efdeportes.com

O atletismo e a produção científica no campo da biodinâmica

El atletismo y la producción científica en el campo de la biodinámica

Athletics and the scientific production in biodynamic field

 

*Docente da UFG – Goiânia

**Docente do Departamento de Educação Física da UNESP-Rio Claro
Coordenadora do GEPPA
Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo

Profa. Ms. Flórence Rosana Faganello Gemente*

florencefaganello@yahoo.com.br

Profa. Dr. Sara Quenzer Matthiesen**

saraqm@rc.unesp.br

 

 

 

 

Resumo

          O trabalho tem como objetivo difundir a produção científica referente ao atletismo na área da Biodinâmica com base nas dissertações de mestrado e teses de doutorado produzidas no Brasil entre 1987 e 2003. Do total de 47 dissertações de mestrado e 6 teses de doutorado relacionadas ao atletismo, 33 dissertações e 5 teses foram classificadas na área da Biodinâmica. A análise do material revela novos métodos, testes, tecnologias e técnicas que deveriam ser conhecidos por todo profissional de Educação Física.

          Unitermos: Atletismo. Biodinâmica. Pesquisa.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

1 / 1

Introdução

    Conhecendo a grande deficiência existente em relação ao trabalho com o atletismo e visando ampliar o material de pesquisa nesse campo, nos dedicamos à investigação da produção acadêmica brasileira relacionadas ao atletismo, investigando as dissertações de mestrado e teses de doutorado na área da Biodinâmica. Nosso intuito, portanto, consiste em contribuir para que essas pesquisa saiam das prateleiras bibliotecas universitárias e passem a contribuir para a atuação dos profissionais da área.

Material e método

    Esta pesquisa bibliográfica teve como base as dissertações de mestrado e teses de doutorado cadastradas no site da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, entre 1987 e 2003.

    Dentre as 47 dissertações de mestrado consideradas como integrantes do universo do atletismo, 33 (70,21%) foram classificadas na área de Biodinâmica da Motricidade Humana, enquanto 14 (29,79%) encontram-se na área da Pedagogia da Motricidade Humana. Em relação às teses de doutorados, verificamos que dos 6 estudos encontrados, 5 (83,33%) foram classificados na área da Biodinâmica da Motricidade Humana, enquanto apenas 1 estudo (16,67%) foi classificado na área da Pedagogia da Motricidade Humana.


    Objeto de investigação desse artigo, os trabalhos da área de Biodinâmica foram divididos em categorias de acordo com as subáreas de pesquisa: 1-Aspectos Nutricionais; 2-Biomecânica; 3-Alterações Fisiológicas e Respostas Metabólicas; 4 - Testes de diferentes tipos de Protocolos; 5- Análise do Treinamento com diferentes tipos de Cargas; 6- Relação do Somatotipo e Composição Corporal; 7-Alterações Cardíacas; 8- Estudos Fisiológicos Envolvendo Velocistas, Fundistas e Meio Fundistas; 9- Treinamento e Técnicas de Aprendizagem; 10- Lesões no Atletismo.

Resultados

    Tomando como base os trabalhos classificados na área de Biodinâmica, procuraremos apontar os resultados encontrados concentrando-nos numa síntese temática referente a cada um deles.

    Dentre as três dissertações de mestrado correspondendo a “Estudos Fisiológicos envolvendo velocistas, meio-fundistas e fundistas”, encontramos estudos que contribuem na atualização e aprofundamento dos conhecimentos de profissionais que trabalham com o atletismo, especificamente, com velocistas, meio fundistas e fundistas.

    Higino (2001), verificou a influência do tempo de recuperação passiva sobre a velocidade de Lactato Mínino em fundistas e velocistas. Para tanto, utilizou o Teste de Lactato Mínimo (LACMIN), o qual é tido como um ótimo preditor da Máxima Fase Estável (MSSLAC), definida como a intensidade de exercício onde há máximo equilíbrio entre produção e remoção de lactato. Após seis testes, concluiu que a velocidade de LACMIN não é influenciada pelo tempo de recuperação passiva, influenciando, apenas, na concentração de lactato mínimo. Além disso, observou que para a maioria dos sujeitos a velocidade de LACMIN superestimou a Máxima Fase Estável (MSSLAC).

