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Qualidade de vida em mulheres pós 

menopáusicas portadoras de osteoporose

Calidad de vida en mujeres posmenopáusicas con osteoporosis

 

*Graduada em Fisioterapia-URI Campus de Erechim, RS

Especialista em Fisioterapia Aquática, FEEVALE, Novo Hamburgo, RS

**Graduada em Educação Físiva, UPF Passo Fundo, RS

Especialista em Ciências dos Desportos Coletivos, UPF Passo Fundo, RS

Mestre em Ciências do Movimento Humano, UFRGS, Porto Alegre

***Graduada em Fisioterapia. Universidade do Sagrado Coração, Bauru, SP

Especialista em Fisioterapia em Neurologia

Universidade Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR

****Graduanda em Educação Física, URI Campus de Erechim, RS

*****Professor do Programa de Pós-Graduação

Mestrado em Envelhecimento Humano. Faculdade de Educação Física

e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, PPGEH/FEFF/UPF

Karine Angélica Malysz*

Mari Lúcia Sbardelotto Tormen**

Daniela Regina Sposito Dias Oliva***

Franciele Kruger****

Hugo Tourinho Filho*****

tourinho@upf.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida em mulheres pós-menopáusicas portadoras de osteoporose, além de investigar os principais fatores de risco associados a esta afecção. Para tanto, a amostra foi composta por 40 mulheres, pós-menopáusicas, com idade entre 50 e 75 anos, residentes num município ao norte da Região do Alto Uruguai, divididas em dois grupos amostrais: G1 - Grupo Experimental, composto de 20 mulheres com diagnóstico de osteoporose com média de idade de 61,85 ± 5,27 anos e G2 - Grupo Controle, também com 20 mulheres sem o diagnóstico da osteoporose com idade média de 62,65 ± 5,14 anos. Ambos os grupos foram submetidos ao questionário Whoqol-bref. Houve diferenças estatisticamente significativas em relação à qualidade de vida geral no G1 em relação ao G2, com 54,4% ± 17,3 e 75,6% ± 16,5, respectivamente (p< 0,05). Em relação aos domínios físico, psicológico, relação social e meio ambiente foram apresentados diferenças estatisticamente significantes com os valores para os grupos G1 e G2 (51,25% ± 6,68 x 75,18% ± 5,61); (57,92% ± 9,64 x 72,92% ± 10,43); (62,92% ± 15,25 x 75% ± 18,34) e (54,06% ± 15,61 x 70,94% ± 15,14) respectivamente (p<0,05). Por meio da análise de dados pode-se constatar que a osteoporose causou diminuição da qualidade de vida das mulheres pós-menopáusicas analisadas no presente estudo.

          Unitermos: Mulheres pós menopáusicas. Qualidade de vida. Osteoporose.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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1.     Introdução

    A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME,1999), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG,1999), evidenciaram que o melhor modo de promover a saúde no idoso é prevenindo ou retardando o aparecimento dos seus problemas mais frequentes, o que influi diretamente na qualidade de vida. O sedentarismo, a incapacidade e a dependência são as maiores adversidades da saúde associadas ao envelhecimento. E uma das principais causas destas adversidades são as doenças crônico-degenerativas, dentre as quais pode se destacar a osteoporose.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a osteoporose o segundo maior problema de assistência sanitária no mundo depois das enfermidades cardiovasculares (OMS, 2000). A osteoporose é considerada um importante problema de saúde pública mundial devido à sua alta prevalência, em função de seus efeitos devastadores na saúde física, psicológica e social, com grandes prejuízos financeiros (GRANITO et al., 2004).

    A osteoporose é definida como diminuição do conteúdo mineral ósseo que provoca aumento da porosidade óssea (ACSM, 2000). A osteoporose é uma doença grave e frequentemente incapacitante, caracterizada por uma redução da massa óssea e comprometimento da microestrutura com elevado risco de fraturas (HUMPRIES et al., 2000).

    Diante dessa premissa, acredita-se que a identificação de alterações nos âmbitos físico, psicológico, social e de meio-ambiente decorrentes da instalação da osteoporose em mulheres pós-menopausa poderá servir de subsídio para o entendimento do quanto estes fatores influenciam na qualidade de vida desta população.

