelando que as mulheres no grupo pesquisado mostraram-se mais insuficientemente ativas que os homens. Esse percentual, para o gênero feminino, aproxima-se muito dos resultados encontrados em estudo realizado com o mesmo instrumento de mensuração (IPAQ) pela Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA, 2008) com uma população de 15 a 69 anos de 18 capitais brasileiras, no período de 2002-2003 e 2004-2005, cujo percentual médio foi de 41,8% e o mínimo e máximo de 24,5% e 57,5%, respectivamente. Em relação ao gênero masculino, o percentual médio de inatividade para esse grupo nas capitais consideradas no estudo da RIPSA foi de 32,8% - com um mínimo de 23,6% e um máximo de 51,7% - diferindo e muito do valor encontrado na presente pesquisa.

    Foi investigada a associação entre o nível de atividade física e as patologias referidas pelos usuários. Os indivíduos sedentários possuem uma maior probabilidade de desenvolver a hipertensão quando comparados aos indivíduos ativos, no entanto, essa associação não é estatisticamente significante. De outro modo, identificou-se que os indivíduos ativos da pesquisa possuem uma maior freqüência de diabetes e de outras patologias, mas essa diferença não é estatisticamente significante (Tabela 2).

Tabela 2. Nível de Atividade Física e doenças referidas dos usuários de

Unidade de Saúde da Família do município de Itabuna-Ba, 2008

    Estudo divulgado pela OMS (2005) expôs dados sobre os níveis de atividade física habitual dos países que dispuseram de dados para a análise. A estimativa é que aproximadamente 42% da população com mais de 15 anos seja ativa, 41% pouco ativos e 17% inativos. De acordo com o mesmo estudo, a inatividade física colaborou diretamente com 21,5% das doenças cardíacas isquêmicas; 14% dos casos de diabetes; 16% dos casos de cânceres de cólon e 10% de mama e 11% dos derrames.

    O reconhecimento das vantagens da prática regular de atividade física nos últimos anos tem despertado enorme atenção de pesquisadores, pois o sedentarismo já é considerado fator de risco primário para muitas doenças crônicas não transmissíveis, que são responsáveis por cerca de 60% da carga de doenças no Brasil (MALTA, 2008).

    No Brasil, nos últimos anos, algumas ações visando a promoção da atividade física no SUS foram desenvolvidas pela secretaria de vigilância em saúde. Programas como “Brasil Saudável” em Brasília e noutras capitais no ano de 2005, o Projeto de comunicação social “Pratique Saúde” em 2008 são exemplos de iniciativas em prol da atividade física, sobretudo no que tange à divulgação para a população dos benefícios propiciados pela sua prática regular (MALTA, 2008).

    Tais benefícios denotam a importância do gerenciamento do estilo de vida da população, para o qual a atividade física e a alimentação podem contribuir significativamente com a diminuição da incidência de diversas enfermidades (PITANGA; LESSA, 2008).

    Diante do exposto, entende-se que a inserção do profissional de educação física no Programa Saúde da Família (PSF) é de grande valia. O PSF surge como um novo modelo de atenção à saúde, estabelecendo vínculos entre comunidade e os profissionais de saúde, abrangendo uma determinada área de um município (COQUEIRO, 2006). Caracteriza-se, assim, como um dos possíveis espaços de intervenção do profissional de educação física em conjunto com outros profissionais de saúde, criando e desenvolvendo programas de orientação e prescrição de atividades físicas, estimulando a comunidade atendida a adotar um estilo de vida mais fisicamente ativo.

Considerações finais

    Os indivíduos atendidos pela USF investigada são em sua maioria mulheres de baixo nível de escolaridade. No nível socioeconômico os dados evidenciam maior percentagem de indivíduos na classe D, ou seja, de baixo nível econômico, perfil comum entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

    De acordo com o estudo, pode-se concluir que: 71% dos indivíduos foram classificados como sedentários, sendo que o nível de atividade física apresentou uma diferença relevante entre os gêneros, em que os indivíduos do sexo masculino se mostraram mais ativos fisicamente que os do sexo feminino.

    O estudo não apontou diferença estatisticamente significante que estabelecesse relação entre o nível de atividade física e as patologias referidas pelos usuários da USF pesquisada. Ressalva-se, contudo que, por ser um estudo transversal, o presente trabalho impossibilita assegurar relações implícitas de causalidade entre as variáveis estudadas.

    Baseando-se no conhecimento dos benefícios propiciados pela prática de atividades físicas envolvendo componentes associados ao estado de saúde dos indivíduos, evidenciam a necessidade de estratégias de promoção da atividade física em diversos espaços. Nesse contexto, as USFs, caracterizam-se como possíveis ambientes de intervenção do profissional de educação física, atuando no desenvolvimento de programas voltados para a atividade física, estimulando seus usuários a adotarem um estilo de vida mais fisicamente ativo possibilitando a obtenção de informações e orientações acerca da sua pratica regular.

Referências

  • COQUEIRO, Raildo. S.; NERY, Adriana. A.; CRUZ. Zoraide. V. Inserção do Professor de Educação Física no Programa de Saúde da Família. Discussões Preliminares. EFDeportes.com, Revista Digital, Buenos Aires: ano 11, n 103, 2006. http://www.efdeportes.com/efd103/professor-educacao-fisica.htm

  • GOMES, Marcius. A.; DUARTE, Maria, F. S. Efetividade de uma Intervenção de Atividade Física em Adultos Atendidos pela Estratégia Saúde da Família: Programa Ação e Saúde Floripa – Brasil. Programa de Pós Graduação em Educação Física, Centro de Desportos. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Brasília: v.13,n.1,2008.

  • GOMES, Marcius. A.; DUARTE, Maria. F.S.; PEREIRA, Jacemile .S.; FERNANDES,Ysnaya R.; POETA, Lisiane .S.; BORGATTO, Adriano F. Inatividade Física Habitual e Fatores Associados em População Nordestina Atendida pela Estratégia Saúde da Família. Revista Brasileira Cineantropometria Desempenho Humano, 2009.

  • MALTA, Débora. C.; CASTRO, Adriana. M.; CRUZ, Keila. A.; GOSH, Cristiane. S.A Promoção da Saúde no Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Brasília: v.13, n.1, 2008.

  • MATSUDO, Sandra M. MATSUDO, Victor. R. ARAUJO, Timoteo, ANDRADE, Douglas, ANDRADE, Erinaldo, OLIVEIRA, Luis, BRAGION, Gláucia. Nível de Atividade Física da População do Estado de São Paulo: Análise de Acordo com o Gênero, Idade, Nível Socioeconômico,Distribuição Geográfica e de Conhecimento. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília: v. 10, n. 4, p. 41-50, 2002.

  • RASO, Vagner; MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha; MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues. Determinação da sobrecarga de trabalho em exercícios de musculação através da percepção subjetiva de esforço de mulheres idosas - estudo piloto. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 8, n. 1, p. 27-33, jul. 2000. Brasília: v. 10, n. 4, p. 41-50, 2002.

  • NAHAS, Markus Vinicius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 4. ed. rev. e atual. Londrina Midiograf, 2006.

  • PITANGA, Francisco. J. G. Epidemiologia, atividade física e saúde. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília: v. 10, n. 3, p. 49-54, 2002.

  • REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE-RIPSA. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. Disponível em: http://www.ripsa.org.br/php/level.php?lang=pt&component=68&item=20. Acesso em: 22 de jan.2010.

  • THOMAS, Jerry R; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed Porto Alegre: Artmed, 2007.

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