    Estudando especialistas nos 400 metros rasos, Magalhães (1990), utilizou como variável o tempo de corrida e o lactato. Com a participação de 7 corredores de 400 metros, com tempos abaixo de 50 segundos, analisou os efeitos da alcalose metabólica induzida. Mesmo ocorrendo uma melhora no tempo de corrida, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. Também com corredores de 400 metros rasos a Universidade de São Paulo (1990), analisou o desenvolvimento da velocidade dos corredores masculinos por meio da divisão da prova em 4 etapas de 100 metros, cujos tempos para percorrê-las apresentaram diferenças significativas.

    Das 4 pesquisas envolvendo “Testes de diferentes tipos de protocolos”, encontramos estudos que testam diferentes tipos de protocolos, visam a melhora do rendimento no atletismo e sugerem a substituição de testes em laboratórios por testes em pista, além de testarem novos índices fisiológicos como forma de auxiliar o desempenho do atleta. Fleischmann (1993) comparou a velocidade do limiar anaeróbio individual, verificando a semelhança da velocidade de 3 e 5 MMOLXL-1 de lactato entre pista e laboratório, como também, as freqüências cardíacas na velocidade de 3,5 MMOLXL-1. Os resultados mostraram níveis de significância de 5% o que possibilita a utilização do teste na pista para determinar o limiare individual e o ponto de concentração de lactato sangüíneo de 3,5 MMOLXL-1.

    Kraguljac (2003) verificou se atletas bem treinados conseguem realizar uma corrida de uma hora com intensidade estável pré-determinada pelo ponto de inflexão da freqüência cardíaca no teste de Conconi adaptado ao cicloergômetro, verificando que todos os atletas foram capazes de realizar o exercício na intensidade prescrita mantendo o nível de lactato igual a 4mmol/L. Com isso concluiu que os atletas realizaram um exercício de uma hora no limiar anaeróbio tendo o aumento da TIC justificado pela longa duração do esforço.

    Pensando em um protocolo que substitua os testes de lactacidemia em laboratórios, por um de pista de atletismo, Pompeu (1984), com o auxílio de 28 corredores amadores e membros da Seleção Brasileira de atletismo, verificou que o teste de lactacidemia em pista substitui satisfatoriamente o teste em laboratório.

    Ao propor uma metodologia para a determinação do Limiar Anaeróbio Individual (IAT) em teste de pista, Simões (1997), comparou os valores de Limiar Anaeróbio (AT) determinados pelo (IAT), pelo Ponto de Equilíbrio entre produção e remoção de lactato (Lacmin) e, pela velocidade correspondente à concentração fixa de 4mmol/l de lactato sangüíneo (Limiar anaeróbio), verificando a possibilidade de determinação do AT a partir de variáveis glicêmicas durante os testes de determinação do IAT e Lacmin. Com isso, conclui: que o IAT determinado em teste de pista pode ser utilizado como referência de AT; que há possibilidade de determinar o AT por qualquer dos protocolos apresentados; e que o protocolo de determinação da Velocidade correspondente a concentração fixa de 4mmol/l de lactato sanguíneo superestimou os valores de AT para a maioria dos participantes.

    Dos estudos classificados na área da Biodinâmica da Motricidade Humana, 2 dissertações de mestrado e 1 tese de doutorado foram subdivididas no bloco dos estudos direcionados à verificação das “Alterações Cardíacas”. Com o objetivo de estudar a resposta da pressão arterial sistêmica e da freqüência cardíaca em testes de função autonômica, através do controle exercido pelo SNA sobre estas variáveis, Martinelli (1996), analisando um grupo de indivíduos sedentários e um grupo de corredores de fundo, submetidos ao teste de esforço físico, manobra de Valsalva e Manobra Postural Passiva, concluiu que o treinamento de atletas de fundo promoveu adaptações cardiovasculares com conseqüências na capacidade aeróbia em repouso e durante as manobras.