    Seguindo esta linha de raciocínio, o objetivo do presente estudo foi comparar a qualidade de vida de mulheres no período pós-menopáusico que apresentam osteoporose com mulheres que não são portadoras deste agravo à saúde, investigando alterações nos domínios físico, psicológico, social e de meio-ambiente, surgidas neste período.

2.     Materiais e métodos

    A amostra foi selecionada de forma não-aleatória, sendo composta por quarenta mulheres em período pós-menopáusico, com idade entre 55 e 70 anos. O tamanho da amostra foi determinado por conveniência através de visitas domiciliares realizadas em um município ao norte da região do Alto Uruguai-RS.

    Mediante a disponibilidade e aceitação voluntária para participar do estudo foi agendado um horário para realizar a avaliação da qualidade de vida.

    Após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido, as participantes foram divididas em dois grupos. O grupo 1 (G1) foi composto por vinte mulheres em período pós-menopausa com diagnóstico clínico de Osteoporose e idade média de 61,85 ± 5,27 anos; e o grupo 2 (G2) foi composto por vinte mulheres em período pós-menopausa que não apresentavam diagnóstico clínico de osteoporose e com idade média de 62,65 ± 5,14 anos.

    Neste estudo foram incluídas as mulheres que consentiram em participar e que possuíam condições mentais que permitiam a compreensão e resposta ao questionário.

    A avaliação da qualidade de vida foi realizada por meio do instrumento de avaliação Whoqol-Bref, aplicados por um único avaliador e realizados de forma individual. Os dados pessoais coletados foram catalogados em uma ficha de avaliação individual.

    A análise estatística foi realizada utilizando-se da média e desvio padrão e para comparar a qualidade de vida entre os grupos foi realizado o teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado foi p<0,05.

3.     Resultados e discussão

    A qualidade de vida, avaliada através do questionário Whoqol-bref, engloba a qualidade de vida geral e os domínios físico, psicológico, relação social e meio ambiente.

    Na tabela 1 encontram-se os valores referentes aos domínios físico, psicológico, relação social e meio ambiente observados em ambos os grupos. Em todos os domínios o grupo 1 apresentou valores significativamente inferiores aos obtidos no grupo 2.

Tabela 1. Comparação dos domínios contidos no Questionário Whoqol-bref entre G1 e G2

Domínios

G1

G2

p

Média ± DP

Média ± DP

Físico

51,25 ± 6,68

75,18 ± 5,61

0,0001*

Psicológico

57,92 ± 9,64

72,92 ± 10,43

0,0001*

Relações Sociais

62,92 ± 15,25

75 ± 18,34

0,0387*

Meio Ambiente

54,06 ± 15,61

70,94 ± 15,14

0,0009*

    Em relação à qualidade de vida geral em mulheres com osteoporose, este índice mostrou-se significativamente menor quando comparada à amostra sem o diagnóstico da patologia (Tabela 2).

Tabela 2. Comparação da qualidade de vida geral entre G1 e G2

Qualidade de vida geral

G1

G2

p

Média ± DP

Média ± DP

  

54,4 ± 17,3

75,6 ± 16,5

0,0002*

    Neste estudo observou que as mulheres que apresentavam osteoporose apresentaram um índice de qualidade de vida (QDV) inferior àquelas que não apresentaram osteoporose segundo o questionário WHOQOL-Bref.

    À semelhança do presente estudo, o trabalho realizado por YABUR (2006), também observou que 83% das mulheres avaliadas apresentaram deteriorização da qualidade de vida, devido à menopausa e seus problemas relacionados. Outro estudo descritivo transversal realizado por consultas ambulatoriais do serviço de reumatologia de um hospital universitário na cidade de Salamanca, na Espanha que entrevistou 60 mulheres com idade média de 65,57 ± 9,7 anos com diagnóstico de osteoporose, também verificou, por meio do questionário genérico SF-36, que as pacientes com osteoporose apresentavam baixa qualidade de vida (ARANHA et al., 2006). Em estudo realizado por ALONSO et al. (1998), as pontuações médias das pacientes com osteoporose foram inferiores às pontuações da população geral nas dimensões relevantes à osteoporose, tais como capacidade funcional, aspectos físicos, dor e saúde geral, Estes resultados apontam os principais efeitos negativos ocasionados pela osteoporose, corroborando com o presente estudo.