    Paschoal (1993), com um grupo de 5 corredores de fundo e 5 halterofilistas, investigou a interferência dos dois diferentes tipos de exercícios sobre o controle autonômico do coração e o desempenho aeróbio e anaeróbio através de uma avaliação antropométrica, de testes funcionais autonômicos não invasivos e de exercícios físicos dinâmicos ocasionando modificações peculiares dos sistemas biológicos que incluem controle vago-simpático do coração.

    Com objetivo de estudar as respostas cardiovasculares e metabólicas em homens saudáveis submetidos a um programa de treinamento predominantemente aeróbio (PTA), caminhada/corrida com diferentes estruturações de cargas na periodização, Perez (1997) revelou que indivíduos não-atletas, ao praticarem caminhada/corrida, por três vezes na semana, devem dar preferência para programas de treinamento aeróbio e que possibilitem uma distribuição de cargas do tempo de forma escalonada e/ou ondulatória.

    Dentre as 6 pesquisas relacionadas à “Nutrição e ao Desempenho no atletismo”, Cuvello (1997) avaliou a composição corporal, os parâmetros hematológicos e o desempenho físico de 55 atletas adolescentes de atletismo que treinaram intensamente durante 15 semanas e tiveram intervenção com iogurte fortificado com ferro, observando que não houve diferença significativa quanto à intervenção, que o IMC e o peso da massa magra foram aumentados significativamente, sendo observada uma diminuição das concentrações de hemoglobina em ambos os sexos.

    Marins (1993), comparou os efeitos da ingestão de Gatorade em relação à água sobre o rendimento aeróbio de atletas do sexo masculino, concluindo que a hidratação com Gatorade para atletas de endurance é imprescindível.

    Oliveira (2003), por sua vez, comparou o estado nutricional de micronutrientes e de capacidade antioxidante e avaliou a influência da atividade esportiva intensa e regular sobre estes indicadores, concluindo que o exercício intenso avaliado não aumenta o dano oxidativo nem a capacidade antioxidante em adolescentes, ainda que a modalidade esportiva pareça influenciar os indicadores bioquímicos de utilização de micronutrientes em adolescentes.

    Para observar o efeito da suplementação de ACR (leucina, isoleucina e valina) sobre o rendimento físico nas variáveis fisiológicas selecionadas: QR, VO2, gasto energético e sobre alguns indicadores bioquímicos: lactato, glicose e uréia, Stochero (1996) submeteu 10 corredores de fundo a 2 testes em esteira, até a exaustão, um com suplementação e o outro com placebo, concluindo que a suplementação de ACR antes de corridas com intensidade correspondente a 85% do VO2 de pico e média de duração de aproximadamente 80 minutos não deve ser recomendada como recurso ergogênico.

    Vasquez (1998), para avaliar o estado nutricional de maratonistas e verificar se uma deficiência de ferro ou anemia por deficiência em ferro teria origem na inadequação deste mineral na dieta, estudou 28 maratonistas. Os resultados encontrados em duas corredoras indicaram que a depleção das reservas de ferro estaria associada a treinamentos intensos e curtos períodos de recuperação entre maratonas, assim como uma deficiência no aporte deste mineral na dieta por longos períodos.

    Prioste (2003) investigou o estado nutricional relativo ao ferro e à ocorrência de hemólise exercício-induzida em atletas de diferentes modalidades esportivas, dentre elas a corrida de velocidade, concluindo que apesar do padrão dietético predominantemente hipocalórico, hipoglicídico, hiperprotéico e hiperlipídico, o índice de massa corporal é também predominantemente normal, independente da modalidade esportiva, mas que há ocorrência de hemólise mecânica exercício-induzida na prática de esportes de impacto.

    Dentre as 6 pesquisas voltadas à “Biomecânica em diferentes provas do atletismo”, Andrade (2000) avaliou biomecanicamente a marcha atlética em diferentes velocidade, concluindo que na marcha, a fase de duplo apoio deixa de ocorrer em velocidades inferiores ao andar; que o andar como o marchar apresentam perda de contato com o solo em velocidades de 9 Km/h para homens e 12km/h para mulheres; que a velocidade média estimada para o início da flutuação para homens foi de 11,28 Km/h no andar e de 10,55 Km/h na marcha, para mulheres 10,75 Km/h e 9,7 Km/h respectivamente, realçando que a observação visual não é um meio eficaz para a arbitragem.

    Freitas (2000) estudou o comportamento mecânico e fisiológico do músculo vasto lateral em atletas velocistas, fundistas do atletismo e de indivíduos sedentários utilizando a técnica da mecanomiografia (MMG) durante os testes de esforço voluntário e de contrações produzidas por estimulação artificial. Concluindo que não há diferenças significativas entre os três grupos o que sugere que a técnica da MMG não possibilita a fácil detecção do comportamento mecânico e fisiológico de músculos com diferentes percentuais de unidades motoras (UMs).

    Para caracterizar a postura, o pico de pressão plantar estático (PPPE) e a localização do centro de pressão (COP), Lima (2002) dividiu 44 atletas velocistas de elite, em dois grupos: atletas (n=21) e controle (n=23). Utilizando o sistema FSCAN MAT versão 3848 foram coletados o PPPE e o COP durante 4s e F=100Hz, avaliou os ângulos posturais na vista sagital: ângulos tíbio-társico, do joelho, de antepulsão da pelve e de anteversão-retroversão da pelve, e concluiu que não houve diferenças estatísticas entre os grupos.

    Objetivando analisar a eficácia da utilização do bloco de partida, Pedralli (2001), observou que há uma semelhança entre os dados obtidos e a literatura, levando a pensar que cada sujeito faz suas adaptações de maneira individual e que a utilização do bloco é eficaz para a coleta de dados científicos básicos para o início do aprimoramento da técnica, que levará a uma eficiente saída.

    Rocha (1993) realizou um levantamento dos parâmetros cinemáticos das três últimas passadas da corrida de aproximação e da impulsão no salto em distância, utilizando a técnica da cinematografia bidimensional. Os resultados sobre os parâmetros angulares das passadas foram similares aos encontrados na literatura. Já os da impulsão, apresentaram problemas de ordem técnica e condicional.

    Soares (1990) comparou o desempenho do tempo de reação e de movimento nas tarefas de extensão e flexão dos membros superiores e inferiores entre atletas veteranos de corridas de longa distância e indivíduos não praticantes de esporte, observando não haver diferenças significantes em tarefas realizadas com o membro superior, mas apenas em relação aos membros inferiores.

    Dentre as pesquisas que verificaram a “Ocorrência de lesões no atletismo”, Netto (2000) verificou a ocorrência de lesão muscular (LM), com base: no local em que mais ocorre; na especialidade atlética e na fase de treinamento, concluindo que as lesões se manifestam, com maior freqüência, nos músculos ísquio-tibiais, em atletas do sexo masculino, nas provas de potência muscular e durante o período competitivo do treinamento.

    Pastre (2003) se preocupou em levantar informações sobre as lesões desportivas referidas por atletas de alto rendimento, retrocedendo em oito meses e compará-las com os registros de prontuários clínicos, concluindo que houve elevada taxa de concordância entre as informações, mostrando eficiência do inquérito de morbidade referida para a coleta de informações sobre lesões desportivas para a população investigada.

    Das 3 pesquisas voltadas à relação entre o “Somatotipo e composição corporal no treinamento”, Araujo (1989) analisou a diferença do somatotipo dos atletas medalhistas e não medalhistas participantes do Troféu Brasil de Atletismo de 1988 e a correlação entre somatotipo e desempenho em cada prova concluindo que dentro de um grupo de atletas que disputam a mesma prova aqueles que apresentam um somatotipo mais adequado alcançam um melhor resultado principalmente em provas que exigem mais força e técnica.

    Buscando verificar as variáveis somatomotoras dos atletas de Atletismo do Estado do Rio Grande do Sul, Brant (2002) realizou seu estudo com 63 atletas do sexo masculino e 48 do feminino, divididos em 3 grupos de provas de potência dos membros inferiores, potência membros superiores e resistência. O somatotipo foi determinado de acordo com o método de Heath-Carter, demonstrando grande homogeneidade entre as categorias no sexo feminino enquanto que no masculino foi apresentada diferença significativa entre as categorias pré-mirim e mirim e entre as categorias pré-mirim e menor.