    Um estudo do tipo observacional de corte transversal que incluiu 40 pacientes do sexo feminino com idade acima de 60 anos e diagnóstico de osteoporose, com objetivo de comparar um questionário específico OPAQ e um genérico SF-36, bem como estudar a inter-relação entre seus domínios, possibilitou verificar que a qualidade de vida avaliada pelo SF-36 mostrou-se diminuída em relação aos valores encontrados na população geral brasileira em todos os domínios (LEMOS et al., 2006), indo ao encontro dos resultados do presente estudo.

    Em um estudo francês, com 756 mulheres e média de 59 anos de idade, com objetivo de avaliar o impacto da qualidade de vida em mulheres com osteoporose, concluíram que o impacto negativo da osteoporose na qualidade de vida dessas pacientes parece ser mais relatado pelas manifestações físicas do que o nível de densidade mineral óssea (DMO).

    O conhecimento do impacto dos fatores ocasionados pela Osteoporose na qualidade de vida pode favorecer aos pacientes um melhor entendimento e a importância do tratamento e prevenção (MARTIN et al., 2002).

4.     Considerações finais

    Por meio do presente estudo, pode-se observar na avaliação da qualidade de vida, com o auxílio do questionário WHOQOL-Bref, evidências que as mulheres com o diagnóstico da afecção apresentaram uma degeneração, ou uma piora em relação a esta variável, comprovada pela comparação de uma amostra na mesma faixa etária sem o diagnóstico da osteoporose, com ênfase nos domínios físico, psicológico, meio ambiente e relações sociais.

Referências bibliográficas

  • ALONSO, J.; REGIDOR, E.; BARRIO, E.; et al. Valores poblacionales de referencia de la versión española del cuestionario de salud SF-36. Med Clin (Barc). 111(11):410-6., 1998.

  • ARANHA, L.L.M.; MIRÓN, C.J.A.; ALONSO, S.M. et al. Qualidade de vida relacionada à saúde em espanholas com Osteoporose. Rev. Saúde Pública v.40, n.2 São Paulo abr., 2006.

  • GRANITO, R.N.; RENNÓ, A.C.M.; AVEIRO, M.C. et al. Efeitos de um programa de atividade física na postura hipercifótica torácica, na dorsalgia e na qualidade de vida em mulheres com Osteoporose. Revista Brasileira de Fisioterapia, v.8, n.3, p.231-237., 2004.

  • HUMPRIES, B.; NEWTON, R.U.; BRONKS, R.; MARSHALL, S.; McBRIDE, T.T. Effect of exercise intensity on bone density, strenght and calcium turnover in older women. Med Sci Sports Exerc 32: 1043-50., 2000.

  • LEMOS, M.C.D.; MIYAMOTO, S.T.; VALIM, M.; NATOUR, J. Qualidade de vida em pacientes com Osteoporose: correlação entre OPAQ e SF-36. Ver. Brás. Reumatol. V.46, n.5 São Paulo set/out., 2006.

  • MARTIN, A.R.; SORNAY-RENDU, E.; CHANDLER, J.M. et al. The impact of osteoporosis on quality-of-life - the OFELY cohort. Bone 31: 32-6., 2002.

  • Organización Mundial de la Salud – OMS. Informe preliminary y recomedaciones de una commission de expertos de la organización mundial de la salud sobre una estrategia global para la osteoporosis. Rev. Esp. Enfer. Metb. Oseas. 9(2): 78-83., 2000.

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE; SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Posicionamento Oficial: atividade física e saúde no idoso. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.5, n.6, p. 207-211., 1999.

  • YABUR, J.A. La menopausia. Puesta al dia. Gac. Méd. Caracas. 114(1): 1-12, ene-mar., 2006.

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