    Carvalho (2003), por sua vez, identificou o perfil dermatoglífico, somatotípico e fisiológico de corredores de resistência, concluindo que o perfil do atleta de corrida de resistência do Rio de Janeiro apresenta capacidade de treinabilidade e adaptação morfofuncional do organismo humano associado à qualificação genética e que devido à tendência central dos resultados foi possível comprovar o nível de condicionamento físico, os índices dermatoglíficos e somatotípicos dos sujeitos para a identificação de talentos esportivos.

    Estudos voltados para a análise do “Treinamento com diferentes tipos de cargas” em atletas e não atletas somam um total de 4 trabalhos, como o de Pereira (1999) que analisou a aplicabilidade do Método de Registro e Análise da Sobrecarga de Treinamento Esportivo no treinamento de atletas iniciantes no lançamento do disco para verificar a possibilidade de avaliar de forma global e integrada o conjunto de parâmetros das cargas de treinamento e sistematizar os registros de treinamento coletados através das características das cargas utilizadas, classificando-as quanto à sua participação na duração total do período estudado. O estudo identificou a duração das atividades previstas, os meios de treinamento mais utilizados nas diversas fases de preparação, os níveis de intensidade e a distribuição temporal das cargas, validando o método para avaliar os parâmetros das cargas aplicadas no treinamento.

    Avaliando os efeitos da inclusão da corrida em piscina funda dentro do treino regular no desempenho de corredores de rendimento, Tartaruga (2003) observou que a corrida em piscina funda pode servir como um efetivo complemento de treinamento em até 30 % no volume de treinamento em terra durante um período de até 8 semanas para atletas corredores de rendimento.

    Já Viana (1998) objetivou analisar uma proposta de controle de carga de treinamento envolvendo diferentes tipos de trabalho, com intensidade diferenciada, relacionada através do tempo de realização das atividades programadas, observando que houve a distribuição em 5 níveis, de acordo com o tempo de duração do esforço, adotando uma ficha controle para análise do processo.

    Com o objetivo de examinar a relação entre a distribuição das cargas e a eficácia do treinamento aeróbio de não atletas, Oliveira (1995) dividiu em 2 grupos, 23 estudantes de Educação Física de ambos os sexos com idades entre 21 e 30 anos, que foram avaliados por meio do teste de 12 minutos, de Cooper, antes e após 12 semanas de treinamento observando diferenças significativas entre as medidas pré e pós-treinamento dos grupos envolvidos.

    Dentre as 2 pesquisas voltadas ao “Treinamento e Técnicas de Aprendizagem” envolvendo escolares Gobbi (1987) comparou a aprendizagem dos Estilos Fosbury Flop e Hay do salto em altura em escolares. Após 24 sessões concluiu que o grau de aprendizagem dos sujeitos que utilizaram o estilo Fosbury Flop foi superior aos que utilizaram o estilo Hay, no que diz respeito às variáveis de magnitude e precisão da resposta. Contudo, na variável de atitude não houve diferenças significativas entre os grupos analisados.

    Hata (1992) investigou as relações entre o tempo e o número de passada em 30, 40 e 60 metros, e “derivada” velocidade média, freqüência e amplitude de passada. Os resultados mostraram que houve uma perfeita correlação entre o número de passadas e a freqüência; que a velocidade máxima ocorreu entre 15-40 metros e que o início da queda de velocidade foi explicado pelo decrescimento da freqüência.

    Dentre as 5 pesquisas sobre “Alterações Fisiológicas e Respostas Metabólicas”, Ortiz (2002) teve como objetivo identificar alguns índices fisiológicos de corredores fundistas treinados antes e após um programa de treinamento, observando que dentre os dois grupos de corredores, aquele que treinou com maior intensidade conseguiu adaptações mais pronunciadas, inclusive na performance nos 1500m.

    Melo (1997), por sua vez, investigou as alterações da Velocidade Aeróbia Máxima (VAM) e do Índice de Resistência Aeróbia (IRA), de corredores de 10.000 metros, treinados, em função de diferentes condições de refrigeração corporal e sua influência sobre a capacidade de rendimento, concluindo que o esforço despendido nas condições de refrigeração estudadas pode causar deterioração no rendimento de atletas; que existem indivíduos que são capazes de suportar melhor as diferenças de temperatura e umidade relativa do ar; que os testes empregados neste estudo são capazes de determinar a deterioração da velocidade aeróbia máxima, do índice de resistência aeróbia e do rendimento de corredores de 10.000m; que há uma relação de dependência, nas situações observadas, da performance nos 10.000 metros em função da perda de resistência aeróbia, e não da perda na velocidade aeróbia.

    Por outro lado, Gagliardi (2003) verificou como as variáveis morfológicas e a estratégia adotada pelos atletas poderia contribuir com variáveis funcionais na predição de desempenho em corredores de provas de 10 km. Também procurou verificar se correções alométricas no VO2 poderiam discriminar melhor o desempenho destes corredores. Os resultados demonstraram que variáveis morfológicas se associam ao desempenho, principalmente às relacionadas à gordura corporal e que as correções alométricas na determinação do VO2 também parecem refinar a análise do desempenho.

    Com o objetivo de analisar os efeitos de uma sessão aguda de exercício físico máximo (Ex.max.) sobre os níveis séricos de serotonina (5-HT) em indivíduos não treinados e treinados cronicamente em provas de corrida, Soares (1995) contou com a participação de 25 sujeitos, sendo 8 não treinados, 8 corredores de meio fundo e 9 velocistas, os quais foram submetidos a um teste de esteira rolante, concluindo que: o status de treinamento, treinado e não treinado não influencia o nível de (5-HT) pré-Ex, max; as variações de 5-HT pós-Ex.max diferenciam indivíduos treinados de não treinados; a influência de uma sessão de treinamento máximo sobre o nível sérico de 5-H.

    Já Simões (2002) comparou as respostas metabólicas, ventilatórias e hormonais e a identificação do limiar glicêmico durante protocolos do limiar anaeróbio individual (IAT) e lactato mínimo (LM), e a possibilidade de determinar a potência anaeróbia, a transição aeróbia-anaeróbia (Trans) e a potência aeróbia (VO2max) durante a mesma sessão de teste observando que as respostas fisiológicas envolvidas na obtenção da Trans durante o teste do LM parecem ser as mesmas que durante o teste do IAT. Durante o teste LM o equilíbrio ácido-básico foi restabelecido durante os estágios iniciais do teste incremental, até que a Trans fosse atingida. Após esta intensidade, as variáveis estudadas apresentaram o mesmo comportamento durante os protocolos do IAT e LM. Além de ter sido possível identificar a Trans pelo [Lac], [Glic] e respostas ventilatórias durante o teste do LM, a indução prévia de acidose lática não interferiu nos valores de VO2max e nem nas intensidades do exercício obtidas no momento de exaustão. Os resultados do IGT e GM confirmam a possibilidade de se determinar a Trans a partir da resposta da glicemia durante os protocolos do IAT e LM.

Discussão

    A análise das 33 dissertações de mestrado e das 5 teses de doutorado envolvendo o atletismo nas diversas sub-áreas da Biodinâmica, nos mostra que o maior interesse nas pesquisas voltadas para o atletismo entre 1987 a 2003 ocorreu de acordo com as seguintes subáreas: Aspectos Nutricionais e Biomecânica, 15,7%; Alterações Fisiológicas e Respostas Metabólicas, 13%; Testes de diferentes tipos de Protocolos e Análise do Treinamento com diferentes tipos de Cargas, 11%; Relação do Somatotipo e Composição Corporal, Alterações Cardíacas e Estudos Fisiológicos Envolvendo Velocistas, Fundistas e Meio Fundistas, 8%; Treinamento e Técnicas de Aprendizagem juntamente com Lesões no Atletismo, 5%.

    Em vistas disso, verificamos que um trabalho como esse, voltado à organização das produções científicas no campo do atletismo, em particular, relacionados à área de Biodinâmica, torna acessível, em um único material, diferentes trabalhos acadêmicos capazes de ampliar os conhecimentos dos profissionais de Educação Física, além de revelar novos métodos de treinamento, tecnologias e testes passíveis de utilização nessa área.

Referências

  • ANDRADE, M.C. Avaliação biomecânica da marcha atlética em diferentes velocidades. Dissertação (Mestrado) - UDESC, Florianópolis. 2000.

  • ARAUJO, L.R. P, Diferenças e similaridades de somatotipo em atletas do sexo masculino participantes do troféu Brasil de atletismo-1988 em relação a prova atlética e ao nível de desempenho. Dissertação (Mestrado) – UFRJ, Rio de Janeiro. 1989.

  • BRANDT, L.A. Perfil do atletismo do Rio Grande do Sul: características somáticas e motoras das categorias pré-mirim, mirim e menor. Dissertação (Mestrado) - UFRGS, Porto Alegre. 2002.

  • CARVALHO, E.B. Perfil dermatoglífico, somatotipo e fisiológico dos atletas de corrida de resistência no Estado do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado) - UCB. 2003.

  • CUVELLO, L.C.F. Avaliação da composição corporal, parâmetros hematológicos e do desempenho físico de atletas adolescentes da modalidade Atletismo. Dissertação (Mestrado) - UNIFESP. 1997.

  • FLEISCHMANN, E. Comparação dos limiares anaeróbio individual e de lactado analisados pelos testes de laboratório e de pista em esportistas de atletismo de fundo e meio fundo. Dissertação (Mestrado) – USP, São Paulo. 1993.

  • FREITAS, C.L.R. Características do sinal mecanomiográfico em atletas velocistas, fundistas e indivíduos. Dissertação (Mestrado) - UFRGS, Porto Alegre. 2000.

  • GAGLIARDI, J.F.L. Variáveis morfológicas, funcionais e desempenho em corredores adultos. Tese (Doutorado) – USP, São Paulo. 2003.

  • GOBBI, S. Comparação entre a aprendizagem dos estilos Fosbury Flop e Hay de salto em altura em escolares de 15 a 17 anos. Dissertação (Mestrado) - UFSM, Santa Maria.

  • HATA, M. Estudo da corrida de velocidade com escolares de primeiro grau. Dissertação (Mestrado) - USP, São Paulo. 1992.

  • HIGINO, W.P. Determinação da velocidade de lactato mínimo em fundistas e velocistas: efeito do tempo de aparecimento do pico de lactato no sangue. Dissertação (Mestrado) - UNESP, Rio Claro. 2002.

  • KRAGULJAC, M. Exercício de corrida com intensidade estável pré-determinada pelo ponto de deflexão da freqüência cardíaca. Dissertação (Mestrado) - UFMG, Belo Horizonte. 2003.

  • LIMA, M.R.S. Caracterização estática da postura e da pressão plantar em atletas velocistas de elite. Dissertação (Mestrado) – USP, São Paulo. 2002.

  • MAGALHÃES, E. Efeito da alcalose metabólica induzida em corredores de 400 metros rasos. Dissertação (Mestrado) – USP, São Paulo. 1995.

  • MARINS, J.C.B. Influência da ingestão de gatorade por atletas no desempenho físico em provas eminentemente aeróbicas. Dissertação (Mestrado) - UFRJ, Rio de Janeiro. 1993.

  • MARTINELLI, F.S. Respostas da freqüência cardíaca e da pressão arterial sistêmica às manobras postural passiva e de Valsalva, em indivíduos sedentários e atletas corredores de longa distância. Dissertação (Mestrado) – UNICAMP, Campinas. 1996.

  • MELO. S.G.H. Alterações na velocidade aeróbia máxima, no índice de resistência aeróbia e no rendimento de corredores de 10.000 metros em diferentes condições de temperatura e umidade relativa do ar. Dissertação (Mestrado) - UGF, Rio de Janeiro. 1997.

  • NETTO, J.R. Lesão Muscular: estudo em atletas da equipe brasileira de atletismo que participaram dos jogos olímpicos de Atlanta 1996. Dissertação (Mestrado) – UNICAMP, Campinas. 2000.

  • OLIVEIRA, A.P. A influência da distribuição das cargas semanais de treinamento no rendimento aeróbio, em não atletas. Dissertação (Mestrado) UGF, Rio de Janeiro. 1995.

  • OLIVEIRA, K.J.F. Micronutrientes em adolescentes atletas e sedentários e sua relação com estresse oxidativo. Dissertação (Mestrado) - UFRJ, Rio de Janeiro. 2003.

  • ORTIZ, M.J. Validade da vVO2max e do Tlim como índices de predição de performance, prescrição de intensidade e controle dos efeitos de treinamento na corrida. Dissertação (Mestrado) – UNESP, Rio Claro. 2002.

  • PASCHOAL, M.A. Estudo comparativo das respostas autonômicas cardiovasculares entre corredores de provas de fundo, halterofilistas e sedentários. Dissertação (Mestrado) – UNICAMP, Campinas. 1993.

  • PASTRE, C.M. Lesões desportivas no atletismo: comparação entre informações obtidas em prontuários e inquéritos de morbidade referida. Dissertação (Mestrado) - FAMERP, São José do Rio Preto. 2003.

  • PEDRALLI, M.L. Análise biomecânica da saída e agarre e atletismo da natação. Dissertação (Mestrado) - UDESC, Florianópolis. 2001.

  • PEREIRA, J.A.R. Análise da carga de treinamento em atletas de lançamento de disco. Dissertação (Mestrado) - UFMG, Belo Horizonte. 1999.

  • PEREZ, A.J. Efeitos cardiovasculares e metabólicos do treinamento aeróbico, realizado em adultos jovens saudáveis submetidos a diferentes periodizações de cargas. Tese (Doutorado) – UFES. 1999.

  • POMPEU, F.A.M.S. Proposta de protocolo ergométrico para a determinação da curva de acúmulo do lactato sangüíneo em pista de atletismo. Dissertação (Mestrado) - UFRJ. Rio de Janeiro. 1984.

  • PRIOSTE, R.N. Efeitos da modalidade esportiva sobre o estado nutricional em ferro e hemólise exercício-induzida em adolescentes atletas de elite. Tese (Doutorado) – UNIFESP, São Paulo. 2003.

  • ROCHA, I.C.J.R. Análise cinemática do salto em distância: fase final da corrida e impulsão. Dissertação (Mestrado) - UFSM, Santa Maria. 1993.

  • SIMÕES, H.G. Comparação entre protocolos de determinação do limiar anaeróbio em testes de pista para corredores. Dissertação (Mestrado) - UFSCar, São Carlos. 1997.

  • SIMÕES, H.G. Respostas metabólicas e hormonais durante os testes de determinação do limiar anaeróbio individual e lactato mínimo. Tese (Doutorado) – UFSCar, São Carlos. 2002.

  • SOARES, J. Estudo do desempenho em tempo de reação e tempo de movimento em atletas veteranos e em indivíduos não praticantes de esporte. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 1990.

  • SOARES, J. Níveis séricos de serotonina frente ao exercício agudo máximo em indivíduos não treinados e treinados em corridas de meio-fundo e velocidade. Tese (Doutorado) – UNIFESP, São Paulo. 1995.

  • STOCHERO, C.M.A. Efeito agudo da suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada sobre alguns indicadores bioquímicos e o rendimento de corredores fundistas. Dissertação (Mestrado) - UGF, Rio de Janeiro. 1996.

  • TARTARUGA, L.A.P. Efeitos fisiológicos e biomecânicos do treinamento complementar de corrida em piscina funda no desempenho de corredores de rendimento. Dissertação (Mestrado) – UFRGS, Porto Alegre. 2003.

  • UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Análise do desenvolvimento da velocidade dos corredores de 400 metros rasos masculinos. Dissertação (Mestrado) – USP, São Paulo. 1990.

  • VASQUEZ, J.W.P. Avaliação do estado nutricional de atletas maratonistas em fase pré-competitiva. Uma abordagem referente ao ferro. Dissertação (Mestrado) - USP, São Paulo. 1998.

  • VIANA, J.M. O controle de carga do treinamento físico em corredores de longa distância. Dissertação (Mestrado) - UFMG, Belo Horizonte. 1998.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

revista digital · Año 15 · N° 147 | Buenos Aires, Agosto de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados